Category: Crise da Igreja
Apresentamos transcrição de importante Conferência pronunciada em 28 de outubro de 2020 por Dom Carlo Maria Viganò.
O ex núncio apostólico nos Estados Unidos confirma o que já vem declarando há alguns meses sobre o envolvimento da "Outra", dessa nova Igreja Conciliar, no eclipse da verdadeira Igreja Católica, e no conluio com uma Nova ordem mundial, anti-católica e maçônica.
A declaração de hoje é um marco no combate pela fé nos tempos de perseguição que continuamos sofrendo.
Rezemos por este bispo que acordou para as evidências, rezemos por todos os bispos, padres e fiéis da Tradição que, de algum modo, receberam de Dom Marcel Lefebvre e de Dom Antônio de Castro Mayer a formação que nos permitiu resistir às perseguições que já duram 60 anos.
Acesse aqui a transcrição da conferência
ou, se preferir, assista o vídeo aqui.
Pe. Mathias Gaudron, FSSPX
1. HÁ HOJE UMA CRISE NA IGREJA?
Seria preciso cobrir os olhos para não ver que a Igreja Católica sofre uma grave crise. Esperava-se, nos anos 1960, na época do Concílio Vaticano II, uma nova primavera para a Igreja, mas o que aconteceu foi o contrário. Milhares de padres abandonaram seu sacerdócio; milhares de religiosos e de religiosas retornaram à vida secular. Na Europa e na América do Norte, as vocações se tornam raras, e não se pode nem mais computar o número de seminários, conventos e casas religiosas que tiveram que fechar. Muitas paróquias permanecem sem padre, e as congregações religiosas devem abandonar escolas, hospitais e asilos para idosos. “Por alguma fissura, a fumaça de Satanás entrou no Templo de Deus” – essa era a queixa do Papa Paulo VI, em 29 de junho de 1972 . (Continue a ler)
Dom Lourenço Fleichman OSB
Acompanhei um pouco a situação em Paris pelos jornais franceses, e me parece importante escrever para os meus fiéis e leitores do site, para lhes falar um pouco sobre esse acontecimento estranho do incêndio de Notre Dame de Paris.
Muitas catedrais, igrejas, mosteiros queimaram em incêndios antes desse. Muitos terremotos derrubaram suas flechas monumentais, como vimos hoje cair a de Paris.
Mas não posso deixar de considerar que essa destruição tem um caráter diferente. Antes do fogo destruir esta Citadela da Fé católica, há muito tempo já desaparecera o fogo que a levantara há cerca de 1.000 anos atrás.
Quando leio nos jornais os políticos falando de cultura, de Europa, de arte, não posso deixar de pensar na culpa que esses senhores têm por tudo o que foi jogado fora de civilização católica, dos mil anos da Cristandade, da Idade Média. Não posso impedir que brote no coração o ódio por essa Revolução que há 250 anos destrói o que nossos heróis construíram, para pasmo do mundo moderno, pelo simples amor a Nosso Senhor Jesus Cristo, a sua Mãe Maria, e a sua Esposa, a Santa Igreja Católica Apostólica Romana.
Não posso deixar de odiar com todas as forças da alma esse Modernismo de Vaticano II, que ainda hoje derruba as simbólicas cruzes da fé nos corações.
Na verdade o mundo moderno e a Igreja modernista não merecem esses monumentos da fé antiga, pois que a repudiaram com desprezo e violência.
Era normal que, na Apostasia Geral em que vivemos, os marcos da fé de outrora fossem desaparecendo, como destruídos foram os Sacramentos, as Orações, o Sacerdócio, as igrejas e tudo o mais que ocupava pela vida interior esses mesmos monumentos.
Mas a vida continua.
Já estão arrecadando o dinheiro da reconstrução. Muito dinheiro. Já anunciaram que reunirão os melhores artífices do mundo para refazer o que foi destruído pelas chamas. De que serve? Levantarão uma Catedral do Pluralismo revolucionário. Cantarão loas à Fraternidade universal. Incensarão a deusa Liberdade no altar da nova Notre Dame. E todos, unidos pela Igualdade sem Jesus crucificado, soltarão fogos no dia da inauguração.
No limiar da nossa Semana Santa, quando nos preparamos para o luto litúrgico pela Paixão e Morte de Cristo, soa o dobre por Notre Dame.
E mais uma vez choramos a destruição da fé.
Domingo que vem nos alegraremos com Cristo Ressuscitado, e poderemos tratar da nossa salvação eterna, nos nossos esconderijos, nas nossas catacumbas da Tradição.
Aldo Maria Valli, 29 de novembro de 2018
[Hesitamos em publicar esse texto, escrito pelo vaticanista Aldo Maria Valli, e republicado em Courrier de Rome, pelo tom demasiado condescendente com a situação da Igreja pós-conciliar: trata-se de um conservador, e age como se a Crise da Igreja tivesse começado com Francisco, como se desde o Concílio Vaticano II experimentássemos uma normalidade.
Os fatos que narra são ilustrativos da disposição de Roma para com a vida religiosa, mas como não ver neles continuidade com a “renovação adaptada” proposta por Vaticano II? Sim, é forçoso admitir que está em curso — e não data de hoje — um verdadeiro combate à contemplação, movida desta vez não por partidários do laicismo, mas por membros da Cúria, gozando da total aprovação do Papa.] (Continue a ler)
Pe. François-Marie Chautard, FSSPX
1) Quem são os acordistas ?
Os que chamamos de acordistas são as comunidades, os padres e os fieis que, inicialmente, decidiram defender a Tradição, mas depois das Sagrações de 1988 e da “excomunhão” fulminada contra Dom Marcel Lefebvre, Dom Antônio de Castro Mayer e os quatro bispos sagrados, decidiram pôr-se sob a dependência efetiva da hierarquia atual, conservando a liturgia tradicional. Eles, portanto, fizeram um acordo com a Igreja Conciliar.
Por extensão, o vocábulo de “acordistas” designa as comunidades, os padres e fieis que conservam a liturgia tradicional, mas aceitam os principais erros conciliares, assim como a plena validade e legitimidade da missa nova de Paulo VI e dos sacramentos promulgados e editados por esse Papa.
“Dom Gérard, em sua declaração, baseia-se nas concessões que lhe fizeram e aceita pôr-se sob a obediência da Roma modernista, que no fundo permanece anti-tradicional” . (Continue a ler)
Breve crônica da ocupação neo-modernista da Igreja Católica
AS "NOVIDADES CONCILIARES", QUINTESSÊNCIA DA NOVA TEOLOGIA
Vamos nos debruçar aqui sobre as "novidades conciliares" em suas grandes linhas, examinando somente alguns textos do Vaticano II, a saber: Lumen Gentium nº 8; Unitatis Redintegratio c. I nº 3; Nostra Aetate; Dignitatis Humanae; Gaudium et Spes e Lumen Gentium c. III.
Temos de deixar de lado, por razões de concisão, outros documentos importantes do Vaticano II, como por exemplo, Dei Verbum e outros acontecimentos graves decisivos, como as tratativas informais da Santa Sé, por intermédio do cardeal Bea, com os representantes do judaísmo mundial a fim de chegar a uma representação favorável ao judaísmo no documento Nostra Aetate; ou ainda a escandalosa e deliberada ausência de condenação do comunismo (por razões ecumênicas): era a condição posta pelo governo soviético para a presença de representantes do patriarcado ortodoxo de Moscou no Vaticano II como "observadores", com o abandono da petição apresentada pelos 450 padres conciliares...
Lumen Gentium
A constituição dogmática Lumen Gentium afirma: "... a única Igreja de Cristo [...], constituída e organizada neste mundo como uma comunidade subsiste na Igreja católica, governada pelo sucessor de Pedro e os bispos em comunhão com ele".[1]
Trata-se de uma única palavra: "subsiste", mas de uma palavra sustentada por uma questão de fé, e uma das mais graves.
A doutrina católica, na verdade, sempre identificou a única, verdadeira Igreja de Cristo com a única Igreja católica romana, excluindo as diversas seitas heréticas e cismáticas que se separaram dela ao longo dos séculos. Trata-se, em última análise, da questão mais importante na vida de cada homem, a da verdadeira religião e da verdadeira Igreja na qual poderemos encontrar a vida eterna. A voz da Tradição e dos Padres da Igreja sempre foi unânime neste assunto.
Pe. Jean-Michel Gleize, FSSPX
Numa entrevista recente, Mons. Guido Pozzo declarou que “a reconciliação acontecerá quando Dom Fellay aderir formalmente à declaração doutrinal que a Santa Sé lhe apresentou. É também a condição necessária para proceder à regularização institucional, com a criação de uma prelazia pessoal”. E no retorno da recente peregrinação à Fátima (12-13 de maio), numa conferência concedida à imprensa no avião, o Papa Francisco aludiu ao documento preparado pela Congregação da Doutrina da Fé, em sua última sessão de quarta-feira, 10 de maio. Segundo o espírito de Roma, tratar-se-ia de um entendimento doutrinal. A expressão, porém, é equívoca; com efeito, pode ser entendida em dois sentidos.
Num primeiro sentido, o fim buscado é que a Tradição reencontre todos os seus direitos em Roma, e que, por conseguinte, a Santa Sé corrija seriamente os erros doutrinais que são a fonte da crise sem precedentes que ainda açoita a Santa Igreja. Essa correção é o fim buscado, um fim em si mesmo e causa final, princípio de todo agir subsequente no quadro das relações com Roma. E esse fim é simplesmente o bem comum de toda a Igreja. Nesse sentido, o entendimento doutrinal significa que Roma deve entender-se não com a Fraternidade São Pio X, mas com a doutrina de sempre, e abandonar os seus erros.
Breve crônica da ocupação neo-modernista da Igreja Católica
VATICANO II, PRIMEIRA SESSÃO:
O INÍCIO DA REVOLUÇÃO
A primeira sessão do Concílio Vaticano II se abriu na manhã de 13 de outubro de 1962[1], mas os neomodernistas tiveram todo o tempo necessário para se organizar e aproveitar a ocasião propícia.
O grupo principal da ala modernista e liberal dos Padres conciliares era constituído por bispos alemães e ingleses — evidentemente discípulos entusiastas de seus novos teólogos que os manobravam a seu gosto — com os quais logo fizeram bloco outros episcopados da Europa, e que formaram o "grupo do Reno" ou a "Aliança Europeia", como os denominou um cronista conciliar, o Pe. Ralph Wiltgen.
Breve crônica da ocupação neo-modernista da Igreja Católica
O CONCÍLIO DO PAPA JOÃO
Ângelo Giuseppe Roncalli: o futuro João XXIII
No conclave após a morte de Pio XII, o cardeal Ângelo Giuseppe Roncalli, patriarca de Veneza, foi eleito Soberano Pontífice e tomou o nome de João XXIII. O novo Papa tinha antecedentes bastante inquietantes.
Na época de seus estudos eclesiásticos, o jovem Ângelo Giuseppe Roncalli tinha se tornado amigo de certos condiscípulos já ligados ao modernismo e que deviam depois se tornar seus célebres representantes: Dom Ernesto Buonaiuti, Dom Alfonso Manaresi e Dom Giulio Belvederi, que ele encontrava todas as noites na igreja do Gesú em Roma para a visita ao Santíssimo Sacramento, mas também para inflamadas discussões “progressistas”.
Jornal Si Si No No, Ano XLII, nº10
1º) João XXIII, no discurso de abertura do Concílio, em 11/10/1962, disse: “ferem agora os ouvidos sugestões de pessoas (...) que, nos tempos modernos, só veem prevaricação e ruína; vão repetindo que nossa época, comparada com as passadas, foi piorando (...) A Nós parece ter que dissentir desses profetas de desgraças[1], que anunciam sempre eventos infaustos (...). Sempre a Igreja se opôs aos erros, várias vezes os condenou com máxima severidade. Agora, porém, a Esposa de Cristo prefere usar a medicina da misericórdia em vez da severidade. (...) Não que faltem doutrinas falazes (...), mas hoje em dia parece que os homens estão propensos a condená-las por si mesmos” (Enchiridion Vaticanum, Documenti. Concilio Vaticano II, EDB, Bologna, IX ed., 1971, p.39 e p.47).
Respondemos:
a) Os tempos modernos começam com Descartes para a filosofia, Lutero para a religião e Rousseau para a política, e os seus sistemas estão em ruptura com a Tradição Apostólica, a Patrística, a Escolástica e o dogma católico. De fato, a modernidade é caracterizada pelo subjetivismo. Seja na filosofia: “Penso, logo existo”, que é a via aberta por Descartes ao idealismo para o qual é o sujeito que cria a realidade. Seja em religião, com o livre exame da Bíblia sem a interpretação dos Padres e o Magistério e com a relação direta homem-Deus sem mediadores (Lutero: “sola Scriptura” “solus Christus”). Seja em política, pois o homem não é animal social por natureza, antes é solitário, portanto é ele quem cria a sociedade temporal mediante o “contrato social”.