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Category: Santo Tomás de AquinoConteúdo sindicalizado

Artigo 2 - Se a derrisão pode ser um pecado mortal.

O segundo discute-se assim. – Parece que a derrisão não pode ser pecado mortal.

1. – Pois, todo pecado mortal contraria à caridade. Ora, parece que a derrisão não a contraria. Pois, faz-se às vezes por ludo ou divertimento, entre amigos, chamando-se por isso delusão. Logo, a derrisão não pode ser pecado mortal.

2. Demais. – A máxima derrisão é a que injuria a Deus. Ora, nem toda a derrisão que importa em injúria a Deus é pecado mortal; do contrário quem viesse a recair num pecado mortal, de que se arrependeu, pecaria mortalmente. Pois, diz Isidoro, comete o pecado de irrisão e de impenitência quem de novo faz o de que se arrependeu. Do mesmo modo se concluiria que toda simulação seria pecado mortal; pois, como diz Gregório o avestruz significa o simulador, que faz derrisão do cavalo, isto é, do homem justo, e do cavaleiro, isto é, de Deus. Logo, a derrisão não é pecado mortal.

3. Demais. – Parece que a contumélia e a detração são pecados mais graves que a derrisão; porque fazer uma coisa com seriedade é mais importante do que fazê-la por divertimento. Ora, nem toda detração ou contumélia é pecado mortal. Logo, muito menos o é a derrisão.

Mas, em contrário, a Escritura: Ele escarnecerá dos escarnecedores. Ora, o escarnecer de Deus consiste em punir eternamente o pecado mortal, como é claro pelo dito da Escritura: Aquele que habita no céu zombará deles. Logo, a derrisão é pecado mortal.

SOLUÇÃO. – Só fazemos irrisão de outrem por causa de algum mal ou defeito. Ora, o mal que é grande não se torna como um objeto de divertimento, mas, a sério. Por onde, se se transforma em objeto de ludo ou riso, donde procede o nome de irrisão ou ilusão, é porque é considerado como pequeno. Ora, um mal pode ser assim considerado de dois modos: em si mesmo, ou em razão da pessoa. Quando fazemos do mal ou do defeito de outrem objeto de divertimento ou de riso, porque esse mal, em si mesmo considerado, e pequeno, o pecado é genericamente venial e leve. Mas, quando é considerado pequeno em razão da pessoa, como se dá com os defeitos das crianças e dos estultos, a que costumamos ligar pouca importância, então fazer de alguém objeto de divertimento ou de irrisão é ligar-lhe absolutamente pouca importância e considerá-lo tão vil que não lhe levamos em conta o seu mal, antes, o tomamos como objeto de divertimento. E nesse caso a derrisão é pecado mortal e mais grave que a contumélia, que, como ela, procede às claras; pois, ao passo que o contumelioso toma a sério o mal de outrem, e que faz dele irrisão o toma como objeto de divertimento e, portanto, causa-lhe maior desprezo e desonra. E, a esta luz, a ilusão é pecado grave e tanto mais quanto maior é a reverência devida à pessoa escarnecida.

Donde, é gravíssimo fazer irrisão de Deus e das coisas de Deus, conforme aquilo da Escritura. A quem afrontaste? E a quem blasfemaste? E contra quem levantaste a voz? E a seguir acrescenta: Contra o santo d'Israel. - Depois, o segundo lugar ocupa a derrisão dos pais. Por isso, diz a Escritura. O olho do que escarnece de seu pai e do que despreza a paridura de sua mãe, arranquem-no os corvos que andam à borda das torrentes e comam-no os filhos da águia. - Depois, é grave a derrisão dos justos, porque a honra é o prêmio da virtude. E contra ela diz a Escritura: Zomba­se da simplicidade do justo. Derrisão que é muito nociva, porque impede os outros de agirem bem, conforme aquilo de Gregório. Os que vem manifestar-se o bem nos atos dos outros, logo o arrancam com as mãos da pestífera exprobração.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. –­ O ludo não importa nada de contrário à caridade, relativamente ao que é objeto dele. Pode porém implicar algo contra ela em relação à pessoa de quem escarnecemos, por causa do desprezo, como já dissemos.

RESPOSTA À SEGUNDA. – Quem recai no pecado de que fez penitência, e quem simula, esses não fazem expressamente irrisão de Deus, mas como que interpretativamente, por se comportarem ao modo de quem faz irrisão. - Contudo, ninguém que peca venialmente reincide, em sentido próprio, ou simula, mas só, dispositiva e imperfeitamente.

RESPOSTA À TERCEIRA. – A derrisão é, por essência, mais leve que a detração ou a contumélia, porque não implica o desprezo, mas, o divertimento, Mas, às vezes importa em maior desprezo que a contumélia, como dissemos. E então é pecado grave.

Artigo 1 - Se a derrisão é um pecado especial, distinto dos pecados já referidos.

O primeiro discute-se assim. – Parece que a derrissão não é um pecado especial, distinto dos pecados já referidos.

1. – Pois, a zombaria parece ser o mesmo que a derrisão. Ora, parece que ela está compreendida na contumélia. Logo, parece que a derrisão não se distingue da contumélia.

2. Demais. – Ninguém é objeto de derrisão senão por algum ato vergonhoso que faz enrubescer. Ora, tais atos são pecados, que, quando atribuídos manifestamente a outrem, constituem a contumélia; e quando às acultas, a detração ou o sussurro. Logo, a derrisão não é um vício distinto dos já referidos.

3. Demais. – Os pecados referidos distinguem-se pelos danos que causam ao próximo. Ora, a derrisão só causa dano ao próximo na sua honra, no seu bom nome ou é em detrimento da sua amizade. Logo, não é pecado distinto dos já referidos.

Mas, em contrário, a derrisão se faz como um ludíbrio, donde o chamar-se ilusão. Ora, nenhum dos pecados referidos é cometido por ludíbrio, mas com um fito sério. Logo, a derrisão difere de todos eles.

SOLUÇÃO. – Como já dissemos, os pecados por palavras devem ser considerados, sobretudo relativamente à intenção de quem as profere. Por onde, esses pecados se distinguem pelas diversas intenções que tem quem fala contra outrem. Ora, quem profere um convício visa deprimir a honra daquele contra quem o irroga; se detrai visa depreciar-lhe o bom nome; e se sussurra, destruir­lhe a amizade. Assim também, fazendo derrisão, visa fazer enrubescer aquele que é objeto dela. E sendo este fim distinto dos outros, também o pecado de derrisão distingue-se dos já referidos.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. –­ A zombaria e a irrisão convêm pelo fim, mas diferem pelo modo; pois, a irrisão se faz com a boca, isto é, com palavras e gargalhadas; ao passo que a zombaria se faz com o nariz enrugado, como diz a Glosa aquilo da Escritura. Aquele que habita no céu zombará deles. Ora, essa diferença não basta para especificar. Mas, ambas diferem da contumélia, assim como o enrubescimento difere da desonra; pois, como diz Damasceno, enrubescer exprime o temor da desonra.

RESPOSTA À SEGUNDA. – Por uma obra virtuosa merecemos dos outros respeito e boa reputação; e de nós mesmos, a glória da boa consciência, conforme aquilo da Escritura: nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência. Por onde, inversamente, um ato vergonhoso, isto é, vicioso, faz­nos perder, perante os outros, a honra e o bom nome, sendo com esse fim que o contumelioso e o detrator dizem mal de outrem. E perante nós mesmos, quando dizemos coisas vergonhosas, perdemos a glória da consciência por uma certa confusão e um certo enrubescimento, sendo esse o fim que tem em vista quem faz derrisão. Por onde é claro que a derrisão tem a matéria idêntica aos referidos vícios, mas difere deles pelo fim.

RESPOSTA À TERCEIRA. – A segurança da consciência e a sua tranquilidade é um grande bem, segundo à Escritura. A alma tranquila é como um banquete contínuo. Por onde, quem inquieta a consciência alheia, lançando nela a confusão, causa-lhe um dano especial. Por isso é que a derrisão é um pecado especial.

Artigo 1 - Se a derrisão é um pecado especial, distinto dos pecados já referidos.

O primeiro discute-se assim. – Parece que a derrissão não é um pecado especial, distinto dos pecados já referidos.

1. – Pois, a zombaria parece ser o mesmo que a derrisão. Ora, parece que ela está compreendida na contumélia. Logo, parece que a derrisão não se distingue da contumélia.

2. Demais. – Ninguém é objeto de derrisão senão por algum ato vergonhoso que faz enrubescer. Ora, tais atos são pecados, que, quando atribuídos manifestamente a outrem, constituem a contumélia; e quando às acultas, a detração ou o sussurro. Logo, a derrisão não é um vício distinto dos já referidos.

3. Demais. – Os pecados referidos distinguem-se pelos danos que causam ao próximo. Ora, a derrisão só causa dano ao próximo na sua honra, no seu bom nome ou é em detrimento da sua amizade. Logo, não é pecado distinto dos já referidos.

Mas, em contrário, a derrisão se faz como um ludíbrio, donde o chamar-se ilusão. Ora, nenhum dos pecados referidos é cometido por ludíbrio, mas com um fito sério. Logo, a derrisão difere de todos eles.

SOLUÇÃO. – Como já dissemos, os pecados por palavras devem ser considerados, sobretudo relativamente à intenção de quem as profere. Por onde, esses pecados se distinguem pelas diversas intenções que tem quem fala contra outrem. Ora, quem profere um convício visa deprimir a honra daquele contra quem o irroga; se detrai visa depreciar-lhe o bom nome; e se sussurra, destruir­lhe a amizade. Assim também, fazendo derrisão, visa fazer enrubescer aquele que é objeto dela. E sendo este fim distinto dos outros, também o pecado de derrisão distingue-se dos já referidos.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. –­ A zombaria e a irrisão convêm pelo fim, mas diferem pelo modo; pois, a irrisão se faz com a boca, isto é, com palavras e gargalhadas; ao passo que a zombaria se faz com o nariz enrugado, como diz a Glosa aquilo da Escritura. Aquele que habita no céu zombará deles. Ora, essa diferença não basta para especificar. Mas, ambas diferem da contumélia, assim como o enrubescimento difere da desonra; pois, como diz Damasceno, enrubescer exprime o temor da desonra.

RESPOSTA À SEGUNDA. – Por uma obra virtuosa merecemos dos outros respeito e boa reputação; e de nós mesmos, a glória da boa consciência, conforme aquilo da Escritura: nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência. Por onde, inversamente, um ato vergonhoso, isto é, vicioso, faz­nos perder, perante os outros, a honra e o bom nome, sendo com esse fim que o contumelioso e o detrator dizem mal de outrem. E perante nós mesmos, quando dizemos coisas vergonhosas, perdemos a glória da consciência por uma certa confusão e um certo enrubescimento, sendo esse o fim que tem em vista quem faz derrisão. Por onde é claro que a derrisão tem a matéria idêntica aos referidos vícios, mas difere deles pelo fim.

RESPOSTA À TERCEIRA. – A segurança da consciência e a sua tranquilidade é um grande bem, segundo à Escritura. A alma tranquila é como um banquete contínuo. Por onde, quem inquieta a consciência alheia, lançando nela a confusão, causa-lhe um dano especial. Por isso é que a derrisão é um pecado especial.

Artigo 2 - Se a detração é pecado mais grave que o sussurro.

O segundo discute-se assim. – Parece que a detração é mais grave pecado que o sussurro.

1. – Pois, os pecados por palavras consistem em falarmos mal. Ora, o detrator diz do próximo males em sentido absoluto, porque eles produzem a má fama ou depreciam a boa reputação. Ao passo que o mexeriqueiro só cuida em dizer males aparentes, isto é, que desagradam ao ouvinte. Logo, mais grave pecado é a detração que o sussurro.

2. Demais. – Quem priva a outrem da sua boa reputação priva-o não somente de um amigo, mas de muitos, porque todos evitam a amizade das pessoas de má reputação. Por isso, contra uma certa pessoa diz a Escritura. Fazes liga com os que aborrecem o Senhor. Ora, o sussurro priva-o de um só amigo. Logo, a detração é mais grave pecado que o sussurro.

3. Demais. – A Escritura diz: O que detrai de seu irmão detrai a lei e por consequência Deus, que é o autor da lei e, assim, o pecado de detração parece ser contra Deus, o que é ser gravíssimo, como se demonstra. Ora, o pecado de detração é mais grave que o de sussurro.

Mas, em contrário, a Escritura: Sobre o que fala por língua dobre cai uma nota péssima de infâmia, e o mexeriqueiro adquire ódio e inimizade e afronta.

SOLUÇÃO – Como já dissemos o pecado contra o próximo é tanto mais grave quanto maior é o dano que lhe causa. E este é tanto maior quanto maior é o bem de que ele priva. Ora, um amigo é maior, bem que todos os bens exteriores, porque, como diz o Filósofo, sem amigos ninguém pode viver. Donde o dito da Escritura. Nada se pode comparar com um amigo fiel. Porque para sermos capazes da amizade é preciso sobretudo termos uma ótima reputação, bem de que a detração nos priva. Por onde, o sussurro é maior pecado que a detração e mesmo que a contumélia; pois, um amigo é melhor que a honra; e ser amado, do que ser honrado, como diz o Filósofo.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – A espécie e a gravidade do pecado dependem mais do fim do que do objeto material. Por onde, pelo seu fim, o sussurro é mais grave; embora o detrator às vezes diga coisas piores.

RESPOSTA À SEGUNDA. – A boa reputação é a disposição conveniente à amizade e a má fama, à inimizade. Ora, a disposição por si só não se equipara ao fim para o qual dispõe. Por onde, quem dá origem a uma disposição para a inimizade peca menos do que quem contribui diretamente para a inimizade a existir.

RESPOSTA À TERCEIRA. – Quem detrai do irmão considera-se como detraindo a lei na medida mesma em que despreza o preceito do amor do próximo, contra o qual age mais diretamente quem se esforça por destruir a amizade. Por onde, esse pecado sobretudo é contra Deus, porque Deus é amor, como diz a Escritura. E por isso diz ainda a Escritura: Seis são as causas que o Senhor aborrece e a sua alma detesta a sétima; essa sétima é o que semeia discórdias entre seus irmãos.

Artigo 1 - Se o sussurro é pecado distinto da detração.

O primeiro discute-se assim. – Parece que o sussurro não é pecado distinto da detração.

1. – Pois, diz Isidoro: A denominação de sussurro vem da som das palavras; porque detraímos Falando, não em presença da detraído, mas, aos ouvidos das outros. Ora, falar de outrem para detraí-lo, nisso consiste a detração. Logo, o sussurro não é pecado distinto da detração.

2. Demais. – A Escritura diz: Não serás delator de crimes nem mexeriqueiro entre o povo. Ora, delator parece que é o mesmo que detrator. Logo, também o sussurro não difere da detração.

3. Demais. – A Escritura diz: o mexeriqueiro e o homem de duas línguas é maldito. Ora, o homem de duas línguas parece ser o mesmo que detrator; porque é próprio dos detratores falar com duas línguas, uma para a ausência e outra, para a presença. Logo, o sussurro é o mesmo que a detração.

Mas, em contrário, aquilo do Apóstolo - Mexeriqueiros, murmuradores - diz a Glosa: Mexeriqueiros, que semeiam a discórdia entre os amigos; detratores, que negam ou depreciam os bens alheios.

SOLUÇÃO. – A seção do mexeriqueiro e a do detrator tem a matéria, a forma ou o modo de falar idênticos; porque um e outro dizem mal do próximo às ocultas. Por cuja semelhança às vezes um é tomado pelo outro. Por isso aquilo da Escritura. - Foge de passares por um mexeriqueiro - diz a Glosa: isto é, detrator. Diferem porém pelo fim. Porque o detrator tem a intenção de denegrir a boa reputação do próximo e, por isso, diz dele, sobretudo, o mal capaz de infamá-lo ou pelo menos de lhe depreciar a reputação. Ao passo que o mexeriqueiro visa separar os amigos, como claramente o diz a Glosa no lugar citado e mais no seguinte. Desaparecido a mexeriqueira, as dissenções se dissipam. Por onde, o mexeriqueiro diz do próximo males, tais que podem excitar contra ele o espírito de quem ouve conforme aquilo da Escritura. O homem pecador perturbará as amigos e no meio das que tem paz meterá inimizade.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – O mexeriqueiro, por dizer mal de outrem, é considerado como detrator. Mas deste difere por não ter, absolutamente falando, a intenção de dizer mal, mas a de espalhar seja o que for que possa excitar o espírito de um contra o de outro. Mesmo que as suas palavras, sendo em sentido absolutamente boas, apareçam contudo, como um mal, por desagradar aquele a quem são ditas.

RESPOSTA À SEGUNDA. – O delator difere do mexeriqueiro e do detrator, porque atribui publicamente crimes a outrem, acusando ou injuriando; o que não fazem nem o detrator e nem o mexeriqueiro.

RESPOSTA À TERCEIRA. – O mexeriqueiro é propriamente chamado homem de duas línguas. Pois, sendo próprio da amizade existir entre duas pessoas, o mexeriqueiro procura rompê-la de parte a parte; e por isso usa de duas línguas para dois, dizendo a um mal do outro. Donde o dito da Escritura: o mexeriqueiro e o homem de duas línguas é maldito; e acrescenta: Porque porá em turbação a muitos que tem paz.

Artigo 4 - Se quem ouve com complacência o detrator peca gravemente.

O quarto discute-se assim. – Parece que quem ouve com complacência o detrator não peca gravemente.

1. – Pois, não temos maior obrigação para com outrem do que para conosco mesmos. Ora, é digno de louvor quem tolera pacientemente os seus detratores, conforme àquilo de Gregório. Assim como não devemos, por provocação nossa, excitar a língua dos detratores, afim de que não pereçam; assim, quando excitada pela malícia deles, devemos suportá-la com equanimidade para que aumentem os nossos méritos. Logo, não peca quem não se opõe às detrações dos outros.

2. Demais. – A Escritura diz: Não contradigas de modo algum a palavra da verdade. Ora, às vezes, detraímos, falando a verdade, como se disse. Logo, parece que nem sempre estamos obrigados a nos opor à detração.

3. Demais. – Ninguém deve impedir o que redunda em utilidade de outrem. Ora, a detração redunda frequentem ente em utilidade do detraído. Pois, diz o Papa Pio: Às vezes a detração levam­se contra os bons, exaltados pela presunção de família ou pelo favor dos outros, para os humilhar. Logo, não devemos lhe opor obstáculos.

Mas, em contrário, Jerônimo Acautela-te contra a sedução da língua ou dos ouvidos, isto é, para não distraíres os outros nem ouvir os que os destroem.

SOLUÇÃO. – Segundo o Apóstolo, são dignos de morte não só os que cometem pecados, senão também os que consentem aos que os fazem. O que pode dar-se de dois modos. Diretamente, quando induzimos outrem a pecar ou quando o pecado nos agrada. Indiretamente, não resistindo, quando podíamos fazê-lo, o que acontece às vezes, não por nos agradar o pecado, mas por um certo temor humano.

Donde devemos concluir que quem ouve, sem se lhe opor, a detração, é considerado como consentindo com o detrator e portanto como participando-lhe do pecado. E não peca menos, ao contrário, peca às vezes mais que ele, a induzi-lo a detrair, ou ao menos se se comprouver na detração, por ódio ao detraído. Por isso diz Bernardo: Não é fácil dizer qual destas duas causas é mais condenável - se detrair ou ouvir o detrator. Aquele porém que, embora não lhe agrade o pecado, deixa de repelir o detrator, por medo, negligência ou ainda vergonha, peca por certo, mas muito menos que ele e, às vezes, venilmente. Mas, outras vezes, o pecado pode ser mortal, quando se trata de quem tinha o dever de corrigir o detrator; ou por algum perigo consequente; ou pela razão radical que leva às vezes o temor humano a ser pecado mortal, como já demonstramos.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. –­ Ninguém dá ouvido às detrações, que ouve de si próprio, porque não é detração, mas contumélia, o mal que de nós dizem os outros em nossa presença, como já dissemos. Contudo, pelas relações de outrem, podem chegar ao nosso conhecimento detrações proferidas contra nós. E então depende do nosso arbítrio suportar o detrimento feito à nossa boa reputação, se isso não redundar em perigo para terceiros, como já se disse assim, esse modo de proceder pode recomendar a nossa paciência, sofrendo pacientemente tais detrações. Mas, do nosso arbítrio não depende o detrimento que um terceiro possa vir a sofrer no seu bom nome. Por isso, redundará em culpa nossa se não nos opusermos á detração, podendo fazê-lo, pela mesma razão por que estamos obrigados a ajudar a levantar o jumento de outrem caído no caminho, como manda a Escritura.

RESPOSTA À SEGUNDA. –- Nem sempre devemos resistir ao detrator acusando-o de falsidade, sobretudo se soubermos ser verdade o que diz. Mas, devemos acusá-lo verbalmente por pecar, de traindo seu irmão; ou ao menos mostrar-lhe, pela tristeza espelhada em nosso rosto, que a detração não nos agrada. Pois, diz a Escritura: O vento do Aquilão dissipa as chuvas, e o rosto triste a língua maldizente.

RESPOSTA À TERCEIRA. – A utilidade proveniente da detração não procede da intenção do detrator, mas, da disposição de Deus, que de qualquer mal faz jorrar o bem. Mas, isso não nos tira o dever de resistir aos detratores, bem como aos ladrões e aos opressores dos outros, embora, sofrendo-os, os oprimidos e os espoliados tenham, pela sua paciência, os seus méritos aumentados.

Artigo 3 - Se a detração é mais grave que todos os pecados cometidos contra o próximo.

O terceiro discute-se assim. – Parece que a detração é mais grave que todos os pecados cometidos contra o próximo.

1. – Pois, aquilo da Escritura. - Em vez de amar-me diziam mal de mim. - diz a Glosa: Causam maior dano os que dizendo mal de Cristo nos seus membros, matam as almas dos que hão de crer, do que aqueles que lhe; mataram a carne que em breve deveria ressurgir. Donde se conclui, que a detração é mais grave pecado que o homicídio, tanto quanto mais grave é matar a alma que matar o corpo. Ora, o homicídio é o mais grave dos pecados cometidos contra o próximo. Logo, a detração é, absolutamente falando, de todos os pecados o mais grave.

2. Demais. – Parece que a detração é mais grave pecado que a contumélia; pois, esta podemos repeli-la, e não aquela, que se esconde. Ora, parece ser a contumélia maior pecado que o adultério, pois, ao passo que este une dois numa só carne, a contumélia divide os unidos, em muitas partes. Logo, a detração é maior pecado que o adultério, o qual é de grande gravidade entre os pecados cometidos contra o próximo.

3. Demais. – A contumélia nasce da ira; e a detração, da inveja, como está claro em Gregório. Ora, a inveja é maior pecado que a ira. Logo, também a detração, é maior pecado que a contumélia. Donde se conclui o mesmo que antes.

4. Demais. – Um pecado é tanto mais grave quanto maior é o mal que produz. Ora, a detração produz a cegueira da mente, sumo mal. Pois, diz Gregório. Que outra coisa fazem os detratores senão soprarem o pó e encherem os olhos de terra, de modo que quanto mais espalham a detração, mais perdem de vista a verdade? Logo, a detração é o gravíssimo dos pecados cometidos contra o próximo.

Mas, em contrário. – É mais grave pecar pois atos do que por palavras. Ora, a detração é pecado de palavras, ao passo que o adultério, o homicídio e o furto são no de atos. Logo, a detração não é mais grave que os outros pecados cometidos contra o próximo.

SOLUÇÃO. – Os pecados cometidos contra o próximo devem ser considerados em si mesmos, conforme o dano que lhe causam, pois, por isso é que são culposos. E, um dano é tanto maior quanto maior é o dom de que priva. Ora, o bem do homem é tríplice, a saber, o da alma, o do corpo e o das coisas externas. Ora, do bem da alma, que é o máximo, os outros não nos podem privar senão ocasionalmente, por exemplo, pela má persuasão, que não impõe necessidade. Os outros dois bens, porém, o do corpo e o das coisas externas, podemos ser violentamente deles privados. Mas, tendo o bem do corpo preeminência sobre o das coisas externas, mais graves são os pecados que causam dano ao corpo, que os que o causam às coisas externas. Por onde, entre os demais pecados cometidos contra o próximo, o homicídio é o mais grave por privá-lo da vida que atualmente tem. Em seguida vem o adultério, contrário à ordem devida da geração humana, que nos introduz na vida. E por fim veem os bens externos. E, neles a boa reputação tem preeminência sobre as riquezas, por aproximar mais dos bens espirituais; donde o dito da Escritura. Mais vale o bom nome que muitas riquezas. Por onde, a detração é genericamente maior pecado que o furto; menor porém que o homicídio ou o adultério. - Pode, contudo, haver outra ordem por força das circunstâncias agravantes ou atenuantes.

Mas, por acidente, a gravidade do pecado é considerada em relação ao pecador, que peca mais gravemente se o fizer por deliberação do que se pecar por fraqueza ou incautela. E, a esta luz, os pecados por palavras tem uma certa levidade, por provirem facilmente de um lapso da língua, sem grande premeditação.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – Os que detraem de Cristo, opondo obstáculos, à fé dos seus membros, ultrajam-lhe a divindade, fundamento da fé. Por isso não proferem uma simples detração, mas, uma blasfêmia.

RESPOSTA À SEGUNDA. – É mais grave pecado a contumélia que a detração, por importar em maior desprezo do próximo; assim como a rapina é mais grave pecado que o furto, como já dissemos. Mas, a contumélia não é mais grave pecado que o adultério. Pois, a gravidade deste não é considerada relativamente à conjunção dos corpos, mas à desordem que introduz na geração humana. Quanto ao contumelioso, ele não é causa suficiente da inimizade que nascem nos outros, mas só ocasionalmente divide os unidos, enquanto que, publicando os males de outrem, separa os demais, quanto lhe é possível, da amizade dele, embora esses não sejam forçados a fazê-lo pelas palavras contumeliosas. Assim, também o detrator é ocasionalmente homicida, por dar a outrem, com as suas palavras, ocasião de odiar ou desprezar o próximo. Por isso, na epístola de Clemente se diz, que os detratores são homicidas, a saber, ocasionalmente, pois, no dizer da Escritura, todo o que tem ódio a seu irmão é um homicida.

RESPOSTA À TERCEIRA. – A ira procura: vingar-se abertamente, diz o Filósofo. Por onde, a detração, que é oculta, não é filha da ira, como a contumélia; mas antes, da inveja que busca de algum modo diminuir a glória do próximo. Nem daí resulta que a detração seja mais grave pecado que a contumélia, porque de um vício menor pode nascer um pecado maior, assim como da ira nasce o homicídio e a blasfêmia. Ora, a origem dos pecados se considera relativamente à inclinação para o fim, o que implica movimento de conversão para um objeto. Ao passo que a gravidade do pecado depende antes da aversão desse objeto.

RESPOSTA À QUARTA. – Como o homem se alegra na sentença da sua boca, daí vem que quem detrai põe-se logo a amar e a crer o que diz e, por consequência, a odiar mais e mais o próximo, afastando-se assim cada vez mais da verdade. Contudo, este efeito pode também resultar dos outros pecados que implicam ódio ao próximo.

Artigo 2 - Se a detração é pecado mortal.

O segundo discute-se assim. – Parece que a detração não é um pecado mortal.

1. – Pois, nenhum ato de virtude é pecado mortal. Ora, revelar um pecado oculto, o em que, como já se disse, consiste a detração, é um ato de virtude ou de caridade, se revelarmos o pecado de nosso irmão, tendo em vista a sua correção; ou também ato de justiça, por o acusarmos. Logo, a detração não é pecado mortal.

2. Demais. – Aquilo da Escritura. - Não te mistures com os detratores - diz a Glosa: Especialmente este vício é o que põe em perigo todo o gênero humano, Ora, não há pecado mortal que seja praticado por todo o gênero humano, pois muitos deles se abstêm; os pecados veniais, ao contrário, são os que contaminam todo o gênero humano. Logo, a detração é pecado venial.

3. Demais. – Agostinho; considera um dos pequenos pecados maldizer com a maior facilidade ou temeridade, o que constitui a detração. Logo, a detração é pecado venial.

Mas, em contrário, o Apóstolo. Murmuradores aborrecidos de Deus; o que acrescenta, diz a Glosa, para a detração não ser considerada leve pelo fato de consistir em palavras.

SOLUÇÃO. – Como já dissemos os pecados por palavras devem ser julgados, sobretudo conforme à intenção de quem as pronunciou. Ora, a detração visa, por natureza, denegrir a reputação de outrem. Por onde, detrai, propriamente falando, quem fala de terceiro, na sua ausência, para lhe denegrir a reputação. Ora, privar a outrem da sua boa reputação é muito grave;· pois, dentre os bens temporais ela é o mais precioso, porque a sua falta nos impede de praticar muitos bens. Por isso, diz a Escritura: Tem cuidado de adquirires bom nome, porque este será para ti um bem mais estável do que mil tesouros grandes e preciosos. Logo, a detração é, por natureza, pecado mortal.

Pode dar-se, porém, que digamos às vezes certas palavras em detrimento da reputação alheia, não com essa intenção, mas, com outra. O que é detrair, não essencial e formalmente, mas só materialmente falando e como por acidente. E se for o caso que profiramos tais palavras, em detrimento da boa reputação alheia, tendo em vista algum bem ou alguma necessidade, observadas as circunstâncias devidas, não há pecado, nem a tais palavras se pode chamar detração. Se as proferirmos, porém, por leviandade de alma, ou sem nenhuma necessidade, não há pecado mortal. Salvo, se as palavras ditas forem de tal modo graves que lesem notavelmente a reputação alheia, sobretudo no que diz respeito à honestidade de vida; pois então, tais palavras, pelo próprio gênero delas, tem natureza de pecado mortal.

E estamos obrigados a reparar o dano causado à reputação alheia como o estamos a restituir a coisa alheia subtraída, ao modo referido quando tratamos da restituição.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. ­– Como já dissemos, não é detrair revelar o pecado oculto do próximo, denunciando-o, tendo em vista a sua emenda; ou acusando-o, para o bem da justiça pública.

RESPOSTA À SEGUNDA. – A Glosa citada não diz que a detração é praticada por todo o gênero humano, mas acrescenta - quase. Quer porque o número dos insensatos é infinito e poucos trilham o caminho da salvação; quer também por serem poucos ou nenhuns os que não digam às vezes, por leviandade de alma, certas palavras que ferem algum tanto, ainda que de leve, a reputação alheia. Por isso diz a Escritura. Se algum não tropeça em qualquer palavra, este é varão perfeito.

RESPOSTA À TERCEIRA. – Agostinho se refere ao caso de dizermos de outrem algum leve mal, não com a intenção de o prejudicar mas, por leviandade de alma ou lapso da língua.

Artigo 1 - Se a detração consiste em denegrir a reputação alheia com palavras ocultas.

O primeiro discute-se assim. – Parece que a detração não consiste em denegrir a reputação alheia com palavras ocultas, como certos a definem.

1. – Pois o oculto e o manifesto são circunstâncias que não constituem espécies de pecados, porquanto é acidental que o pecado seja conhecido de muitos ou de poucos. Ora, o que não especifica o pecado não lhe pertence à essência nem deve entrar na sua definição. Logo, não é da essência da detração o ser praticada por meio de palavras ocultas.

2. Demais. – É da essência da boa reputação ser do conhecimento público. Logo, se a detração denigre a reputação alheia, não o poderá ser por meio de palavras ocultas, mas só por ditos manifestos.

3. Demais. – Detrai quem subtrai ou diminui alguma coisa da realidade. Ora, às vezes fica denegrida a reputação alheia mesmo que nada se subtraia da verdade; por exemplo, quando revelamos crimes verdadeiros de outrem. Logo, nem todo denegrimento da reputação é pecado.

Mas, em contrário, a Escritura: Aquele que detrai ocultamente de outrem não é menos do que uma serpente que morde à calada. Logo, morder ocultamente a fama de outrem é detrair.

SOLUÇÃO. – Assim como, pelos nossos atos, podemos prejudicar a outrem de dois modos ­ manifestamente, como pela rapina ou qualquer violência contra ele praticada; ou ocultamente, como pelo furto e por ferimentos dolosos - assim também podemos de dois modos lesá-lo com as nossas palavras. Manifestamente, pela contumélia, conforme já foi demonstrado de outro modo, ocultamente, pela detração. Pois, proferindo palavras manifestas contra outrem, damos mostras de o desprezar, e por isso mesmo, de o desonrar; e portanto, a contumélia causa detrimento à honra daquele contra quem é proferida. Mas, quem profere palavras contra outrem, ocultamente, dá provas, antes, de temê-lo do que de desprezá-lo; por isso, não lhe causa diretamente detrimento à honra, mas, à reputação. Pois, proferindo às ocultas tais palavras, leva, na medida em que lhe é possível, quem as ouve a formar má opinião daquele contra quem fala. Porquanto, dá mostras de, detraindo, dirigir a sua intenção e os seus esforços com o fim de os outros crerem nas suas palavras. - Por onde é claro que a detraçâo difere da contumélia de dois modos. Primeiro, pelo modo por que se proferem as palavras; pois, ao passo que o contumelioso fala contra outrem abertamente, o detrator o faz às ocultas. Segundo, pelo fim intencionado ou pelo dano causado; pois, o contumelioso prejudica a honra, e o detrator, a boa reputação.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. ­– Nas comutações involuntárias, a que se referem todos os danos causados ao próximo por palavras ou por atos, as circunstâncias de ser o pecado oculto ou manifesto diversificam-lhe a essência. Porque uma é a essência do involuntário por violência e outra, a do que o é por ignorância, como já se estabeleceu.

RESPOSTA À SEGUNDA. – As palavras de detraçâo se proferem às ocultas, não absolutamente, mas relativamente aquele de quem se dizem; pois, é na ausência e com a ignorância dele. Ao contrário, o contumelioso fala contra outrem face à face. Por onde, haverá detração se falarmos mal de outrem na sua ausência e em presença de muitos; mas, se só ele estiver presente, haverá contumélia. Embora quem falar mal de um ausente, a outrem, ataque-lhe a reputação, não total, mas parcialmente.

RESPOSTA À TERCEIRA. – Diz-se que uma pessoa detrai de outra, não por faltar à verdade, mas, por lhe atacar a reputação. O que se faz ora direta e, ora, indiretamente. Diretamente, de quatro modos: primeiro, atribuindo-lhe uma falsidade; segundo, aumentando-lhe, com as palavras, o pecado; terceiro, revelando o oculto; quarto, dizendo que fez o bem com má intenção. Indiretamente: negando-lhe o bem ou calando-o com malícia.

Artigo 4 - Se a contumélia nasce da ira.

O quarto discute-se assim. – Parece que a contumélia não nasce da ira.

1. – Pois, diz a Escritura. Onde houver soberba, aí haverá também contumélia. Ora, a ira é um vício da soberba. Logo, a contumélia não nasce da ira.

2. Demais. – Diz a Escritura. Todos os estultos se envolvem em contumélias. Ora, a estultícia é um vício oposto à sabedoria, como se disse; ao passo que a ira se opõe à mansidão. Logo, a contumélia não nasce da ira.

3. Demais. – Nenhum pecado fica diminuído pela sua causa. Ora, o pecado da contumélia fica diminuído quando é proferido com ira; pois, peca mais gravemente quem profere uma contumélia com ódio do que com ira. Logo, a contumélia não nasce da ira.

Mas, em contrário, Gregório diz que as contumélias nascem da ira.

SOLUÇÃO. – Podendo um pecado ter várias origens, considera-se como originado donde mais frequentemente costuma proceder, por proximidade com o seu fim. Ora, a contumélia tem grande proximidade com o fim da ira, que é a vindicta; pois, nenhuma vingança se apresenta mais prontamente ao irado, do que a de proferir contumélias. Por onde, a contumélia nasce sobretudo da ira.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. –­ A contumélia não se ordena ao fim da soberba, que é a exaltação. Por isso não nasce a contumélia diretamente da soberba. Mas, esta predispõe para aquela, porquanto os que se julgam superiores mais facilmente desprezam os outros e lhes irrogam injúrias; pois, tornam-se mais facilmente irados, por considerarem indigno tudo o que lhes fazem contra a vontade.

RESPOSTA À SEGUNDA. – Segundo o Filósofo, a ira não obedece perfeitamente à razão; e assim, o irado, padece falta de razão; por onde, a ira se assemelha à estultice. E por isso da estultice nasce a contumélia, pela afinidade que tem com a ira.

RESPOSTA À TERCEIRA. – Segundo o Filósofo, o irado visa a ofensa manifesta, o que não visa quem odeia. Por isso a contumélia, que implica uma injúria manifesta, pertence mais à ira do que ao ódio.

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