Category: Anônimo
“Trazei aqui os pobres, os estropiados...” Evangelho
Paramentos brancos
A Igreja fixou a celebração da festa do Corpo de Deus na 5ª feira que segue o primeiro domingo depois de Pentecostes. Uma coincidência feliz colocou-a entre dois domingos, cuja Epístola e o Evangelho nos falam da misericórdia de Deus e do dever da caridade fraterna que daí deriva para todos os homens. No Evangelho do segundo domingo lemos que o Reino dos Céus é semelhante a um banquete nupcial.[1] E nada pode simbolizar melhor, com efeito, a Sagrada Eucaristia, que é o banquete por excelência da união das almas com Jesus Cristo, seu esposo, e com todos os membros do Corpo Místico. No Breviário, a história de Samuel, destinado por Deus para guarda da arca do Senhor e Sacerdote do Altíssimo, harmoniza-se perfeitamente com a liturgia Eucarística. Naquele tempo, diz o Breviário, a palavra do Senhor fez-se rara e não havia visões em Israel, porque Heli era orgulhoso e fraco e os seus filhos infiéis e desleixados no serviço do Senhor. Então o Senhor manifestou-se a Samuel, menino ainda, e anunciou-lhe o castigo que estava reservado à casa de Heli. E não tardou muito que a arca fosse violada pelos filisteus e que Heli e os seus dois filhos morressem. A censura mais amarga com que a Sagrada Escritura repreende Heli é por haver colocado os seus interesses particulares e a solicitude das coisas materiais acima do interesse e da solicitude das coisas do espírito. Comentando a parábola do banquete, S. Gregório tem observações de fina penetração psicológica, quando, depois de notar que o homem é naturalmente inclinado a arrastar o coração pelas alegrias da terra, constata que, sempre que o faz, não tarda a sentir o tédio; ao passo que basta que prove as do espírito para nunca mais delas se saciar e crescer continuamente em si o desejo delas. E depois continua o santo: provai e vede como o Senhor é bom. Não lhe podereis conhecer a suavidade se o não provais. Mas tocai com o paladar do coração o alimento da vida, para que, verificando quanto é bom e suave, o possais realmente amar como convém. O homem quando pecou no Paraíso, perdeu o direito e o prazer destas delícias, e saiu de lá, quando fechou a boca ao alimento das suavidades eternas. De onde, nascidos neste exílio amargo, viemos já com fastio e ignoramos o que devemos desejar. O que é necessário é escutar o apelo do Evangelho de hoje e desprendermo-nos dos bens da terra para nos prendermos aos do Céu. A Eucaristia ser-nos-á um poderoso e indispensável meio. Procuremos evitar o orgulho e o amor das coisas da terra e, solidamente firmados no amor de Deus, poderemos crescer dia a dia na prática duma vida toda celeste e pura.
Missal Quotidiano e Vesperal por Dom Gaspar Lefebvre, Beneditino da Abadia de S. André. Bruges, Bélgica: Desclée de Brouwer e Cie, 1952.
[1] - Esta Missa já existia com todas as suas partes antes de ser instituída a Festa do Corpo de Deus.
Pe. Nicholas Maria, C.SS.R.
Por que a Fraternidade Sacerdotal São Pio X continua usando a liturgia reformada de 1962? Por que ela não retorna às práticas mais tradicionais dos Papas São Pio V ou São Pio X?
Uma tradição litúrgica (neste caso, a do rito romano) é como uma planta ou árvore viva; ela cresce, desenvolve-se, é podada, adaptada, reformada e revigorada. O problema da revolução litúrgica após o Vaticano II é que ela tentou cortar as raízes e destruir a planta e substitui-la por algo totalmente estranho à fé católica, o Novus Ordo Missae de Paulo VI, que “representa, tanto no conjunto quanto nos detalhes, um afastamento impressionante da Teologia católica da Missa” .
Ao manter-se fiel à última reforma claramente ortodoxa do rito romano antes dessa revolução, Dom Lefebvre não adentrou um debate especulativo (permitido, porém inconsequente) entre liturgistas quanto aos méritos de um Missal tradicional sobre o outro. Em vez, ele se considerava vinculado – talvez com alguma inconveniência – àquilo que a autoridade legítima havia realizado e que não era manifestamente pecaminoso:
“O princípio básico do pensamento e da ação da Fraternidade na dolorosa crise que a Igreja atravessa é o princípio ensinado por São Tomás de Aquino na Suma Teológica (II, II, q. 33, a.4): que ninguém pode se opor à autoridade da Igreja, exceto em caso de iminente perigo à fé. Ora, não há perigo à fé na liturgia dos Papas Pio XII e João XXIII, enquanto há um grande perigo à fé na liturgia do Papa Paulo VI, que é inaceitável”
E, novamente, ele escreveu em 1988:
“Desde sua fundação, a Fraternidade usa a edição de 1962 dos livros litúrgicos, pois eu os aceitei desde o momento em que surgiram em 1962, e porque a Fraternidade foi fundada em 1969 e aprovada em 1970. Essa nova edição não era nenhum novo Ordo Missae, mas uma nova edição do Ordo de São Pio V e de São Pio X com mudanças insignificantes. O calendário passou por uma mudança mais considerável na época, algumas das quais são, sem dúvidas, mais felizes, e outras, porém, controversas. Para que a uniformidade prevaleça na Fraternidade, porém, decidimos usar a edição de 1962, bem como seu calendário, pois consideramos as vantagens maiores que as desvantagens. [...] Cremos, com razão, que a edição de 1962 do Ordo Missae corresponde integralmente ao Ordo de São Pio V e de São Pio X. A pretensão de enxergar diferenças essenciais entre a edição de 1962 e o Ordo de São Pio V e de São Pio X manifesta uma mentalidade formalista e jansenista.”
Paramentos brancos
O Espírito Santo cujo advento celebramos no Pentecostes veio-nos recordar nesta última parte do ano (do Pentecostes ao Advento, 6 meses) o que Jesus nos ensinou já na primeira (do Advento à SS. Trindade, 6 meses). O dogma fundamental em torno do qual todo o Cristianismo gravita é este da SS. Trindade, de Quem tudo nos vem e a Quem todos os que receberam o sinete do Seu nome devem regressar. Depois de nos lembrar no decorrer do ano litúrgico o Pai Criador, o Filho Redentor e o Espírito Santo Santificador e Regenerador das almas, a Igreja recapitula hoje antes de mais nada os elementos concernentes ao grande mistério em que adoramos a Deus uno em Natureza e trino em Pessoas.
“Depois de celebrarmos a efusão do Espírito Santo, dizia S. Roberto no século XII, festejamos logo a seguir, no primeiro domingo, a Trindade Santíssima; e é bem feita esta escolha, porque logo depois da vinda do Divino Espírito começou a pregação da fé e com a pregação da fé a administração do Batismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”
O dogma da Santíssima Trindade aparece constantemente na liturgia. É em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo que se começa e acaba a Missa e o Ofício e se conferem os Sacramentos. Todos os salmos fecham pelo Glória Patri, os hinos pela doxologia e todas as orações concluem em termos cheios de devoção e de ternura para com as três Pessoas divinas. O dogma da Santíssima Trindade resplandece ainda nos nossos templos. Os nossos avós compraziam-se em simbolizá-lo na altura, na largura e no comprimento admiravelmente proporcionados das igrejas, no coro, nas naves, no trifório, nas três portas e muitas vezes até nas três torres. Sempre e em toda parte, no mais pequeno pormenor da ornamentação, o número três tem lugar de honra, marca um plano refletido, um pensamento de fé na Santíssima Trindade. A iconografia cristã também nos traduz, de diferente maneira, o mesmo pensamento. Até o século XII era vulgar representar o Pai por uma mão que saía dentre as nuvens do Céu a abençoar. Nos séculos XIII e XIV começou a aparecer primeiramente a face e depois todo o busto. A partir do século XV começou o Pai a ser figurado por um ancião revestido das vestes pontificais. — Até o século XII a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade era figurada com mais frequência pela cruz ou pelo cordeiro e ainda por um gracioso jovem no jeito do Apolo do paganismo. Do século XI ao XV, é o Cristo forte, já no vigor da idade, que nos aparece. A partir do XVI entra o costume de lhe pôr a cruz e de o representar frequentemente pelo cordeiro. — O Espírito Santo aparecia nos primeiros séculos sob a figura tradicional da pomba, tocando com as asas abertas na boca do Pai e na do Filho como argumento da sua procedência. A partir do século XI é na figura dum menino que o encontramos por vezes. No século XV, a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, assume as proporções dum homem feito semelhante ao Pai e ao Filho, somente com a pomba na mão ou na cabeça para se distinguir das outras Pessoas. Depois do século XVI, a pomba volta a tomar o lugar exclusivo na representação do Espírito Santo. A geometria concorreu também para a simbólica da SS. Trindade. O trevo teve por sua vez lugar de relevo na simbologia tradicional, e igualmente os três círculos enlaçados com a palavra unidade inscrita no lugar vazio pela interseção. Foi ainda representada por uma cabeça com três faces distintas. Urbano VIII, porém, em 1628 proibiu reproduzir esta perigosa e ridícula interpretação do grande mistério do Cristianismo.
A festa da SS. Trindade deve a sua origem ao fato de as ordenações do Sábado das Quatro Têmporas se celebrarem à tarde e se prolongarem até de manhã, não tendo o Domingo por este motivo liturgia própria. Como todos os domingos são consagrados à SS. Trindade, celebra-se no primeiro depois de Pentecostes a Missa votiva, composta no século VII em honra deste mistério.
Façamos hoje, conformando-nos ao espírito da Liturgia, profissão de fé na Santíssima e Eterna Trindade e na Sua indivisível unidade.
Missal Quotidiano e Vesperal por Dom Gaspar Lefebvre, Beneditino da Abadia de S. André. Bruges, Bélgica: Desclée de Brouwer e Cie, 1952.
Paramentos vermelhos
“O Dom da Sabedoria é a iluminação do Espírito Santo, mercê da qual a nossa inteligência contempla as verdades da fé a uma luz deslumbrante e experimenta nela indizível prazer” (Pe. Meschler).
Lançara Jesus os fundamentos da Igreja e enriquecera-a com os seus poderes. Faltava ainda o Espírito Santo para acabar a formação dos apóstolos. “O Espírito Santo virá sobre vós. Deixai-vos ficar, pois, na cidade até receberdes a força do Alto”. A festa de hoje é a festa comemorativa da expansão da Igreja no mundo e foi sem dúvida por este motivo que se escolheu para estação de hoje a Basílica de S. Pedro dedicada ao Príncipe dos Apóstolos.
Dissera o Mestre que o divino Paráclito viria e a Epístola mostra-nos o cumprimento da promessa. Era a hora de Tércia, por volta das nove horas, quando se fez de repente sentir um vento impetuoso que encheu toda a casa, e línguas de fogo desceram sobre os apóstolos. Iluminados por esta luz e a transbordar deste fogo sagrado os apóstolos sentem-se novos e vão realmente renovar a face da terra. Este dom maravilhoso consiste para cada um de nós na plenitude da graça que recebemos no batismo e que se vai progressivamente desenvolvendo e ampliando até a maturação perfeita do céu. Para os apóstolos era isto mesmo com mais o dever, de que em parte não podemos também prescindir sem trair ainda que veladamente a nossa dignidade e a nossa vocação, de a transmitir a todos os homens. Remissão dos pecados, justificação, redenção, filiação divina, caridade cristã, comunhão dos santos, tudo isto, que constitui a riqueza e a vida da Igreja, nos foi e continuará a ser dado pelos sucessores dos apóstolos.
O Pentecostes neste sentido não é apenas a data comemorativa dum acontecimento passado, mas uma realidade presente, sempre viva no seio da Igreja e em nós. “Vinde Espírito Santo, enchei o coração dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor”: é a prece suplicante da Igreja ao Aleluia da missa. Façamo-la nossa e o Espírito Santo virá sobre nós.
Missal Quotidiano e Vesperal por Dom Gaspar Lefebvre, Beneditino da Abadia de S. André. Bruges, Bélgica: Desclée de Brouwer e Cie, 1952.
“O Consolador que vos enviarei da parte do Pai, é o Espírito de verdade que procede do Pai” Evangelho.
Paramentos brancos
Este domingo prepara-nos para a festa de Pentecostes. Antes de subir ao céu, o Senhor prometera aos apóstolos que os não deixaria sós, mas lhes enviaria o Espírito consolador que os havia de acompanhar em todas as dificuldades e contingências até a consumação dos tempos. E os evangelhos dos domingos seguintes recordam-nos todos esta promessa do Senhor, como para recolher o sentido profundo da missão do Paráclito. Lembremo-nos no entanto, em conformidade com a doutrina exposta noutro lugar, que é sempre o espírito de Jesus que fecunda e governa a Igreja, que nos santifica e introduz pela graça no seio vivo e vivificante das três Pessoas divinas. Preparemo-nos, pois, para a festa integrando-nos no sentimento de Fé e de Esperança que animava os apóstolos reunidos no cenáculo e peçamos ao Senhor que assegure à Santa Igreja a presença e a ação renovadora do seu Espírito, que a santifica e a vivifica.
Missal Quotidiano e Vesperal por Dom Gaspar Lefebvre, Beneditino da Abadia de S. André. Bruges, Bélgica: Desclée de Brouwer e Cie, 1952.
“Deixo o mundo e vou para o Pai” Evangelho.
Paramentos brancos
A liturgia continua a cantar o triunfo de Cristo e a liberdade do povo cristão que Ele resgatou.
E nesta semana das Rogações convida-nos particularmente a unir com a sua a nossa prece, como no-lo diz a Missa das Ladainhas e até a oração e o Evangelho de hoje. Mas é preciso pedir em nome do Senhor e pedir coisas realmente de valor e de interesse para nós, a salvação em primeiro lugar, evidentemente, e então sem falta nos concederá o que pedimos: para que seja perfeita a nossa alegria e para que crendo que Ele saiu de Deus, mereçamos entrar com Ele na glória do Pai.
Cautela, pois, não nos iludamos. A Epístola de S. Tiago frisa este ponto com insistência. Não basta orar, é preciso orar bem.
Evangelho: “Para pedir em nome do Senhor, diz S. Agostinho, é preciso pedir aquilo que nos deve proporcionar a alegria perfeita, a perfeita alegria espiritual. E isto pediremos se o objeto da nossa prece for unicamente a vida verdadeiramente ditosa. Porque pedir outra coisa é não pedir nada, pois em comparação deste grande bem, tudo o mais é nada”
Missal Quotidiano e Vesperal por Dom Gaspar Lefebvre, Beneditino da Abadia de S. André. Bruges, Bélgica: Desclée de Brouwer e Cie, 1952.
“Ainda mais um pouco e não me vereis” Evangelho.
Paramentos brancos
A Santa Igreja, cheia ainda das alegrias da Páscoa, irrompe num cântico de júbilo e proclama a glória de Deus. “Ainda mais um pouco, disse Jesus no cenáculo, e não me vereis”; haveis de chorar então e de vos lamentar. E mais um pouco ainda, e ver-me-eis de novo e o vosso coração se alegrará”
Os apóstolos sentiram de feito esta alegria iluminante, de que transborda a liturgia pascal, ao contemplar de novo a carne e as feições do Amigo e do Mestre ressuscitado.
A Páscoa da terra é a preparação e a representação da Páscoa eterna, da Páscoa das alegrias totais, de que há de partilhar a Igreja depois de dar à luz no exílio e na dor os que foram marcados na fronte com o sinete da vida. E esta alegria já começa aqui na terra, começa na esperança, spe gaudentes, e por aquela presença de Cristo, invisível mas real, que prometeu aos que O buscam.
Peregrinos e estrangeiros vamos a caminho do céu, animemo-nos daquela alegria cristã que nos leva para Deus, o qual nos virá em auxílio e conduzirá ao termo da viagem e à vitória.
Evangelho: “Este pouco, de que falava o Senhor aos discípulos, parece-nos longo, diz S. Agostinho, porque ainda andamos cá no exílio. Mas quando ele acabar, então veremos com surpresa como foi breve.
Que a nossa alegria se não assemelhe, de longe sequer, com a de que se há de alegrar e se alegra de fato o mundo na breve ausência do Senhor. Mas, enquanto se não realizar o objeto dos nossos desejos, cultivemos aquela alegria santa que é florir da alma entre espinhos e que se alimenta da esperança do fruto que há de vir”
Missal Quotidiano e Vesperal por Dom Gaspar Lefebvre, Beneditino da Abadia de S. André. Bruges, Bélgica: Desclée de Brouwer e Cie, 1952.
“Se Eu não me for, o Espírito consolador não virá a vós; mas Eu vo-lo enviarei” Evangelho.
Paramentos brancos
A liturgia de hoje louva a justiça de Deus, que se manifestou no triunfo do Senhor e pela descida do Espírito Santo, que, de volta ao céu, o Senhor prometera.
Deus que dera testemunho de Seu Filho, ressuscitando-O dos mortos, condena o mundo que O crucificou. Este testemunho brilhante da justiça divina deve nos consolar a alma das amarguras e das dificuldades da vida presente.
Jesus abriu-nos o caminho; Ele é o caminho, a verdade e a vida. Enquanto vivermos na terra temos de beber sem dúvida o travor do exílio, de amargar com a perseguição e a hostilidade dos elementos adversos, mas quando desabrochar no dia pleno e luminoso, que antevemos, a aurora que nos leva, se olharmos então para trás, para esses pedaços de noite e dia por onde passamos, havemos de sentir com certeza como foi breve o caminho e suave o sofrimento que nos conduziram a tão grande vitória.
São Tiago exorta-nos a sofrer com paciência, com paciência cristã evidentemente, as arestas e fadigas da jornada, porque a paciência, diz o apóstolo, dá perfeição à obra, à obra da nossa santificação, e assemelha-nos a Deus “em quem não há vicissitudes nem mudança”
Evangelho: “O Espírito Santo convencerá o mundo do pecado”, do pecado tão grave como jamais se viu e que os judeus, sem advertir na gravidade do ato que faziam, perpetraram, rejeitando Cristo, o Redentor.
“O Espírito Santo convencerá o mundo da justiça”, da justiça de Cristo que o mundo desprezou, crendo-se a si mesmo justo, e que Deus glorificou, com os prodígios que se seguiram à tragédia do Calvário.
“Convencerá, finalmente, o mundo do juízo”, demonstrando pela santificação das almas e pelas conquistas sempre crescentes da Igreja, que “o príncipe deste mundo já está julgado”
Missal Quotidiano e Vesperal por Dom Gaspar Lefebvre, Beneditino da Abadia de S. André. Bruges, Bélgica: Desclée de Brouwer e Cie, 1952.
“Eu sou o Bom Pastor, conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas me conhecem. E dou a minha vida pelas minhas ovelhas” Evangelho.
Paramentos brancos
Diz-nos São Pedro na Epístola que Jesus é o pastor das nossas almas, perdidas tantas vezes pelos atalhos da vida, errando longe do redil. E que o Senhor veio dar a vida por elas e agregá-las à sua volta, não duvidando para o fazer, como o Evangelho acentua, deixar no deserto as noventa e nove e ir por moitas e algares à procura da desgarrada que se perdera.
Lembremo-nos que os sacerdotes são os legítimos continuadores desse pastor divino e sejamos dóceis à sua palavra e rezemos por eles para que sejam dignos do seu ministério.
Missal Quotidiano e Vesperal por Dom Gaspar Lefebvre, Beneditino da Abadia de S. André. Bruges, Bélgica: Desclée de Brouwer e Cie, 1952.
Oitava da Páscoa e primeiro domingo depois da Páscoa
Paramentos brancos
Chama-se este domingo – Quasi modo – das primeiras palavras do Intróito e in albis porque nele depunham outrora a túnica branca do batismo.
Para ensinar os seus filhos recém-nascidos para a graça com que generosidade devem confessar o nome de Jesus, a Igreja os conduz à Basílica de São Pancrácio, que, aos doze anos, rendeu ao Senhor o testemunho do sangue.
Todo cristão deve dar testemunho de Cristo. A fé no Filho de Deus ressuscitado dar-lhe-á coragem para vencer os poderes do mal, para vencer o mundo, como diz São João. É necessário, pois, que esta fé em Jesus tenha uma base sólida; e a Igreja no-la oferece na missa de hoje. Esta fé deve ter por base, diz São João, o testemunho das três Pessoas Divinas e o da água, do sangue e do espírito que no batismo, no calvário e na vida da Igreja e dos cristãos dá testemunho da divindade de Jesus. A dupla aparição do Senhor aos apóstolos e a incredulidade de Tomé que cede à evidência mais nos confirmam nesta fé.
Pela nossa crença esclarecida e forte e pela nossa conduta impoluta rendamos à divindade do Senhor, no meio desta sociedade corrompida, o testemunho sincero da nossa alma.
Do Evangelho: “A dureza dos discípulos em acreditar na Ressurreição, diz S. Gregório, não foi apenas sinal de que eram ainda enfermos na fé, mas antes argumento para firmar a nossa fraqueza. Menos me aproveita a mim Madalena que logo acreditou, que Tomé que duvidou por muito tempo; porque o apóstolo, tocando nas chagas, amputou-nos do peito a raiz da dúvida”
Missal Quotidiano e Vesperal por Dom Gaspar Lefebvre, Beneditino da Abadia de S. André. Bruges, Bélgica: Desclée de Brouwer e Cie, 1952.