Category: Santo Tomás de Aquino
(Supra, a . 5, ad 4; infra, q. 73, a . 7; IV Sent., dist. XVI, q. 3, a . 2, qª 3; De Malo, q. 2, a . 6, 7).
O décimo discute-se assim. ― Parece que uma circunstância não pode especificar um ato como bom ou mau.
1. ― Pois, um ato se especifica pelo seu objeto. Ora, as circunstâncias diferem do objeto. Logo, não especificam o ato.
2. Demais. ― As circunstâncias são como acidentes do ato moral, conforme se disse. Ora, o acidente não especifica. Logo, a circunstância não constitui nenhuma espécie de bem ou de mal.
(I Sent., dist. I, q. 3, ad 3; II, dist. XL, a . 5; IV, dist. XXVI, q. 1, a . 4; De Malo, q. 2, a . 5).
O nono discute-se assim. ― Parece que um ato individualmente considerado pode ser indiferente.
1. ― Pois, nenhuma espécie há que em si não contenha ou possa conter algum indivíduo. Ora, como já se disse, atos há especificamente indiferentes, Logo, um ato individual pode ser indiferente.
(II Sent., dist. XL, a . 5: De Malo, 1. 2, a . 5).
O oitavo discute-se assim. ― Parece que não há atos especificamente indiferentes.
1. ― Pois, o mal é a privação do bem, segundo Agostinho. Ora, privação e posse opõem-se imediatamente, conforme o Filósofo. Logo, nenhum ato é especificamente indiferente, quase médio entre o bem e o mal.
2. Demais. ― Os atos humanos se especificam pelo fim ou pelo objeto, com já se disse. Ora, um e outro é bom ou mau. Logo, todo ato humano é especificamente bom ou mau e nenhum é indiferente.
O sétimo discute-se assim. ― Parece que a espécie de bondade proveniente do fim está compreendida na proveniente do objeto, como a espécie, no gênero; p. ex., quando alguém quer furtar para dar esmola.
1. ― Pois, o ato se especifica pelo objeto, como já se disse. Ora, é impossível uma coisa estar compreendida em uma determinada espécie, que, por sua vez, não esteja na que lhe é própria; pois, uma mesma coisa não pode estar em diversas espécies não subordinadas entre si. Logo, a espécie procedente do fim está compreendida na que procede do objeto.
2. Demais. ― A última diferença é sempre a que constitui a espécie especialíssima. Ora, a diferença procedente do fim é posterior à procedente do objeto, porque fim é sinônimo de último. Logo, a espécie procedente do fim está compreendida na procedente do objeto, como espécie especialíssima.
(II Sent., dist. XL, a . 1).
O sexto discute-se assim. ― Parece que o fim não diversifica especificamente os atos em bons e maus.
1. ― Pois, os atos se especificam pelo objeto. Ora, o fim não é objeto, de nenhum modo. Logo, o bem e o mal dele procedente não diversificam os atos especificamente.
2. Demais. ― O acidental não especifica, como já se disse. Ora, é acidental a um ato ser ordenado para um fim; assim, quando se dá esmola por vanglória. Logo, o fim não diversifica especificamente os atos em bons e maus.
(I, q. 48, a . 1, ad 2; II Sent., dist. XL, a . 1; III Cont. Gent., cap. IX; De Malo, q. 2, a . 4; De Virtut., q. 1, a . 2, ad 3).
O quinto discute-se assim. ― Parece que os atos morais bons e maus não diferem especificamente.
1. ― Pois, a bondade e a malícia dos atos é como a das coisas, segundo já se disse. Ora, nestas o bem e o mal não diversificam a espécie; assim, da mesma espécie é tanto o homem bom como o mau. Logo, também a bondade e a malícia dos atos não os diversificam especificamente.
(II Sent., dist. XXXVI, a . 5).
O quarto discute-se assim. ― Parece que a bondade e a malícia dos atos humanos não provêm do fim.
1. ― Pois, como diz Dionísio, nenhum ato visa o mal como fim do agir. Logo, se pelo fim é que os atos são bons ou maus, nenhum será mau, o que é evidentemente falso.
2. Demais. ― A bondade de um ato lhe é algo de intrínseco. Ora, o fim é causa extrínseca. Logo, não é em virtude do fim que uma ação se torna boa ou má.
(II Sent., dist. XXVI, a . 5; De Malo, q. 2, a . 4, ad 5).
O terceiro discute-se assim. ― Parece que as circunstâncias não tornam uma ação boa
1. ― Pois, as circunstâncias circunstam ao ato, existindo como fora dele, segundo já se disse. Ora, o bem e o mal existem nas coisas mesmas, como diz Aristóteles. Logo, as ações não são nem boas nem más em virtude das circunstâncias.
(Infra, q. 19, a . 1; II Sent., dist. 36, a . 5).
O segundo discute-se assim. ― Parece que a ação humana não haure no objeto a bondade ou a malícia.
1. ― Pois, o objeto de uma ação é uma realidade. Ora, não nas coisas, mas no uso que delas fazem os pecadores, está o mal, como diz Agostinho. Logo, a ação humana não haure no objeto a sua bondade ou malícia.
2. Demais. ― O objeto é como a matéria da ação. Ora, a bondade de uma coisa não provém da matéria, mas antes, da forma, que a atualiza. Logo, não é no objeto que os atos haurem a bondade ou a malícia.
(De Malo, q. 2, a . 4).
O primeiro discute-se assim. ― Parece que todas as ações do homem são boas e nenhuma é má.
1. ― Pois, como diz Dionísio, o mal só age em virtude do bem. Ora, este não produz aquele. Logo, nenhuma ação é má.
2. Demais. ― Nada age senão enquanto atual. Ora, nada é mau por ser atual, mas por ser a potência privação do ato; pois, um ser é bom na medida em que a potência é aperfeiçoada pelo ato, como diz Aristóteles. Ora, nada age enquanto mau, mas só enquanto bom. Logo, todas as ações são boas e nenhuma é má.