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A Igreja conciliar subsiste

Como tantas vezes já denunciamos, o Concílio Vaticano II fundou uma nova religião, tendo como base um credo ecumenista, que admite e exige dos seus membros o pluralismo religioso, em nome do Homem, que foi colocado como o deus de um novo mundo.

Gustavo Corção nos deu a chave do mistério que envolve essa nova Igreja humanista, quando propos que uma mesma hierarquia governa as duas Igrejas, a Católica e a Igreja ecumênica de Vaticano II.

Essa nova religião foi chamada, pelo Card. Benelli, de Igreja conciliar, oposta em tudo à Igreja Católica; tanto na sua doutrina que é modernista, como no novo Direito Canônico, na nova Biblia, nos seus ritos sacramentais, sobretudo na Missa Nova.

O artigo que leremos agora nos ajuda a não termos escrúpulos por causa da marginalidade que os chefes dessa nova Igreja nos impõe. Ele foi publicado na Revista Le Sel de la Terre, nº 85, 2013.  [Nota da Editora Permanência]

A IGREJA CONCILIAR SUBSISTE

Dom Bernard Tissier de Mallerais,  FSSPX

A Igreja conciliar, que está destinada a se auto demolir, faz um grande esforço para subsistir.  Em que consiste a sua tenacidade? Consiste em que a sua hierarquia usa de todo o poder da hierarquia católica que ocupa, detém e desvia.  Leia a continuação.

Desde a instauração da missa de Paulo VI, essa hierarquia perseguiu, continuamente, os sacerdotes fieis à missa verdadeira, ao catecismo verdadeiro, à verdadeira disciplina sacramental, e também perseguiu os religiosos fieis à sua Regra e a seus votos. Vários são os sacerdotes que morreram de desgosto por dever – por obediência, acreditavam eles – adotar os novos ritos e usos. Vários também foram aqueles que morreram no ostracismo, pressionados canônica e psicologicamente, porém felizes em dar um testemunho inflexível do rito católico, da fé íntegra e de Cristo-Rei. As ameaças, o medo, as censuras e outras punições não os abalaram. Contudo, é triste constatar quantos são aqueles que cederam a esses métodos de violência, à chantagem da « desobediência » e da destituição exercida por seus superiores.

E nisso colocamos o dedo na ferida da malícia liberal desses superiores : Não se diz, com toda razão, que não há alguém mais sectário que um liberal ?   Não tendo princípios para fazer com que a ordem reine, fazem com que reine um regime de submissão pelo terror.

A malícia da hierarquia conciliar é rematada pelo uso que faz da mentira e do equívoco. Assim, o Motu Proprio do Papa Bento XVI, ao ter dito que a missa tradicional nunca tinha sido suprimida e que sua celebração é livre,  amarrou essa liberdade algumas condições que lhe são contrárias, chegando até o cúmulo de chamar a missa autêntica e a sua falsificação modernista, respectivamente, de «forma extraordinária e forma ordinária de um mesmo rito romano»....

A mentira prossegue com o suposto «perdão» das pseudoexcomunhões dos quatro bispos sagrados por Dom Marcel Lefebvre em 1988, como se elas tivessem acontecido validamente.

Todavia, por impressionante contraste, a hierarquia conciliar nunca foi capaz de fazer com que o quinto mandamento de Deus – Não matarás – fosse respeitado. Os bispos já quase não o ensinam, e com isso, os países outrora católicos são aqueles mesmos onde o aborto está mais em voga.

A encíclica Humanae vitae, do papa Paulo VI, foi quase ocultada pelos Bispos, acarretando o uso frequente da pílula anticoncepcional pela maioria das moças e das mulheres católicas. Os costumes imundos do mundo atual são apenas o  transbordamento do vício ao qual a hierarquia conciliar não soube opor nenhum obstáculo. 

Essa Igreja conciliar atrai para sua pseudocomunhão uma massa de cristãos que, na realidade, vivem no pecado e no paganismo prático.    

Não pertencer à Igreja conciliar é  uma graça de Deus e um testemunho providencial

Bem-aventurados aqueles que não estão nessa «comunhão de profanos», que providencialmente são excluídos ou ameaçados de serem excluídos! Feliz marginalização e feliz abandono! A vocação da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, desde sua fundação pela Igreja Católica, em 1970, e do decreto romano de louvor que a honrou em 1971, nunca foi a de receber as bênçãos e os reconhecimentos dessa Igreja conciliar! Era, sem dúvida, necessário que essa sociedade sacerdotal, com toda a família da Tradição, fosse como a tocha acesa e que não é colocada debaixo do alqueire conciliar; mas sim sobre o candeeiro mais visível, a fim de que ilumine a todos aqueles que estão na casa de Deus. Era provavelmente preferível, segundo os caminhos da Providência, que essa parte sã da Igreja Católica, tendo se tornado, como o Divino Mestre, pedra de escândalo, pedra rejeitada pelos construtores da «dissociedade» eclesial conciliar, se tornasse a pedra angular da catedral católica indestrutível. Nosso testemunho inflexível em relação à verdadeira Igreja de Cristo, ao sacerdócio e à Realeza do Cristo Sacerdote e Rei exige, com certeza, da parte da Igreja conciliar, a exclusão e o ostracismo pronunciados contra nós e contra o que nós representamos. Mas, como São José indo para o seu exílio egípcio carregava o Menino Jesus e Sua Santíssima Mãe, que constituíam o germe da Igreja Católica, assim, em seu exílio, a família da Tradição carrega em si a Igreja Católica, sem ter, com certeza, a exclusividade dessa gloriosa função - mas tendo a coluna e o coração, íntegra e incorrupta. Portanto, essa família carrega também em si o Pontífice Romano; nela, o sucessor de Pedro conseguirá se libertar, um dia, do longo cativeiro, e sairá de todas as suas ilusões, para proclamar como antes fez o primeiro Papa, em Cesareia de Filipo, ao seu Mestre: “Tu es Christus, Filius Dei vivi!” (Mt 16,16).

Assim sendo, se nós formos uns complicados, lamentaremos estar privados da comunhão conciliar ou de sua aparência de comunhão eclesial, e estaremos sem cessar inquietos e infelizes, em busca de uma solução. Se, ao contrário, tivermos uma fé e simplicidade de criança, procuraremos simplesmente qual é o testemunho que devemos dar da fé católica. E o encontraremos: é, primeiro, o testemunho de nossa existência, de nossa permanência, de nossa estabilidade, junto com o de nossa profissão de fé católica íntegra e o de nossa rejeição dos erros e das reformas conciliares. Um testemunho é sempre absoluto. Se dou testemunho da missa católica, do Cristo-Rei, é necessário que eu me abstenha das missas e das doutrinas conciliares. É como o dilema do oferecimento do grãozinho de incenso aos ídolos, pedido aos réus católicos pelos tribunais pagãos: é um único grão ou absolutamente nenhum. Então, para nós, «é absolutamente nenhum»! E, depois, esse testemunho é também sofrer a perseguição -  é normal que venha da parte dos inimigos dessa fé íntegra, que desejam derrotar nossa oposição radical à nova religião. E digo sofrer, mas sofrer tanto tempo quanto Deus permita que eles perseverem nos seus desígnios maliciosos! Não foi Deus mesmo quem colocou essa inimizade entre a descendência do demônio e os filhos de Maria? Inimicitas ponam! (Gn 3,15).

Portanto, quando, no recolhimento da oração, percebemos essa vocação própria que é a nossa, adaptada por Deus à atual crise, consentimos em perfeita retidão e em grande paz: retidão incapaz de ter qualquer cumplicidade com o inimigo; paz sem amargura.  Corremos até essa vocação, nós nos lançamos nela e dizemos, como Santa Teresinha do Menino Jesus: «Na Igreja minha Mãe, encontrei a minha vocação!» E pedimos a essa santa magnânima: «Obtende-nos a graça de ter dentro da Igreja e para a Igreja uma alma de mártir ou, pelo menos, de confessor da Fé»!  

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