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Category: renovação carismáticaConteúdo sindicalizado

Do pentecostalismo à apostasia

O Concílio de Trento definiu dogmaticamente que sem a Fé Católica, "é impossível agradar a Deus." 1

 A Igreja Católica também definiu ex cathedra, que só há uma verdadeira Igreja de Cristo, a Igreja Católica, fora da qual não há nenhuma salvação. 2

Papa Leão XIII, explicitando o ensinamento sobre este ponto, ensinou:

"Desde que a ninguém é permitido ser negligente no serviço devido a Deus …. somos absolutamente obrigados a adorar Deus da maneira que Ele mesmo mostrou que deseja ser adorado … Não deve ser difícil descobrir qual é a religião verdadeira se esta é procurada com uma mente imparcial e sincera; as provas são abundantes e evidentes …. De todas estas [provas] é evidente que a única religião verdadeira é a estabelecida por Jesus Cristo mesmo, e Ele encarregou à Sua Igreja de proteger e propagar esta fé." 3

Destas fontes, e de incontáveis outros ensinos do Magistério, está claro que a única religião positivamente desejada por Deus é a religião estabelecida por Cristo mesmo, a Igreja Católica.

Todavia, na Liturgia da Sexta-Feira Santa no Vaticano, em 2002, o Pregador da Casa Pontifícia, o padre Capuchinho Raniero Cantalamessa, disse que as outras religiões " não são meramente toleradas por Deus … mas positivamente desejadas por Ele como uma expressão da riqueza inesgotável da Sua graça e de Seu desejo de que todos sejam salvos." 4

Isto, em resumo, é apostasia.

São João, o Apóstolo do Amor, disse: "Quem é mentiroso senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Esse é o Anticristo, que nega o Pai e o Filho" (1Jo 2,22). Assim, Islamismo, Judaísmo, Hinduísmo, Budismo e qualquer religião que rejeita o Cristo, de acordo com a Escritura, é uma religião do Anticristo.

A respeito das religiões heréticas, como por exemplo, a "Igreja Ortodoxa" e o Protestantismo, São Paulo ensina-nos que falsos credos são "doutrinas de demônios'' (1Tm 4,1).

Como, então, podem as religiões do Anticristo, e falsos credos de heréticos, que são "doutrinas de demônios", serem consideradas como "não meramente toleradas por Deus mas positivamente desejadas por Ele"? Isto significaria dizer que Deus positivamente deseja a existência de religiões que ensinam que Jesus Cristo não é Deus e o Salvador da humanidade (como fazem as religiões não-cristãs). Significa que Deus positivamente deseja a existência de religiões que, tal como o protestantismo, ensinam que Cristo não estabeleceu a Igreja, não estabeleceu a Sagrada Eucaristia e não estabeleceu os Sacramentos. Também significa que essas seitas protestantes que permanecem no ódio contra a devoção a Bem-Aventurada Mãe de Deus, são positivamente desejadas por Deus. E isto, apesar do fato que Nossa Senhora de Fátima pediu os Cinco Primeiros Sábados de reparação para com as blasfêmias contra seu Imaculado Coração, que são justamente os frutos destas falsas religiões.

Em resumo, o sermão do Pe. Cantalamessa pretende dizer que Deus positivamente quer o erro. Que Deus positivamente quer mentiras. Que Deus positivamente quer o mal.

Nosso Senhor certamente permite o mal, porque não interfere com a vontade livre do homem. Mas é blasfêmia afirmar que Deus deseja algo de mal, visto que Deus não pode desejar senão aquilo que é bom.

Jesus está cheio de orgulho?

As blasfêmias do Pe. Cantalamessa não terminam aqui. Ele também afirma que Deus é "humilde ao salvar", e a Igreja deve seguir o exemplo. "Cristo é mais preocupado com que todas as pessoas sejam salvas do que com o fato de que elas devam conhecer quem é seu Salvador”. Disse isso para um grande público na Basílica de São Pedro, que incluiu o Papa João Paulo II e altos oficiais do Vaticano.

Pode soar doce o que ele disse, mas o Pe. Cantalamessa indiretamente acusa Jesus Cristo de orgulho. Quando diz, "Cristo é mais preocupado com que todas as pessoas sejam salvas do que com o fato de que elas devam conhecer quem é seu Salvador”, este é um “piedoso” desprezo ao ensinamento pré-Vaticano II de 2000 anos que assegura ser necessário para a alma, conhecer, amar e servir Cristo neste mundo, se deseja ser feliz com Ele eternamente no próximo. O Pe. Cantalamessa assim defende o ensino heterodoxo [e herético] do Pe. Karl Rahner dos “cristãos anônimos”.

 De fato, somente há 50 anos atrás, se um estudante de sete anos de idade, expressasse esta nova doutrina do Pe. Cantalamessa, ele teria sido considerado inadequado para receber sua primeira Sagrada Comunhão. Agora, 40 anos dentro da "nova Primavera” de Vaticano II, esta apostasia é pregada em uma Sexta-Feira Santa no Vaticano pelo pregador da Casa Pontifícia.

Este episódio também revela uma das muitas desvantagens da Internet. As notícias da homilia do Pe. Cantalamessa foram transmitidas ao redor do mundo via Internet a milhares de católicos que, de outro modo, nunca teriam ouvido falar dela. O resultado é que muitos católicos receberam as palavras do Capuchinho transmitidas em São Pedro supondo que, de alguma maneira, elas se aproximam do nível de Ensino do Magistério. Isto não é verdade. O discurso do Pe. Cantalamessa na Sexta-Feira Santa é simplesmente outra homilia cheia de erros feita por um carismático. E nada mais do que isso.

O Pregador Pentecostal do Papa.

Quem é o Pe. Raniero Cantalamessa?

Para descobrimos sua história, nós devemos voltar ao ano de 1977, na Conferência Carismática pan-denominacional, realizada em um estádio de futebol americano na cidade do Kansas, Missouri. Esta Conferência foi assistida por 50.000 pessoas de pelo menos 10 denominações diferentes incluindo batistas, católicos, Episcopalianos, Luteranos, judeus Messiânicos, "cristãos" sem denominação, Pentecostais e Metodistas Unidos. 5

Em certo ponto da mesma, em que o protestante Bob Mumford pregava aos 50.000 presentes, Mumford levantou para cima sua Bíblia e disse, "E se você der uma espiada no fim do livro, Jesus vence!" Isto fez a multidão entrar em pandemônio. O estádio de futebol inteiro repentinamente estourou numa longa aclamação, num "louvor-frenesi", que durou aproximadamente 17 minutos.

Os carismáticos chamam isto de "o Impacto do Espírito Santo". Interpretam este entusiasmo natural, essa exacerbação de ânimo, como o Espírito Santo “movendo-se através da multidão”, unindo a multidão (contendo católicos e membros de várias denominações), e inspirando este júbilo delirante. Isto, de acordo com eles, é a "derrubada das barreiras denominacionais”, que é, segundo eles, positivamente desejada pelo Espírito Santo, mesmo que isto desafie 2000 anos do ensinamento católico sobre uma Única e Verdadeira Igreja de Cristo. Também desafia o ensino tradicional católico que proíbe católicos de empenharem-se em positiva camaradagem religiosa com falsas religiões. 6

Apesar disso, na Conferência da Cidade do Kansas, lá estava um sacerdote Capuchinho chamado Pe. Raniero Cantalamessa que tinha ido de Milão para aquele lugar, investigar o Movimento Carismático. Ficou tão impressionado com aquele louvor-frenesi baseado numa algazarra barulhenta, que ele próprio se tornou, na gíria carismática, um "ungido pregador da Renovação Carismática." 7

Em 1980, este mesmo Pe. Cantalamessa foi designado pelo Papa João Paulo II como Pregador da Casa Pontifícia. Agora, para este "ungido pregador", é dado um púlpito na Basílica de São Pedro, em uma Sexta-Feira Santa, para contar ao mundo que Deus O protestante Bob Mumford foi convidado para falar aos “católicos” carismáticos. Que "espírito" ele está transmitindo? positivamente deseja falsas religiões.

Não é de estranhar que outro teólogo papal, Cardeal Luigi Ciappi, que teve acesso ao Terceiro Segredo de Fátima de forma completa, disse "No Terceiro Segredo é revelado, entre outras coisas, que a grande apostasia na Igreja começará pelo topo." 8

O erro não é um dom do Espírito Santo

O sermão da Sexta-Feira Santa do Pe. Cantalamessa é uma de muitas poderosas demonstrações de que o Movimento Carismático não é verdadeiramente de Deus. Os carismáticos reivindicam, diretamente ou indiretamente, que eles têm uma “linha quente” especial (hotline) para o Espírito Santo, que outros cristãos não possuem. Proclamam especialmente serem cheios do Espírito! Mas se um católico "é cheio do Espírito", deve ser evidente por suas palavras e ações que ele está cheio com os Sete Dons do Espírito Santo.

Um dos Sete Dons do Espírito Santo é o Dom de Inteligência, que dá um entendimento mais profundo para a alma, das verdades reveladas. O Pe. Adolph Tanquerey define-o como "um dom que, sob a iluminadora ação do Espírito Santo, dá-nos uma percepção profunda das verdades reveladas, sem entretanto nos dar uma compreensão dos mistérios em si mesmos.” 9

O efeito do Dom de Inteligência é que nos capacita a penetrar no núcleo mesmo das verdades reveladas e nos dá uma profunda compreensão delas. Contudo, dos carismáticos, que continuamente vangloriam-se de "serem cheios até o transbordamento com o Espírito," constantemente jorram erros religiosos10

. Longe de possuírem o Dom de Inteligência, eles demonstram desconhecerem até as verdades mais fundamentais e básicas da Fé católica.

De fato, como se pode ver em meu livro Close-ups of the Charismatic Movement, o movimento Carismático na Igreja Católica foi fundado, como um todo, num objetivo pecado mortal contra a Fé.

Em 1967, um grupo de católicos em Pittsburgh participaram de uma reunião pentecostal protestante. Os protestantes, que como membros de uma religião herética não possuem nenhum poder sacramental, impuseram suas mãos sobre os católicos. Estes católicos começaram a tagarelar em "línguas" e proclamaram estarem "cheios com o Espírito até o transbordamento”, como um resultado disso.

As ações destes católicos desobedeceram ao Código de Direito Canônico de 1917, que estava em força (vigente) até 1983. O cânone 1258 determina que "absolutamente não é lícito para o fiel estar ativamente presente e nem tomar parte em cerimônias não-católicas". Contudo, de acordo com os carismáticos, os católicos serão recompensados com um influxo especial do Espírito Santo se eles transgredirem a lei da Igreja.

Além disso, procurando santidade de membros de seitas não-católicas, desafiam o ensino Católico de que nenhuma salvação nem santidade é achada em religiões não-católicas. O Papa Pio XII reafirmou esta doutrina dentro do contexto de uma oração a Santíssima Virgem:

“Ó Maria, Mãe de Misericórdia e Sede da Sabedoria! Ilumine as mentes envolvidas na escuridão da ignorância e do pecado, para que eles possam claramente reconhecer a Santa, Católica, Apostólica, Igreja Romana, como a Única e Verdadeira Igreja de Jesus Cristo, fora da qual nem santidade nem salvação podem ser encontradas" (RAC: 626,11).

Por contraste, o "Pentecostalismo Católico”, nas palavras de seu estimado pregador, proclama que religiões não-católicas nas quais "nem santidade nem salvação podem ser encontradas", são positivamente desejadas por Deus.

Aqui nós vemos uma, das muitas maneiras nas quais o "Pentecostalismo Católico" conduz a apostasia. 

  1. 1. Sessão V sobre o Pecado Original. Veja Denzinger Nº 787.
  2. 2. A Igreja definiu esta verdade três vezes. A definição mais explícita e enérgica vem do Papa Eugênio IV quando definiu ex cathedra no Concílio de Florença em 4 de fevereiro de 1442: "A Santíssima Igreja Romana firmemente acredita, professa, e prega que nenhum desses que habitam fora da Igreja Católica, não somente pagãos, mas também judeus, heréticos e cismáticos, jamais podem ser participantes da Vida Eterna, mas que eles devem entrar no fogo eterno "que foi preparado para o demônio e seus anjos," (Mt 25, 41) a menos que antes da morte eles se juntem a Ela; … Ninguém, embora sua caridade seja tão grande quanto possível, ninguém, ainda que derrame seu sangue pelo Nome de Cristo, pode ser salvo a menos que dentro de si permaneça obediente e unido a Igreja Católica".
  3. 3. Papa Leão XIII, Encíclica, Immortale Dei, apud Denis Fahey, The Kingship of Christ and Organized Naturalism (Dublin: Regina Publications, 1943), pp.7-8.
  4. 4. Todas as citações do sermão do Pe. Cantalamessa são de 02 de abril de 2002, Catholic News Service report.
  5. 5. Veja detalhes em John Vennari, Close-ups of the Charismatic Movement, (TIA, Los Angeles, 2002), Capítulo I.
  6. 6. Papa Pio XI, Encíclica Mortalium Animos; George Hay, "Ecumenismo Condenado pelas Sagradas Escrituras."
  7. 7. Eu vi Kevin Ranaghan contar esta história na Conferência Carismática “Católica” de 30º aniversário em Pittsburgh. A Conferência, chamada "Testemunha" (Witness), é produzida em cassete por Resurrection Tapes.
  8. 8. Apud Gerard Mura, "The Third Secret of Fatima - Has it Been Completely Revealed?" (O Terceiro Segredo de Fátima – Ele foi completamente revelado?) Catholic Family News, março 2002.
  9. 9. Adolph Tanquerey, The Spiritual Life: A Treatise on Ascetical and Mystical Theology, (Tournai: Desclee, 1930), pp. 627-628.
  10. 10. para maiores detalhes, veja J. Vennari, Close-ups of the Charismatic Movement, passim.

Renovação carismática: testemunho de um arrependido

Agosto 10, 2018 escrito por admin

Carta dirigida a sì sì no no:

 

«Gostaria de dar a conhecer minha experiência com a Renovação Carismática e ao mesmo tempo pedir perdão a todas as pessoas, muitas seculares e sacerdotes, que convidei e induzi a entrar em contato com esta nova ‘realidade espiritual’, participando em diversas reuniões de oração de grupos carismáticos que, graças a vossa revista sì sì no no, se me mostram cada vez mais como movimentos de natureza diabólica.

Antes de tudo peço perdão a minha mulher e a minhas filhas por haver sido incapaz de ver os perigos destas ‘seitas’, ou por havê-las conduzido a atividades que, passado o tempo, contribuíram de forma essencial na divisão de minha família e até na nossa separação. Como cabeça da família não fui bem alerta, cegando-me o orgulho carismático; espero que o Senhor, em sua misericórdia, na qual creio, se dignará voltar a unir o que o homem separou.

Realmente podem classificar-se entre as ‘seitas’ os grupos da Renovação Carismática; com efeito, não se pode entrar de fato nestes grupos senão através do ‘batismo no espírito’, e, uma vez que entrou, dificilmente pode alguém sair, já que a Verdade é manipulada, crêem possuí-la, situando-se ademais em um nível espiritual superior com respeito aos demais, que ‘são incapazes de compreender’; não aceitam nenhum conselho, nem sequer de um sacerdote, enquanto este não se mostre de acordo com a visão carismática.

Comecei a assistir, junto com minha futura esposa, ao grupo da Renovação Carismática Comunidade Cristã para uma vida nova, em Villafranca (Itália), no ano de 1981, chegando a ser muito rapidamente um de seus principais membros, e recebendo até pouco tempo depois, como minha mulher, o fatídico e satânico vestígio do ‘batismo no espírito’, dentro já do grupo carismático de Bréscia, o grupo do Pe. Dino Foglio, coordenador nacional da Renovação Carismática.

O grupo, que então contava só com algumas pessoas, centrava-se na personalidade carismática de seu diretor, De Pieri Luciano, de Mântua, que havia sido expulso dos grupos da Renovação em Verona, nos quais eu havia estado, por causa de sua conduta e idéias nada conformes à maioria destes grupos.

Com o tempo, e devido à atração exercida pelo diretor do grupo com seus ‘carismas’ de cura e doutrinamento, crescia constantemente o número de pessoas que participavam nos encontros de oração, os quais tinham lugar às terças-feiras para os ‘renovados no espírito’ (quer dizer, os que já haviam sido iniciados mediante o ‘batismo no espírito’ ou ‘efusão no espírito’, segundo o jargão carismático) e aos sábados para todos em geral. Tais ensinamentos estavam orientados, amiúde, para o conhecimento do Maligno e de suas artimanhas; questões que atraíam a curiosidade dos presentes e que ao mesmo tempo davam a entender, por parte dos que as apresentavam, um profundo conhecimento do mundo referente ao ocultismo. Pouco antes de deixar tudo isso, encontrei no lugar de nossas reuniões, onde rezávamos pelas necessidades dos que se nos encomendavam, um livro de práticas esotéricas e uma pirâmide de metal.

Nas reuniões que se organizavam nos fins de semana sobre diversos temas bíblicos, podíamos ouvir amiúde oradores protestantes, tais como Fred Ladenius, Chablot, Mauro Adragna e muitos outros. Essas reuniões eram também ocasião para recolher fundos (pela inscrição nestes cursos, por fitas cassete e por várias outras coisas). O grupo crescia, muitos receberam a ‘efusão do espírito’, os ‘carismas’ iam aparecendo: amiúde esses ‘carismas’ eram concedidos ou retirados ao bel-prazer do diretor. Os mais solicitados eram os de profecia, discernimento e cura. Era uma espécie de procura dos carismas mais chamativos; só faltava um na comunidade, o principal: a caridade.

Criaram-se pequenos ‘cenáculos’ de oração nas casas dos mais antigos do grupo, para que assim as pessoas iniciadas no caminho carismático pudessem crescer ‘espiritualmente’ de forma mais intensa. Minha casa se converteu em um centro de reunião para um ‘cenáculo’ na sexta-feira pela tarde. Hoje recordo com pesar a decisão nefasta que tomei então: pensava invocar o Espírito Santo, mas invocava, em verdade, o espírito de Satanás; cria louvar a Deus falando diversas línguas, mas, muito pelo contrário, maldizia-o, e isso em minha própria casa, até na Sexta-Feira Santa.

Minhas filhas, com ainda poucos anos, começaram a rezar em línguas estrangeiras. O grupo crescia tanto, que foi necessário fazer duas reuniões no sábado.

Passados dez anos desde o início destas reuniões, teve-se notícia por pessoas de fora das ‘curas’ que ali se produziam; os jornais da região transmitiram as opiniões dos que se haviam sentido ‘beneficiados’, e desta forma o bispo de Verona de então, Dom Amari, enviou um representante seu para informar-se da situação. Este sacerdote não foi bem recebido. Sentado no fundo da sala onde se dava a reunião, não pôde contar com a ajuda dos responsáveis da comunidade para levar a cabo sua missão.

O informe que entregou ao bispo não foi positivo, principalmente por estas três razões:

1) Tempos de oração que se realizam geralmente sob impulsos emocionais, sem espaço para uma adequada catequese que permita uma experiência cristã fundamentada na objetividade da fé e no caráter concreto da vida eclesial.

2) A oração para obter publicamente uma cura, levada a cabo de forma sensacionalista, está centrada na fórmula ‘ver para crer’; tudo isso vivido em um contexto muito emocional, que pode levar a confundir uma sugestão coletiva de pessoas, amiúde em situação difícil, com a intervenção milagrosa do Espírito.

3) A experiência, centralizando-se de forma quase exclusiva na petição de curas, alentava, sobretudo nos enfermos, falsas e ilusórias esperanças que podiam conduzir a uma visão religiosa deformada e às vezes a uma espécie de enfeitiçamento das consciências.

O bispo solicitou aos responsáveis que suspendessem as reuniões, proibindo os sacerdotes, religiosos e religiosas de participar nelas, e de dirigir a intervenção dos fiéis nestes atos, exortando também os seculares a que não comparecessem de maneira alguma. Mas nós, em espírito de ‘obediência’, continuamos com nossas reuniões, afirmando que o bispo não havia compreendido nada e que havia sido mal informado, e que — de qualquer forma — era preciso ‘obedecer a Deus antes que aos homens’.

Enquanto isso, minhas relações com o ‘dirigente’ do grupo se tornaram mais tensas, devido a suas atitudes autoritárias e às decisões pessoais que tomava, pelas quais as pessoas mais humildes eram excluídas amiúde de seus favores. Em nosso grupo se manifestava sempre com mais força o verdadeiro espírito carismático da renovação, quer dizer, os ‘carismas’ próprios do Maligno ou, o que é o mesmo, o orgulho, a inveja, os zelos amargos, e especialmente o ódio e a intolerância para com todos aqueles que se rebelavam contra o chefe carismático. ‘O chefe jamais se equivoca’, dizia-me um membro antigo do grupo. Então eu era o responsável pela seção ‘canto’ dentro da comunidade, mas, por causa destas atitudes contrárias ao que sentiam todos, fui cada vez mais marginalizado. Depois de lançarem contra mim uma mentira que era evidente e dita diante de todos os responsáveis da comunidade, que conheciam a verdade mas não fizeram nada para defender-me, tomei a decisão de deixar definitivamente o grupo.

Neste tempo se foi criando, de forma lenta, uma muito séria incompreensão entre minha mulher e mim, pois ela continuava participando nos encontros de oração. Tempos depois me disseram que sobre ela se haviam pronunciado amiúde orações segundo a maneira típica da ‘Renovação’, com imposição das mãos, invocação do ‘Espírito Santo’, preces em diversas línguas, profecias e leituras de passagens bíblicas. Durante a oração para os enfermos tinha lugar, às vezes, o que segundo a terminologia carismática se chama ‘repouso do espírito’. Trata-se de uma espécie de ‘transe’ consciente, no qual a pessoa afetada chega a ouvir as vozes dos que a rodeiam, mas não pode mover-se. Crê-se que é nesse estado que se está em condições ótimas para a cura.

Dois anos mais tarde minha mulher e eu nos separamos. Durante esse tempo o grupo se havia dividido: a maioria havia seguido o ‘chefe’, instalando-se na nova sede de Peschiera; eu continuava com outros no mesmo lugar, o qual agora era sede de um grupo de Pentecostais de raça negra. Outro grupo se formou graças a novos ‘batismo no espírito’, chegando-se até a pronunciar a invocação sobre um sacerdote, Pe. Saverio Mazzi, encarregado pelo bispo de Verona, Dom Nicora, sucessor de Dom Amari, de estar presente nos encontros de oração. Por essa época conheci um grupo de católicos tradicionalistas de Verona, mas sua Fé católica era incompatível com a minha. Tive de escolher e deixei definitivamente, apesar das dificuldades, a experiência carismática. Dou graças a Deus, o qual me fez conhecer verdadeiros amigos, que nunca me abandonam e que são uma referência constante para mim.

Esses quinze nos passados na Renovação Carismática não deixaram nenhum vestígio positivo em minha vida. Aos 44 anos me encontro sem família, a qual amo e à qual me sinto unido, com a sensação de haver perdido inutilmente tanto tempo e com poucas forças para rezar e seguir o único caminho que considero válido atualmente: o caminho do catolicismo tradicional. De qualquer forma, creio que para os que amam a Deus tudo sucede para seu bem e que Ele pode mudar totalmente em um momento a situação em que me encontro, da qual, ao menos por ora, não vejo saída alguma.

A crise atual da Igreja, da qual Nossa Senhora falou em Fátima e da qual faz parte a Renovação Carismática como elemento principal, terá fim. Acabarão, para maior glória de Deus, as adulações humanas, os falsos carismas e as mentiras dessa espiritualidade demoníaca».

 

Carta devidamente assinada

A Renovação Carismática Católica

Pe. Scott Gardner, FSSPX

 

Fruto do Concílio Vaticano II, Semente de Destruição.

Introdução:

  Batizados no "Espírito"

            "Batizado no Espírito", "Oração em Línguas", "O Dom da Profecia", e um "Relacionamento Pessoal com Jesus Cristo" são todas expressões muito em voga e indispensáveis no vocabulário da assim chamada "Renovação Carismática Católica" (RCC) , um movimento cujas origens se deve a um retiro sem nenhum acompanhamento realizado em 1967 por alguns estudantes da Universidade de Duquesne em Pittsburg (USA) . Por volta de 1990, o movimento já contava com cerca de 72 milhões de seguidores no mundo inteiro e organizações oficiais em mais de 120 países.
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O Movimento Carismático

Abril 25, 2010 escrito por admin

 Artigo do jornal Si Si No No

Suas origens
 
Tudo começou com a participação de alguns católicos em assembléias de pentecostistas protestantes e com a recepção do “batismo do Espírito” por obra dos pentecostistas.
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"Novo Pentecostes"

É a última espetacular novidade religiosa que se espalha com grande sucesso no mundo inteiro. Num recorte recente de "Le Monde" lemos a notícia desse movimento cujo sucesso se contrapõe, na pena de Henri Fesquet, "ao declínio das grandes Igrejas" mais ou menos institucionalizadas. Esse movimento de origem protestante, nascido antes do século, cresceu agora rapidamente. O número de "Assembléias de Deus" que era de 264 em 1963 ultrapassa o número de 400 em 1972. Calcula-se em dez milhões o número de praticantes no mundo inteiro", diz "Le Monde"; e como era de esperar anuncia que o movimento já entusiasmou o mundo católico onde ganha o nome de "renovação carismática" e até reclama o mais ousado título de "novo pentecostes".

   

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