Category: Santo Tomás de Aquino
O quinto discute-se assim. — Parece que o batismo de João devia cessar depois que Cristo foi batizado.
1. — Pois, diz o Evangelho: Por isso eu vim batizar em água, para ele ser conhecido em Israel. Ora, pelo batismo que recebeu Cristo se manifestou suficientemente; quer também pelo testemunho de João; quer pela descida da pomba; quer também pelo testemunho da voz paterna. Logo, parece que, depois, não devia durar o batismo de João.
2. Demais. — Agostinho diz: Cristo batizado cessou o batismo de João. Logo, parece que João não devia continuar a batizar, depois do batismo de Cristo.
3. Demais. — O batismo de João era preparatório ao de Cristo. Ora, o batismo de Cristo começou logo depois de ele ter sido batizado; pois, pelo contato do seu puríssimo corpo conferiu às águas a virtude regeneradora, como diz Beda. Logo, parece que o batismo de João cessou uma vez Cristo batizado.
Mas, em contrário, o Evangelho: Veio Jesus para a terra de Judéia e batizava; e João também batizava. Ora, Cristo só batizou depois de ter sido batizado. Logo, parece que mesmo depois de Cristo ter sido batizado, João ainda continuava a batizar.
SOLUÇÃO. — O batismo de João não devia cessar, depois de Cristo batizado. - Primeiro, porque, como diz Crisóstomo, se João cessasse de batizar, uma vez Cristo batizado, haveriam de pensar que o fez por ciúmes ou por cólera. - Segundo, porque se cessasse de batizar, depois de Cristo estar batizando, poderia despertar maiores ciúmes nos seus discípulos. - Terceiro, porque continuando a batizar, enviava à Cristo os seus ouvintes. - Quarto, porque, como diz Beda, ainda permaneciam as sombras da lei antiga; nem devia cessar o precursor, antes da verdade manifestar-se.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Cristo batizado, ainda não se tinha assim plenamente manifestado. Por isso ainda era necessário João continuar a batizar.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Batizado Cristo, cessou o batismo de João; não, porém imediatamente, mas só quando ele foi encarcerado. Por isso diz Crisóstomo: Penso que a morte de João foi permitida, e que sobretudo depois dessa morte é que Cristo começou a pregar, para que este concentrasse em si todas as afeições do povo e desaparecessem os dissentimentos que, a propósito de um e de outro, já tinham começado a manifestar-se.
RESPOSTA À TERCEIRA. — O batismo de João era preparatório não só ao batismo de Cristo, mas também para que outros se achegassem a receber este último batismo. O que ainda não se tinha realizado, mesmo depois que Cristo foi batizado.
O quarto discute-se assim. — Parece que pelo batismo de João só Cristo devia ser batizado.
1. — Porque, como se disse, João batizou para que Cristo fosse batizado, no dizer de Agostinho. Ora, o que é próprio de Cristo não deve convir aos outros. Logo, ninguém mais devia ser batizado com esse batismo.
2. Demais. — Quem é batizado ou recebe alguma causa do batismo ou lhe confere algo. Ora pelo batismo de João ninguém podia receber nada, porque ele não conferia a graça, como se disse. Nem ninguém podia conferir nada ao batismo, senão Cristo, que com o contato do seu corpo santificou as águas. Logo, parece que só Cristo devia ser batizado pelo batismo de João.
3. Demais. — Se outros receberam esse batismo, não era senão para se prepararem ao batismo de Cristo; e, assim, parecia conveniente que, como o batismo de Cristo era conferido a todos grandes e pequenos, gentios e judeus, também o devia ser o batismo de João. Ora, o Evangelho não fala de crianças nem de gentios batizados por ele; mas diz Marcos, que saíam concorrendo a ele todos os de Jerusalém e eram batizados por ele. Logo, parece que só Cristo devia ter sido batizado por João.
Mas, em contrário, o Evangelho: E aconteceu que, como recebesse o batismo todo o povo, depois de batizado também Jesus, e estando em oração, abriu-se o céu.
SOLUÇÃO. — Por dupla causa deviam outros, além de Cristo, ter sido batizados por João. - Primeiro, porque, como diz Agostinho, se só Cristo tivesse recebido o batismo de João, não faltaria quem dissesse que o batismo de João, conferido a Cristo, era mais digno que o do próprio Cristo, pelo qual os outros eram batizados. — Segundo, porque era necessário que os outros fossem preparados, pelo batismo de João, ao batismo de Cristo, como dissemos.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — O batismo de João não foi instituído só para Cristo ser batizado, mas também por outras causas, como dissemos. E contudo, mesmo que tivesse sido instituído só para que Cristo fosse batizado, era mister evitar o referido inconveniente, conferindo a outros esse batismo.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Os outros que recebiam o batismo de João, não podiam por certo conferir nada a esse batismo; nem contudo dele recebiam a graça, mas só o sinal da penitência.
RESPOSTA À TERCEIRA. — O referido batismo era de penitência, imprópria das crianças; por isso é que elas não o recebiam. — Quanto a abrir aos gentios o caminho da salvação, só a Cristo estava reservado, que é a Expectação das Gentes, no dizer da Escritura. Mas o próprio Cristo proibiu aos Apóstolos pregar o Evangelho aos gentios, antes da paixão e da ressurreição. Por onde, muito menos convinha que João admitisse os gentios ao batismo.
O terceiro discute-se assim. — Parece que o batismo de João conferia a graça.
1. — Pois, diz o Evangelho: Estava João batizando no deserto e pregando o batismo de penitência para a remissão de pecados. Ora, a penitência e a remissão dos pecados só é possível pela graça. Logo, o batismo de João conferia a graça.
2. Demais. — Os que iam ser batizados por João confessavam os seus pecados como se lê no Evangelho. Ora, a confissão dos pecados tem por fim a remissão deles, que se opera pela graça. Logo, o batismo de João conferia a graça.
3. Demais. — O batismo de João se aproximava do de Cristo, mais que a circuncisão. Ora, a circuncisão remetia o pecado original. Pois, como diz Beda, na vigência da lei antiga, a circuncisão era o mesmo remédio salutar contra o ferimento do pecado original, que o batismo costuma ser no regime da lei da graça. Logo, com maior razão, o batismo de João conferia a remissão dos pecados. O que não pode dar-se sem a graça.
Mas, em contrário, o Evangelho: Eu na verdade vos batizo em água para vos trazer à penitência. Lugar que Gregório assim explica numa homília: João batiza não pelo espírito mas pela água, porque não podia perdoar os pecados. Ora, a graça, pela qual o pecado é delido, vem do Espírito Santo. Logo, o batismo de João não conferia a graça.
SOLUÇÃO. — Como dissemos, toda a doutrina e ação de João era preparatória para a de Cristo; assim como é próprio de um ministro ou de um artífice inferior preparar a matéria para a forma a ser infundida pelo artífice principal. Ora, a graça devia ser conferida aos homens por Cristo, segundo àquilo do Evangelho: A graça e a verdade foi trazida por Jesus Cristo. Logo, o batismo de João não conferia a graça, mas só preparava para ela, de três modos. Primeiro, pela sua doutrina João induzia os ouvintes à fé de Cristo. Segundo, acostumava-os ao rito do batismo. Terceiro, pela penitência, preparava os homens a receberem o efeito do batismo de Cristo.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. Por essas palavras de Beda pode entender-se um duplo batismo. Um, que João conferia, chamado batismo de penitência, porque de certo modo induzia à penitência e era uma como afirmação pela qual os homens confessavam que haviam de fazer penitência. Outro é o batismo de Cristo, pelo qual os pecados são perdoados; esse, João não o podia ministrar, mas apenas o pregava quando dizia; Ele vos batizará no Espírito Santo. — Ou pode dizer-se que pregava o batismo da penitência, isto é, inducente à penitência, a qual leva os homens ao perdão dos pecados. — Ou pode dizer-se, que pelo batismo de Cristo, como explica Jerônimo, é dada a graça pela qual os pecados são gratuitamente perdoados; o que porém se consuma pelo Esposo é iniciado pelo paraninfo, isto é, por João. Por isso, diz que batizará e pregará o batismo de penitência para a remissão de pecados; não que ele próprio o consumasse, mas porque começava, preparando.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Essa confissão dos pecados não se fazia com o fim de o perdão deles ser logo conferido pelo batismo de João; mas de ser conseguido pela penitência consequente, e pelo batismo de Cristo, para o qual essa penitência preparava.
RESPOSTA À TERCEIRA. — A circuncisão foi instituída como remédio do pecado original. Mas para tal não foi instituído o batismo de João, que era só preparatório para o batismo de Cristo, como se disse. Ora, os sacramentos produzem o seu efeito de acordo com a força da sua instituição.
O segundo discute-se assim. — Parece que o batismo de João não procedia de Deus.
1. — Pois, nenhum sacramental procedente de Deus tira a sua denominação de um simples homem; assim, o batismo da lei nova não se chama de Pedro ou de Paulo, mas de Cristo. Ora, o batismo referido se denomina de João, segundo O Evangelho: Donde era o batismo de João? Do céu ou dos homens? Logo, o batismo de João não procedia de Deus.
2. Demais. — Toda nova doutrina procedente de Deus se confirma por certos milagres. Por isso, o Senhor deu. a Moisés o poder de fazer milagres; e o Apóstolo diz: A nossa fé, tendo começado a ser anunciada pelo Senhor, foi depois confirmada entre nós pelos que a ouviram, confirmando-a ao mesmo tempo Deus com sinais e maravilhas. Ora, de João Batista diz o Evangelho: João não fez milagre algum. Logo, parece que o batismo que ministrava não procedia de Deus.
3. Demais. — Os sacramentos instituídos por Deus estão contidos em certos preceitos da Sagrada Escritura. Ora, o batismo de João não está incluído em nenhum preceito da Sagrada Escritura. Logo, parece que não procedia de Deus.
Mas, em contrário, o Evangelho: O que me mandou batizar em água me disse — Aquele sobre que tu vires descer o Espírito, etc.
SOLUÇÃO. — No batismo de João dois elementos podemos considerar: o rito de batizar e o efeito do batismo. Quanto ao rito de batizar, não procedia dos homens, mas de Deus, que, por uma particular revelação do Espírito Santo, mandou João a batizar. Mas, o efeito desse batismo era de procedência humana, pois, nada se realizou nele que um homem não pudesse realizar. Por onde, não procedia só de Deus, senão no sentido em que Deus agia por meio de um homem.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Pelo batismo da lei nova os homens são batizados interiormente pelo Espírito Santo, o que só Deus faz. Ao passo que o batismo de João purificava só o corpo por meio da água. Por isso diz o Evangelho: Eu vos batizo em água; porém ele vos batizará no Espírito Santo. Donde a denominação de batismo de João, porque não tinha nenhum efeito que não fosse produzido por João. Ao passo que o batismo da lei nova não tira à sua denominação do ministro, que não é o autor da purificação interior, principal efeito do batismo.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Toda a doutrina e ação de João se ordenava para Cristo, que com inúmeros milagres confirmou tanto a sua doutrina como a de João. Se, porém, João tivesse feito milagres, os homens tanto seguiram a João como a Cristo. Por isso, para que ouvissem principalmente a Cristo, não foi concedido a João fazer milagres. Mas, aos judeus, que o interrogavam porque batizava, confirmou o seu ofício com a autoridade da Escritura, dizendo: Eu sou a voz do que clama no deserto, etc., como se lê no Evangelho. E alem disso, a austeridade da sua vida recomendava-lhe o ofício; pois, como Crisóstomo diz, era admirável ver tanta mortificação num corpo humano.
RESPOSTA À TERCEIRA. — O batismo de João não foi ordenado por Deus, senão para durar pouco tempo, pelas causas referidas. Por isso não foi prescrito por nenhum preceito geral contido na Sagrada Escritura, mas por uma particular revelação do Espírito Santo, como se disse.
O primeiro discute-se assim. — Parece não era conveniente que João batizasse.
1. — Pois, todo rito sacramental supõe uma determinada lei. Ora, João não introduziu nenhuma lei nova. Logo, era inconveniente que introduzisse um novo rito de batizar.
2. Demais. — João foi mandado por Deus em testemunha, como profeta, segundo o Evangelho: Tu, ó menino, serás chamado o profeta do Altíssimo. Ora, os profetas anteriores a Cristo não introduziram nenhum rito novo, mas advertiam à observância dos ritos legais, como está claro na Escritura: Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo. Logo, também João não devia introduzir nenhum rito novo de batizar.
3. Demais. — Ao que já é supérfluo nada se lhe deve acrescentar. Ora, os Judeus tinham superabundância de batismos, como se lê no Evangelho: Os Fariseus e todos os Judeus não comem sem lavarem as mãos muitas vezes; e quando vêm do mercado não comem sem se purificarem; e assim observam muitos outros costumes que lhes ficaram por tradição, como lavar os copos e os jarros e os vasos de metal e os leitos. Logo, não devia João batizar.
Mas, em contrário, a autoridade da Escritura quando, depois de referida a santidade de João, acrescenta que acorriam a ele muitos, que eram batizados no Jordão.
SOLUÇÃO. — Era conveniente que João batizasse, por quatro razões. - Primeiro, porque era necessário Cristo fosse batizado por João, para que consagrasse o batismo, como diz Agostinho. - Segundo, para que Cristo se manifestasse. Por isso diz o próprio João Batista: Por isso eu vim batizar em água, para ele, isto é, Cristo ser conhecido em Israel. Pois, anunciava Cristo às turbas que acorriam; e isso era mais fácil, que se tivesse de anunciá-lo a cada um em particular, como adverte Crisóstomo. - Terceiro, para acostumar os homens, com o seu batismo, ao batismo de Cristo. Donde o dizer Gregório que João batizava, a fim de desempenhar o seu papel de precursor; pois, assim como nascendo, prevenira o nascimento do Senhor, assim, batizando, preveniu-lhe o batismo. - Quarto, a fim de, chamando os homens à penitência, os preparasse a receber dignamente o batismo de Cristo. Por isso diz Beda. Tanto aproveita aos catecumenos ainda não batizados a doutrina da fé, quanto aproveitava o batismo de João antes do batismo de Cristo. Pois, assim como João pregava a penitência e prenunciava o batismo de Cristo, e atraía para o conhecimento da verdade, que apareceu ao mundo, assim os ministros da Igreja primeiro ensinam, depois corrigem dos pecados e enfim prometem pelo batismo de Cristo a remissão deles.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — O batismo de João não era em si mesmo um sacramento; mas um como sacramento, que dispunha para o batismo de Cristo. Por isso, de certo modo pertencia à lei de Cristo e não à lei de Moisés.
RESPOSTA À SEGUNDA. — João não só foi profeta, mas maior que profeta, como diz a Escritura. Pois, foi o termo da lei e o início do Evangelho. Por isso mais lhe incumbia trazer, pelas palavras e pelas obras, os homens à lei de Cristo, que à observância da lei antiga.
RESPOSTA À TERCEIRA. — Esses batismos dos Fariseus eram vãos, por se ordenarem só à purificação do corpo. Ao contrário, o batismo de João se ordenava à purificação espiritual, pois induzia os homens à penitência, como se disse.
O quarto discute-se assim. — Parece que não devia a Mãe de Deus apresentar-se no Templo para purificar-se.
1. — Pois, de purificação só precisa o que é impuro. Ora, a Santa Virgem não tinha nenhuma Impureza, como do sobredito se colhe, Logo, não devia ir ao Templo purificar-se.
2. Demais. — A Escritura diz: Se uma mulher, tendo concebido de varão, parir macho, será imunda sete dias. E por isso lhe ordena que não entrará no santuário até se acabarem os dias da sua purificação. Ora, a Santa Virgem deu à luz um filho, conservando íntegra a sua virgindade. Logo, não devia ir ao Templo purificar-se.
3. Demais. — A purificação de uma impureza só é possível pela graça. Ora, os sacramentos da lei antiga não conferiam a graça; antes, Maria é que trazia em si o autor da graça. Logo, não era necessário fosse a Santa Virgem ao Templo purificar-se.
Mas, em contrário, a autoridade da Escritura, quando diz que foram concluídos os dias da purificação de Maria, segundo a lei de Moisés.
SOLUÇÃO. — Assim como a plenitude da graça derivou de Cristo para a sua mãe, assim convinha que a mãe se assemelhasse ao seu filho humilhado, pois. Deus dá a sua graça aos humildes, como diz a Escritura. Por onde, assim como Cristo, embora não estivesse sujeito à lei, quis contudo sofrer a circuncisão e as outras exigências legais, para nos ser um exemplo de humildade e de obediência, dar a sua aprovação à lei e tirar aos Judeus a ocasião de caluniá-Io, por essas mesmas razões quis que sua mãe se submetesse às observâncias da lei, à qual contudo não estava sujeita.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Embora a Santa Virgem não tivesse nenhuma impureza, quis contudo observar o preceito da purificação; não porque o precisasse, mas por ser uma disposição legal. Por Isso, o Evangelho diz sinaladamente, que foram concluídos os dias da sua purificação, segundo a lei; pois, em si mesma, não precisava purificar-se.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Moisés, se referiu sinaIadamente à Mãe de Deus, como Isenta de qualquer impureza; pois, ela não deu à luz, tendo concebido de varão. Por onde é claro, que não estava obrigada a observar o referido preceito, mas cumpriu voluntariamente a disposição legal sobre a purificação, como dissemos.
RESPOSTA À TERCEIRA. — Os sacramentos da lei não purificavam; impureza da culpa, purificação que é obra da graça, mas prefiguravam essa purificação. Pois, só purificavam, por uma purificação puramente corpórea, da impureza de uma certa irregularidade, como se disse na Segunda Parte. Ora, nem uma nem outra impureza a Santa Virgem contraiu. Logo, não precisava de purificar-se.
O terceiro discute-se assim. — Parece que Cristo não foi convenientemente oferecido no Templo.
1. — Pois, diz a Escritura: Consagra-me todos os primogênitos, que abrem o útero de sua mãe entre os filhos de Israel. Ora, Cristo veio ao mundo sem detrimento da virgindade de sua mãe, que portanto deu à luz por um parto miraculoso. Logo, em virtude da lei referida, Cristo não devia ser oferecido no Templo.
2. Demais. — O que está sempre presente a alguém não lhe pode ser apresentado. Ora, a humanidade de Cristo era por excelência sempre presente a Deus, como sempre unida com ela pela unidade de pessoa. Logo, não era necessário que Cristo fosse apresentado ao Senhor.
3. Demais. — Cristo é a hóstia principal a quem se referem todas as hóstias da lei antiga, como a figura se refere à verdade. Ora, uma hóstia não deve ser referida a outra. Logo, não foi conveniente que por Cristo se oferecesse outra hóstia.
4. Demais. — Entre as vítimas legais a principal era o cordeiro, que constituía um sacrifício perpétuo. Por isso Cristo é também chamado Cordeiro no Evangelho: Eis o Cordeiro de Deus. Logo, era mais conveniente fosse oferecido por Cristo um cordeiro do que um par de rolas ou dois pombinhos.
Mas, em contrário, a autoridade da Escritura, que atesta o fato.
SOLUÇÃO. — Como se disse, Cristo quis submeter-se à lei, a fim de remir aqueles que estavam debaixo da lei; e para que a justificação da lei se cumprisse espiritualmente nos seus membros. Ora, sobre os filhos recém-nascidos há na lei um duplo preceito. — Um geral, abrangendo a todos, pelo qual, depois de completos os dias da purificação da mãe, fosse oferecido um sacrifício pelo filho, ou pela filha, como se lê na Escritura. E esse sacrifício era em expiação do pecado, no qual a prole foi concebida e nascida; e também para a consagração do recém-nascido, que era então pela primeira vez apresentado no Templo. Por isso, fazia-se uma oferenda em holocausto e outra pelo pecado. — O outro preceito da lei era especial, sobre os primogênitos, tanto dos homens como dos animais. Pois, o Senhor se reservou todos os primogênitos em Israel, porque, para a libertação do povo de Israel matara os primogênitos do Egito, desde os homens até aos animais, excetuados os primogênitos dos filhos de Israel. E esse mandamento se lê na Escritura. O que também prefigurava a Cristo, que é o primogênito entre muitos irmãos. — E como Cristo, nascida de uma mulher, era quase primogênito, e quis sujeitar-se à lei, o evangelista Lucas nos mostra que esses dois preceitos foram observados a respeito dele. Primeiro, o atinente aos primogênitos, quando diz: Levaram-no a Jerusalém para o apresentarem ao Senhor; segundo o que está escrito na lei do Senhor: Todo filho macho que for primogênito será consagrado ao Senhor. — Segundo o que se aplica em geral a todos, quando diz: E para oferecerem em sacrifício, conforme ao que está mandado na lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Diz Gregório Nisseno: Esse preceito da lei se cumpriu, de maneira singular e diferentemente do que o cumpriam os outros, só com Deus encarnado. Pois, só ele, concebido de um modo inefável e dado à luz de maneira incompreensível, saiu do ventre virginal de sua mãe, que antes não conhecera a relação conjugal e conservou inviolavelmente depois do parto os atributos da sua virgindade. E assim, a expressão da Escritura — adaperiens vulvam — significa que o parto virginal de Maria foi o primeiro e único. E por isso também especialmente a Escritura diz — masculino: porque não teve nenhum contágio da culpa da mulher. E ainda, singularmente santo: porque pela singularidade do seu parto imaculado não sofreu qualquer contágio da corrupção terrena.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Assim como o Filho de Deus não se fez homem nem foi circuncidado na sua carne por causa de si mesmo, mas para nos divinizar pela graça e nos circuncidar espiritualmente, assim por nossa causa foi oferecido ao Senhor, para aprendermos a nos oferecermos nós mesmos a Deus. E isso se fez depois da sua circuncisão, para mostrar que ninguém, se não se circuncidar aos vícios, é digno de ver a Deus.
RESPOSTA À TERCEIRA. — Aquele que era a verdadeira vítima quis que por si se oferecesse as hóstias da lei, para ficar a figura unida à realidade e por esta ficar demonstrada aquela. Contra aqueles que negam ter Cristo pregado no Evangelho o Deus da lei: Pois, como diz Orígenes, não devemos pensar que o Deus bom sujeitou o seu Filho a lei do inimigo, a qual não tivesse ele mesmo jeito.
RESPOSTA À QUARTA. — A Escritura ordena que quem pudesse oferecesse, por filho ou por filha, simultaneamente com um cordeiro um pombinho ou uma rola; os que porém não tivessem nas suas posses nem pudessem oferecer um cordeiro, oferecessem duas rolas ou dois pombinhos. Porque, como diz o Apóstolo, o Senhor que, sendo rico, se fez pobre por nosso amor, a fim de que nós fôssemos ricos pela sua pobreza, quis que se lhe fizesse a oferta dos pobres; assim como, na sua natividade foi envolto em panos e reclinado no presépio. - Nem por isso, contudo essas aves deixavam de se adaptar ao que figuravam. Assim, a rola, ave gárrula, significa a pregação e a confissão da fé; mas por ser casta, exprime a castidade; e enfim, por ser solitária, é o símbolo da contemplação. Por seu lado, a pomba, mansa e simples, figura por isso a mansidão e a simplicidade. É também ave gregária, símbolo da vida ativa. Por onde, tais vítimas figuravam a perfeição de Cristo e a dos seus membros. Pois, ambas essas aves, pelo costume que têm de gemer, simbolizam as lágrimas dos santos nesta vida; mas a rola, como solitária, significa as lágrimas da oração; ao passo que a pomba, que é gregária, exprime as orações públicas da Igreja. - E tanto uma como outra eram oferecidas em dobro, para significar que a santidade deve ser, não só do corpo, mas também da alma.
O segundo discute-se assim. — Parece que não foi imposto a Cristo o nome conveniente.
1. — Pois, a verdade evangélica deve ser a realização do que foi profetizado. Ora, os profetas prenunciaram outro nome, de Cristo. Assim, Isaías diz: Eis que uma virgem conceberá e parirá um filho e será chamado o seu nome Emanuel. E noutro lugar: Põe-lhe por nome — Apressa-te a tirar os despojos, faze velozmente a presa. Ainda noutro: O nome com que se apelide será — Admirável, Conselheiro. Deus, Forte, Pai do futuro século, Príncipe da Paz. E Zacarias diz: Eis aqui o homem que tem por nome o Oriente. Logo. Cristo foi inconvenientemente chamado Jesus.
2. Demais. — A Escritura diz: Chamar-te-ão por um nome novo, que o Senhor nomeará pela sua boca. Ora, o nome de Jesus não é um nome novo, mas foi imposto a muitos na vigência do Velho Testamento, como se vê também na genealogia de Cristo. Logo, parece que lhe foi inconvenientemente posto o nome de Jesus.
3. Demais. — O nome de Jesus significa salvação, como se lê no Evangelho: Ela parirá um filho e lhe chamarás por nome Jesus, por que ele salvará o seu povo dos pecados deles. Ora, a salvação por Cristo não se realizou só na circuncisão, mas também no prepúcio, como está claro no Apóstolo. Logo, foi-lhe imposto a Cristo, na sua circuncisão, um nome impróprio.
Mas, em contrário, a autoridade da Escritura, que diz: Depois que foram cumpridos os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe posto o nome de Jesus.
SOLUÇÃO. — Os nomes devem cor responder às propriedades das causas. Assim o demonstram os nomes dos gêneros e das espécies; pois, como ensina Aristóteles, a essência significada pelo nome é a definição que designa a natureza própria do ser. Ora, a cada pessoa impomos seu nome fundado em alguma propriedade dela. Quer em virtude do tempo, como quando se dá a alguém o nome do santo do dia em que nasceu. Ou em virtude do parentesco, como quando se impõe ao filho o nome do pai ou de algum parente; assim, os parentes de João Batista queriam dar-lhe o nome do pai, Zacarias, e não o de João, porque ninguém havia na sua geração que tivesse esse nome. Ou ainda em virtude de um acontecimento; assim, José chamou ao seu primogênito Manassés, dizendo: Deus me fez esquecer de todos os meus trabalhos. Ou também por causa de alguma qualidade daquele a quem se impõe o nome; assim, como se lê na Escritura, o que saiu primeiro do ventre materno era vermelho e todo áspero a modo de uma pele; e foi-lhe imposto o nome de Esaú, -que significa vermelho. — Quanto aos nomes impostos por inspiração divina, sempre significam algum dom gratuito dado por Deus; assim, foi dito a Abraão: Chamar-te-ás Abraão, porque eu te tenho destinado para pai de muitas gentes. E o Evangelho diz, de Pedra: Tu és Pedra e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. — Ora, como a Cristo foi conferido o dom da graça pelo qual foi constituído o Salvador de todos, foi convenientemente chamado Jesus, isto é, Salvador; tendo o anjo anunciado esse nome, não só à mãe, mas também a José, que lhe havia de ser o pai putativo.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Todos esses nomes referidos significam de certo modo o nome de Jesus, que implica a idéia de salvação. Assim, o nome de Emanuel, que significa — Deus conosco, designa a causa da salvação, que é a união da natureza divina com a humana na pessoa do Filho de Deus, em virtude da qual Deus esteve conosco. — Quanto ao lugar da Escritura — Põe-lhe por nome, apressa-te a tirar os despojos, etc., designa de que nos salvou, a saber, do diabo, cujos despojos arrebatou, segundo àquilo do Apóstolo: Despojando os principados e potestades, os trouxe confiadamente. Quanto à outra — O nome com que se apelide será admirável, etc., designa a via e o termo da nossa salvação, pois é pela admirável sabedoria de Deus e pela sua força que alcançaremos a herança do século futuro, em que gozaremos da paz perfeita dos filhos de Deus, sob a chefia do próprio Deus. — Quanto enfim ao dito — Eis aqui o homem que tem por nome o Oriente — refere-se ao mesmo que a primeira denominação. isto é ao mistério da Encarnação, pois, como diz a Escritura, nas trevas nasceu a luz dos retos.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Aos que viveram antes de Cristo podia convir-lhes o nome de Jesus por alguma outra razão; por exemplo, por terem sido causa de alguma salvação particular e temporal. Mas, por causa da salvação espiritual e universal, esse nome é próprio a Cristo. Por isso é que se diz ser um nome novo.
RESPOSTA À TERCEIRA. — Como se lê na Escritura, Abraão recebeu simultaneamente de Deus a imposição do nome e a ordem da circuncisão. Por isso era costume entre os Judeus impor um nome à criança no dia mesmo da circuncisão, como por não ter ainda o seu ser perfeito, antes de circuncisa; assim como agora impomos à criança o nome no batismo. Donde, àquilo da Escritura — Eu também fui filho de meu pai, tenrinho e unigênito de minha mãe. — diz a Glosa: Porque se chama Salomão unigênito diante de sua mãe, quando a Escritura nos informa que foi precedido de um irmão uterino, senão porque este, morto logo depois de nascido e sem nome, era como se nunca tivesse existido? Por isso Cristo, simultaneamente com a circuncisão, recebeu a imposição do nome.
O primeiro discute-se assim. — Parece que Cristo não devia ser circuncidado.
1. — Pois, a realização da verdade elimina o que a prefigurava. Ora, a circuncisão foi ordenada a Abraão como sinal da aliança que devia provir da sua raça, como se lê na Escritura. Ora, essa aliança se cumpriu com a natividade de Cristo. Logo, devia ter feito desde logo cessar a circuncisão.
2. Demais. — Toda ação de Cristo serve de instrução para nós. Donde o dizer o Evangelho: Eu dei-vos o exemplo, para que como eu vos fiz, assim façais vós também. Ora nós não devemos ser circuncidados, conforme ao dito do Apóstolo: Se vos faz eis circuncidar, Cristo vos não aproveitará nada. Logo, parece que também Cristo não devia ser circuncidado.
3. Demais. — A circuncisão foi ordenada como remédio do pecado original. Ora, Cristo não contraiu o pecado original, como do sobredito resulta. Logo, Cristo não devia ser circuncidado.
Mas, em contrário, o Evangelho: Depois que foram cumpridos os oito dias para ser circuncidado o menino.
SOLUÇÃO. — Por várias causas Cristo devia ser circuncidado. — Primeiro, para demonstrar que se tinha verdadeiramente encarnado, contra Maniqueu, que dizia ter sido fantástico o corpo de Cristo; e contra Apolinário, que dizia ser o corpo de Cristo consubstancial com a divindade; e contra Valentiniano, que dizia ter Cristo trazido do céu o seu corpo. — Segundo, para que aprovasse a circuncisão, que Deus outrora instituíra. — Terceiro, para provar que era da raça de Abraão, que recebera o mandado de circuncisão em sinal da fé que tinha na vinda de Cristo. — Quarto, para tirar aos judeus a ocasião de não o receberem, se fosse incircunciso. — Quinto, para os recomendar, com o seu exemplo, a virtude da obediência. Por isso foi circuncidado no oitavo dia, como estava preceituado na lei. — Sexto, para que, quem se revestiu da semelhança da carne de pecado, não rejeitasse o remédio habitual de purificar essa carne pecaminosa. — Sétimo, para que, suportando sobre si todo o peso da lei, nos libertasse dele, segundo àquilo do Apóstolo: Enviou Deus a seu Filho feito sujeito à lei; a fim de servir aqueles que estavam debaixo da lei.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — A circuncisão, feita pela remoção deuma película carnal no membro da geração, significava a liberação da antiga geração, da qual nos libertamos pela paixão de Cristo. Por onde, a verdade dessa figura não foi plenamente realizada na natividade de Cristo; mas na sua paixão, antes da qual a circuncisão tinha a sua virtude e a sua razão de ser. Por isso convinha Cristo, antes da sua paixão, ser circuncidado, como filho de Abraão.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Cristo recebeu a circuncisão no tempo em que ela era de preceito. Por onde, a sua ação devemos nós imita-la, observando o que em nosso tempo é de preceito; pois, todas as coisas têm seu tempo e sua oportunidade, como diz a Escritura.
Além disso, diz Orígenes: Assim como morremos com a morte de Cristo e ressurgimos com a sua ressurreição, assim também por Cristo recebemos a circuncisão espiritual. Por isso não precisamos da circuncisão carnal. E tal é o que diz o Apóstolo: Nele, isto é, em Cristo, é que vós estais circuncidados de circuncisão não feita por mão de homem no despojo do corpo da carne, mas sim na circuncisão de Cristo"
RESPOSTA À TERCEIRA. — Cristo, que não tinha nenhum pecado sofreu por nós, de vontade própria, a morte, que é o efeito do pecado, para nos livrar dela e fazer-nos morrer espiritualmente para o pecado. Assim também sujeitou-se à circuncisão, remédio do pecado original, sem que tivesse esse pecado, para nos livrar dojugo da lei e produzirem nós a circuncisão espiritual, de modo que realizasse a verdade, abolindo a figura.
O quarto discute-se assim. — Parece que Cristo devia manifestar por si mesmo a sua natividade.
1. — Pois, a que é causa, por si mesma é mais principal que a causa dependente de outra, como diz Aristóteles. Ora, Cristo manifestou por outros a sua natividade, a saber, pelos pastores e pelos anjos, e aos Magos pela estrela. Logo, com maior razão, devia manifestar por si mesmo a sua natividade.
2. Demais. — A Escritura diz: Se a sabedoria se conserva escondida e o tesouro não está visível, que utilidade haverá em ambas estas coisas? Ora, Cristo teve desde o princípio da sua concepção plenamente o tesouro da sabedoria e da graça. Logo, se não manifestasse essa plenitude por obras e palavras, em vão lhe teria sido dado a sabedoria e a graça. Ora, tal é inadmissível, porque Deus e a natureza nada jazem em vão, como diz Aristóteles.
3. Demais. — No livro, Da infância do Salvador se lê, que Cristo na sua puerícia fez muitos milagres. E assim parece que manifestou por si mesmo a sua natividade.
Mas, em contrário, Leão Papa diz que os Magos encontraram o menino Jesus, em nada diferente da generalidade da infância humana. Ora, as outras crianças não se manifestam a si mesmas. Logo, também não convinha que Cristo por si mesmo manifestasse a sua natividade.
SOLUÇÃO. — A natividade de Cristo se ordenava à salvação humana, e esta se realiza pela fé. Ora, a fé salvadora confessa a divindade e a humanidade de Cristo. Por onde, era necessário manifestar-se a natividade de Cristo, a fim de que a demonstração da sua divindade não prejudicasse à fé na sua humanidade. Ora, isso se fez por ter Cristo manifestado em si mesmo a semelhança da fraqueza humana, ao mesmo tempo que pelas criaturas de Deus mostrou, na sua pessoa, o poder da divindade. Por onde, Cristo não manifestou por si mesmo a sua natividade, mas por meio de certas outras criaturas.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Na via da geração e do movimento é necessário partir do imperfeito para chegar ao perfeito. Por isso Cristo primeiro manifestou-se por outras criaturas e depois, por si mesmo, numa perfeita manifestação.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Embora uma sabedoria oculta seja inútil, contudo não deve a sabedoria manifestar-se a si mesma em qualquer tempo, mas no tempo oportuno. Assim, diz a Escritura: Suponha-se que a sabedoria se conserva escondida e que o tesouro não está visível, que utilidade haverá em ambas estas coisas? Por onde, a sabedoria dada a Cristo não foi inútil, porque se manifestou em tempo oportuno. E o mesmo ter-se escondido no tempo conveniente era sinal de sabedoria.
RESPOSTA À TERCEIRA. — O livro Da infância do Salvador é apócrifo. E Crisóstomo diz que Cristo não fez nenhum milagre, antes do de converter a água em vinho, segundo àquilo da Escritura: Por este milagre deu Jesus princípio aos seus. — Pois, se já desde os seus primeiros anos tivesse feito milagres, não teriam os Israelitas precisado de ninguém que o manifestasse. E contudo João Batista diz: Por isso eu vim batizar em água, para ele ser conhecido em Israel. E era conveniente que não começasse a fazer milagres desde a sua primeira idade. Pois, haveriam de pensar que se tinha encarnado figuradamente; e antes do tempo oportuno tê-lo-iam crucificado, consumidos de inveja.