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Category: Santo Tomás de AquinoConteúdo sindicalizado

Sexta-feira após o domingo da Sexagésima: Culto a Deus.

Sexta-feira após o domingo da Sexagésima   
  
«Não terás outros deuses diante de mim» (Ex 20, 3)
  
Não nos é permitido cultuar senão um só Deus, e isso por cinco razões:
 
1. Pela dignidade de Deus: quando não observada, comete-se uma injúria a Deus. Ora, a toda dignidade se deve reverência. Trai o rei quem lhe recusa a honra que lhe é devida, e isso alguns fazem contra Deus, conforme os denuncia o Apóstolo: "e transferiram a glória devida a Deus para a figura de um simulacro de homem corruptível" (Rm 1, 23). E isto desagrada sobremaneira a Deus.

Quinta-feira após o domingo da Sexagésima: É preciso vigiar sempre.

Quinta-feira após o domingo da Sexagésima   
  
«Sabei que, se o pai de família soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria sem dúvida, e não deixaria minar a sua casa» (Mt 24, 43)
  
Porém, como ele não sabe a hora, é preciso que vigie por toda a noite.
 
A casa é a alma. Nela, o homem deve descansar, cf. a Escritura, "Entrando em minha casa", i. é, em minha consciência, "encontrarei nela o meu descanso" (Sb 8, 16). O pai de família é a razão, cf. "O rei que está assentado no seu trono de justiça, dissipa todo o mal só com o seu olhar" (Pr 20, 8).

Quarta-feira após o domingo da Sexagésima: Necessidade de vigilância.

Quarta-feira após o domingo da Sexagésima   
  
«Vigiai pois, porque não sabeis a que hora virá o vosso Senhor» (Mt 24, 42)
  
 
I.
 
Nosso Senhor nos aconselha a vigiar, pois a hora de nossa morte é incerta, e diz: o dia é incerto e ninguém pode se fiar em seu estado, pois então, de dois homens que estiverem num campo, um será tomado, e o outro será deixado. É preciso, portanto, ser diligente e solicito: "vigiai pois". Como diz s. Jerônimo, "o Senhor quis deixar o fim incerto para que o homem estivesse sempre em espera". 

Terça-feira após o domingo da Sexagésima: A meditação na Paixão do Senhor.

Terça-feira após o domingo da Sexagésima   
  
«Considerai, pois, aquele que sofreu tal contradição dos pecadores contra si,
e não vos deixareis cair no desânimo»
(Heb 12, 3)
  
 
I. O Apóstolo nos adverte a meditar com diligência: "Considerai, pois, aquele que sofreu", i. é, medite constantemente, cf. o Provérbio: "Pensa nele em todos os teus caminhos" (Pr 3, 6). E isso pela razão de que, para toda tribulação, encontra-se remédio na cruz.
 
Lá, com efeito, está a obediência a Deus: "Humilhou-se a si mesmo, feito obediente até à morte, e morte de cruz" (Fl 2, 8).
 
Lá está a piedade filial pelos parentes: pois mesmo pregado na cruz, cuidou de sua mãe.
 
Lá, o amor ao próximo, pois na cruz rezou pelos seus algozes, "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc 23, 34).
 
Lá, a paciência nas adversidades, como no Salmo, "Fiquei mudo, em silêncio, privado da felicidade, mas a minha dor exacerbou-se" (Sl 38, 2).
 
Lá, a perseverança final em tudo, pois, ele perseverou até à morte. "Pai, nas tuas mãos encomendo o meu espírito" (Lc 23, 46).
 
Na cruz encontra-se o exemplo de toda virtude. Por isso diz Agostinho: "a Cruz não foi apenas lugar de sofrimento, mas cátedra de ensino".

Segunda-feira após o domingo da Sexagésima: A Bondade de Deus.

Segunda-feira após o domingo da Sexagésima   
  
«O que não poupou nem o seu próprio Filho, mas por nós todos o entregou,
como não nos dará também com ele todas as coisas?»
(Rm 8, 32)
  
 
I. São Paulo, após ter feito menção dos numerosos filhos de Deus, dizendo: "recebestes o espírito de adoção de filhos" (Rm 8, 15), aparta de todos os demais este Filho, a quem chama "o seu próprio Filho", i. é, o Filho de Deus não por adoção, mas natural e coeterno, do qual Deus disse: "Este é o meu filho amado" (Mt 3, 17 ).

Domingo da Sexagésima: A semente.

Domingo da Sexagésima   
  
«Eis que um semeador saiu a semear» (Mt 13, 3)
  
 
I. O zelo do semeador. Foi Cristo quem saiu para semear, e de três modos saiu:
 
- do seio do Pai, sem sair do lugar;
 
- da Judéia, às nações pagãs;
 
- das profundezas da sabedoria, para ensinar em público.

Sábado após o domingo da Septuagésima: A Reforma interior

Sábado após o domingo da Septuagésima   
  
  «E não vos conformeis com este século, mas reformai-vos com o renovamento do vosso espírito, para que reconheçais qual é a vontade de Deus,
 boa, agradável e perfeita
» (Rm 12, 2)
 
 
I.  —  Com estas palavras, São Paulo proíbe a complacência com o mundo: E não vos conformeis com este século, i. é, com as que coisas que se passam temporalmente. Pois este século é como que a medida das coisas que perecem. O homem se conforma às coisas do século pelo afeto, apegando-se a elas. Também se conforma com este século quem imita os que vivem mundanamente, como diz o Apóstolo: "Isto, pois, digo e vos rogo no Senhor: que não andeis mais como os gentios, que andam na vaidade dos seus pensamento" (Ef 4, 17)  

Sexta-feira após o domingo da Septuagésima: A necessidade de cautela.

Sexta-feira após o domingo da Septuagésima   
  
  «Portanto, aquele que crê estar de pé, veja não caia» (1 Cor 10, 12)
 
 
I.  —  Pelo exemplo dos judeus que pereceram no deserto por castigo, somos advertidos a cuidar para não cairmos. Esta palavra da Escritura implica quatro advertências ao sábio:
 
1. A multidão dos que caem, significada pela palavra "Portanto";
 
2. A incerteza dos que estão de pé, quando diz: "aquele que crê estar de pé";
 
3. A necessidade de cautela, quando acrescenta: "veja";
 
4. A facilidade da queda, quando conclui: "não caia".

Quinta-feira após o domingo da Septuagésima: A recompensa.

Quinta-feira após o domingo da Septuagésima   
  
  «E cada um receberá a sua recompensa segundo o seu trabalho» (1 Cor 3, 8)
 
I.
 
A recompensa é comum a todos, e própria à cada um.
 
1.  —  A recompensa será comum pois o mesmo será o objeto de nossa visão e de nosso gozo: Deus. "Então porás tuas delícias no Onipotente", diz Jó (22, 26) e Isaías, "Naquele dia, o Senhor dos exércitos será um diadema cintilante, uma coroa de glória para o resto do seu povo" (Is 28, 5). Por isso também lemos no Evangelho que a todos os operários da vinha foi dado um dinheiro (Mt 20).

Quarta-feira após o domingo da Septuagésima: Sobre as boas obras

Quarta-feira após o domingo da Septuagésima   
  
  «Se alguém edifica sobre esse fundamento com ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifestada será a obra de cada um» (1 Cor 3, 12-13)
 
I. As obras do homem que se apóia nas coisas espirituais e divinas se comparam ao ouro, à prata e às pedras preciosas, pois são sólidas, claras e valiosas; assim, pelo ouro se designa as coisas pelas quais o homem tende ao próprio Deus, pela contemplação e pelo amor, conforme aquilo do Apocalipse: "Aconselho-te a que me compres ouro provado no fogo" (Ap 3, 18), ou seja, sabedoria com caridade. A prata significa os atos com que o homem adere àquilo que é preciso crer, amar e contemplar. A Glosa relaciona a prata ao amor do próximo. Pelas pedras preciosas se designam as obras das diversas virtudes, com as quais se orna a alma humana.

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