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Category: Santo Tomás de AquinoConteúdo sindicalizado

Art. 1 ― Se as paixões da alma são moralmente boas ou más.

(II Sent., dist. XXXVI, a . 2; De Malo, q. 10, a . 1, ad 1; q. 12, a . 2, ad 1; a . 3).
 
O primeiro discute-se assim. Parece que nenhuma das paixões da alma é moralmente boa ou má.
 
1. ― Pois, o bem e o mal moral são próprios do homem, conforme diz Ambrósio: os costumes se referem propriamente ao homem1. Ora, as paixões não lhe são próprias, mas lhe são comuns a ele e aos animais. Logo, nenhuma paixão humana é moralmente boa ou má.
 

  1. 1. Super Lucam (Prolog.).

Questão 25: Do bem e do mal nas paixões da alma.

Em seguida devemos tratar do bem e do mal nas paixões da alma. E sobre esta questão quatro artigos se discutem:

Art. 4 ― Se as principais paixões são as quatro seguintes: a alegria e a tristeza, a esperança e o temor.

(Infra, q. 84, a . 4, ad 2; IIª. IIªº, q. 141, ª 7, ad 3; III Sent., dist. XXVI, q. 1, a . 4; De Verit., q. 26, a . 5).
 
O quarto discute-se assim. Parece que as quatro principais paixões não são as quatro seguintes: a alegria e a tristeza, a esperança e o temor.
 
1. Pois, Agostinho em vez da esperança, coloca a cobiça1.
 

  1. 1. XIV De civ. Dei, cap. VII.

Art. 3 ― Se a esperança é a primeira entre as paixões do irascível.

O terceiro discute-se assim. Parece que a esperança não é a primeira entre as paixões do irascível.
 
1. Pois, a potência irascível recebe da ira a sua denominação. Ora, como esta é dada pelo que é mais importante, resulta ser a ira mais importante que a esperança e ter prioridade sobre ela.
 

Art. 2 ― Se o amor é a primeira das paixões do concupiscível.

(I, q. 20, a . 1; infra, q. 27, a . 4; III Sent., dist. XXVII, q. 1, a . 3; IV Cont. Gent., cap. XIX; De Verit., q. 26, a . 4; De Virtut., q. 3, a . 3; De Div. Nom., cap. IV, lect. IX).
 
O segundo discute-se assim. ― Parece que o amor não é a primeira das paixões do concupiscível.
 
1. ― Pois, a denominação da virtude concupiscível deriva da concupiscência, paixão idêntica ao desejo. Ora, a denominação é dada pelo que é mais importante, como diz Aristóteles1. Logo, a concupiscência tem precedência sobre o amor.
 

  1. 1. II De Anima, lect. IX.

Art. 1 ― Se as paixões do irascível tem prioridade sobre as do concupiscível.

(III Sent., dist. XXVI, q. 1, a . 3; q.2 a . 3, qª 2; De Verit;. Q. 25, a . 2).
 
O primeiro discute-se assim. ― Parece que as paixões do irascível tem prioridade sobre as do concupiscível.
 
1. ― Pois, a ordem das paixões depende da dos objetos. Ora, o objeto do irascível é o bem árduo que, parece, é o supremo entre os outros bens. Logo, as paixões do irascível tem prioridade sobre as do concupiscível.
 
2. Demais. ― O motor é anterior ao movido, Ora, o irascível está para o concupiscível como o motor para o movido, pois foi dado aos animais para vencerem os obstáculos que se opõem a que o concupiscível goze do seu objeto, conforme já dissemos1; ou, na linguagem de Aristóteles, o que remove o obstáculo exerce a função de motor2. Logo, as paixões do irascível tem anterioridade sobre as do concupiscível.

  1. 1. Q. 22, a. 1.
  2. 2. VIII Phys., lect. VIII.

Questão 24: Da ordem das paixões entre si.

Em seguida devemos tratar da ordem das paixões entre si.
 
E sobre esta questão quatro artigos se discutem:

Art. 4 ― Se uma mesma potência pode ter paixões especificamente diferentes e não contrárias entre si.

(III Sent., dist. XXVI, q. 1, a . 3; De Verit., q. 26, a . 4; II Ethic., lect. V).
 
O quarto discute-se assim. ― Parece que uma mesma potência não pode ter paixões especificamente diferentes e não contrárias entre si.
 
1. ― Pois, as paixões da alma diferem pelos seus objetos. Ora, estes são o bem e o mal cujas diferenças fundamentam a contrariedade das paixões. Logo, paixões da mesma potência, sem contrariedade mútua, não podem entre si diferir especificamente.
 
2. Demais. ― A diferença específica é uma diferença formal. Ora, toda diferença formal implica alguma contrariedade, como diz Aristóteles1. Logo, paixões da mesma potência, não contrárias, não diferem especificamente.
 

  1. 1. X Metaph., lect. X.

Art. 3 ― Se toda paixão da alma tem contrária.

(Infra, q. 46, a . 1. ad 2; III Sent., dist. XXVI, q. 1, a . 3; De Verit., q. 26, a . 4).
 
O terceiro discute-se assim. ― Parece que toda paixão da alma tem contrária.
 
1. ― Pois, toda paixão respeita ao irascível ou ao concupiscível, como já se disse1. Ora, as paixões de ambos esse apetites tem contrariedade, a seu modo. Logo, toda paixão da alma tem contrária.
 
2. Demais. ― Toda paixão da alma ou tem o bem como objeto ou o mal, que constituem os objetos universais da parte apetitiva. Ora, a paixão cujo objeto é o bem opõe-se à quem tem o mal como objeto. Logo, toda paixão tem contrária.
 

  1. 1. Q. 23, a. 1.

Art. 2 ― Se a contrariedade entre as paixões do irascível é correlativa à existente entre o bem e o mal.

(III Sent., dist. XXVI, q. 1, a . 3; De Verit., q. 26, a . 4).
 
O segundo discute-se assim. ― Parece que a contrariedade entre as paixões do irascível é correlativa à existente entre o bem e o mal.
 
1. ― Pois as paixões do irascível se ordenam às do concupiscível, como já dissemos1. Ora, a contrariedade existente entre estas últimas ― p. ex., entre o amor e o ódio, a alegria e a tristeza se baseiam na que existe entre o bem e o mal. Logo, o mesmo se dá com as paixões do irascível.
 

  1. 1. Q. 23, a. 1 ad 1.
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