A situação do Brasil às vésperas do 2º turno das eleições presidenciais, neste dia 30 de outubro de 2022, nos obriga a refletir sobre o risco grave de vermos o Brasil voltar à lama do comunismo, de um lulapetismo mais agressivo, mais determinado a impor seus rancores e revoltas sobre todo o povo brasileiro. A obra da Revolução conseguiu destruir a vida política de vários países vizinhos, como é conhecido de todos, e eles não querem perder o gigante brasileiro, na sua ambição de dominar o mundo para a obra diabólica que visa a destruição total da Civilização católica. Por isso resolvemos abordar a questão das eleições pelo viés do bem comum, fundamento de qualquer vida política, e sem o qual a pátria se dissolve em populismo ou em tirania. Nosso objetivo nessas linhas não é um estudo teórico do bem comum, apesar de elas conterem algumas explicações sob este aspecto, mas a necessidade prática de usar as armas que nos são dadas para a preservação do bem comum.
Os destinos de uma nação dependem muito mais da vontade divina do que das urnas. Sabemos que o mundo é governado, em primeiro lugar, pela Divina Providência, e que nada acontece na vida dos homens sem que tenha sido vontade expressa de Deus, ou permissão divina. Você, católico, se esqueceu disso?
O estabelecimento do sufrágio universal como forma quase unânime da escolha dos governantes não é suficiente para eliminar a vontade divina como causa principal de uma eleição. Governa aquele que Deus escolheu para governar determinado povo. Se o governante for bom, terá sido escolhido por Deus por mérito do povo, ou para incentivar aqueles homens a serem bons; se for um mal governante, Deus o terá permitido para provar e fazer crescer os méritos daquela nação, ou para castigá-la por conta dos seus pecados. O voto é importante por ser o meio permitido por Deus para determinar a sua santa vontade. Vá às urnas para impedir a volta do comunismo, da corrupção, da mentira.
As provas da intervenção divina nos processos eletivos são inúmeras, e foram alcançadas por meio da oração e do Rosário de Nossa Senhora. A vitória de Lepanto contra a poderosa esquadra turca é um exemplo espetacular da oração do Terço, ordenado pelo Papa São Pio V. A mesma oração tantas vezes pedida por Nossa Senhora levou os franceses a expulsarem os protestantes que pretendiam mudar a religião do seu país, em La Rochelle. Assim também na Áustria e em outros lugares. Aqui no Brasil expulsamos os comunistas já implantados no poder com a oração do Terço, em 1964. Além disso, como devemos entender a morte de Tancredo Neves? A eleição de Fernando Collor contra Lula, ou a eleição de Jair Bolsonaro, em 2018? Certamente houve nesses casos um querer divino. Infelizmente nosso Brasil não soube tirar proveito espiritual ou político daquelas intervenções divinas.
Os católicos devem compreender que, sem oração, não conseguiremos conter a campanha orquestrada para derrubar o Presidente Bolsonaro. No momento em que a campanha eleitoral entra em sua fase mais difícil, devemos dedicar um esforço real, um sacrifício de nossas vidas, dobrando nossos joelhos na oração. Que Nossa Senhora Aparecida e São Pedro de Alcântara, padroeiros do Brasil, venham em nosso socorro.
Oração diária do Rosário (3 Terços)
Pelo menos a oração diária do Terço, caso não conseguirmos - mesmo com o esforço proporcional - rezar o Rosário
“Civitas est communitas perfecta”(a cidade é a comunidade perfeita)
É sobre este princípio, retirado de Santo Tomás de Aquino, que muitos se baseiam para justificar a autonomia da política: a cidade, ou seja, a sociedade civil, é uma sociedade perfeita, logo, autônoma. Sem dúvida existe também outra sociedade perfeita, fundada por Cristo, a Igreja, sociedade sobrenatural ordenada à salvação das almas. Mas a graça não suprime a natureza; e portanto, permanece o fato de que a sociedade política é perfeita e, por si mesma, autônoma.
É este exatamente o pensamento de Santo Tomás? Vejamos um pouco como o santo doutor nos explica este princípio: “a cidade é a comunidade perfeita, o que Aristóteles prova mostrando que, como toda comunicação social ordena-se a alguma necessidade da vida, a comunidade perfeita será aquela ordenada a que o homem tenha suficientemente tudo o que é necessário à vida: ora, tal é a comunidade da cidade...”1. (Continue a ler)
Orientações para as eleições presidenciais de 2018
Dom Lourenço Fleichman OSB
Sendo uma instituição de formação doutrinária, espiritual e cultural católica, cabe à Permanência uma orientação política segundo os critérios e princípios do Evangelho, das leis da Igreja e das virtudes, sobretudo da prudência, da justiça e dos dons de conselho e de ciência.
Com a proximidade das eleições no nosso Brasil, tomamos as medidas espirituais necessárias, promovendo nas Capelas ligadas à Permanência, um Rosário no dia 6 de outubro, primeiro sábado do mês. No dia do 1º turno, dia 7, a festa de N. Sra do Rosário será celebrada com toda a pompa, lembrando do papa São Pio V que instituiu esta grande festa de Nossa Senhora após a espetacular vitória da armada católica no golfo de Lepanto contra a poderosa esquadra turca muçulmana. Que a Virgem Maria venha em nosso socorro, impedindo que subam ao poder as forças comunistas e desagregadoras; criminosas e pérfidas que nos precipitaram na grave crise que sofremos há várias décadas. (Continue a ler)
Não cabendo nos limites de um artigo um retrospecto da história dos regimes políticos, ainda que abusássemos da paciência do leitor e da liberalidade do jornal, tentaremos, entretanto, esboçar a figura peculiar dessa história: em contraste com o desenrolar de outros progressos humanos, notadamente no plano da ciência e da técnica, a soma de experiências e especulações realizadas pelo homem, na procura do regime mais conveniente, ou menos inconveniente, processou-se de um modo sinuoso e cambaleante, com avanços e recuos, sem que possamos dizer com segurança que este ou aquele regime representa uma decisiva e irreversível conquista do animal-político de Aristóteles.
Aliás, o próprio Aristóteles, quando genialmente reconhece que ao homem não convém propor somente o humano, já nos deixa entrever que a procura do melhor regime de organização da Pólis nos levaria irresistivelmente, como de fato nos levou, a uma reconsideração no modo de armar e propor o problema.
O Cristianismo nos trouxe uma nova posição de toda a problemática do homem neste mundo, imperada por princípios e normas que não são deste mundo. E os mesmos evangelhos que nos anunciam a Incarnação do Verbo “para nós homens e para a nossa salvação”, assim pregando uma igualdade que será reclamada mais tarde pelos portadores da bandeira da Democracia, e até da Revolução, também nos trazem um singular reforço de ideia do senhorio de Deus, que foi inspiradora do regime monárquico durante todo o milagroso e maravilhoso milênio medieval.
Os antigos sábios, quando diziam que não convém propor somente o humano ao homem, certamente suspeitavam a grandeza de um destino mais alto, em desproporção gritante com os pés de barro tão facilmente observáveis na marcha diária ou secular desse animal-racional tão pouco razoável, mas também frequentemente tão pouco animal.
O Cristianismo nos traz a chave dos dois grandes segredos da sorte humana, a chave do paraíso perdido, e a chave do céu trazida pelo Salvador. O problema e mistério da sorte humana impera do alto a política, a economia, e toda a emaranhada problemática do mundo.
Com a tragédia que encerra a história da civilização cristã, numa reprise do percado original em proporções civilizacionais, surge no mundo, com o pseudônimo de “humanismo” um anticristianismo essencialmente anárquico, porque desde logo fundado na autonomia do homem, que será sua própria lei e que, com maior ou menor violência, chegará a afrontar o senhorio de Deus.
Os antigos, de Aristóteles até Santo Tomás, já haviam dito, dos regimes de governo, que cada um tem sua fraqueza congênita – já que pela intuição pagã ou pela sabedoria cristã, todos suspeitavam ou sabiam que o homem, por suas próprias forças, era um animal ingovernável. No esquema clássico das perfeições e misérias dos regimes de governo, era sabido que o regime democrático (que mais tarde será pomposamente definido como “governo do povo, para o povo”) tinha uma congênita tendência à anarquia.
Ora, nos tempos modernos, marcados pela antítese formada pelo Cristianismo e pelo humanismo anárquico, vemos reviravoltar-se a colocação do problema dos regimes. E hoje diríamos vendo o problema de uma altura maior, que já não é a democracia, aqui ou ali experimentada, que tende para o anarquismo. Ao contrário, hoje é o anarquismo que marca toda uma civilização progressivamente anticristã, é essa religião do homem que agora reclama a bandeira da “democracia”, com cujo tênue véu cobrirá a nudez feia do orgulho do homem. Depois de especulações e experiências ora trágicas, ora cômicas, a Revolução humanista, anticristã, chegará ao século XX, estuário de erros e imposturas e então, provocadas pelo surgimento de dois regimes ditos “totalitários”, as nações ditas “liberais” são compelidas a aceitar a guerra que logo tomou proporções planetárias. E foi nessa guerra mal começada e ainda mais desastrosamente acabada para os vencedores, que aqui invertem a frase de Breno: “Ai dos vencidos”. A II Guerra Mundial terminou com este grito: “Ai dos vencedores”. Passemos, antes que, apesar da idade, eu monte num pégaso azul e saia galopando, ou voando em todas as direções, porque a história dos desastres da França e da Inglaterra, nesse absurdo episódio, faz-me perder a última reserva de serenidade. Mas antes de virar esta ridícula página da história registremos um fato: foi especialmente nesses anos de guerra que a bandeira da Democracia ganhou um prestígio imenso, e uma significação muito mais ampla do que a de um simples regime ou forma de governo. Democracia passou a ser um ideal supremo, uma “weltaschauung” e, por que não?, religião.
Naquele tempo em todo o ocidente, prejudicado pela queda da França traída por todos os que chamaram Charles Maurras e Brasillac de traidores, e mal dirigido pelos povos de língua inglesa, os lutadoes julgavam-se os paladinos da Democracia. E por que não os cruzados da religião do homem que se fez Deus? Democracy, democracia, democrácia, democratie. Bilhões de vezes por dia seu santo nome foi invocado. E quando Hitler praticava com satânica crueldade algum feito de genocídio, a consciência ocidental via naquele horror não uma ofensa a Deus e ao próximo, mas um monstruoso ato antidemocrático.
E graças a essa brutal e estúpida simplificação mental, o governo da Espanha católica, por ser ditatorial, e portanto antidemocrático como regime, passou a ser apontado como antidemocrático no novo sentido, e quase tão repulsivo como o massacre dos judeus na Alemanha e na URSS ou como o massacre dos poloneses em Katyn. Um só homem em toda a Inglaterra, repelia energicamente a fórmula que explicava a heróica resistência de Londres: -- Não! A Inglaterra não combate em defesa da Democracia, ela se levantou e lutará até o fim em defesa da Civilização. E por que não em defesa da Religião do Verbo Incarnado? Esse homem foi Hilaire Belloc, o grande amigo de Chesterton, e o constante leitor de L´Action Française.
No Brasil, a infeliz ditadura de Vargas contribuiu eficazmente para aderirmos à estupidez universal. Penitencio-me pela minha generosa contribuição trazida ao Banco das Asneiras do Século. Mea culpa! Mas hoje, depois de ter assistido ao espetáculo oferecido pelas “democracias” no arremate da guerra e as “tournées” especialmente degradantes da democracia cristã, na França, no Brasil, no Chile e na Itália, podemos dizer: -- Democracia? Pagamos para ver.
E quando nos falam em redemocratização penso na imagem muito usada por Santa Catarina de Sena: a dos cães que vomitam o mal que comeram, mas que depois de andar alguns passos voltam atrás e tomam a comer o vômito.
As últimas semanas foram marcadas pela agitação política, pela ansiedade de todos para ver quando os criminosos que nos governam serão castigados. Organizam-se manifestações nas ruas, e me parece justo que o brasileiro queira desabafar o medo que hoje sente, diante da grave situação política e econômica. Os brasileiros, finalmente, compreenderam que o PT é um partido comunista, e que o comunismo é uma religião diabólica, com princípios morais invertidos. Leia mais
Nos primeiros anos do governo militar o povo brasileiro viu-se ameaçado por um movimento estudantil que, seguindo ordens de Moscou, atraiu, cativou e manipulou grande número de estudantes. As intenções iniciais eram muito parecidas às atuais:
1965-66- contra o preço do "bandejão" do Calabouço, onde havia o restaurante dos estudantes.
2013 - contra o aumento das passagens de transporte público.
Seguindo uma técnica revolucionária, essas intenções tinham por finalidade atrair a massa, o que eles chamam de "povo", na verdade uma grande quantidade de manipulados, ingênuos, que acreditam na inocência e na espontaneidade desses ajuntamentos. Essa tática comunista recebe o nome de "agitação". Leia mais
Num interessante inquérito promovido pelas revistas norte-americanas U.S. News and World Report, e publicado com grande destaque pelo O GLOBO, desde os dias 18 e 19 do corrente, vem sendo abordado problema da crise, do malogro ou do futuro da “democracia”. Numerosos intelectuais norte-americanos e ingleses, de alto prestígio, como: Professor Samuel P. Huntington — Cientista Político, Professor Charles Frankel — Filósofo, Professor Robert L. Heilbroner — Economista, Professor Max Beloff — Cientista Político, Professor William H. McNeill — Historiador, Professor Michael J. Crozier — Sociólogo, Professor Friedrich A. Hayek — Economista e Professor René Dubos. Cientistas, trouxeram sua contribuição ao debate que, para esses intelectuais, parece assentado em claros postulados aceitos por todos e motivado por mais uma inquietação do mundo moderno, ou pelo menos, do ocidente moderno.
Em primeiro lugar observo que o termo “democracia” sempre demarcado com o artigo “a” que reforça sua determinação designa um conceito quase tão claro e tão unívoco como o de “quadrado”. Ora, desde aqui me parece que esse inquérito aceita, sem sinais de relutância, todos os movediços equívocos que formam a atmosfera cultural de nosso tempo.Leia mais.
“A revolução é o apetite e a avidez do estômago vazia, que só se sacia quando destrói e cuja única realidade é a fome (…)”
“A existência da revolução está fundada sobre os não-revolucionários. Sem dúvida, encontram-se entre os iludidos os entusiastas do “mundo melhor” – pessoas cândidas e hipnotizadas, cujos corações a revolução mantém cativos; serão eles os primeiros devorados. Além desses, há o exército incontável dos aterrorizados e exterminados. Contudo, a verdadeira vitalidade da revolução não está nas deportações e nos massacres, mas nos acordos bilaterais de paz que seus inimigos professos assinam com ela. (...) Mais e mais, a revolução prefere rastejar diante dos inimigos a esmagá-los.”
“A paz é miragem que significa “extermínio adiado, mas a caminho”; seus oponentes são considerados como semeadores da discórdia e obstáculos à paz. A paz revolucionária é sempre o prenúncio da guerra – grande ou pequena –, sem a qual é impossível a revolução viver, pois toda síntese nasce da guerra e está prenhe de outra.”
Nas vésperas das eleições, mergulhados na poluição fedorenta de todo esse sistema espúrio e corrupto capaz de levar o Brasil a estabelecer no poder pessoas que deveriam estar na cadeia, respiremos algum ar fresco do pensamento reto, luminoso e profundo de Gustavo Corção
Alguém do Jornal do Brasil telefonou-me perguntando se eu poderia responder a duas perguntas simples: 1° — Quem seria no novo presidente? 2° — Que pensa o senhor do regime e sobretudo desse método de escolha dos chefes?
Esquivei-me da primeira pergunta por falta de informações exatas. Mas não hesitei em responder à segunda: depois do movimento de 64, que considero providencial, o Brasil achou-se com um regime de governo que, a meu ver, é o melhor, mas ainda não tem denominação feliz. Usando a clássica qualificação dos regimes, deixada por Aristóteles, o governo atual do Brasil e do Chile não é monárquico nem democrático: é o governo que Aristóteles chamou aristocrático, deixando o termo oligárquico para designar sua depravação.
É hoje evidentíssimo que nenhum desses dois nomes pode ser convenientemente proposto. Mas também torna-se cada vez mais evidente que é esse o melhor regime. Ouçamos algumas palavras de Santo Agostinho que, como sempre, bem responde aos problemas de hoje: “Se um povo é sério e prudente, zeloso pelo interesse público, é justo que se faça uma lei que permita a esse povo dar a si mesmo os magistrados. Entretanto, se tornado pouco a pouco depravado, esse povo tornar venal seu sufrágio entregando o governo a celerados e infames, é justo que se lhe retire a faculdade de conferir os cargos públicos, e se volte ao sistema de sufrágio limitado a algumas pessoas idôneas” (Santo Agostinho, Tratado do livre arbítrio, Vol. I cap. VI, citado por Santo Tomás).
Eis aí uma citação que convém como uma luva a recente história do Brasil. Depois das graves contribuições trazidas pelos últimos governos ditos democráticos, que já entregavam o Brasil ao comunismo, achamo-nos diante de uma situação singular: todos os brasileiros, nas famosas Marchas com Deus e pela Família, demonstraram a aceitação do presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, escolhido por indicação de seus companheiros das Forças Armadas.
Lembro aqui também o grande Papa Leão XIII na sua encíclica Immortale Dei, mais de uma vez citada nestas colunas. No tópico n° 10, essa encíclica formula o mais enérgico repúdio dos novos direitos trazidos pela Revolução do século passado, e não dissimula sua condenação à filosofia política que se funda na soberania nacional e no princípio de igualdade para fazer finalmente do sufrágio universal um dos famosos direitos do homem.
Que nome daremos nós a esse novo regime em que providencialmente se achou o Brasil? Eu não costumo me prender demais aos nomes desde que li os versos de Shakespeare onde o poeta atribui a Julieta essas palavras relativas ao nome da família de Romeu: “What is a name?” Teria a rosa menos perfume se tivesse outro nome? Há porém um abismo entre o diálogo amoroso de dois namorados e as exigências do bem comum. No plano das atividades políticas os nomes inculcados às multidões têm funcionado com força mágica. Nossos adversários, os comunistas — que militam dentro da mais dura e desumana de todas as oligarquias, apelidada democracia popular por escárnio — tornaram-se exímios no uso e abuso das palavras mágicas. Reação, fascismo, democracia, marcadas umas com o labéu da execração pública e outras com o halo dos idealismos puros, tornaram-se hoje impraticáveis, se quisermos escrever algumas linhas que sejam entendidas por mais de 10 pessoas. Sabemos de episódios em que jovens se entregaram aos comunistas só para fugir ao terrível anátema do termo “fascista”.
Como já me dispus a tudo nessa matéria não hesitei em denunciar a impostura que tinha a democracia como único regime condizente com os direitos do homem. Dou hoje mais um passo, depois de lembrar que Aristóteles considerava impraticável (e eu diria: sobretudo em regime democrático) a Polis que tivesse mais de 100.000 habitantes. Repito o jogo de palavras que já empreguei nestas colunas: nos tempos modernos aumentou a tal ponto a densidade demográfica que se tornou temerário, mais do que nunca, o uso da forma democrática. O governo e a designação dos chefes não podem ser, por sufrágio universal, entregues ao povo, cada vez mais desumanizado. Sim! Não podem e não devem jamais ser entregues a esse monstruoso soberano que é onipotente (já que todo o poder dele emana) e nihilciente (já que tal coletivo se torna irresistivelmente diminuído e subumanizado). Um modesto homem do povo pode ter a sabedoria de um Sócrates; mas cem milhões de pessoas tornam-se irresistivelmente um ídolo que tem olhos e não vê, orelhas e não ouve etc. De uma só cajadada abato dois nomes mágicos: democracia e povo. Agora, já que estamos com a mão na massa, aproveito para desaprovar, tarde demais, o nome dado ao movimento de 64: “Revolução”, que é o mot d’ordre de toda a esquerda revolucionária e anarquista. Nossos bravos e bons soldados, chamados por Deus à salvação da pátria, assumiram o poder cerimoniosamente, encabulados, e até com certo sentimento de culpa. Por isso até hoje se prendem às idéias políticas de 1789, quando vivemos o ano novo de 1978. O nome de nosso movimento deveria ser este: Reação Nacional. Corajosamente. E que nome daremos ao regime recomendado por Santo Agostinho? Fica aqui o desafio a quem tiver talento de títulos melhor do que o meu. Mas enquanto não acharem o nome, olhemos a “coisa” de face e sem nenhum constrangimento. O movimento de Reação Nacional de 64 veio acabar com o prestígio e a superstição do sufrágio universal. E deve manter-se firme nesta obra de purificação prestada ao país. Não! Nem prestígio nem superstição. O termo que convém melhor é o de “mentira vital”. Porque aqui entre nós dois, meu caro Fulano, desabafemo-nos. Na verdade, na verdade, não creio que ninguém, em são juízo, fora do torpor causado pelo ópio, possa acreditar na pureza e num mínimo de racionalidade do sufrágio universal. Eu votei em Jânio Quadros, e quem teve razão foi o cronista David Nasser, de “O Cruzeiro”, quando estampou com enorme destaque esta frase: “Seis milhões de loucos votaram em Jânio Quadros”.
E aqui, como derradeiro argumento, trago os dados da história do Brasil republicano. Os melhores governos que o país teve foram os dos três presidentes paulistas, Prudente de Morais, Campos Sales e principalmente Rodrigues Alves. Ora, como estamos cansados de saber, as eleições nesse tempo eram feitas a bico de pena, eram dirigidas por uma minoria.
Quando Getúlio Vargas trouxe o sufrágio universal em 34 (para logo liquidá-lo em 37), passamos a ter os governos catastróficos que culminaram em Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart, que fizeram no Brasil obra semelhante à de Allende no Chile. Vocês se lembram de março de 1964? Lembro-me eu.