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Category: Dom Tissier de MalleraisConteúdo sindicalizado

A Eutanásia em questão

Dom Bernard Tissier de Mallerais

 

Nota da Permanência: No momento em que a Cultura da Morte se lança sobre mais uma vítima, convém conhecer o que a Igreja nos ensina acerca do problema da Eutanásia.

  

Os motivos invocados: da compaixão ao cinismo

O sentimento de pena por aqueles que não têm cura, no estágio das “dores terminais”, intoleráveis para ele e para mim, obrigam-me a abreviar os seus sofrimentos. Eu vou lhe aplicar uma injeção, como fazemos com os animais. Desse modo, não faço mais do que apressar uma morte absolutamente inevitável (cf. D. C. 1885, 1128).

A dignidade humana funda um “direito a morrer com dignidade”. Ora, os sofrimentos intoleráveis ou o estágio de inconsciência são indignos do homem. Eu tenho portanto o direito de preveni-los ou abreviá-los… (cf. L’Alsace 21.09.1984)

A liberdade, apanágio da pessoa humana, deve estender-se igualmente à “escolha da vida”, à “escolha da morte” (tema do Congresso de Nice, 21-23.09.1984 — organizado pela ADMD: Associação pelo Direito de uma Morte Digna). Eu afirmo minha liberdade ao não me deixar impôr pela natureza uma morte contrária ao meu alvitre. O suicídio de Henri de Montherlant, condenado pelo seus médicos, foi a morte de um homem livre! (Continue a ler)

Esto vir!

Dom Tissier de Mallerais

Após definir a fortaleza e mostrar em que consiste a disciplina, tratarei do papel da educação na aquisição dessas virtudes segundo Dom Lefebvre. Irei também considerar os defeitos e as virtudes ligadas à fortaleza e à disciplina. Isso nos fornecerá diretivas práticas segundo o modelo de um homem exemplar.

 

Definições de fortaleza

Disciplina é o controle de si, a ordem interior da alma e do corpo, que é a fonte da ordem exterior das coisas e dos homens. É fruto do dom de sabedoria (ordenar é próprio do sábio) e do dom de fortaleza ("sou mestre de mim mesmo e do universo", são as palavras que o dramaturgo Corneille põe na boca do Imperador Augusto).

Fortaleza, ou coragem, é uma das virtudes cardeais; é assistida pelo dom de fortaleza, um dos sete dons do Espírito Santo. O seu objeto é dominar o temor a fim de obter o bem difícil, seja na ordem temporal, como uma grande obra, uma vitória militar, ou na ordem espiritual, como a santidade e a salvação eterna.

 

O papel da educação e da escola na aquisição dessas virtudes

Essas virtudes e esses dons do Espírito Santo devem ser postos em prática desde a primeira infância, em casa ou na escola, para que sejam adquiridos de maneira estável.

O Marechal Foch, comandante supremo das forças aliadas na Primeira Guerra Mundial, via no infatigável trabalho do jovem a fonte do controle de si e da confiança, sobretudo na arte militar, que ele mesmo aprendeu na escola em Metz.

"Não creia em dons da natureza! Creia em trabalho duro!", exclamava a seus aspirantes. É pelo trabalho duro que se obtém conhecimento, e o conhecimento é o que constitui a dignidade do profissional e da sua habilidade. É o conhecimento, adquirido por meio da prática incansável, que o provê da confiança com que é capaz de tomar decisões sem ter de sempre recorrer a conselhos! Essa confiança estabelece o exercício da habilidade de decidir em meio às adversidades, e isso justamente é o que permite que confiemos nele.

O conhecimento adquirido por Foch foi o que lhe permitiu reagir imediatamente ao violento ataque inimigo nos terríveis dias da primavera de 1918: não se apavorou nem perdeu a cabeça, mas movimentou exércitos inteiros para preencher lacunas e contra-atacar com sucesso.

Dom Lefebvre vê a fonte da disciplina no espírito de sacrifício instilado na escola. Em 31 de março de 1982, numa escola, expressou-se deste modo:

"A escola católica", disse ele, "é a escola em que se aprende a disciplinar-se, em que se aprende o sacrifício, já que não se pode ser católico sem sacrifício. Por que sacrificar-se? Para encher-se da caridade e do amor.

"Fomos criados para amar a Deus, amar o próximo: isso é toda a lei de Deus. Não há outra lei. Toda a lei do Evangelho resume-se na caridade. Mas, para nos tornarmos caridosos, devemos nos sacrificar. Se não nos sacrificarmos, não nos devotaremos, não nos daremos.

"O egoísta, que pensa apenas em si mesmo, não é caridoso. Portanto numa escola católica deve-se aprender o sacrifício, a disciplina: a disciplina da inteligência, da vontade, do coração.

"Aprende-se a disciplinar a inteligência por meio do recebimento da verdade, da submissão à verdade ensinada. A verdade nos é ensinada desde cedo na infância até o último dia na escola. Assim se aprende a formar a inteligência conforme a verdade que nos ensina Nosso Senhor Jesus Cristo.

“Aprende-se também a formar a vontade, a discipliná-la. Todos temos defeitos, nascemos com o pecado original, e os efeitos dele permanecem em nós até a morte.

“Assim, temos de lutar contra as más tendências, os maus desejos em nós, e disciplinar a vontade, com a ajuda de Deus e da graça. É por isso que na escola há uma capela, que é o coração, o principal edifício. Tudo se orienta à capela, a Nosso Senhor Jesus Cristo: Ele é a nossa Verdade, a nossa força, o nosso amor.”

 

Defeitos adversos à fortaleza e à disciplina

Por falta de educação, de prática, de exercício, a fortaleza e a disciplina perdem lugar para a covardia e o desleixo, e em vez da coragem vê-se a fraqueza do apetite irascível. O apetite irascível é a paixão da alma, a paixão da parte sensível da alma humana. A paixão irascível deseja e busca o bem difícil, e o apetite concupiscível deseja o bem sensível e deleitável.

A falta do apetite irascível causa a pusilanimidade, a inconstância; também causa hesitação na inteligência, que, em vez de aplicar heroicamente os princípios, procura escapatórias, acordos, diante de um adversário ou de uma adversidade.

Em vez da disciplina, do controle de si, há a raiva (amiúde reação da fraqueza), desordem (na pessoa e nas coisas), e preguiça. O último, a preguiça, não consiste em não fazer nada, mas em preferir o trabalho menos útil ao mais útil e necessário.

Também aqui se vê o vestir desleixado ou o vestir contrário à modéstia corporal. Se compararmos o comportamento e o vestir dos rapazes em 1916 com o dos de 2016, notaremos a perda da virilidade, em apenas um século, da população inteira de um país, graças ao lento progresso de efeminação do comportamento e vestimenta dos rapazes.

 

Repercussão da força física na força da alma

É papel da família católica e da escola católica exercitar as crianças e os jovens na resistência física: através da fadiga, jejuns, vigílias, caminhadas etc.

Uma noite de oração ou uma hora de adoração noturna é excelente exercício de resistência física e piedade. A escola tem aulas semanais de educação física para ensinar os rapazes a ganhar flexibilidade e músculos. Sabe-se bem que a força e o tônus físicos são auxílio ao tônus moral.

O jovem Eugênio Pacelli, alto e magro, praticou exercícios físicos da infância até a adolescência, a fim de poder manter-se sempre ereto. Fazia equitação e tornou-se experiente e incansável cavaleiro nas suas corridas pelo interior romano. Em toda a sua vida, quando de pé, sentado, ou na sela, sempre se esforçou por manter-se impecavelmente aprumado com incansável disciplina corporal. Já como Papa Pio XII, nos visitantes inspirava de imediato respeito: "Só se podia aproximar de Pio XII com grande respeito", lembrava Dom Lefebvre.

 

A prática do controle de si e da ordem

O bom Pe. Barrielle, diretor espiritual do Seminário São Pio X em Écône, ensinou aos seminaristas princípios de ordem que lhes seriam muito úteis na direção de priorados, escolas e distritos. Ensinou as cinco regras do Fayolismo (do engenheiro Fayol, não do General Fayolle, que foi derrotado em 1917), que são, conforme o mesmo padre:

Planejar com antecedência: os objetivos e os meios: lugar, tempo, coisas, atribuições das pessoas. Organizar: as etapas, os gerentes, as reuniões preparatórias. Comandar: tomar decisões, organizar as pessoas com precisão. Controlar: as coisas, as pessoas, lembrá-los dos seus deveres. Trabalho de gabinete: escritos, telefone, arquivos.

Agora um exemplo tirado de Dom Lefebvre. Tão logo retornou de uma viagem, leva a bagagem ao quarto e vai direto à capela rezar o terço em comunidade, embora já tivesse rezado quinze dezenas com o motorista — "os deveres em comunidade têm precedência". Após a refeição, desfaz as malas, e leva a roupa suja à lavanderia. No dia seguinte, abre a abundante correspondência e, com bela e constante caligrafia, responde a cada carta com uma palavra cordial, mesmo que uma delas estivesse cheia de insultos.

À noite, dá conferência espiritual aos seminaristas. Espera ao pé da plataforma até o horário exato. Após o Veni Sancte Spiritus, senta-se com os pés juntos, sem nunca acostar-se. Descansa os pulsos na beirada da mesa e fala (às vezes sorrindo, às vezes sério quando há reprimendas a fazer) com a sua pequena, modesta, mas distinta voz.

Sua batina é simples, não se percebem os botões, amarrada na cintura com a modesta faixa espiritana, e os sapatos esmeradamente polidos.

É o exterior e o comportamento de um modesto sacerdote, de um respeitado e amado líder, que, sem ostentação, é um exemplo de ordem e controle de si para os seus filhos, membros da sua Fraternidade Sacerdotal São Pio X.

De onde recebeu tal disciplina, tal força interior? Certamente da sua família, do pai, que foi chefe de uma indústria; mas também do Pe. Henri Le Floch, reitor do seminário em Roma; e finalmente do noviciado espiritano. Foi bem ensinado, e se manteve homem forte, vir fortis, cuja mansidão conquistou a sua própria alma e a alma dos outros. "Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra." Dito de outra forma, nas palavras de Dom Delatte: "Terram quam terunt, terram quam gerunt, terram quam sunt — terra que pisam, terra que mandam (seus subordinados), terra que são (suas almas)”.

(The Angelus, september 2016 )

Romanos até o pescoço

Entrevista com Dom Bernard Tissier de Mallerais feita pela revista norte-americana The Angelus.

 

The Angelus: Sua Excelência, como o senhor entende o termo romanità?

Dom Tissier: A palavra traz consigo a idéia da Roma cristã, ainda que não exclua a da Roma pagã, que estabeleceu a unidade da futura Cristandade por meio da língua latina e da organização da Roma imperial; afinal, os primeiros príncipes cristãos foram imperadores romanos. É por isso que não negligenciamos a Roma pagã ou mesmo os autores latinos pagãos em nossos estudos. É um fato que a Providência tenha querido que a Roma pagã tenha se tornado cristã, e esta é a transformação que celebramos com a Festa de São Pedro em 29 de junho. É o que o Papa São Leão Magno expressou nesta bela passagem na qual enaltece a conversão de Roma: “e tu, que eras mestra do erro, te tornaste discípula da verdade.”

 

The Angelus: O senhor está sugerindo primeiro uma Roma pagã e então...?

Dom Tissier: Então Roma se tornou a Roma dos Papas. Uma vez que os imperadores se transferiram para Bizâncio, Roma tornou-se inteiramente a Roma dos Papas, juntamente com os Estados Papais. Seria Roma, por meio dos Papas, que iria iluminar a Cristandade e organizá-la contra seus inimigos.

 

The Angelus: Quais foram as circunstâncias que levaram Marcel Lefebvre a descobrir Roma?

Dom Tissier: O jovem Marcel foi enviado a Roma por seu pai, o Sr. Lefebvre, uma vez que seu irmão René já estava no Seminário Francês de Roma, então sob a direção do padre Le Floch, a quem seu pai tinha em alta conta. O Sr. Lefebvre obrigou o seu filho a ir para lá: “Você vai para Roma, sem discussões. Não há como ficar na diocese de Lille, onde já existem influências liberais, modernistas. Em Roma, você estará sob a direção do padre Le Floch”, a quem ele via como um diretor que transmitiria a doutrina dos papas.

 

The Angelus: O que a romanità significava para o jovem seminarista?

Dom Tissier: Para ele, significava a continuidade da doutrina papal. Assim, por exemplo, durante as refeições no seminário, por ordem do padre Le Floch, as encíclicas papais sobre os tópicos importantes da política cristã eram lidas em voz alta. E o próprio padre Le Floch dava aulas sobre as encíclicas papais dos últimos dois séculos, começando com aquelas dos papas que condenaram a Maçonaria até a Revolução Francesa. Os Papas Pio VI e Pio VII foram suas vítimas. Pio VI viria a condenar os princípios da Revolução. Pio VII viria a assinar a Concordata com Napoleão como que para reviver a Igreja na França. Havia também a carta encíclica de Pio VII ao bispo de Troyes, lamentando que Luís XVIII tivesse reconhecido a Religião católica não como a religião do reino, mas apenas como aquela da maioria dos franceses. Já se tratava da apostasia de um líder de um Estado católico. Então vinham as grandes encíclicas de Gregório XVI, Pio IX, Leão XIII, São Pio X e Pio XI, todas as quais, numa admirável continuidade, condenavam os erros liberais na política e ensinavam a doutrina do reinado social e político de Cristo Rei.

 

The Angelus: Seria correto dizer que Dom Lefebvre não teria sido o bispo tradicionalista que conhecemos se ele não tivesse estudado no Seminário Francês de Roma?

Dom Tissier: Bem correto, ainda que a expressão “bispo tradicionalista” não fosse a sua linguagem. Ele dizia a nós seminaristas: “Minha vida foi completamente transformada por minha estadia em Roma. Se eu não tivesse freqüentado o seminário em Roma, teria me tornado um simples padre diocesano sem a herança de São Pio X, que recebi em Roma dos padres Le Floch, Voegtli, Le Rohellec, Frey e Haegy.” Esses cinco professores transmitiram-lhe o espírito de São Pio X. Quando ele chegou em Roma pela primeira vez, o odor de santidade, as virtudes e a doutrina de São Pio X ainda estavam no ar, porque este havia morrido há apenas nove anos. A vida de Dom Lefebvre foi completamente transformada em virtude da graça de ter vivido em Roma.

 

The Angelus: Essa graça foi uma iluminação? Uma convicção? A visão idílica da Igreja em sua essência?

Dom Tissier: O arcebispo nos contava que durante seus dias de escola havia sido bem liberal. Eles pensavam que a separação entre Igreja e Estado era uma coisa boa — não em sua família! Ainda assim, na escola ele não havia aprendido os princípios da Cidade Católica. Foi em Roma que aprendeu que o Estado deve professar publicamente a Religião católica e defendê-la. Então, ao ir para o seminário, passou por uma conversão intelectual sobre a qual freqüentemente falava conosco. Dizia: “Fiquei muito feliz por ter me dado conta de que estava errado ao pensar que a separação entre Igreja e Estado era uma coisa boa. Eu era um liberal!” Quando ouvíamos isso de sua própria boca, ríamos e batíamos palmas; apesar de ser um pouco preocupante, porque diziam que “uma vez liberal, sempre liberal” — talvez o arcebispo tivesse mantido alguns vestígios de liberalismo. Mas nós não pensávamos isso dele.

 

The Angelus: Como Dom Lefebvre pretendia instilar esse apego a Roma, esse espírito romano, em seus seminaristas?

Dom Tissier: Uma vez que a Fraternidade foi fundada, primeiramente em Friburgo e depois em Ecône, a primeira coisa que ele quis fazer foi inaugurar um ano de espiritualidade, que ele não havia recebido em Roma, mas que depois tinha experimentado no noviciado dos Padres do Espírito Santo em Orly. No currículo havia um curso especial intitulado “Os Atos do Magistério”. Esse curso motivava a reflexão sobre os erros modernos e o engajamento na batalha contra eles. O objetivo era alistar os seminaristas, por assim dizer, no combate dos papas contra o liberalismo e o modernismo.

    Mas alguns de seus colegas no noviciado realmente não alcançavam o propósito do curso. Para eles, era uma questão de discussão, enfrentamento e vitória intelectual sobre o liberalismo e o modernismo. Mas aquela não era a idéia do arcebispo. Para ele, era uma questão de compreender o espírito com o qual os papas haviam condenado os erros. E esse espírito era o espírito de Nosso Senhor Jesus Cristo. Dom Lefebvre sempre conectava o combate intelectual contra os erros com o combate sobrenatural no nível da graça e, portanto, com Cristo Rei. Tinha sido pelo reinado de Cristo Rei que todos aqueles papas condenaram o modernismo. Então, não se tratava simplesmente de um curso sobre os erros modernos, mas de um comentário sobre os próprios textos das encíclicas dos romanos pontífices sobre esses grandes temas. Porque, apesar de algumas fraquezas em suas políticas, a doutrina desses papas era absolutamente esplêndida e em perfeita continuidade com o constante ensinamento da Igreja.

 

The Angelus: Roma é a sé do sucessor de São Pedro. Quando a suprema autoridade docente pronuncia algo tão seriamente como nessas encíclicas...

Dom Tissier: Em princípio, é a verdade! Mesmo que todos esses escritos pontifícios não fossem infalíveis, ainda assim o ensinamento do papa era obedecido, recebido com piedade e devoção, com obediência. Mas tenhamos cuidado! Para Dom Lefebvre, a romanità não é meramente: “O Papa falou numa encíclica, então é preciso seguir e obedecer.” A romanità é uma tradição. Uma ruptura seria o fim da romanità. Nesse sentido, o Concílio Vaticano II foi a morte da romanità. Por isso a morte prematura de dois excelentes padres e teólogos romanos: Mons. Joseph Clifford Fenton, que havia lutado por anos e anos contra os teólogos modernos na década de 1950 na revista American Ecclesiastical Review e escrito seu explosivo diário manuscrito dos quatro anos do Concílio; e padre Alain Berto, um colega de classe de Dom Lefebvre no Seminário Francês de Roma, que havia sido secretário do Coetus durante o Concílio. Ambos não conseguiram aguentar a morte da romanità.

 

The Angelus: A Fraternidade tem uma casa em Albano, perto de Roma. Como isso veio a acontecer?

Dom Tissier: Dom Lefebvre comprou a propriedade em Albano, que estava esperando por ele e caiu em suas mãos graças a uma doação inesperada. Na noite de sua primeira visita a Albano ele lamentava não ter dinheiro suficiente para a compra. Seu chofer, Rémy Borgeat, lhe disse: “Monseigneur, vá em frente e compre! Preencha o cheque e deixe que São José o assine.” E eis que um benfeitor o convida para jantar, e ele tinha o milhão e meio necessário para comprar a propriedade.

 

The Angelus: Qual era sua intenção de uso para a propriedade de Albano?

Dom Tissier: O que ele queria fazer com ela? Ele queira que a Fraternidade Sacerdotal São Pio X tivesse uma presença em Roma, da mesma forma que a Congregação do Espírito Santo tinha. Ele queria proporcionar um ano romano para todos os seus padres. Os padres, após sua ordenação, iriam a Albano para absorver o espírito romano. Eles teriam aulas sobre Roma, sobre o espírito romano, sobre a arqueologia e a história de Roma. E visitariam os monumentos, as igrejas, as relíquias e os papas em Roma.

 

The Angelus: Então os padres da Fraternidade não são antipapais e sedevacantistas?

Dom Tissier: Longe disso! É justamente o contrário. Dom Lefebvre tinha uma grande devoção pelos papas, mesmo por Pio XI, que havia condenado a Action Française. Mesmo por Paulo VI, o papa da Missa Nova, que suspendeu Dom Lefebvre, o arcebispo tinha um grande respeito.

 

The Angelus: O que de fato foi feito de Albano?

Dom Tissier: O ano dos padres só existiu mesmo por alguns meses. Em 1976, um pequeno grupo de padres, do qual eu não tive a boa sorte de participar, passou seis meses lá e depois foram enviados para seus ministérios. No fim, o ano dos padres acabou não se efetivando. Em seu lugar, nós tivemos um mês em Roma. Os seminaristas da teologia passariam um mês inteiro em Albano e todos os dias visitariam Roma.

 

The Angelus: Houve também um seminário estabelecido lá por um tempo, não foi?

Dom Tissier: Ah, sim! Eu havia esquecido! Entre 1978 e 1982, sob a direção do padre Bonneterre, havia dois anos de filosofia em Roma entre o ano de espiritualidade e a teologia em Ecône. Foi muito recompensante para eles.

 

The Angelus: O mês romano foi benéfico?

Dom Tissier: Eu fiz o meu e tenho memórias muito boas dele. Ficávamos hospedados em Albano e levantávamos todas as manhãs para sair, mas não muito cedo. (Os alemães, mais enérgicos, levantavam uma hora antes de nós.) Nós, franceses, levávamos as coisas com mais leveza; íamos de trem até a Estação Termini e então seguíamos para visitar as grandes basílicas romanas. Visitamos muitas igrejas praticamente desconhecidas com o padre Boivin, para os franceses, e com o padre Klaus Wodsack, para os alemães. Obviamente não seguíamos os mesmos itinerários, já que não tínhamos os mesmos interesses. Para o padre Wodsack, o objetivo era mostrar a influência dos imperadores do Sacro Império Romano, e para o padre Boivin, era mostrar o papel dos reis da França.

 

The Angelus: Os seminaristas obtiveram algum benefício?

Dom Tissier: Sim, de fato. Agora nossos jovens padres são capazes de liderar nossos fiéis na peregrinação a Roma e passar para eles algo do espírito romano — a romanità.

A Igreja conciliar subsiste

Como tantas vezes já denunciamos, o Concílio Vaticano II fundou uma nova religião, tendo como base um credo ecumenista, que admite e exige dos seus membros o pluralismo religioso, em nome do Homem, que foi colocado como o deus de um novo mundo.

Gustavo Corção nos deu a chave do mistério que envolve essa nova Igreja humanista, quando propos que uma mesma hierarquia governa as duas Igrejas, a Católica e a Igreja ecumênica de Vaticano II.

Essa nova religião foi chamada, pelo Card. Benelli, de Igreja conciliar, oposta em tudo à Igreja Católica; tanto na sua doutrina que é modernista, como no novo Direito Canônico, na nova Biblia, nos seus ritos sacramentais, sobretudo na Missa Nova.

O artigo que leremos agora nos ajuda a não termos escrúpulos por causa da marginalidade que os chefes dessa nova Igreja nos impõe. Ele foi publicado na Revista Le Sel de la Terre, nº 85, 2013.  [Nota da Editora Permanência]

A IGREJA CONCILIAR SUBSISTE

Dom Bernard Tissier de Mallerais,  FSSPX

A Igreja conciliar, que está destinada a se auto demolir, faz um grande esforço para subsistir.  Em que consiste a sua tenacidade? Consiste em que a sua hierarquia usa de todo o poder da hierarquia católica que ocupa, detém e desvia.  Leia a continuação.

A Legitimidade e o Estatuto dos nossos Tribunais

Diante dos ataques injustos e absurdos que a Fraternidade São Pio X tem recebido em certos meios, publicamos já há algum tempo, dois artigos explicando porque a existência de tribunais para julgar casos de nulidade de casamento não constitui usurpação de direitos ou ato cismático. Acreditamos que esses dois artigos são suficientes para esclarecer as almas que não se movam pela má-fé. Porém, para os que têm capacidades teológicas mais apuradas, publicamos hoje esta conferência de dom Tissier de Mallerais que analisa os detalhes canônicos de tais tribunais.

Sugerimos a prévia leitura da Encíclica de Pio XI sobre o matrimônio católico, Casti Conubii, de Pio XI

A Legitimidade e o Status dos nossos Tribunais

Dom Bernard Tissier de Mallerais, FSSPX

Conferência dada em 25 de Agosto de 1998
no Seminário de Direito Canônico em Ecône, Suiça.

LEIA A CONTINUAÇÃO

Sermão de D. Tissier de Mallerais

O sermão transcrito abaixo foi dado em Ecône, no dia 27 de junho de 2002.  De grande força doutrinária, estas palavras tiram as consequências dolorosas mas reais de toda a destruição operada pelo Concílio Vaticano II, não somente nos atos e costumes da Igreja oficial, mas também nas mentalidades, nos corações de milhões de católicos espalhados pelo mundo e vivendo dentro dessas heresias e desses erros terríveis e acreditando que se deve obedecer a tais chefes.

Arcebispo de ferro, arcebispo de lã

A VIDA E A PERSONALIDADE DE MONS. MARCEL LEFEBVRE

 

Por Dom Bernard Tissier de Mallerais

 

A conferência que transcrevemos a seguir foi dada por Dom Bernard Tissier de Mallerais, um dos quatro bispos da Fraternidade S. Pio X, quando de sua passagem pela nossa Capela de N. Sra da Conceição, em Niterói, R.J., em dezembro de 2003. Dom Tissier é autor da mais completa biografia da vida de Dom Marcel Lefebvre, que foi editada em 2002 pelas Edições Clovis (França), contendo mais de 700 páginas

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