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Category: Santo Tomás de AquinoConteúdo sindicalizado

Art. 4 — Se a circuncisão conferia a graça justificante.

O quarto discute-se assim. — Parece que a circuncisão não conferia a graça justificante.
 
1. — Pois, diz o Apóstolo: Se a justiça é pela lei, segue-se que morreu Cristo em vão, isto é, sem causa. Ora, a circuncisão era uma obrigação da lei a ser cumprida, segundo àquilo do Apóstolo: Protesto a todo o homem que se circuncida, que está obrigado a guardar toda a lei. Logo, se a justiça é pela circuncisão, Cristo morreu em vão, isto é, sem causa. Ora, isto é inadmissível. Portan­to, a circuncisão não conferia a graça justificativa do pecado.
 
2. Demais. — Antes da instituição da circuncisão, só a fé bastava para justificar. Assim, diz Gregório: O efeito que para nós produz a água do batismo, entre os antigos produzia para as crianças, por si só a fé. Ora, a virtude da fé não sofreu nenhum detrimento pelo mandamen­to da circuncisão. Logo, a fé só por si justifi­cava as crianças, e não a circuncisão.
 
3. Demais. — A Escritura diz que o povo nascido no deserto durante quarenta anos estava por circuncidar. Se, portanto a circuncisão tira­va o pecado original, parece que todos os mortos no deserto, tanto crianças como adultos, se condenaram. E o mesmo se deve objetar das crian­ças que morriam antes do oitavo dia da circuncisão, que não devia ser avançado, como se disse.
 
4. Demais. — Nada, a não ser o pecado, impede a entrada no reino celeste. Ora, os circuncisos antes da paixão de Cristo estavam impedidos de entrar no reino celeste. Logo, pela circuncisão os homens não eram justificados do pecado.
 
5. Demais. — O pecado original não é perdoado sem o atual, porque é ímpio esperar de Deus meio perdão, no dizer de Agostinho. Ora, em nenhum lugar se lê que pela circuncisão e remitisse o pecado atual. Logo, também não era perdoado por ela o original.
 
Mas, em contrário, Agostinho: Desde que a circuncisão foi instituída no povo de Deus, como o sinal da justiça pela fé, era capaz de purificar as crianças do pecado original e antigo, assim como também o batismo começou a ter o poder de renovar o homem desde o tempo em que foi instituído.
 
SOLUÇÃO. — É opinião comum de todos que na circuncisão é perdoado o pecado original. Certos porém, disseram que não conferia a graça, só remitia o pecado. E essa é a opinião do Mestre das Sentenças e da Glosa.- Mas é inad­missível, porque a culpa não se perdoa senão pela graça, conforme àquilo do Apóstolo: Justificados gratuitamente por sua graça, etc. Por isso outros opinaram que pela circunci­são era conferida a graça, quanto ao efeito da remissão da culpa, mas não quanto aos efeitos positivos. A fim de não serem obrigadas a dizer que a graça conferida na circuncisão bastava para fazer cumprir as disposições da lei, sendo assim supérfluo o advento de Cristo. - Mas tam­bém esta posição não pode manter-se. Primeiro, porque pela circuncisão era dada às crianças a faculdade de, a seu tempo, chegarem a glória, efeito último positivo da graça, segundo, por­que, na ordem da causa formal os efeitos posi­tivos têm naturalmente prioridade sobre os privativos, embora se dê o inverso na ordem da causa material; pois, a forma não exclui a privação, senão informando o sujeito.
 
E por isso outros disseram, que na circun­cisão era conferida a graça, mesmo quanto um certo efeito positivo - o de tornar digno da vida eterna; mas não quanto a todos os efeitos, por­que não bastava a reprimir o estímulo da concupiscência sem a fazer observar as disposi­ções da lei. - Opinião essa que outrora foi à minha. — Mas quem refletir mais acuradamente verá que não é verdadeira. Porque com uma graça mínima podemos resistir a qualquer concupiscência e evitar todo pecado mortal, Cometido em transgressão dos mandamentos da lei; pois, uma caridade mínima tem mais amor a Deus que a cobiça aos milhões de ouro e de prata.
 
Portanto, devemos concluir que na circuncisão era conferida a graça com todos os seus efeitos, mas de modo diferente por que o faz o batismo. Pois, este confere a graça por virtude própria, que tem enquanto instrumento da Paixão já consumada. Ao passo que a circunci­são a conferia enquanto sinal da fé na Paixão futura de Cristo; de modo que quem recebia a circuncisão professava tal fé, se era adulto, por si mesmo, e se criança, outro por ela. Por isso diz o Apóstolo: Abraão recebeu o sinal da circuncisão como selo da justiça da fé. Porque a justiça vem da fé significada; e não da circun­cisão significante. E como o batismo obra como instrumento em virtude da paixão de Cristo, e não a circuncisão, por isso o batismo imprime o caráter que nos incorpora com Cristo, con­ferindo mais copiosas graças que a circuncisão. Pois, a realidade presente é mais eficaz que a simplesmente esperada.
 
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — A objeção procederia se a justiça proviesse da circuncisão de modo diferente que pela fé na paixão de Cristo.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. — Assim como antes da instituição da circuncisão a fé no Cristo futuro justificava tanto os adultos como as crianças, assim também depois de ter sido ela dada. Mas antes não era necessário nenhum sinal mani­festativo dessa fé, porque os homens fiéis, sepa­radamente dos infiéis, ainda não tinham come­çado a unar-se no culto do Deus único. É contudo provável que os pais fiéis faziam deter­minadas preces a Deus pelos seus recém-nasci­dos, sobretudo quando em perigo de morte, ou lhes davam alguma bênção, que era um como sinal da fé; assim como os adultos ofereciam por si mesmos preces e sacrifícios.
 
RESPOSTA À TERCEIRA. — O povo no deserto, deixando de cumprir o mandamento da circun­cisão, estava escusado quer por não saber quan­do devia levantar o acampamento, quer porque, como Diz Damasceno, não lhes era necessário trazer nenhum sinal distintivo, por habitarem separados dos outros povos. E contudo como diz Agostinho, incorriam em desobediência os que por desprezo o preteriam. — Parece porém que ninguém morreu incircunciso no deserto; pois, como diz a Escritura, não havia enfermos nas tribos deles. E parece só terem morrido no de­serto os circuncisos no Egito. Se porém alguns incircuncisos morreram, com eles passou o mes­mo que com os mortos antes da instituição da circuncisão. O que também se deve entender das crianças mortas antes do oitavo dia, na vigência da lei.
 
RESPOSTA À QUARTA. — A circuncisão delia o pecado original nas suas conseqüências pessoais; permanecia porém o impedimento de entrar no reino dos céus, inerente à natureza pecadora, impedimento esse que foi removido pela paixão de Cristo. Por isso também o batismo, antes da paixão de Cristo, não introduzia no reino. Mas a circuncisão o fazia se tivesse tido lugar depois da paixão de Cristo.
 
RESPOSTA À QUINTA. — Os adultos quando circuncisos alcançavam a remissão não só do pecado original, mas também dos pecados atuais. Não de modo porém que fossem libe­rados totalmente do reato da pena, como se dá com o batismo, que confere graças mais copiosas.

Art. 3 — Se o rito da circuncisão era como devia ser.

O terceiro discute-se assim. — Parece que o rito da circuncisão não era como devia ser.
 
1. — Pois, a circuncisão, como se disse, é uma profissão de fé. Ora, a fé emana da faculdade cognitiva, cujas operações têm na cabeça a sua sede principal. Logo, o sinal da circuncisão devia ser feito antes na cabeça que no membro da geração.
 
2. Demais. Para o uso dos sacramentos buscamos as matérias de emprego mais comum; assim, a água, para lavar, e o pão, para nutrir. Ora, para cortar usamos mais comumente de uma faca de ferro do que de pedra. Logo, a circun­cisão não devia ser feita com faca de pedra.
 
3. Demais. — Assim como o batismo foi instituído como remédio do pecado original, assim também a circuncisão, como o diz Beda. Ora, atualmente o batismo não é diferido até o oitavo dia a fim de as crianças não correrem o risco da danação, por causa do pecado original, se morrerem sem batismo. Logo, não se devia determinar o oitavo dia para a circuncisão, mas devia ser às vezes avançada, assim como outras vezes era retardada.
 
Mas, em contrário, àquilo do Apóstolo - E recebeu o sinal da circuncisão - A Glosa deter­mina o referido rito da circuncisão.
 
SOLUÇÃO. — Como dissemos, a circuncisão é sinal da fé instituído por Deus, cuja sabedoria não tem termo. Ora, determinar os sinais conve­nientes é obra da sabedoria. Por onde, deve-se concluir que o rito da circuncisão era o que devia ser.
 
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — A circuncisão devia ser feita no membro da gera­ção. - Primeiro, por ser o sinal da fé, pela qual Abraão creu em Cristo, que havia de nascer da sua raça. - Segundo, porque era remédio do pe­cado original, que se transmite pelo ato da gera­ção. - Terceiro, porque tinha por fim diminuir a concupiscência da carne, que sobretudo por esses membros se exerce, por causa da intensidade do prazer venéreo.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. — A faca de pedra não era de necessidade imprescindível na circuncisão. Por isso nenhum preceito divino impõe o uso desse instrumento; nem comumente dele usavam outrora os judeus para circuncidar, nem o usam agora. Mas, a Escritura refere que certas cir­cuncisões famosas foram feitas com faca de pedra. Assim, conta que Séfora tomou uma pe­dra agudíssima e circuncidou o prepúcio de seu filho. E noutro lugar diz: Faze uns canivetes de pedra e circunda segunda vez aos Filhos de Israel. O que figurava a circuncisão espiritual que Cristo viria fazer e da qual diz o Apóstolo: A pedra porem era Cristo.
 
RESPOSTA À TERCEIRA. — O oitavo dia era o determinado para a circuncisão, quer num sen­tido místico, pois, na oitava idade, que será a dos ressurrectos. Cristo acabará a circuncisão espiritual, como se fosse no oitavo dia, quando tirará aos eleitos, não só a culpa, mas também toda penalidade. Quer também por causa da fragilidade da criança antes do oitavo dia. Por isso, também em relação aos animais determina a Escritura: Quando nascer um boi ou uma ove­lha ou uma cabra, estarão sete dias mamando debaixo de suas mães, mas ao oitavo dia e daí por diante se poderão oferecer ao Senhor. Outrossim, o oitavo dia era de necessidade de preceito, de modo que os que o preteriam peca­vam, mesmo se fosse um sábado segundo àquilo da Escritura: Recebe um homem a circuncisão em dia de sábado, por não se violar a lei de Moi­sés. Mas não era isso necessário para o sacra­mento ser válido, pois, os que preteririam o oita­vo dia podiam circuncidar-se depois.
 
Mas certos dizem quem em perigo iminente de morte poderia o oitavo dia ser avançado. Essa opinião porém não pode fundar-se nem na autoridade da Escritura nem no costume dos judeus. Por isso devemos pensar, e melhor, como o diz também Hugo Vitoríno, que o oitavo dia não podia ser avançado sob nenhuma necessi­dade. Por isso, àquilo da Escritura. - Eu era unigénito diante de minha mãe, diz a Glosa que o outro filho de Bersabé não é contado porque, morto antes do oitavo dia, ainda não tinha rece­bido nome e, por consequência, não tinha sido circuncidado.

Art. 2 — Se a circuncisão foi convenientemente instituída.

O segundo discute-se assim. — Parece que a circuncisão foi inconvenientemente instituída.
 
1. — Pois, como se disse, na circuncisão fa­zia-se uma profissão de fé. Ora, do pecado do primeiro homem nunca ninguém pôde livrar-se senão pela fé na Paixão de Cristo segundo aquilo do Apóstolo: Ao qual propôs Deus para ser vítima de propiciação pela fé no seu sangue. Logo, a circuncisão devia ter sido instituída logo depois do pecado do primeiro homem, e não no tempo de Abraão.
 
2. Demais. — Na circuncisão tomava-se o compromisso de observar a lei antiga, como no batismo, o da nova. Por isso diz o Apóstolo: Protesto a todo homem que se circuncida que está obrigado a guardar toda a lei. Ora, a observância da lei não foi estabelecida no tempo de Abraão, mas, antes, no de Moisés. Logo, foi inconvenientemente instituída a circuncisão no tempo de Abraão.
 
3. Demais. — A círcuncisão era figurativa e reparatória do batismo. Ora, o batismo é oferecido a todos, conforme àquilo do Evangelho: Ide e ensinai a todos os povos, batizando-os. Logo, a circuncisão não devia ser instituída para ser observada somente pelo povo dos Judeus, mas por todos os povos.
 
4. Demais. — A circuncisão carnal deve corresponder à espiritual, como a figura, ao figurado. Ora, a circuncisão espiritual, feita por Cristo, convém indiferentemente a ambos os sexos; pois em Jesus Cristo não há homem nem mulher, como diz o Apóstolo. Logo, não foi acer­tadamente instituída a circuncisão, que convém só aos homens.
 
Mas, em contrário, como se lê na Escritura, a circuncisão foi instituída por Deus, cujas obras são perfeitas.
SOLUÇÃO. — Como dissemos, a circuncisão era preparatória para o batismo, por ser ela uma profissão de fé em Cristo, que também manifes­tamos no batismo. Ora, dentre os antigos Pa­triarcas, Abraão foi o primeiro a receber a pro­messa do nascimento futuro de Cristo, como o diz a Escritura: Todas as gentes da terra serão benditos naquele que há de proceder de ti. E também foi ele o primeiro que se reparou da sociedade dos infiéis, obedecendo à ordem de Deus, que lhe disse: Sai da tua terra e da tua parentela. Logo, a circuncisão foi conveniente­mente instituída em Abraão.
 
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — ­Imediatamente depois do pecado dos nossos pri­meiros pais, a ciência pessoal de Adão, que tinha sido plenamente instruído nas coisas divinas, comunicava à fé e à razão natural um vigor bas­tante forte que tornava inútil então determinar os sinais da fé e os meios da salvação. Mas cada um manifestava a sua crença mediante os sinais que lhe mais agradavam. No tempo de Abraão porem diminuía a fé e muitos caíam na idolatria; E também a razão natural se debilitava pelo aumento da concupiscência da carne, que chegou até aos pecados contra a natureza. Por isso, então e não antes, foi instituída a circuncisão como uma profissão de fé e para diminuir a concupiscência carnal.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. — A observância da lei não devia ser imposta senão ao povo já organi­zado; pois, a lei se ordena para o bem público, como se disse. Ora, o povo dos fiéis devia con­gregar-se mediante um sinal sensível, necessário para se os homens adunarem em qualquer reli­gião, como diz Agostinho. Por isso era necessário instituir primeiro a circuncisão, que dar a lei. Quanto aos Patriarcas que viveram antes da lei, instruíam as suas famílias sobre as coisas divi­nas, a modo de paternas advertências. Por isso o Senhor disse de Abraão: Eu sei que ele há de ordenar a seus filhos e a toda a sua família de­pois dele, que guardem os caminhos do Senhor.
 
RESPOSTA À TERCEIRA. — O batismo em si mes­mo contém a perfeição da salvação, a que Deus chama todos os homens, segundo àquilo do Após­tolo: Que quer que todos os homens se salvem. Por isso o batismo é proposto a todos os povos. Ao contrário, a circuncisão não continha a per­feição da salvação; mas a figurava como devendo ser realizada por Cristo, que havia de nascer do povo judeu. Por isso só a esse povo foi dada a circuncisão.
 
RESPOSTA À QUARTA. — A circuncisão foi ins­tituída como um sinal de fé para Abraão, crente que havia de ser o pai de Cristo que lhe foi pro­metido; por isso era reservada só aos do sexo masculino. E também o pecado original, para o qual foi especialmente como remédio, ordenada a circuncisão, transmite-se pelo pai e não pela mãe, como dissemos na Segunda Parte. Mas O batismo contém a virtude de Cristo, causa uni­versal da salvação de todos, e remissão de todos os pecados.

Art. 1 — Se a circuncisão foi preparatória e figurativa do batismo.

O primeiro discute-se assim. — Parece que a circuncisão não foi preparatória e figurativa do batismo. 
 
1. — Pois, toda figura tem alguma seme­lhança com o figurado. Ora, a circuncisão nenhuma semelhança tem com o batismo. Logo parece que não era preparatória e figurativa do batismo.
 
2. Demais. — O Apóstolo, falando dos anti­gos Patriarcas, diz, que todos foram batizados na nuvem e no mar. Mas não diz que foram batizados na circuncisão. Logo, a proteção da coluna de nuvem e a passagem do Mar Vermelho foram, mais que a circuncisão, um preparativo para o batismo, que figuravam.
 
3. Demais. — Como se disse, o batismo de João foi preparatório ao de Cristo se portanto também a circuncisão foi preparatória e figura­tiva do batismo de Cristo, parece que o batismo de João era supérfluo. O que não é admissível. Logo, a circuncisão não foi preparatória e figu­rativa do batismo.
 
Mas, em contrário, o Apóstolo: Vós estais circuncidados de circuncisão, não feito por des­pojo do corpo de carne, mas sim na circuncisão de Cristo, estando sepultados juntamente com ele no batismo.
 
SOLUÇÃO. — O batismo é chamado sacramento da fé porque nele se faz de certo modo profissão de fé, e nos agrega a comunidade dos fiéis. Ora, a nossa fé é idêntica à dos Antigos Patriarcas, segundo aquilo do Apóstolo: Nós cremos com o mesmo espírito de fé. Mas, a circuncisão era de algum modo uma protestação de fé; por isso, mediante ela, os antigos entravam a fazer parte do colégio dos fiéis. Por onde, é manifesto que a circuncisão era preparatória ao batismo e dele prefigurativa, pois, aos antigos Patriarcas todas as causas lhes aconteciam a eles em figura, na expressão do Apóstolo, assim como no futuro punham o objeto da sua fé.
 
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — — A circuncisão tinha semelhanças com o batismo quanto ao efeito espiritual deste. Pois, assim como na circuncisão extirpava-se uma película carnal, assim também o batismo nos livra dos nossos hábitos carnais.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. — A proteção da coluna de nuvens e a passagem do Mar Vermelho foram de certo modo figuras do nosso batismo, pelo qual renascemos da água, simbolizada pelo Mar Vermelho, e do Espírito Santo, significado pela coluna de nuvem; mas não se fazia por aí nenhuma pro­fissão de fé, como se dava com a circuncisão: Por isso eram somente duas figuras e não sacramentos. Ao passo que a circuncisão era também um sacramento preparatório ao batismo; mas figurava o rito exterior do batismo menos ex­pressivamente que os outros dois símbolos. Por isso o Apóstolo faz, antes, menção deles que da circuncisão.
 
RESPOSTA À TERCEIRA. — O batismo de João foi preparatório ao batismo de cristo, quanto ao exercício do ato. Mas a circuncisão, quanto a profissão da fé, necessária no batismo, como dissemos.

Questão 70: Da circuncisão, que precedeu o batismo.

Em seguida devemos tratar dos atos preparatórios ao batismo. E primeiro, do ato pre­paratório precedente ao batismo, isto é, da circun­cisão. Segundo, dos atos preparatórios simul­taneamente concorrentes com o batismo, a saber, a catequese e o exorcismo.
 
Na primeira questão discutem-se quatro artigos:

Art. 10 — Se, desaparecida a ficção, o batismo produz o seu efeito.

O décimo discute-se assim. — Parece que, desaparecida a ficção, o batismo não produz o seu efeito.
 
1. — Pois, uma obra morta, por ser despro­vida de caridade, nunca pode ser vivificada. Ora, quem recebe o batismo, fictamente, sem caridade recebe o sacramento. Logo, este nunca pode ser vivificado de modo a conferir a graça.
 
2. Demais. — A ficção, sendo um obstáculo para o batismo, é mais forte que ele. Ora, o mais forte não pode ser vencido pelo mais fraco. Logo, o pecado da ficção não pode ser de lido pelo batismo, a que se opõe obstáculo. Portanto, o ba­tismo não produz o seu efeito, que é a remissão de todos os pecados.
 
3. Demais. — Pode acontecer que uma pes­soa, depois de ter recebido o batismo, cometa muitos pecados. E esses não serão delidos pelo batismo, que dele os pecados passados, mas não os futuros. Logo, tal batismo nunca produz o seu efeito, que é a remissão de todos os pecados.
 
Mas, em contrário, diz Agostinho: O batismo começa a produzir a sua eficácia salutar quando uma sincera confissão fizer desaparecer esse fingimento que, mantendo o coração na malícia ou no sacrilégio, não deixava produzir-se a ablu­ção dos pecados.
 
SOLUÇÃO. — Como dissemos o batismo é uma regeneração espiritual. Ora, quando um ser é gerado, recebe simultaneamente a forma e o seu efeito, se nenhum impedimento houver removido o qual, a forma do ser gerado produz o seu efeito. Assim, logo que um corpo gerado é produzido, move-se para baixo, salvo havendo algum impedimento, removido o qual, o corpo começa logo a mover-se para baixo. Semelhan­temente, o batizado recebe o caráter como se fosse uma forma e lhe alcança o efeito próprio - a graça que perdoa todos os pecados. Mas às vezes fica esse efeito impedido pela ficção. Por isso e necessàriamente, removida esta pela penitência, o batismo produz imediatamente o seu efeito.
 
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — O sacramento do batismo é obra de Deus e não do homem. Logo, não é morto em quem o re­cebeu fingidamente e foi batizado sem caridade.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. — A ficção não se remo­ve pelo batismo, mas pela penitência; e desa­parecida ela, o batismo dele totalmente a culpa e o reato de todos os pecados precedentes ao ba­tismo e também os existentes quando foi minis­trado. Por isso diz Agostinho: O dia de ontem foi perdoado com tudo o que dele restava, bem como a hora e o momento precedentes ao ba­tismo e o instante mesmo do batismo. Só depois é que o batizado começa a se fazer réu. E assim, para se alcançar o efeito do batismo, contribui o batismo e a penitência. Mas o batismo como causa agente essencial; e a penitência, como - causa acidental, isto é, que remove o obstáculo.
 
RESPOSTA À TERCEIRA. — O efeito do batismo não é delir os pecados futuros, mas os presentes ou os passados. Por onde, desaparecida a ficção, os pecados seguintes são perdoados, mas pela penitência, não pelo batismo. Por isso não são perdoados totalmente quanto ao reato, como os pecados precedentes ao batismo.

Art. 9 — Se a ficção impede o efeito do batismo.

O nono discute-se assim. — Parece que a ficção não impede o efeito do batismo.
 
1. — Pois, diz o Apóstolo: Todos os que fostes batizados em Cristo revestistes-vos de Cristo. Ora, todos os que recebem o batismo de Cristo são batizados em Cristo. Logo todos se revestem de Cristo. Ora, isso é colher o efeito do batismo. Por tanto a ficção não impede o efeito do batismo.
 
2. Demais. — No batismo obra a graça divi­na, que pode mudar a vontade do homem para o bem. Ora, o efeito da causa agente não pode ficar impedido pelo obstáculo mesmo que ela é capaz de eliminar. Logo, a ficção não pode impedir o efeito do batismo.
 
3. Demais. — O efeito do batismo é a graça a que se opõe o pecado. Ora muitos pecados há mais graves que a ficção, dos quais não se diz contudo que impidam o efeito do batismo. Logo também a ficção não impede esse efeito.
 
Mas, em contrário, a Escritura: O Espírito Santo, mestre da disciplina, fugirá do fingido. Ora, o efeito do batismo vem do Espírito Santo. Logo, a ficção impede o efeito do batismo.
 
SOLUÇÃO. — Como diz Damasceno, Deus não obriga o homem a ser justo. Por isso, para ser­mos justificados pelo batismo, é necessário a nossa vontade querê-lo e ao seu efeito. Ora, fin­gido se chama aquele cuja vontade contraria o batismo ou o seu efeito. Pois, segundo Agostinho, de quatro modos podemos dizer que um é fingido.
 
Primeiro, se não crê, embora seja o batismo o sa­cramento da fé; segundo se despreza o próprio sacramento; terceiro, se celebra o sacramento sem observar o rito da Igreja; e quarto, receben­do o batismo indevotamente. Logo, é manifesto que a ficção impede o efeito do batismo.
 
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — A expressão - ser batizado em Cristo - pode ser entendida de dois modos. Num, em Cristo signi­fica - em conformidade com Cristo. E assim, todos os batiza dos em Cristo, conformados com ele pela fé e pela caridade, revestem-se de Cristo pela graça. - Em outro, dizemos batizados em Cristo os que recebem o sacramento de Cristo. E assim todos se revestem de Cristo pela configu­ração do caráter; mas não pela conformidade da graça.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. — Se Deus muda a von­tade do homem do mal para o bem, já ele não se apresenta ao batismo em ficção. Ora, isso Deus nem sempre o faz. Nem o sacramento se ordena a tornar o ficto não-ficto; mas a justificar quem se apresenta não-ficto ao batismo.
 
RESPOSTA À TERCEIRA. — Ficto se chama quem mostra querer o que não quer. Ora, quem se apresenta ao batismo por isso mesmo mostra ter fé verdadeira em Cristo, venerar o sacramento, querer conformar-se com a Igreja e abandonar o pecado. Por onde, quem se apresenta ao batismo, sem querer abandonar o pecado, se apre­senta fictamente, o que é recebê-lo sem devo­ção. Mas isto se deve entender do pecado mor­tal, que contraria a graça; mas não do pecado venial. Por onde, neste sentido, a ficção inclui de certo modo todos os pecados.

Art. 8 — Se o batismo produz o mesmo efeito em todos.

O oitavo discute-se assim. — Parece que o batismo não produz o mesmo efeito em todos.
 
1. — Pois, o efeito do batismo é remover a culpa. Ora, dele mais pecados em uns que em outros; assim, das crianças, o pecado original; e dos adultos também os pecados atuais, em uns mais, em outros menos. Logo, o batismo não produz o mesmo efeito para todos.
 
2. Demais. — O batismo confere ao homem a graça e as virtudes. Ora, certos depois do batismo têm maior graça e mais perfeita: virtude que os outros batizados. Logo, o batismo não tem o mesmo efeito para todos.
 
3. Demais. — A natureza se aperfeiçoa pela graça como a matéria, pela forma. Ora, a forma é recebida pela matéria segundo a capaci­dade desta. Logo, tendo certos batizados, ainda crianças, maior capacidade natural que outros parece que uns alcançam maior graça que outros.
 
4. Demais. — Certos alcançam no batismo não só a saúde espiritual, mas também a do corpo; tal o caso de Constantino, purificado da lepra pelo batismo. Ora, nem todos os doentes alcançam no batismo a saúde do corpo. Logo, o batismo não produz o mesmo efeito para todos.
 
Mas, em contrário, o Apóstolo: Não há senão uma fé, senão um batismo. Ora, a mesma causa produz o mesmo efeito. Logo, o batismo produz o mesmo efeito em todos.
 
SOLUÇÃO. — Dois efeitos produz o batismo: um essencial e outro acidental.
 
O efeito essencial do batismo é o para que ele foi instituído, isto é, para nos fazer renascer à vida espiritual. Ora, sendo o batismo conferido igualmente a todas as crianças, batizadas não por terem fé própria, mas na fé da Igreja, todas colhem o mesmo efeito do batismo. Mas os adultos, que se apresentam a ele com fé própria, não lhe colhem igualmente os mesmos frutos. Pois, uns recebem o batismo com maior devoção e outros, com menor. Por isso uns recebem as suas novas graças em maior ou menor grau, assim como também do mesmo fogo recebe mais calor quem mais dele se aproxima, embora o fogo, por natureza difunda igualmente para todo o seu calor.
 
Quanto ao efeito acidental do batismo, é aquele ao qual não é ordenado, mas o poder divino nele obra milagrosamente. Assim, àquilo do Apóstolo - Não sirvamos jamais ao pecado; ­diz a Glosa: Só um milagre inefável do Criador pode extinguir completamente nos nossos membros a lei do pecado. E tais efeitos não o sentem igualmente todos os batizados, mesmo se recebe­rem o batismo com igual devoção; mas são eles dispensados conforme à ordem da providência divina.
 
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — A graça mínima do batismo é suficiente para delír todos os pecados. Por onde, não é maior eficácia do batismo a absolver maior número de pecados em uns que em outros. Mas isso depende da condição do sujeito, pois, em cada um dele todo o mal que nele encontra.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. — O fato de os bati­zados manifestarem maior ou menor graça pode se dar de dois modos. Ou porque um no batismo recebe maior graça que outro por causa da maior devoção, como se disse. Ou porque, mesmo rece­bendo graça igual, não usam igualmente dela, por aproveitá-la um com maior estudo e ao outro, por causa da sua negligência, faltar a graça de Deus.
 
RESPOSTA À TERCEIRA. — A diversidade de ca­pacidade entre os homens não provem da diver­sidade das almas, renovadas pelo batismo, pois, sendo todos os homens da mesma espécie con­vêm na mesma forma; mas da disposição diver­sa dos corpos. O contrário se dá com os anjos, que diferem especificamente. Por isso aos anjos são conferidos dons gratuitos, segundo suas capacidades naturais diversas; não porém aos ho­mens.
 
RESPOSTA À QUARTA. — A saúde do corpo não é por si efeito do batismo, mas é uma obra mila­grosa da providência divina.

Art. 7 — Se o batismo produz o efeito de se abrirem as portas do céu.

O sétimo discute-se assim. — Parece que o batismo não produz o efeito de se abrirem as portas do céu.
 
1. — Pois, o que já está aberto não precisa de o ser. Ora, as portas do céu foram abertas pela paixão de Cristo, conforme àquilo da Escritura: Depois disto olhei e vi uma porta aberta no céu. Logo, o batismo não produz o efeito de abrir as portas do céu.
 
2. Demais. — O batismo, desde a sua instituição, produz em todos os tempos o seu efeito. Ora, certos receberam o batismo de Cristo, antes da paixão de Cristo, como o refere o Evangelho. E a esses, se então morressem, ainda não se lhes abriria a entrada do reino celeste, onde ninguém entrou antes de Cristo, segundo aquilo da Es­critura: Aquele que lhes há de abrir o caminho irá diante deles. Logo, o batismo não produz o efeito de abrir as portas do céu.
 
3. Demais. — Os batizados estão ainda expostos à morte e às outras penalidades da vida presente, como se disse. Ora, a ninguém foi franqueada a entrada do reino celeste, enquanto sujeito à pena, como o demonstra o caso dos que estão no purgatório. Logo, o efeito do ba­tismo não é a abertura das portas do reino celeste.
 
Mas, em contrário, àquilo do Evangelho: ­Abriu-se o céu - diz a Glosa de Beda: Isto ma­nifesta a virtude que tem o batismo de abrir as portas do reino dos céus a quem o recebeu.
 
SOLUÇÃO. — Abrir as portas do reino celeste é remover o obstáculo que nos impede entrar nele. E esse obstáculo é a culpa e o reato da pena. Ora, como já dissemos, o batismo dele toda culpa e todo reato da pena. Por onde e consequentemente, o batismo produz o efeito de abrir as portas do reino celeste.
 
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — ­O batismo abre ao batizado as portas do reino celeste, pelo incorporar com a paixão de Cristo, aplicando-lhe a virtude desta.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. — Quando a paixão de Cristo ainda não estava consumada, só existin­do na fé dos crentes, o batismo produzia de acordo com ela a abertura das portas, não real­mente, mas em esperança. Pois então os bati­zados, morriam na certeza da esperança de ha­verem de entrar no reino celeste.
 
RESPOSTA À TERCEIRA. — O batizado não está exposto à morte e às penalidades da vida pre­sente por causa do reato da pena, mas pela condição da natureza. Por isso não fica impedido de entrar no reino celeste, quando a alma se separar do corpo pela morte, sendo por assim dizer pago o devido à natureza.

Art. 6 — Se às crianças o batismo confere a graça e as virtudes.

O sexto discute-se assim. — Parece que às crianças o batismo não confere a graça e as virtudes.
 
1. — Pois, graça e virtudes não se podem ter sem fé e caridade. Ora, a fé, como diz Agostinho, está na vontade do crente. Semelhantemente, a caridade supõe a vontade de amar. Ora, as crianças não tendo o uso da von­tade, não têm fé nem caridade. Logo, as crian­ças com o batismo não recebem nem a graça nem as virtudes.
 
2. Demais. — Aquilo do Evangelho - Fará obras ainda maiores - diz Agostinho: Para fazer de um ímpio um justo, Cristo obra nele, mas não sem ele. Ora, a criança, não tendo o uso do livre arbítrio, não coopera com Cristo para a sua justificação, e até, às vezes se lhe opõe o quanto pode. Logo, não é justificada pela graça e pelas virtudes.
 
3. Demais. — O Apóstolo diz: Ao que não obra e crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada a justiça, segundo o decreto da graça de Deus. Ora, a criança não crê na­quele que justifica o ímpio. Logo, não recebe a graça justificante nem as virtudes.
 
4. Demais. — O que fazemos com intenção carnal não tem efeito espiritual. Ora, às vezes as crianças são levadas ao batismo com a intenção carnal de recuperarem a saúde do corpo. Logo não recebem o efeito espiritual da graça e das virtudes.
 
Mas, em contrário, diz Agostinho: As crianças, renascendo pelo batismo, morrem ao pecado que contraíram ao nascer. De tal sorte que se lhes aplica o dito do Apóstolo: Fomos sepulta­dos com ele para morrer pelo batismo. E acres­centa: Para que como Cristo ressurgiu dos mor­tos pela glória do Padre, assim também nós andemos em novidade de vida. Ora, a novidade de vida resulta da graça e das virtudes. Logo, às crianças o batismo confere a graça e as vir­tudes.
 
SOLUÇÃO. — Certos antigos ensinaram que o batismo não confere às crianças a graça nem as virtudes; mas lhes imprime o caráter de Cris­to, por cuja virtude, quando chegarem à idade de razão, receberão a graça e as virtudes. ­Mas isto é falso por duas razões. - Primeiro, porque as crianças, como os adultos, se tornam pelo batismo membros de Cristo por onde e necessàriamente, hão de receber da cabeça o influxo da graça e da virtude. - Segundo, porque de acordo com tal opinião, as crianças mor­tas depois do batismo não alcançariam a vida eterna, segundo o Apóstolo: A graça de Deus é a vida eterna. E assim de nada lhes aproveita­ria o terem sido batizadas. - Quanto à causa desse erro, foi não saberem distinguir entre o habito e o ato. E assim, vendo as crianças incapazes de atos de virtude, pensavam que depois do batismo de nenhum modo tinham a virtude. Ora, essa impotência de obrar não existe nas crianças por defeito dos hábitos, mas por impedimento corporal; assim como os ador­mecidos, embora tenham o hábito das virtudes, não lhes podem, contudo praticar os atos, por causa do sono.
 
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — ­A fé e a caridade residem na vontade humana, mas com a diferença que os hábitos dessas vir­tudes e de todas as outras se fundam na potên­cia da vontade, existente nas crianças; ao passo que os atos das virtudes implicam o ato da vontade, e desse são elas capazes. E em tal sen­tido Agostinho diz, no mesmo lugar: A criança, embora ainda não tenha a fé, que supõe a von­tade do crente, torna-a contudo fiel o sacra­mento mesmo da fé que causa o hábito dessa virtude.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. — Como diz Agostinho: Não renasce da água e do Espírito Santo senão quem quer. E isso se deve entender, não das crianças, mas dos adultos. Do mesmo modo, dos adultos se deve entender, que Cristo não nos justifica sem nós. - Quanto ao fato de as crianças, que vão ser batizadas, relutarem o quanto as forças lhes permitem, não lhes é ele imputável; pois, não sabem o que fazem. a ponto de não as considerarmos autores do ato pra­ticado.
 
RESPOSTA À TERCEIRA. — Como diz Agostinho, aos pequeninos a Igreja empresta os pés dos outros para virem, o coração dos outros para crerem, a língua dos outros para confessarem. E assim, as crianças crêem não por ato próprio, mas pela fé da Igreja, que lhes é comunicada. E em virtude dessa fé lhes é conferida a graça e as virtudes.
 
RESPOSTA À QUARTA. — A intenção carnal com que se levam as crianças ao batismo em nada as prejudica; assim como também a culpa de um não prejudica a outro, que nela não con­sentiu. Donde o dizer Agostinho: Não te deixes perturbar pelo facto de certos apresentarem as crianças ao batismo, não na fé que a graça espi­ritual os fará nascer para a vida eterna, mas na idéia de ser o batismo um remédio para con­servarem ou adquirirem a saúde do corpo. Pois não lhes vai impedir a regeneração o jato de não serem apresentados com a intenção de serem regenerados.

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