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A realeza universal de Maria

Segundo a linguagem da Igreja, em sua liturgia e na pregação universal, a Santíssima Virgem não é somente Mãe e Medianeira, mas Rainha de todos os homens, dos anjos e de todo o universo.

Em qual sentido essa realeza universal é atribuída à Virgem Maria? Num sentido próprio ou num sentido metafórico?

Deve-se primeiro recordar que somente Deus, como autor de todas as coisas, tem por Sua essência mesma a realeza universal sobre todas as criaturas, e que as governa para conduzi-las ao seu fim. Mas Cristo e Maria participam nessa realeza universal. Como?

Cristo, mesmo enquanto homem, participa por três razões: em razão de sua personalidade divina1, da plenitude da graça que transborda sobre nós e sobre os anjos, e por sua vitória sobre o pecado, sobre o demônio e sobre a morte2. Ele é Rei de todos os homens e de todas as criaturas, incluindo os anjos, que são “seus anjos”, isto é, os seus núncios ou embaixadores. Disse Jesus, falando sobre sua segunda vinda: “Então verão o Filho do homem vir sobre as nuvens com grande poder e glória. E enviará logo os seus anjos e juntará os seus escolhidos dos quatro ventos, desde a extremidade da Terra até a extremidade do Céu”3. Cristo é, de fato, o Filho de Deus, não por adoção, mas por natureza, enquanto que os anjos não são mais que servidores e filhos adotivos de Deus.

Jesus também disse: “Todo poder me foi dado no Céu e na Terra4; e no Apocalipse é chamado de “Rei dos reis e Senhor dos senhores5.

Como a Virgem Maria, subordinada a Cristo e por Ele, participa nessa realeza universal? É rainha no sentido próprio da palavra?

  1. 1. Cf. Pio XI, enc. Quas primas, de 11 de dezembro de 1925 (Denzinger, nº 2194): “Sua realeza se fundamenta naquela maravilhosa união que se chama hipostática. Donde se segue que Cristo não apenas deve ser adorado por anjos e homens, mas também que anjos e homens devem obedecer e estar sujeitos a seu império de Homem: pois a título somente da união hipostática, Cristo obtém o poder sobre todas as criaturas”. A Humanidade de Cristo, pela sua união pessoal com o Verbo, merece a mesma adoração e participa no reinado universal de Deus sobre todas as criaturas. Cristo, enquanto homem, foi predestinado a ser o Filho de Deus, não por adoção, mas por natureza, enquanto que os anjos e os homens são apenas filhos adotivos.
  2. 2. Porque aceitou por amor as humilhações da Paixão (Fl 2, 8-11), “humilhou-se a si mesmo, feito obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso também Deus o exaltou, e lhe deu um nome que está acima de todo nome, para que, ao nome de Jesus, se dobre todo o joelho no Céu, na Terra e no inferno, e toda a língua confesse que o Senhor Jesus Cristo está na glória de Deus Pai”.
  3. 3. Mc 13, 26.
  4. 4. Mt 28, 18.
  5. 5. Ap 19, 16.
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