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Art. 3 ─ Se a penitência solene deve ser imposta às mulheres.

O terceiro discute-se assim. ─ Parece que a penitência solene não deve ser imposta às mulheres.

1. ─ Pois, o homem a quem uma penitência solene é imposta deve cortar os cabelos. Ora, isto não convém à mulher, como lemos no Apóstolo. Logo, a mulher não deve fazer penitência solene.

2. Demais. ─ Parece que tal penitência deve ser imposta aos clérigos. Pois, é imposta pela gravidade do delito. Ora, um mesmo pecado é mais grave num clérigo que num leigo. Logo, deve ser imposta antes a um clérigo que a um leigo.

3. Demais. ─ Parece que pode ser imposta por qualquer sacerdote. Porque absolver no foro da penitência é poder de quem tem as chaves. Ora, o simples sacerdote tem o poder das chaves. Logo, pode ser ministro dessa penitência.

SOLUÇÃO. ─ A penitência solene é pública, mas não inversamente. Ora, essa penitência se faz do modo seguinte. ─ No começo da quaresma, os referidos penitentes se apresentam com os seus presbíteros ao bispo da cidade, ante as portas da igreja, vestidos de saco, os pés nus, a figura inclinada para o chão, os cabelos cortados. Conduzidos à igreja, o bispo com todo o clero reza os sete salmos penitenciais, impondo-lhes depois a mão aspergindo-os com água benta e põe-lhes cinza na cabeça, cobre-lhes de cilícios o pescoço e lhes anuncia chorosamente, que assim como Adão foi expulso do paraíso, assim o são eles da igreja. Manda aos ministros expulsá-los da igreja, acompanhando-os o clero com este reponso ─ Com o suor do teu rosto, etc. Pela Ceia do Senhor, em cada ano, são pelos seus presbíteros reconduzidos à igreja, onde ficarão até a oitava da Páscoa, não podendo comungar nem receber a paz. E assim se fará todos os anos, enquanto a entrada da igreja lhes for interdita. A última reconciliação é reservada ao bispo, que é só quem pode impor a penitência solene. ─ Pode porém ser imposta aos varões, às mulheres, mas não aos clérigos, por evitar escândalo. Mas uma tal penitência não deve ser imposta senão pelo pecado que tiverem escandalizado todo um país. ─ Quanto à penitência pública, mas não solene, é a feita à face da Igreja, mas não com a solenidade referida; assim a peregrinação pelo mundo com um bastão de peregrino. E essa pode reiterar-se e ser imposta por um simples sacerdote; podendo também sê-la a um clérigo. ─ Contudo às vezes uma penitência solene é tomada como pública. E é nesse sentido que várias autoridades se referem à penitência solene.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. A mulher traz os cabelos compridos em sinal de sujeição, mas não o homem. Por isso não é preciso que na penitência a mulher os corte, como deve fazer o homem.

RESPOSTA À SEGUNDA. ─ Embora num mesmo gênero de pecado, mais peque o clérigo que o leigo, contudo não se lhe impõe penitência solene, a fim de não cair a ordem em desprezo. Assim, essa consideração é para com a ordem e não para com a pessoa.

RESPOSTA À TERCEIRA. ─ Os grandes pecados exigem grande cautela para serem curados. Por isso a imposição de uma penitência solene, imposta unicamente por pecados gravíssimos, é reservada só ao bispo.

 

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