Category: Santo Tomás de Aquino
Em seguida devemos tratar daqueles a quem este sacramento deve ser conferido e em que parte do corpo.
Sobre o que sete artigos se discutem:
Em seguida devemos tratar da administração deste sacramento.
Sobre o que se discutem três questões:
Em seguida devemos considerar o efeito deste sacramento.
Sobre o que, discutem-se três artigos:
O terceiro discute-se assim. ─ Parece que a penitência solene não deve ser imposta às mulheres.
1. ─ Pois, o homem a quem uma penitência solene é imposta deve cortar os cabelos. Ora, isto não convém à mulher, como lemos no Apóstolo. Logo, a mulher não deve fazer penitência solene.
2. Demais. ─ Parece que tal penitência deve ser imposta aos clérigos. Pois, é imposta pela gravidade do delito. Ora, um mesmo pecado é mais grave num clérigo que num leigo. Logo, deve ser imposta antes a um clérigo que a um leigo.
3. Demais. ─ Parece que pode ser imposta por qualquer sacerdote. Porque absolver no foro da penitência é poder de quem tem as chaves. Ora, o simples sacerdote tem o poder das chaves. Logo, pode ser ministro dessa penitência.
SOLUÇÃO. ─ A penitência solene é pública, mas não inversamente. Ora, essa penitência se faz do modo seguinte. ─ No começo da quaresma, os referidos penitentes se apresentam com os seus presbíteros ao bispo da cidade, ante as portas da igreja, vestidos de saco, os pés nus, a figura inclinada para o chão, os cabelos cortados. Conduzidos à igreja, o bispo com todo o clero reza os sete salmos penitenciais, impondo-lhes depois a mão aspergindo-os com água benta e põe-lhes cinza na cabeça, cobre-lhes de cilícios o pescoço e lhes anuncia chorosamente, que assim como Adão foi expulso do paraíso, assim o são eles da igreja. Manda aos ministros expulsá-los da igreja, acompanhando-os o clero com este reponso ─ Com o suor do teu rosto, etc. Pela Ceia do Senhor, em cada ano, são pelos seus presbíteros reconduzidos à igreja, onde ficarão até a oitava da Páscoa, não podendo comungar nem receber a paz. E assim se fará todos os anos, enquanto a entrada da igreja lhes for interdita. A última reconciliação é reservada ao bispo, que é só quem pode impor a penitência solene. ─ Pode porém ser imposta aos varões, às mulheres, mas não aos clérigos, por evitar escândalo. Mas uma tal penitência não deve ser imposta senão pelo pecado que tiverem escandalizado todo um país. ─ Quanto à penitência pública, mas não solene, é a feita à face da Igreja, mas não com a solenidade referida; assim a peregrinação pelo mundo com um bastão de peregrino. E essa pode reiterar-se e ser imposta por um simples sacerdote; podendo também sê-la a um clérigo. ─ Contudo às vezes uma penitência solene é tomada como pública. E é nesse sentido que várias autoridades se referem à penitência solene.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. A mulher traz os cabelos compridos em sinal de sujeição, mas não o homem. Por isso não é preciso que na penitência a mulher os corte, como deve fazer o homem.
RESPOSTA À SEGUNDA. ─ Embora num mesmo gênero de pecado, mais peque o clérigo que o leigo, contudo não se lhe impõe penitência solene, a fim de não cair a ordem em desprezo. Assim, essa consideração é para com a ordem e não para com a pessoa.
RESPOSTA À TERCEIRA. ─ Os grandes pecados exigem grande cautela para serem curados. Por isso a imposição de uma penitência solene, imposta unicamente por pecados gravíssimos, é reservada só ao bispo.
O segundo discute-se assim. ─ Parece que uma penitência solene pode ser reiterada.
1. ─ Pois, os sacramentos que não imprimem caráter são reiterados com a sua solenidade; assim, a Eucaristia, a extrema unção e outros. Ora, a penitência não imprime caráter. Logo, deve ser reiterada com solenidade.
2. Demais. ─ A penitência quando é imposta solenemente é por causa da gravidade e da manifestação do pecado. Ora, depois de feita a penitência pode-se recair nos mesmos pecados ou em outros ainda mais graves. Logo, uma penitência solene deve ser reiterada.
Mas, em contrário. ─ A penitência solene significa a expulsão do primeiro homem, do paraíso. Ora, esta se realizou só uma vez. Logo, uma penitência solene deve ser feita só uma vez.
SOLUÇÃO. ─ Uma penitência solene não pode ser reiterada, por três razões. ─ Primeiro, para não se tornar vil, pela reiteração. ─ Segundo, pela sua significação. ─ Terceiro, porque a solenização é uma como uma profissão de conservá-la durante toda a vida; por isso a reiteração se opõe à solenidade.
Se porém o penitente tornar a pecar, não fica impedido de fazer penitência; mas não se deve lhe tornar a impor uma penitência solene.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. ─ Nos sacramentos em que se reitera a solenidade, esta não repugna à reiteração, como se dá no caso proposto. Por onde, não há símile.
RESPOSTA À SEGUNDA. ─ Embora, em razão do crime, lhe fosse devida a mesma penitência, contudo a reiteração da solenidade não tem lugar, pelas causas referidas.
O primeiro discute-se assim. ─ Parece que nenhuma penitência deve ser pública ou solenemente imposta.
1. ─ Pois, não é lícito a um sacerdote, mesmo por medo, revelar o pecado ouvido em confissão, por mais público que seja. Ora, pela penitência solene torna-se público o pecado. Logo, não deve nenhuma penitência ser solenemente imposta.
2. Demais. ─ O juízo deve ser conforme à condição do foro. Ora, a penitência é um juízo que se pronuncia num foro secreto. Logo, não deve ser tornada pública ou solene.
3. Demais. ─ A penitência reduz à perfeição todas as imperfeições morais, como diz Ambrósio. Ora, uma solenização faz o contrário, porque enreda o penitente em muitos defeitos. Assim, um leigo não pode, depois de uma penitência solene, ser promovido ao clericato, nem um clérigo às ordens superiores. Logo, a penitência não pode ser imposta com solenidade.
Mas, em contrário. ─ A penitência é um sacramento. Ora, todo sacramento há de ser conferido com uma certa solenidade. Logo, também a penitência pode ser imposta com solenidade.
2. Demais. ─ O remédio deve convir à doença. Ora, o pecado às vezes é público, o que serve de exemplo para aliciar muitos ao pecado. Logo, também a penitência, que é o seu remédio, deve ser pública e solene, pela qual muitos se edifiquem.
SOLUÇÃO. ─ Certas penitências devem ser públicas e solenes por quatro razões, ─ Primeiro, para dar um remédio público ao pecado público. ─ Segundo, porque quem cometeu um crime gravíssimo é digno da máxima confusão, mesmo neste mundo. ─ Terceiro, para servirem de terror aos outros. ─Quarto, para servirem de exemplo de penitência, a fim de não desesperarem os réus de pecados graves.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. ─ O sacerdote não revela a confissão quando impõe tal penitência, embora gere ela a suspeição que o penitente cometeu algum enorme pecado. Pois, não podemos conhecer ao certo a culpa pela pena, por que pode se dar faça um penitência por outro; assim, as Vidas dos Padres narram que um deles, para excitar o companheiro à penitência, a fazia com ele, se o pecado porém for público, o próprio penitente, cumprindo a penitência, manifesta a confissão que fez.
RESPOSTA À SEGUNDA. ─ A penitência solene, quanto à sua imposição, não ultrapassa o foro secreto; pois, a quem às ocultas pecou secretamente se lhe impõe uma penitência. A exceção dela porém ultrapassa o foro oculto. E nisso não há nenhum mal.
RESPOSTA À TERCEIRA. ─ A penitência, embora reduza todos os defeitos, restituindo o penitente à graça primitiva, não restitui sempre porém a dignidade primitiva. Por isso também as mulheres depois de cumprida a penitência, pelo pecado de fornicação, não recebem o véu, porque não recuperam a dignidade virginal. Semelhantemente, depois da penitência pública, o pecador não recupera a dignidade de poder ser aceito para o clericato; e o bispo que o mandasse deveria ser privado do poder de ordenar, salvo se o exigisse a necessidade da Igreja ou um costume. Pois então terá a dispensa de ser recebido para as ordens menores, mas não para as ordens sacras. Primeiro, por causa da dignidade dessas ordens. Segundo, pelo temor da recidiva. Terceiro, para evitar escândalo que poderia nascer no povo pela lembrança dos pecados precedentes. Quarto, porque, tendo sido o seu pecado público, não teria autoridade para corrigir os outros.
Em seguida devemos tratar do sacramento da extrema unção. Sobre o qual temos cinco questões a discutir. Primeiro, do que lhe é essencial e da sua instituição. Segundo, dos seus efeitos. Terceiro, do seu ministro. Quarto, daquele a quem deve ser conferido e em que parte. Quinto, da sua reiteração.
Na primeira questão discutem-se nove artigos:
O terceiro discute-se assim. ─ Parece que a penitência solene não deve ser imposta às mulheres.
1. ─ Pois, o homem a quem uma penitência solene é imposta deve cortar os cabelos. Ora, isto não convém à mulher, como lemos no Apóstolo. Logo, a mulher não deve fazer penitência solene.
2. Demais. ─ Parece que tal penitência deve ser imposta aos clérigos. Pois, é imposta pela gravidade do delito. Ora, um mesmo pecado é mais grave num clérigo que num leigo. Logo, deve ser imposta antes a um clérigo que a um leigo.
3. Demais. ─ Parece que pode ser imposta por qualquer sacerdote. Porque absolver no foro da penitência é poder de quem tem as chaves. Ora, o simples sacerdote tem o poder das chaves. Logo, pode ser ministro dessa penitência.
SOLUÇÃO. ─ A penitência solene é pública, mas não inversamente. Ora, essa penitência se faz do modo seguinte. - No começo da quaresma, os referidos penitentes se apresentam com os seus presbíteros ao bispo da cidade, ante as portas da igreja, vestidos de saco, os pés nus, a figura inclinada para o chão, os cabelos cortados. Conduzidos à igreja, o bispo com todo o clero reza os sete salmos penitenciais, impondo-lhes depois a mão aspergindo-os com água benta e põe-lhes cinza na cabeça, cobre-lhes de cilícios o pescoço e lhes anuncia chorosamente, que assim como Adão foi expulso do paraíso, assim o são eles da igreja. Manda aos ministros expulsá-los da igreja, acompanhando-os o clero com este reponso ─ Com o suor do teu rosto, etc. Pela Ceia do Senhor, em cada ano, são pelos seus presbíteros reconduzidos à igreja, onde ficarão até a oitava da Páscoa, não podendo comungar nem receber a paz. E assim se fará todos os anos, enquanto a entrada da igreja lhes for interdita. A última reconciliação é reservada ao bispo, que é só quem pode impor a penitência solene. ─ Pode porém ser imposta aos varões, às mulheres, mas não aos clérigos, por evitar escândalo. Mas uma tal penitência não deve ser imposta senão pelo pecado que tiverem escandalizado todo um país. ─ Quanto à penitência pública, mas não solene, é a feita à face da Igreja, mas não com a solenidade referida; assim a peregrinação pelo mundo com um bastão de peregrino. E essa pode reiterar-se e ser imposta por um simples sacerdote; podendo também sê-la a um clérigo. ─ Contudo às vezes uma penitência solene é tomada como pública. E é nesse sentido que várias autoridades se referem à penitência solene.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. A mulher traz os cabelos compridos em sinal de sujeição, mas não o homem. Por isso não é preciso que na penitência a mulher os corte, como deve fazer o homem.
RESPOSTA À SEGUNDA. ─ Embora num mesmo gênero de pecado, mais peque o clérigo que o leigo, contudo não se lhe impõe penitência solene, a fim de não cair a ordem em desprezo. Assim, essa consideração é para com a ordem e não para com a pessoa.
RESPOSTA À TERCEIRA. ─ Os grandes pecados exigem grande cautela para serem curados. Por isso a imposição de uma penitência solene, imposta unicamente por pecados gravíssimos, é reservada só ao bispo.
O segundo discute-se assim. ─ Parece que uma penitência solene pode ser reiterada.
1. ─ Pois, os sacramentos que não imprimem caráter são reiterados com a sua solenidade; assim, a Eucaristia, a extrema unção e outros. Ora, a penitência não imprime caráter. Logo, deve ser reiterada com solenidade.
2. Demais. ─ A penitência quando é imposta solenemente é por causa da gravidade e da manifestação do pecado. Ora, depois de feita a penitência pode-se recair nos mesmos pecados ou em outros ainda mais graves. Logo, uma penitência solene deve ser reiterada.
Mas, em contrário. ─ A penitência solene significa a expulsão do primeiro homem, do paraíso. Ora, esta se realizou só uma vez. Logo, uma penitência solene deve ser feita só uma vez.
SOLUÇÃO. ─ Uma penitência solene não pode ser reiterada, por três razões. ─ Primeiro, para não se tornar vil, pela reiteração. ─ Segundo, pela sua significação. ─ Terceiro, porque a solenização é uma como uma profissão de conservá-la durante toda a vida; por isso a reiteração se opõe à solenidade.
Se porém o penitente tornar a pecar, não fica impedido de fazer penitência; mas não se deve lhe tornar a impor uma penitência solene.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. ─ Nos sacramentos em que se reitera a solenidade, esta não repugna à reiteração, como se dá no caso proposto. Por onde, não há símile.
RESPOSTA À SEGUNDA. ─ Embora, em razão do crime, lhe fosse devida a mesma penitência, contudo a reiteração da solenidade não tem lugar, pelas causas referidas.