Pe. Bertrand Labouche, FSSPX
O portal manuelino da igrejinha da Madalena chamou a atenção de Domingos nesta manhã: “Quando alguém tomará a iniciativa de restaurá-lo! Está preto como uma chaminé!”, murmurou o sacristão ao girar a velha chave na porta aferrolhada. “Só enxergam a catedral e os Jerônimos! E preferiram construir a Caixa Geral!” Continuando essas reflexões sobre a gestão arbitrária do “dinheiro dos contribuintes e portanto do meu”, adentrou Domingos na igreja sombria. Chegando ao fim do corredor central, ensaiara uma genuflexão; a lâmpada do Santíssimo Sacramento vacilava um pouco. Da sacristia a luz se projetava sobre a nave e as imagens dos santos. Mais uma jornada se iniciava para o sacristão, zelador diante de Deus e do senhor cura.
Tudo parecia decorrer como de costume. CONTUDO...
O bom e velho Domingos não percebera a sombra ereta e imóvel que sobressaía do lado duma coluna, ao fundo da igreja, no eixo do batistério. Não era uma imagem. Estava ajoelhada no sítio destinado aos fiéis que, sobretudo nos dias atuais, são geralmente o contrário das imagens: remexem-se, distraem-se por um nada, chegam mesmo a tagarelar e, acima de tudo, não permanecem por muito tempo. Era cerca de meio-dia quando Domingos notara a presença do orante.
Dona Catarina viera à sacristia pedir uma Missa, se possível para aquele dia mesmo: fazia exatamente um ano que o marido falecera. Respondeu-lhe o bom sacristão que o Senhor Cura já tinha uma intenção para a Missa daquele dia. “Talvez o outro padre pudesse celebrá-la?” disse a paroquiana. “Outro padre? Que outro padre?”, perguntou Domingos, meio irritado. “Aquele que está rezando na igreja, talvez conheça o Padre João e queira celebrá-la?” Domingos olhou de soslaio pela porta da sacristia e percebeu de fato a silhueta meditativa dum padre de batina.
Nesse momento soou o Ângelus da catedral, abafando um pouco o surdo vai-e-vem dos motores que, sem interrupção, vinha da rua.
“Nunca o vi; com certeza é um estranho de passagem; de todo modo, se ele celebra a Missa, deve pedir permissão ao Padre João”.
“Vou ao menos perguntar-lhe se pode dizer a Missa pelo meu marido”...
Mal pronunciara essas palavras, Dona Catarina se dirigiu ao padre. Já perto dele, impressionou-a o seu recolhimento: os olhos estavam fechados, e uma paz profunda lhe emanava do nobilíssimo semblante. Uma curta barba negra lhe acentuava a palidez das feições macilentas. Toda a sua pessoa transpirava a austeridade e a pobreza dos missionários d’outrora; a batina era feita dum tecido grosseiro, e um terço de madeira lhe pendia do cinturão – uma simples faixa de tecido de um palmo de largura. As mãos, finíssimas, estavam juntas, apoiadas sobre o banco da frente. Parecia não pertencer ao mundo exterior. Era todo oração.
“Senhor Padre...” Catarina teve a impressão de falar com uma imagem de santo. “Senhor Padre...”, insistiu ela à meia voz. Algumas pessoas rezavam na igreja, mas não prestavam atenção à cena que se passava atrás delas, meio distante. Pacificada pelo silêncio do orante, dirigiu-se a ele interiormente, como que sem querer: “Tenho algo de importante a lhe pedir, por que o senhor não me responde?”
Então, suavemente, o padre abriu os olhos; o seu olhar cheio de bondade repousou sobre ela; nele lia-se uma alegria inefável, de mistura com uma extrema tristeza. “Perdoai-me, senhor Padre”, sussurrou Catarina, incomodada, e fascinada: o rosto do padre irradiava luz.
Ela retornou à sacristia. “E aí, a senhora falou com ele?”, perguntou Domingos que, intrigado, observara-a de longe. “Não ouso incomodá-lo, está tão absorto na oração”... Pensativa, sentindo uma dulcíssima alegria, Dona Catarina voltou para casa.
O desconhecido rezou naquela mesma atitude por toda a tarde. Domingos notara que ele ainda estava na igreja quando o Senhor Pároco, o Padre João, saiu da sacristia para dizer a Missa das 18h30m. Contudo, mal o celebrante pronunciara as palavras de acolhimento aos fiéis, o padre de súbito desapareceu. O lugar onde estava ficara vazio; a nave inteira parecia vazia. O tráfego exterior pareceu redobrar de intensidade.
Todos os dias da semana, lá estava ele, até as 18h30m. O valoroso sacristão não ousava aproximar-se; depois de abrir a porta da igreja, sempre o achava no mesmo lugar. Como entrava? Como saía? Donde vinha? Aonde ia? Mistério... Já muitos paroquianos o haviam notado. Dona Catarina retornava todos os dias, e permanecia pelo tempo dum rosário; ela não lhe desgrudava os olhos.
De qualquer modo, ninguém ia chamar a polícia. Que mal fazia ele? O Senhor Pároco quis falar-lhe, mas não obteve resposta. Sequer abriu os olhos. Só as crianças, confiantes, se aproximavam dele: elas não lhe tinham medo. Muitos se ajoelhavam perto dele, com os rostos voltados para o mesmo lugar – o tabernáculo. Juntavam as mãos, como ele, e ficavam bem quietos, comportados como estátuas.
O bairro inteiro agora comentava sobre ele; muitos vinham vê-lo. No sábado de manhã, a igreja se encheu de fiéis e curiosos. Reinava um silêncio profundo. Quem zombava ao chegar (“deve ser doido”), já não zombava quando o via. Apelidavam-no de “o santo”. Parecia em êxtase. Uns sacerdotes também adentraram a igreja da Madalena. Desprendia-se desse padre tal autoridade, que ninguém ousava tocá-lo. Ele inspirava um profundo respeito.
Um detalhe impressionara os mais observadores: ele estava descalço. Durante uma conversa, a respeito dele, entre vários membros do clero, um cônego da catedral observou: “Talvez não seja padre mas um simples religioso, não?” Comentando essas palavras, um padre espanhol, que acompanhava os peregrinos à igreja de Santo Antônio, bem perto dali, e que depois entrou na da Madalena, surpreso por ver nela tanta gente, afirmou: “Creio que ele se parece incrivelmente com São Francisco Xavier, segundo a sua representação tradicional; demais, carrega um crucifixo à cintura, ao estilo dos jesuítas do passado”. De fato, esse padre guardava uma estranha semelhança com o grande taumaturgo do século XVI, o Patrono Celeste das Missões.
De súbito, exclamou o sacristão: “A terça-feira passada, quando o vi pela primeira vez, caiu em 3 de dezembro, FESTA DE SÃO FRANCISCO XAVIER!”
Uma massa de fiéis, na manhã de 8 de dezembro, invadiu a igreja da Madalena. A solenidade da Imaculada Conceição, Padroeira de Portugal, coincidia nesse ano com o domingo. Quem viera sobretudo por causa do “santo” se decepcionou pois ele não comparecera. Não ocuparam, todavia, “o seu” lugar, “caso ele viesse”...
No exato momento em que o organista dedilhava as primeiras notas, espalhou-se pela igreja um movimento de espanto: eis que de repente apareceu “ele”, lá de joelhos no lugar habitual, rezando intensamente. Um burburinho se alastrou pelo povo: “Ele está chorando!”
Com efeito, o seu corpo se mantinha numa postura serena, mas o seu rosto se raiava de lágrimas.
Uma religiosa ao microfone tentava em vão fazer a assembléia cantar; o que conseguiu foi um solo: “O Cristo está vivo, ressuscitou”... A atenção dos fiéis à cerimônia estava tão dissipada que o diácono permanente, encarregado das leituras, teve de intervir: “Irmãos, qual seja o motivo da vossa distração, permiti que a palavra de Deus entre nos vossos corações e vos interpele; sentai-vos, por favor”. Todos os olhares se fixavam nele. O diácono terminou as leituras no meio da indiferença geral. A religiosa entoou um versículo do salmo, a que só ela respondeu. Quando o celebrante anunciou a leitura do Evangelho, a assembléia se levantou. O “santo” também ficou de pé, mas conservou fechados os olhos; já não derramavam lágrimas. O seu semblante ficou sério. No final do Evangelho, ajoelhou-se de novo. Os fiéis foram convidados a sentar-se para escutar a homilia, feita nessa ocasião pelo reitor do seminário diocesano:
“Irmãos, testemunhas da mensagem do Cristo – o pregador se aproximou do microfone – voltemos os nossos espíritos àquela que hoje festejamos na Igreja: Maria, Mãe de Jesus, que também é a nossa Mãe, a Mãe de todos os homens, qualquer que seja a nação, a condição e a religião. Como proclamou o Bispo de Roma, na memorável reunião interconfessional do Jubileu do ano 2000, no Sinai, o Cristo se uniu ao homem para que ele participasse, mesmo sem o seu conhecimento, da Redenção Universal. Ora, Maria sofreu com Jesus; portanto, ela é a Mãe da humanidade, resgatada duma vez por todas. Por isso, irmãos, a Igreja não tem inimigos. Aqueles que, aparentemente, a contradizem são na realidade pessoas salvas que se ignoram: budistas, hinduístas, muçulmanos, animistas, protestantes, católicos – somos todos irmãos numa só Igreja, que é Vida...”
“BLASFEMADOR!” Uma voz estentórea reboou de pronto, estourando como um vergaste de chibata na Igreja da Madalena. O santo estava de pé, com o índex apontado ao pregador, e o rosto exangue de indignação.
“Sai desta igreja, lobo disfarçado de pastor!” “Mas, mas...”, balbuciou o pregador. “Silêncio! Assassino dos irmãos, SAI DAQUI, JÁ TE DISSE!”. Rápido como um raio, o homem de Deus varou a massa boquiaberta, e abriu a porta dupla da igreja, enquanto a voz melíflua ao microfone se tornou raivosa e agitada: “Quem és tu que ousas fazer isto?”... “Sou Francisco Xavier, filho de Inácio de Loiola, apóstolo de Nosso Senhor Jesus Cristo; cá estou com a Sua Divina Permissão e em Seu Santo Nome para te ordenar a ti, e também a todos esses impostores que ocupam o Santuário, a abandonar imediatamente este lugar!” Todos seguravam o fôlego dentro da nave. Os ministros da partilha e da palavra, a religiosa cantora, o diácono permanente, de início estupefatos como ladrões pegos em flagrante delito, caminharam em seguida, lentamente e depois cada vez mais rápido, terrificados, para a saída.
Eis que São Francisco Xavier subiu ao púlpito e se dirigiu aos fiéis:
“A Vontade de Deus, meus caríssimos irmãos, é a vossa santificação. Mas não podeis santificar-vos fora da graça do único Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo. A ilusória dignidade do homem, decaído, não é capaz de ser o caminho da vossa salvação, como, infelizmente, apregoam-vos os falsos pastores, desafiando a advertência do Nosso Divino Mestre: ‘Sine Me, nihil’, ‘sem Mim, nada podeis fazer’. Por isso, a missão da Igreja é dar-vos Jesus Cristo; se o homem não quiser conhecer a Jesus, e Jesus Crucificado, corre para a perdição, e com ele a sociedade inteira. ELE DEVE REINAR!
“O Coração da Nossa Santa Madre Igreja é o Altar do Santíssimo Sacrifício, e não esta mesa miserável, erigida diante de vós pelos ímpios inovadores. Subirei ao Altar de Deus, como o fiz cá em Portugal, depois na África, na Índia e no Japão, há quatro séculos ‘ad majorem gloriam Dei et salutem animarum’ e celebrarei a Santa Missa nesta imutável intenção da Glória da Santíssima Trindade e da salvação eterna das almas. Assim, nesta igreja, a cristandade reflorescerá, e depois conquistará todos os santuários da vossa pátria, que merecerá de novo o título de ‘nação fidelíssima’”.
“Dai graças a Deus, caríssimos fiéis; que nesta adorável Festa da Imaculada Conceição de Nossa Mãe Celeste, eleve-se dos nossos corações um hino de reconhecimento ao Altíssimo que, na Sua Infinita Misericórdia, dignou-se a vos convocar para uma reconquista tão nobre. Amém.”
“Amém!” responderam os fiéis.
O santo, então, caminhou até a sacristia onde Domingos, com o coração inundado de alegria, lhe preparou os mais belos paramentos.
... “E foi isso, Padre, era apenas um sonho, infelizmente; quando acordei, dei de cara com a realidade!”...
“Ânimo, meu amigo. A realidade, no fim das contas, não é tão diferente: Deus e todos os santos não estão conosco? São Francisco Xavier intercede por nós, e os santos do Céu nos invejam! Se Deus permitisse, eles estariam na linha de frente, ao nosso lado!”
Essas palavras reconfortaram o moço, enquanto o padre, meditativo, contemplando o crucifixo, surpreendeu-se fazendo esta oração: “Ainda assim, Senhor, se Vós permitísseis a vinda de um ou dois, dum São Paulo, ou dum São Vicente Ferrer!”...
Gustavo Corção
Um velho enxadrista, que nos seus vinte anos frequentou o Clube de Engenharia e chegou a jogar na primeira turma formada em torno de Caldas Viana, não pode perder a oportunidade de externar seu júbilo e de explicar aos leigos o significativo valor da vitória alcançada por nosso Mequinho num torneio internacional.
Antes disso, devo duas palavras ao leitor que habitualmente me vê debruçado nas questões que dizem respeito à sorte da civilização e principalmente à sorte eterna das almas. O xadrez é um jogo, um forte exercício mental mas exercício lúdico; seria melhor dizer que o xadrez é uma luta, um combate lúdico, e não um jogo, porque a ideia de jogo sugere sempre um caráter aleatório. No jogo do xadrez a “sorte” só entra como fator acidental concernente ao estado em que se acha o combatente: uma noite bem dormida ou um incidente doméstico podem predispor positiva ou negativamente, e são só essas coisas que constituem a parte aleatória da partida. Na essência mesma do jogo não há nenhum fator alheio ao exercício puramente racional. Não sei se alguém já escreveu dois ou doze volumes sobre a filosofia do xadrez. Escrevo eu esta meia dúzia de linhas para fazer o leitor sentir que se trata de um jogo que bem merece o tratamento que sempre lhe dava mestre Philidor: “le noble jeu d´échecs”; e para salientar a importância do feito de nosso Mequinho: pela primeira vez na história do xadrez do Brasil um brasileiro ingressa no Olimpo dos mestres internacionais do xadrez. E isto acontece na mesma quadra da história em que o Brasil lavrou diversos tentos de desigual valor mas de paralela significação; em 1964 nós vencemos uma densa infiltração comunista já chegada ao poder, com uma elegância dionisíaca só comparável aos passes de Tostão e aos “goals” de Pelé; tornamo-nos depois tricampeões do mundo; vencemos em seguida as insídias do terrorismo e as dificuldades para a arrancada do desenvolvimento econômico. Agora temos mais este sinal de um avanço ou da travessia de uma linha que nos confinava num provincianismo cultural.
Nosso xadrez era até aqui um xadrez de segunda classe. Na belle époque tínhamos um Caldas Viana, que conheci com a majestade de um papa do tabuleiro, autor de uma variante do Ruy Lopes, chamada “variante Rio de Janeiro”. Depois, já no meu tempo de moço, tivemos o Raul de Castro, o Barbosinha, de quem dizíamos pelas caretas que fazia quando planejava suas mirabolantes combinações, que “rocava os olhos”. Tivemos o fulgurante Walter Cruz e o perseverante Mendes Júnior, o último dos velhos que, numa comovente e memorável partida, entregou seu título de campeão do Brasil, que mantinha aos 70 e tantos anos, a um menino de 14 ou 15, que hoje tem o título de Mestre no grande xadrez internacional. E é curioso notar que nossa marginalização vinha do provincianismo em que nos fechávamos. Quando a Segunda Guerra obrigou ao exílio vários mestres enxadristas, o Brasil não soube guardar e aproveitar nenhum deles. Foram para a Argentina e lá formaram um grupo de discípulos que , em pouco tempo, colocou o xadrez argentino muito acima do nosso. Lembro-me bem de um encontro em que o jovem Panno, de 19 ou 20 anos, com terrível facilidade derrubou Walter Cruz, que era então o Campeão do Brasil.
O feito de Mequinho é sinal inequívoco que, ligado aos outros, forma uma constelação de esperanças: o Brasil está saindo do buraco.
Se me perguntarem se vale a pena incluir nas escolas, e até se vale a pena ser campeão de xadrez, ficarei perplexo e indeciso. Evidentemente não é para isto que este planeta privilegiado cobriu-se com essa inquieta e turbulenta camada de lichen racional. Não será esse, evidentemente, o sentido da vida. Estamos aqui de passagem para conquistarmos a palma de uma vitória de outra ordem; estamos no mundo, a correr, a falar, a viver, para o principal objetivo de servir a Deus e aos homens por amor de Deus. Mas o próprio livro da santa e inspirada sabedoria nos diz que há na vida “um tempo para nascer e um tempo para morrer; um tempo para plantar e um tempo para colher; um tempo para chorar e um tempo para rir; um tempo para o gemido e um tempo para a dança; um tempo para se beijarem e um tempo para se afastarem; um tempo para clamar e um tempo para calar; um tempo para rasgar e um tempo para coser; um tempo para amar e um tempo para detestar; um tempo para a guerra e um tempo para a paz”. (Ec 3, 1-8)
Não haverá também um tempo para jogar xadrez? Parece-me que sim. A grande voz dos milênios nos diz que, entre as muitas coisas que os homens devem fazer neste mundo para manifestar, para exigir e provar sua alta estirpe, podemos em hesitação incluir “le noble jeu d´échecs”, que é muitíssimo mais antigo do que o velho Philidor. A fantasia que gosta de ataviar e de zombar da erudição já propôs as mais antigas e variadas origens do jogo de xadrez. Sua origem passeou pelo remoto Oriente e pelo Oriente Próximo, e já foi atribuída, como invenção pessoal, a Sem, Jafé, Salomão, Aristóteles e outros.
As mais sérias pesquisas parecem provar que o xadrez nasceu na Índia. As regras e as peças mudaram ao longo dos séculos, e até hoje, xadrez universal, guarda a marca de variações culturais. Assim é que a peça que em inglês e português se chama Bishop e bispo em espanhol se chama alfil e em francês é fou (no sentido de bobo do rei). Essa peça, que no xadrez moderno tem o mesmo valor do cavalo (em português) e do Knight (em inglês), tem a peculiaridade de se mover permanentemente, fielmente, nas casas de mesma cor. Daí poderá alguém tirar considerações e reflexões irreverentes, quando ponderar a facilidade com que hoje os bispos mudam de cor no xadrez do mundo.
E por falar nisto devo observar que entre nossos jovens jogadores de bom quilate existe um chamado Hélder Câmara, que, certamente é filho ou parente de Gilberto Câmara (irmão ou primo do arcebispo), que foi campeão do Ceará, e com quem, em tempos fabulosamente antigos, tive o prazer de jogar, e de quem mereci, no livro que deixou, Peão na sétima, a publicação de uma partida jogada e empatada com o campeão da Argentina pelo autor destas mal traçadas linhas, que também teve um tempo para jogar com os bispos e tempo para lutar com outros bispos... mas isto é outra história.
Hoje é tempo de aplaudir Mequinho e de esperar o dia em que ele trará para o Brasil o título de Campeão do Mundo.
(O Globo, 20/1/1972)
Dom Lourenço Fleichman OSB
Conversávamos outro dia, num grupo de colaboradores da Permanência, sobre como aumentar a difusão da nossa Revista. Completamos dois anos de um trabalho importantíssimo para a formação católica, e estamos preocupados em levá-lo a mais e mais leitores.
Para que nossos leitores entendam melhor o porquê dessa nossa preocupação, tomarei a liberdade, ousadia talvez, de transcrever alguns elogios que temos recebido pela qualidade da Revista Permanência.
Comecemos pelos bispos: No ano passado, Dom Galarreta esteve em Fortaleza, onde pode ler um ou outro exemplar, ficando admirado pelo conteúdo e pela qualidade editorial. Em muitos momentos de descanso eu o via com a Revista nas mãos.
Esse ano de 2013 foi a vez de Dom Tissier de Mallerais estar entre nós, em Niterói. No dia da conferência que amavelmente nos concedeu, um dos nossos colaboradores perguntou se conhecia a Revista que acabara de sair. "– Já li... li tudo!" respondeu o bispo. Para mim, em particular, elogiou muito a Revista, a qualidade dos artigos, a diversidade dos assuntos.
No Seminário de La Reja, na Argentina, os padres comentavam um ou outro artigo, nas conversas animadas após as refeições, o que é também sinal da boa aceitação desse trabalho.
Não é fácil "permanecer". Este ano de 2013 completamos 45 anos de combate. Durante muitos anos a Revista Permanência foi o único canal da Tradição para muita gente pelo Brasil, e muitos dos lugares onde hoje há grupos ligados à Tradição, iniciaram seus contatos com a Fraternidade São Pio X porque recebiam a nossa Revista.
Em sua última viagem ao Brasil antes de falecer na França, Dom Anjo, fundador e prior de Bellaigue dizia num sermão, falando sobre a importância da Permanência na sua conversão: "Não desistam!" E o Alexandre, editor-chefe da Revista, acrescenta: "Essa Revista não é feita só para nós, para os fiéis das nossas Capelas e Priorados; ela é feita para nossos filhos, e para os futuros fiéis".
E você, leitor? Já comprou algum número? Já leu com atenção e aproveitou da variedade de artigos para a sua formação na doutrina e na cultura católica? Temos certa pretensão, é verdade, de oferecer uma Revista e os livros que editamos, como antídoto ao veneno da internet, dessas leituras de curiosidade, sem fundamentos, sem profundidade, que dá a impressão ao curioso de que sabe muita coisa, mas na verdade não sabe nada!
O número que acaba de sair é o 272, do Tempo de Natal. Não perca tempo, não deixe de ter sempre à mão o último número da Revista Permanência.
Leia aqui o Editorial do nº 272 - O Oráculo dos Deuses