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Category: Santo Tomás de AquinoConteúdo sindicalizado

O Senhor é Convosco

11. — Em segundo lugar, a Virgem ultrapassa os Anjos em sua intimidade com o Senhor. O arcanjo Gabriel reconhece esta superioridade, quando lhe dirige estas palavras: O Senhor é convosco, isto é, venero-vos e confesso que estais mais próxima de Deus do que eu mesmo estou. O Senhor está, efetivamente, convosco.

Maria

10. — A Virgem, cheia de graça, ultrapassou os Anjos, por sua plenitude de graça. E por isto é chamada Maria, que quer dizer, «iluminada interiormente», donde se aplica a Maria o que disse Isaias: (58, 11) O Senhor encherá tua alma de esplendores. Também quer dizer: «iluminadora dos outros», em todo o universo; por isso, Maria é comparada, com razão, ao sol e à lua.

Cheia de graça

5. — Primeiramente, a bem-aventurada Virgem ultrapassou todos os Anjos por sua plenitude de graça, e para manifestar esta preeminência o Arcanjo Gabriel inclinou-se diante dela, dizendo: cheia de graça; o que quer dizer: a vós venero, porque me ultrapassais por vossa plenitude de graça.

Ave

2. — Na antiguidade, a aparição dos Anjos aos homens era um acontecimento de grande importância e os homens sentiam-se extremamente honrados em poder testemunhar sua veneração aos Anjos.

A saudação angélica

PRÓLOGO

1. — A saudação angélica é dividida em três partes: A primeira, composta pelo Anjo: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo, bendita és tu entre as mulheres. (Lc 1, 28).
 
A segunda é obra de Isabel, mãe de João Batista, que disse: Bendito é o fruto do teu ventre.
 
A terceira parte, a Igreja acrescentou: Maria
 
O Anjo não disse: Ave Maria e sim, Ave, Cheia de graça. Mas este nome de Maria, efetivamente, se harmoniza com as palavras do Anjo, como veremos mais adiante.

Mas livrai-nos do mal. Amém.

 

88. — Nos pedidos precedentes, o Senhor nos ensina a implorar o perdão dos pecados e nos mostra como escapar das tentações. Aqui nos ensina a pedir que sejamos preservados do mal.
 
Este é um pedido geral. Segundo Santo Agostinho, visa as diferentes espécies de males: pecados, doenças, aflições. Já falamos do pecado e da tentação; resta-nos tratar das outras categorias de males: todas as adversidades e aflições deste mundo. Deus nos livra delas de quatro maneiras.
89. — Em primeiro lugar, Deus livra o homem das aflições, afastando-as dele; o que faz raramente. Neste mundo, os santos são afligidos. Todos os que quiserem viver piamente em Cristo Jesus, padecerão perseguição, diz São Paulo. (2 Tm 3, 12).
 
No entanto, às vezes, Deus concede a alguns não serem afligidos. Quando Deus sabe que uma pessoa não suporta a prova, age como um médico que evita dar remédios violentos a um doente muito mal. Eis, diz o Senhor, (Ap 3,8) que pus diante de ti uma porta aberta que ninguém pode fechar.
 
Na pátria celeste é lei geral que ninguém seja afligido. Está no Apocalipse: (7, 16-17) Já não terão fome nem sede, nem cairá sobre eles o sol nem calor algum. Porque o Cordeiro, que está no meio do trono, os guardará e os levará às fontes das águas da vida, e Deus enxugará toda lágrima dos seus olhos.
 
90. — Em segundo lugar, Deus nos livra do mal, enviando-nos consolações no tempo das aflições. Sem as consolações divinas, o homem não pode subsistir no meio das provações. Diz-nos São Paulo: (2 Cor 1, 8) Fomos mal tratados desmedidamente, além de nossas forças, e acrescenta: (2 Cor 7, 6) Deus porém que consola os humildes, consolou-nos. E canta o Salmista: (93, 19) Segundo as muitas dores que provou meu coração, as tuas consolações alegraram a minha alma.
 
91. — Em terceiro lugar, Deus cumula os aflitos de tantos benefícios, que chegam a esquecer seus males. Depois da tempestade vem a bonança, dizia Tobias (3, 32). Assim não devemos temer as aflições e tribulações do mundo, que são facilmente suportadas por causa das consolações que Deus mistura a elas e também por causa de sua pouca duração. Diz São Paulo (2 Cor 4, 17) A ligeira tribulação do momento presente prepara para nós um peso eterno de glória, além de toda medida. Pois é a tribulação que nos faz alcançar a vida eterna.
 
92. — Em quarto lugar — e para estender a idéia do mal a todos os males (n° 88) — Deus tira o bem de todos os males, tentações e tribulações.
 
Jesus não nos faz dizer: livrai-nos da tribulação, mas: livrai-nos do risco do mal que essas tribulações trazem.
 
Com efeito, as tribulações são dadas aos santos, para seu bem, para que mereçam a coroa da glória. Por isso, ao invez de pedir para serem liberados das tribulações, os santos fazem suas as palavras do Apóstolo: (Rm 5, 3) Não só nos gloriamos na esperança e na glória de Deus, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que as tribulações produzem a paciência. E repetem a oração de Tobias: (3, 13) Bendito seja o teu nome, ó Deus de nossos pais, que no tempo da aflição, perdoas os pecados aos que te invocam.
 
Assim Deus livra o homem do mal e da tribulação, transformando o mal em bem, o que é o sinal da maior sabedoria, pois, com efeito, pertence ao sábio ordenar o mal ao bem. Deus atinge este objetivo, dando ao homem paciência nas tribulações. As outras virtudes se servem dos bens, mas a paciência é a única que tira proveito dos males. São eles que a fazem necessária e é por isso que sua necessidade só aparece no meio dos males, isto é, nas adversidades. Lemos nos Provérbios: (19, 11) A sabedoria do homem conhece-se pela sua paciência, o que faz com que ordene o mal para o bem.
 
93. — É por isso que o Espírito Santo, pelo dom de Sabedoria, nos faz dirigir este pedido ao Pai. Graças a este dom, alcançaremos a bem-aventurança, para a qual nos ordena a paz. A paciência, com efeito, nos assegura a paz, na adversidade. E por isso os pacíficos são chamados filhos de Deus, pois, são semelhantes a Deus. A eles, como a Deus, nada pode perturbar, nem a prosperidade nem a adversidade. Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus. (Mt 5, 9).
 
94. — Amém é a reafirmação geral de todos os sete pedidos da Oração Dominical.
 
 

Resumo:

95. — Para se ter uma visão geral sobre a Oração Dominical, basta saber que contém tudo que devemos desejar e tudo de que é preciso fugir e evitar.
 
Ora, entre os bens desejáveis, o mais desejado é também o mais amado. Por isto, no nosso primeiro pedido: santificado seja o vosso nome, pedimos a glória de Deus.
 
De Deus esperais para vós mesmos, três bens.
 
O primeiro é a vida eterna que pedis, quando dizeis: venha a nós o Vosso reino.
 
O segundo é que façais a vontade de Deus e a sua justiça, e o pedis dizendo: seja feita a vossa vontade, assim na terra, como no céu.
 
O terceiro bem consiste em possuir as coisas necessárias para vossa vida, e as pedis assim: o pão nosso de cada dia nos dai hoje.
 
Destes três objetos de nossos desejos que são:
— o reino de Deus ou a vida eterna;
— a vontade de Deus e sua justiça;
 
 
— os bens necessários à vida desta terra, nos fala o Senhor dizendo: (Mt 6, 33):
buscai o reino de Deus
e sua justiça
e o resto vos será dado por acréscimo!
 
A isto correspondem exatamente os três objetos de nossos desejos, enumerados acima e solicitados no segundo, terceiro e quarto pedidos da Oração Dominical.
 
Dissemos também que o Pai nosso contém tudo de que devemos fugir e evitar. Precisamos fugir e evitar tudo que é contrário ao bem. O bem é aquilo que antes de mais nada desejamos. São quatro os bens que desejamos:
 
O primeiro é a glória de Deus. Bem ao qual nenhum mal se opõe. Diz-nos o livro de Jó: (35, 6) Se pecares em que prejudicarás a Deus? E se as tuas ofensas se multiplicarem, que farás tu contra Ele? Ademais, se agires como justo, que lhe darás? Com efeito, a glória de Deus resulta da punição do mal e da recompensa do bem.
 
O segundo bem, objeto de nossos desejos, é a vida eterna. Opõe-se ao pecado, porque, pelo pecado, perdemos a vida eterna. Também para afastar o pecado dizemos: Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores.
 
O terceiro bem consiste na justiça e nas boas obras. A tentação se opõe a uma e às outras, pois nos impede de realizar o bem. Para afastá-la, dizemos: e não nos deixeis cair em tentação.
 
O quarto bem são as coisas necessárias à nossa vida terrestre. E a estas são contrárias as adversidades e as tentações, por isso pedimos para removê-las: Livrai-nos do mal. AMÉM.

 

E não nos deixeis cair em tentação

76. — Há pecadores que desejam obter o perdão de seus pecados; confessam-se e fazem penitência, mas não se aplicam como devem, para não recaírem no pecado. São inconseqüentes consigo mesmos, pois choram e se arrependem de seus pecados, para em seguida caírem novamente nos mesmos pecados e assim acumularem motivo para lágrimas futuras. A propósito disto, diz o Senhor em Isaias: (1, 16) Lavai-vos, purificai-vos, tirai de diante de meus olhos a malignidade de vossos pensamentos: deixai de fazer o mal.
 
É por isso que Cristo, como dissemos, nos ensina, no pedido anterior, a implorar o perdão de nossos pecados e neste, a graça de evitar o pecado dizendo: e não nos deixeis cair em tentação, pois é verdadeiramente a tentação que nos induz ao pecado.

Perdoai as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores

64. — Encontramos homens de grande sabedoria e força, mas quem confia em sua própria força não trabalha com sabedoria nem conduz até o final aquilo que se propusera fazer. Parecem ignorar que os conselhos dão força às reflexões. Como ensinam os Provérbios (20, 18).

O Pão Nosso de cada dia nos dai hoje

53. — Muitas vezes, a grandeza da ciência e da sabedoria tornam o homem tímido, e então é preciso ter força no coração, para que o homem não desanime diante das necessidades.
 
O Senhor, diz Isaías (40, 29), dá força aos cansados e vigor aos que são fracos. E Ezequiel (2, 2) também diz: Entrou em,mim o Espírito, e me firmou sobre os meus pés.

Seja feita a Vossa Vontade assim na terra como no Céu

43. — O Espírito Santo produz em vós um terceiro dom, chamado dom de Ciência.
 
O Espírito Santo não produz nos bons somente o dom do Temor e o dom da Piedade que, como vimos atrás (n° 34), é um amor delicado por Deus. O Espírito Santo torna o homem sábio.

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