Skip to content

Quarta-feira após o domingo da Sexagésima: Necessidade de vigilância.

Quarta-feira após o domingo da Sexagésima   
  
«Vigiai pois, porque não sabeis a que hora virá o vosso Senhor» (Mt 24, 42)
  
 
I.
 
Nosso Senhor nos aconselha a vigiar, pois a hora de nossa morte é incerta, e diz: o dia é incerto e ninguém pode se fiar em seu estado, pois então, de dois homens que estiverem num campo, um será tomado, e o outro será deixado. É preciso, portanto, ser diligente e solicito: "vigiai pois". Como diz s. Jerônimo, "o Senhor quis deixar o fim incerto para que o homem estivesse sempre em espera". 

O homem costuma faltar à vigília de três modos: ou seus sentidos falham; ou sofre perda de movimento; ou, finalmente, dorme. "Vigiai pois", para que vossos sentidos se elevem pela contemplação, "Eu durmo, mas meu coração vela" (Ct 5, 2); "vigiai pois" para vos não imobilizardes na morte. Quem vigia exerce boas obras. Diz São Pedro: "Sede sóbrios e vigilai, porque o demônio, vosso adversário, anda ao redor, como um leão que ruge, buscando a quem devorar". Finalmente, "vigiai pois", para não vos adormecerdes na negligência, "Até quando dormirás tu, ó preguiçoso?" (Pr 6, 6). 
 
II.
 
"Porque não sabeis a que hora virá o vosso Senhor"
 
Santo Agostinho diz que isso era necessário, tanto para os Apóstolos, tanto para os que viveram antes de nós, como para nós mesmos. Pois o Senhor vem de dois modos: virá ao fim do mundo para todos em geral; virá para cada um de nós no fim da vida, ou seja, na morte. Assim, serão duas as vindas de Cristo: no fim do mundo e na morte. Ele quis que uma e outra fossem incertas.
 
Estas duas vindas se correspondem, pois cada um se encontrará na segunda tal como se encontraria na primeira. Diz Santo Agostinho: "No último dia do mundo se encontrará despreparado aquele que em seu último dia se encontrava não preparado".
 
Também se pode entender de uma outra vinda, invisível, que é a vinda do Senhor à alma: "Se ele vem a mim, eu não o verei" (Jó 9, 11). Por isso vem a muitos, e não se dão conta. Por conseguinte, é preciso vigiar e vigiar, para que, se bater à porta, a abrimos: "Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei nele, e cearei com ele, e ele comigo" (Ap 3, 20).
   
In Matth., XXIV
      
(P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae. Tradução: Permanência)

AdaptiveThemes