Segundo a linguagem da Igreja, em sua liturgia e na pregação universal, a Santíssima Virgem não é somente Mãe e Medianeira, mas Rainha de todos os homens, dos anjos e de todo o universo.
Em qual sentido essa realeza universal é atribuída à Virgem Maria? Num sentido próprio ou num sentido metafórico?
Deve-se primeiro recordar que somente Deus, como autor de todas as coisas, tem por Sua essência mesma a realeza universal sobre todas as criaturas, e que as governa para conduzi-las ao seu fim. Mas Cristo e Maria participam nessa realeza universal. Como?
Cristo, mesmo enquanto homem, participa por três razões: em razão de sua personalidade divina1, da plenitude da graça que transborda sobre nós e sobre os anjos, e por sua vitória sobre o pecado, sobre o demônio e sobre a morte2. Ele é Rei de todos os homens e de todas as criaturas, incluindo os anjos, que são “seus anjos”, isto é, os seus núncios ou embaixadores. Disse Jesus, falando sobre sua segunda vinda: “Então verão o Filho do homem vir sobre as nuvens com grande poder e glória. E enviará logo os seus anjos e juntará os seus escolhidos dos quatro ventos, desde a extremidade da Terra até a extremidade do Céu”3. Cristo é, de fato, o Filho de Deus, não por adoção, mas por natureza, enquanto que os anjos não são mais que servidores e filhos adotivos de Deus.
Jesus também disse: “Todo poder me foi dado no Céu e na Terra”4; e no Apocalipse é chamado de “Rei dos reis e Senhor dos senhores”5.
Como a Virgem Maria, subordinada a Cristo e por Ele, participa nessa realeza universal? É rainha no sentido próprio da palavra?