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Sexta-feira após o domingo da Septuagésima: A necessidade de cautela.

Sexta-feira após o domingo da Septuagésima   
  
  «Portanto, aquele que crê estar de pé, veja não caia» (1 Cor 10, 12)
 
 
I.  —  Pelo exemplo dos judeus que pereceram no deserto por castigo, somos advertidos a cuidar para não cairmos. Esta palavra da Escritura implica quatro advertências ao sábio:
 
1. A multidão dos que caem, significada pela palavra "Portanto";
 
2. A incerteza dos que estão de pé, quando diz: "aquele que crê estar de pé";
 
3. A necessidade de cautela, quando acrescenta: "veja";
 
4. A facilidade da queda, quando conclui: "não caia".

São Paulo diz: "Portanto", como se dissesse: os judeus, apesar de repletos dos benefícios de Deus, pereceram por causa do seu pecado. Portanto, considerando isso, aquele que crê estar de pé, i. é, na graça e na caridade, veja, com diligente atenção, não caia pecando ou levando outros ao pecado. "Como caíste do céu, ó astro brilhante, filho da aurora?" (Is 14, 12); "caiam mil ao teu lado, e dez mil à tua direita" (Sl 90, 7); "Cuidai, pois, Irmãos, em andar com prudência, não como insensatos" (Ef 5, 15)
 
II.  Deve-se advertir que são muitas as coisas que nos levam a cair: 
 
1. A privação de forças. Assim como, por fraqueza, muitas crianças, velhos e doentes caem. "Os adolescentes cansam-se, fatigam-se, os jovens vacilam" (Is 40, 33). Isso ocorre por tibieza e na inconstância das boas obras.
 
 2. O peso dos pecados. Do mesmo modo, os burros caem sob o peso de carga excessiva: "Eis que caíram os que cometem a iniqüidade" (Sl 35, 13). Isso ocorre por negligência na penitência.
 
3. A multidão das seduções. Assim, quando muitos empurram a árvore ou a casa por baixo, ela cai sobre os mesmos. Isso ocorre por força dos inimigos.
 
4. Os caminhos resvaladiços. como ocorre aos viajantes incautos que escorregam no lodo. "olha, não escorregues no teu falar, para não caíres" (Ecle 28, 30). Isso ocorre pela guarda incauta dos sentidos.
 
5. A variedade das armadilhas, como a ave que é capturada pela rede. "O justo cai sete vezes por dia" (Pr 24, 16). Isso ocorre pela corrupção da natureza.
 
6. A ignorância daquilo que se deve fazer, como os cegos que caem facilmente. "Se um cego guia outro cego, ambos caem na fossa" (Mt 15, 14). Isso resulta da negligência em se aprender o necessário.
 
7. O exemplo dos que caem, assim como os anjos que seguiram o exemplo de Lúcifer. "Como uma fonte turbada, como uma nascente de água corrompida, assim é o justo que cai diante do ímpio" (Pr 25, 26). Isso ocorre pela imitação dos maus.
 
8. O peso da carne. O corpo que se corrompe sobrecarrega a alma, como uma pedra atada ao pescoço do nadador. "Um monte desfaz-se ao se desmoronar" (Jó 14, 18). Isso ocorre pela excessiva alimentação da carne.
 
In I Cor., 10
      
(P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae. Trad.: Permanência)

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