Category: Família e moral
Quando a pedagogia católica nos ensina que o fim primário do casamento é a prole, e que daí se deduz a indissolubilidade do vínculo, temos geralmente uma impressão penosa. Parece-nos biológico demais o raciocínio que começa por considerar a natureza genérica do homem. Parece-nos que a prole, apresentada severamente pelo Código de Direito Canônico como fim primário do casamento é uma exigência da espécie, heterogênea com a experiência do amor que é personalíssima.
No quinto capítulo do livro escrito sobre casamento e moral, Bertrand Russell faz da ética cristã um resumo que, por sua singularidade e pela importância do autor, merece um comentário. Começa por dizer: "O Cristianismo, e mais particularmente São Paulo, introduziu um ponto de vista inteiramente novo sobre o casamento, pelo qual o casamento não existe primeiramente para a procriação, mas para evitar o pecado da fornicação".
Só pode ser na casa. Na casa de família. Na casa que se fecha, não para isolar-se da cidade, mas para abrigar da chuva e do vento a boa sementeira da amizade.
O mundo moderno, marcado pelo achatamento do cristianismo, pela traição dos clérigos, completarmente, pela exaltação de um “humanismo do homem exterior”, tem irresistível
Se eu asseverar que existem muitos casais infelizes, e que o número deles tende a crescer, tornando-se uma componente considerável de nossa crise social, creio que ninguém exigirá de mim as estatísticas comprovantes. Há certas coisas que saltam aos olhos; e tenho para mim que a maioria dos inquéritos e dos levantamentos estatísticos só serve para mostrar, com o adorno das cifras, o que todo o mundo está cansado de saber. Chego até a pensar que muitas dessas pesquisas sociológicas são movidas por um gosto semi-consciente de desvalorizar o bom-senso, ou de levar ao descrédito os mais elementares princípios. No caso vertente, e para descobrir que as famílias estão funcionando mal, eu não preciso andar de porta em porta com um impertinente questionário. Basta-me observar a rua, os bondes, os cafés, para poder concluir que as casas já não retêm as pessoas. A febre nas ruas prova a agonia das casas. E como a felicidade conjugal está vinculada à casa, ao equilíbrio, ao poder de retenção da casa, posso deduzir do aspecto publicado nas ruas as infelicidades escondidas nas casas.