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Category: Tempo da QuaresmaConteúdo sindicalizado

apresentação do Domingo da Paixão

 

Paramentos roxos

 

“O mistério pascal, diz S. Leão, tem de direito e de fato o primeiro lugar entre as solenidades cristãs. E se é certo que o nosso viver de todo o ano nos devia ir sempre dispondo gradualmente para o celebrarmos de maneira digna e adequada, os dias que vamos atravessar devem incitar-nos a uma devoção mais fervorosa, porque, tenhamo-lo presente, aproxima-se a solenidade do mais divino mistério da divina misericórdia”. Este mistério é o da Paixão e Ressurreição do Salvador; Pontífice e Mediador do Novo Testamento, Jesus vai subir em breve o patíbulo da Cruz e apresentar ao Pai, ao penetrar no Sancta Sanctorum dos Céus, o preço do nosso resgate na moeda batida e cunhada com o Sangue do seu sacrifício.

“Eis, canta a Igreja, que resplandece o mistério da Cruz em que a Vida morreu, mas de tal sorte que morrendo nos deu a vida”. A Eucaristia é o memorial deste amor imenso de Deus aos homens, porque o Senhor ao instituí-lo disse: “Isto é o meu corpo que será entregue por vós. Este é o cálice da nova aliança no meu sangue. Fazei isto em memória minha”. E para corresponder a toda esta bondade divina, que fez o homem? “Os seus não O receberam, diz São João, e pagamos com mal o bem que nos fez”, retribuímo-lo com ultrajes, “desonramo-lo”, como Ele mesmo se queixou.

O Evangelho nos mostra, com efeito, o ódio crescente do Sinédrio. Abraão, pai do povo de Deus, acreditara firmemente nas promessas divinas que anunciavam o Salvador e no limbo a sua alma alegrou-se ao vê-las realizadas com a vinda do Messias. Mas os judeus, que deviam reconhecer em Jesus Cristo o Filho de Deus, maior que Abraão e os profetas, não quiseram entender o sentido das palavras, e depois de o maltratar por todos os meios que a malícia pode inventar, tentaram apedrejá-lo. No entanto, Jesus domina-os com todo o poder da sua personalidade divina, porque, como diz Jeremias, foi estabelecido como uma cidade fortificada, cingida com muralhas de ferro e de bronze na face dos reis da Judéia, dos príncipes dos sacerdotes e do povo. “Hão de te combater, mas não te vencerão porque eu estou contigo para te salvar”. Quanto a mim, dissera o Salvador, não busco a própria glória mas há quem a busque e julgue. E pela boca do salmista continua nestes dolorosos acentos: “Julgai-me, Senhor, e discerni a minha causa da deste povo ímpio. Livrai-me do homem perverso e enganador. Livrai-me dos meus inimigos, arrancai-me das mãos do homem violento e de vontade pervertida”. Deus, com efeito, não permite que os homens façam mal ao Senhor antes de chegar a sua hora. E quando a hora da imolação chegar, virá a da glorificação também, a da ressurreição.

Esta morte e ressurreição predisseram-na os profetas e simbolizou-a Isaías. Foi vontade de Deus que Jesus passasse pela humilhação, pelo sofrimento e pela morte, antes de entrar na glória. Os judeus, porém, cegos pela paixão, esperavam um Messias glorioso e, escandalizados com a Cruz de Jesus, rejeitaram a salvação. Foi por isso que Deus os rejeitou e acolheu com benevolência aqueles que esperam na Cruz do Salvador; porque, diz São Leão, a esperança da vida eterna é coisa certa e segura para todos os que participam da Paixão do Senhor. E agora que vamos comemorar a Paixão do Senhor, pensemos que para participar dos seus benéficos efeitos é necessário lutar e sofrer. Só o que lutar será coroado.

 

Do Evangelho: “As palavras que o Senhor proferiu são verdadeiramente terríveis. Aquele que é de Deus ouve a palavra de Deus. E se vós a não ouvis é porque não sois de Deus”

 

Missal Quotidiano e Vesperal por Dom Gaspar Lefebvre, Beneditino da Abadia de S. André. Bruges, Bélgica: Desclée de Brouwer e Cie, 1952.

apresentação do quarto domingo da quaresma

A multiplicação dos pães, figura da Páscoa cristã.

 

Paramentos roxos ou cor de rosa

 

Nesta semana lê-se no Breviário a história de Moisés. Duas ideias principais a dominam toda. Por um lado, Moisés retira o povo de Deus do cativeiro e o faz atravessar o Mar Vermelho; por outro lado, dá-lhe de comer o maná no deserto, dá-lhe a Lei no Sinai, e o conduz à terra prometida onde se erguerá um dia Jerusalém, a cidade santa que regurgitará com as tribos vindas de todo o Israel para cantar os louvores de Jeová. A Missa de hoje nos dá a realização dessas figuras. O verdadeiro Moisés, com efeito, é Jesus Cristo, que nos resgatou do cativeiro da lei e do pecado, nos fez passar pelas águas do Batismo, nos alimenta no deserto da existência terrena com o verdadeiro maná, a sua carne, e nos introduziu na terra prometida que é a Santa Igreja.

A estação de hoje congregava-se na Igreja de Santa Cruz de Jerusalém, velho palácio romano que Santa Helena transformou em santuário para nele guardar as relíquias da Cruz descoberta no Calvário e representar no coração da capital do Cristianismo a cidade de Jerusalém e os lugares santos.

E, de fato, a escolha desta basílica impunha-se para cantar as alegrias e grandezas da nova Jerusalém, que é simultaneamente a Igreja da Terra e a Cidade dos Céus, cujas portas o Senhor nos veio com a sua morte abrir. Neste Domingo (Laetare) a Igreja pois congrega aí os fiéis para os fazer experimentar um raio da grande alegria que se aproxima. Era com este sentimento de júbilo que a Igreja benzia outrora a rosa “laetare” e é com ele que ainda hoje reveste de paramentos cor de rosa os ministros do altar. “Regozijai-vos e exultai-vos de alegria” diz o Intróito, porque mortos com Jesus Cristo para o pecado havemos de ressuscitar com Ele. O Evangelho relata-nos o episódio da multiplicação dos pães e dos peixes, símbolo da Eucaristia e do Batismo1 que são por excelência os sacramentos da ressurreição. E na Epístola, São Paulo procura nos fazer compreender a liberdade dos filhos da Igreja, que é a liberdade de Cristo.

Que a Missa deste domingo, já tão impregnada das alegrias pascais, nos dê coragem para prosseguirmos com generosidade a segunda parte da Quaresma.

Da Epístola: Jerusalém negando-se a receber o Salvador permaneceu sujeita à escravidão da Lei Mosaica. São Paulo compara-a a Agar, a mulher escrava, que dá à luz para a escravidão, e que viverá doravante condenada ao servilismo da terra, a ser uma Jerusalém terrestre, deserdada dos bens do Céu. A Jerusalém celeste, que é a Igreja, é livre, pelo contrário, porque aceitou a lei do amor que Jesus lhe deu. São Paulo compara-a a Sara, a mulher livre de Abraão, que deu à luz o herdeiro da promessa.

Do Evangelho: A multiplicação dos pães é uma figura da Eucaristia. ‘Eu sou o pão da vida’, dizia o Senhor. "Os vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Eu sou o pão que desceu do Céu, para que aquele que Me comer viva eternamente

 

Missal Quotidiano e Vesperal por Dom Gaspar Lefebvre, Beneditino da Abadia de S. André. Bruges, Bélgica: Desclée de Brouwer e Cie, 1952.

  1. 1. Cristo era figurado, nas catacumbas, por um peixe, porque em grego esta palavra é formada das primeiras letras de cinco palavras que significam Jesus Cristo Filho de Deus Salvador. Os Padres da Igreja vêm ainda no peixe uma figura dos cristãos, porque eles nasceram na piscina batismal e hauriram na água o princípio da vida espiritual. São Paulo nos lembrará também, na Páscoa, que sendo libertados do velho crescente do pecado, somos o pão ázimo, sob a espécie do que recebemos na Eucaristia.

apresentação do terceiro domingo da quaresma

Jesus expulsa um demônio impuro. E uma mulher exclama “Bem-aventurado o seio que Vos trouxe””

 

Paramentos roxos

 

A assembleia de hoje reunia-se na Igreja de São Lourenço Fora dos Muros, onde descansam os restos de S. Lourenço e de S. Estevão, e que é uma das cinco basílicas patriarcais de Roma. A oração de S. Lourenço pede a Deus a graça de vencermos o ardor da concupiscência com o heroísmo e a tenacidade com que o mártir venceu as chamas do suplício; e a de S. Estevão convida-nos a amar os inimigos e a pedir por aqueles que nos perseguem. Estas duas grandes virtudes, melhor que ninguém as praticou o Patriarca José, cuja história o Ofício desta semana nos relata1. Fugiu às solicitações da mulher de Putifar e perdoou e intercedeu pelos irmãos que o tinham vendido. Mas é como figura de Cristo, sobretudo, que a fisionomia de José toma particular relevo.

Conhecem todos assaz a história de José, vendido pelos irmãos, preso e levado cativo para o Egito, conquistando as graças do Faraó até se lhe sentar à direita, encarregado por ele do governo do reino, para ver em tudo isto os traços da figura, por assim dizer, preexistente de Jesus Cristo nos mistérios da Paixão e Ressurreição. Familiarizados com a simbologia do Antigo Testamento, os nossos maiores amaram-na com predileção e encontravam nela a explicação dos mistérios da Redenção. Quando liam na Bíblia a história de José, o seu pensamento logo voava para o Salvador: “Sou eu José, a quem vendestes. Mas não temais. Que Deus fez tudo para que vos salvasse da morte”. Mais de um texto da Missa de hoje pode colocar-se como uma oração nos lábios de José. Ao cantá-los, procuremos fazê-lo com aquele espírito confiante e profundamente religioso que animou e conduziu todos os passos desta grande figura. O Evangelho apresenta o Senhor a expulsar um demônio do corpo de um possesso. Confiemos n’Ele, porque mais forte que Satanás, vencerá conosco o filho das trevas e coroará a nossa fronte com a liberdade dos filhos de Deus. Aos fariseus que não queriam admitir a Sua missão redentora, declara que já chegou a hora em que o príncipe deste mundo será corrido. Haverá também quem volte atrás, à lama do pecado, mas nem por isso a Sua vitória será menos completa.

 

Missal Quotidiano e Vesperal por Dom Gaspar Lefebvre, Beneditino da Abadia de S. André. Bruges, Bélgica: Desclée de Brouwer e Cie, 1952.

  1. 1. No sacramentário galicano, José é chamado o pregador da misericórdia; e a Igreja, na Solenidade de S. José, proclama especialmente a sua castidade.

Introdução ao segundo domingo da Quaresma

“Este é meu Filho bem-amado, escutai-O” 

 

Paramentos roxos

 

A estação de hoje reunia-se na Igreja de Santa Maria, chamada In Dominica, pelo fato de os cristãos aí se congregarem no Domingo. Era tradição ter sido nela que São Lourenço distribuía os bens da Igreja aos pobres. Era no século V paróquia de Roma.

Como nos três Domingos da Septuagésima, Sexagésima e Quinquagésima, são nos 2°, 3° e 4° da Quaresma os textos do Antigo Testamento que formam a trama da composição das missas, de sorte que os séculos passados continuam a preparar-nos para os mistérios da Páscoa. No 2° Domingo da Quaresma, lemos em Matinas a história da benção solene do velho Isaac dada no leito da agonia ao seu filho Jacó. Todos conhecem esta bela página da Escritura. A Abraão e Isaac sucede Jacó, de preferência ao primogênito Esaú, para se tornar o herdeiro e transmissor das promessas e bênçãos divinas. “Sê o senhor dos seus irmãos e que as nações se prostrem diante de ti. Todos os povos serão abençoados em ti e no que nascer de ti” (Gênesis). Os Santos Padres veem no Patriarca Jacó que suplanta o irmão para ser, em vez dele, o objeto dos favores divinos, uma figura de Cristo, o segundo Adão que se torna, em vez do primeiro, o chefe duma humanidade regenerada e abençoada por Deus, aquele em quem o Pai pôs todas as complacências e os povos serão abençoados. Comparando os dois textos, o do Gênesis e o do Evangelho da Missa, facilmente poderemos ver como concordam e se completam no pormenor mais insignificante. Deus abençoou o seu filho revestido da nossa carne, como Isaac abençoou Jacó revestido das vestes do irmão. Santo Agostinho, que olha as peles de cabrito como um símbolo do pecado, diz que Jacó, cobrindo com elas as mãos e o pescoço, é a imagem de Cristo, que, sendo sem pecado, tomou sobre Si os pecados dos outros1.

Isto deixa-nos ver como a história de Jacó é figura de Cristo e da Igreja. E lembremo-nos que Jesus Cristo, o Filho de Deus, que o Evangelho de hoje nos apresenta a transfiguração no Monte Tabor como sendo o objeto das complacências do Pai, solidarizou-se conosco, ao ponto de se vestir “com a carne” e de se deixar morrer por nós para nos tornar coerdeiros da sua glória e filhos queridos do Pai dos Céus. Em Jesus fomos abençoados por Deus — n’Ele que é o mais velho, o primogênito de muitos irmãos.

 

Missal Quotidiano e Vesperal por Dom Gaspar Lefebvre, Beneditino da Abadia de S. André. Bruges, Bélgica: Desclée de Brouwer e Cie, 1952.

  1. 1. O Pontifical oferece-nos, na oração que o Prelado diz ao calçar as luvas, um simbolismo idêntico “Cobri, Senhor, as minhas mãos com a pureza do Homem Novo que desceu dos Céus a fim de que, tendo Jacó obtido com as mãos cobertas de peles de cabrito, a benção de seu pai, possa eu alcançar também a benção da vossa graça, oferecendo-Vos esta vítima de salvação”

apresentação do primeiro domingo da quaresma

“E vieram os anjos e serviram-no”

 

Paramentos roxos

 

Neste domingo que era outrora o primeiro dia da Quaresma, reunia-se a estação na basílica de S. Salvador 1.

Toda a liturgia respira um pensamento de fortificante confiança, desde o Intróito, Gradual e Ofertório até a Comunhão, compostos todos com versículos do Salmo 90 que vem quase por inteiro no Tracto e se repete durante a Quaresma para ser, por assim dizer, o diapasão da vida nova, de bom combate, que devemos levar nestes dias. E não são acaso as lutas do Salvador, que se vão desenrolando diante de nós, para nos encorajar na batalha? A Igreja, pelo menos, assim nos dá a entender, propondo à nossa meditação o Evangelho que refere à tentação de Cristo. Era a missão que empreendera de esmagar Satã que começava, e referi-la a Igreja neste princípio da Quaresma parece querer indicar o verdadeiro motivo de confiarmos na vitória. O Senhor triunfou e a Igreja diz-nos que podemos triunfar com Ele, porque afinal a verdade é que a tentação e o combate que se desenrola em nós e à nossa volta, são a tentação e o combate e também a vitória de Cristo. O nosso esforço é d’Ele, as nossas forças são d’Ele e o nosso triunfo na Páscoa é d’Ele também. Empreendamos, pois, generosamente o bom combate cuja estratégia o Apóstolo em grandes linhas nos traça na Epístola da Missa. Encorajemo-nos com este pensamento de que o progresso espiritual nas almas é a vitória de Cristo que se prolonga e que o combate necessário para a garantir já foi dado. Estes dias da Quaresma são tempo de salvação, são o tempo favorável que nos permite marcar posições definitivas no combate incessante do espírito contra a carne. E a Igreja convida-nos com maternal solicitude a terçar armas neste combate glorioso, para celebrarmos purificados na alma e no corpo o mistério sublime da Paixão do Senhor.

É verdade, diz S. Leão em Matinas, que deveríamos viver sempre diante de Deus com as mesmas disposições requeridas para a condigna celebração dos mistérios pascais. Mas, porque isto é virtude e apanágio de poucos e porque a fragilidade humana tende sempre para o relaxamento, aproveitemo-nos ao menos da Quaresma para recuperarmos o tempo perdido e reparemos, pela penitência e boas obras, as faltas e negligências do outro tempo.

 

Missal Quotidiano e Vesperal por Dom Gaspar Lefebvre, Beneditino da Abadia de S. André. Bruges, Bélgica: Desclée de Brouwer e Cie, 1952

  1. 1. A Quarta-feira de Cinzas e os dias subsequentes até o 1° Domingo só mais tarde foram adicionados á Quaresma para completar os 40 dias de jejum.

A bofetada

Um filme, um evento, um impressionante acontecimento que sacode o mundo e que nos faz pensar num caleidoscópio de nuances e cores variadas. Hoje eu queria lhes falar deste filme como numa conversa. Amanhã estaremos reunidos para conferências e exposições mais aprimoradas, mais estudadas, de modo a tirarmos o melhor proveito para a nossa Semana Santa, para as nossas almas.
 
Hoje eu queria apenas comentar o que temos lido e ouvido para já irmos entendendo um pouco mais sobre este terremoto.
 
Consideremos, antes de mais nada, que o filme A Paixão de Cristo, de Mel Gibson, ecoa como um brado ensurdecedor, como um grito da humanidade que já não agüenta mais viver nesta mortal indiferença diante do Sangue derramado por Nosso Senhor para nos salvar. Basta! Chega!
 
E de onde vem este brado, de onde nos chegam estes ecos? Do mais mundano lugar da terra; da pátria do cinema pornográfico, do cinema revolucionário, principalmente do cinema milionário que paga para ter todos os pecados e assim beber o sangue dos inocentes; do campo de sangue da violência brutal, gratuita e agitadora das almas. É da usina construída para decompor a família, a boa conduta, a honestidade e a decência que se lança um grito que alcança os confins da terra. E se este trovão atravessa a terra, se este relâmpago é "visto de oriente a ocidente" , não podemos dizer que ele seja um gemido insignificante. Ele tem volume, ele tem peso, ele tem autoridade.
 
Autoridade de quem sabe o que é cinema; peso de quem é consagrado nas telas; volume de quem pôs a mão no bolso para pagar a conta! Forte dessas prerrogativas este homem venceu as montanhas do ódio, da calúnia, do desprezo, abrindo passagem como outrora o próprio Cristo abriu no meio dos fariseus que não ousaram por as mãos sobre Ele; forte da simplicidade do pobre, da sensatez do sábio, da esperteza da serpente, este homem do mundo mundano gritou e disse: "esta é a minha fé; nisso eu acredito"... "por nossos pecados, pelos pecados de todos nós é que Jesus sofreu tal martírio... a mão que segura o cravo, na hora da crucifixão é a minha própria mão, para mostrar que eu me ponho em primeiro lugar como culpado da morte de Cristo".
 
E enquanto estas coisas eram ditas, enquanto o mundo pasmava diante desse testemunho de fé, aqui ao nosso lado, aos pés do Cristo Redentor do Corcovado, milhares de mundanos do mundo pagão, do mundo podre, desfilava e dançava na festa da carne, da bestialidade, dos gestos obscenos, para aplauso do mundo inteiro: "o maior espetáculo da terra", anunciam os marqueteiros do pecado. E chegam ao Rio milhares e milhares de turistas para pagar a conta do sonho da orgia.
 
Só este contraste já seria suficiente para nos fazer pensar e meditar: o planeta inteiro esquecido do Sangue de Jesus, dançando e cantando como no tempo da Arca de Noé.... e o corajoso filme sacudindo o mundo para lhes mostrar....
 
Para mostrar o quê?
 
É aí que está o mais surpreendente: para mostrar que Cristo morreu por nós e que nós devemos pensar nisso, devemos nos lembrar sempre, que estamos na Quaresma e no tempo da Paixão para que ao menos durante seis semanas estes acontecimentos de dois mil anos espetem nosso coração com a lança, machuquem nosso corpo como o de Jesus flagelado, atravessem a nossa carne que ainda sacode no gozo do pecado, como os cravos atravessaram o corpo virginal do Salvador.
 
Mas esse anúncio vigoroso da Quaresma, do jejum, da penitência, não tinha que partir de outras pessoas? Onde estão os bispos católicos que já não ensinam mais que se não morrermos com Cristo não seremos ressuscitados com Ele? O que fazem estes modernos doutrinadores de um evangelho adocicado, esmaecido, afeminado? Ah! sim. Estão reunidos num Concílio, já tinha esquecido. Estão perdidos no tempo e no espaço, vagando pelas ilusões de um falso cristianismo onde tudo é amor mesmo sem ordem, tudo é perdão, mesmo sem arrependimento; onde todos já estão salvos, sabendo ou não, querendo ou não. Vivem dessa ilusão com os homens de toda a terra já completamente entorpecidos por um século de liberdades e liberalidades. Tudo pode, o homem é livre e nada há que o possa impedir de fazer o que ele quer. Nada há que limite sua vontade todo-poderosa. Nem o pai, nem a pátria, nem Deus.
 
Ei-los, os bispos, aqueles que deveriam ser os sucessores dos Apóstolos, que enchem a boca para pregar a Nova Religião de Vaticano II. Eis a ridícula imagem que lhes resta viver quando do fim do mundo, do fundo do poço ressoa um grito que atinge em cheio o seu rosto. Uma bofetada!
 
É assim que eu defino este filme, A Paixão de Cristo. Uma real bofetada em muita gente:
 
Você quer carnaval? - slapch! Veja a carne rasgada pela flagelação!
Você quer sexo seguro? - slapch! Olhe bem para o rosto desta Virgem Dolorosa!
Você quer missa-refeição? - slapch!! Veja a Cruz levantada, o Coração aberto, o Sangue e a água!

Você quer ecumenismo? - slapch! slapch! Veja, aprenda que só a Cruz de Jesus pode congregar todos os povos e todas as línguas numa única fé, num único rebanho. Aceite esta lição vinda de um homem simples, comum, do cinema, do fundo do poço. Só a verdadeira fé católica é caminho de salvação e as falsas religiões são obra do demônio.
 
Ah! O sagrado chicote com que Jesus expulsou os vendilhões do templo foi posto nas mãos de um homem comum para esbofetear estes falsos levitas. São eles os maiores incriminados pela Paixão de Cristo. São as autoridades que vivem de Vaticano II que há quarenta anos falsificam e desfiguram a Esposa de Cristo.
 
Não, os incriminados não são os judeus. Os judeus de hoje só receberam do filme uma mensagem de verdadeiro amor fraterno; mensagem vinda dos irmãos que abriram a alma à Fé no Messias, Jesus Cristo, nosso Deus Encarnado, e que na oração que brota da fé esperam com sinceridade o retorno do filho pródigo, o retorno do filho mais velho para a Casa do Pai, o retorno de Esaú vindo encontrar-se com Jacó (Gênesis, 32).
 
 

Missa do quarto domingo da Quaresma

Intróito. Is. 66, 10 e 11. Rejubila , Jerusalém, e vós todos que a amais, reuni-vos para partilhar do seu júbilo. Regozijai-vos com ela de prazer, vós que tendes vivido na tristeza, porque sereis fartos de consolações abundantes. Sl. Alegrei-me naquilo que me foi dito: Iremos para a casa do Senhor. V. Glória ao Pai.

Missa do terceiro domingo da Quaresma

Intróito. Sl. 24, 15 - 16.  Os meus olhos estão sempre voltados para o Senhor, porque Ele desembaraçará dos laços os meus pés. Olhai, Senhor, para mim e tende compaixão, porque sou sozinho e pobre. Sl. A Vós, Senhor, levantei a minha alma. Tenho confiança em Vós, ó meu Deus, não serei confundido. V.Glória ao Pai.

Missa do segundo domingo da Quaresma

Intróito. Sl. 24, 6,3 e 22. Recordai-Vos, Senhor, da vossa misericórdia e da vossa piedade, que já vem desde o princípio, e não deixeis que os inimigos nos sobrepujem, mas livrai-nos, ó Deus de Israel, de toda a nossa aflição. Sl.(ibid., 1 –2) A Vós, Senhor, levantei a minha alma. Tenho confiança em Vós, ó meu Deus, por isso não serei confundido. V. Glória ao Pai.

Missa do primeiro domingo da Quaresma

INTRÓITO | Salmo 90. 15-16, 1
Invocar-Me-á, e Eu ouvi-lo-ei: Salvá-lo-ei e glorificá-lo-ei, e enchê-lo-ei de largos dias. Sl. O que habita à sombra do Altíssimo descansará sob a proteção do Deus dos Céus. Glória ao Pai.

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