Como é necessário, pois, chegar-se à beatitude por meio de certos atos, é preciso, conseqüentemente, tratar dos atos humanos, para conhecermos os que a ela conduzem ou dela desviam. Mas, como as operações e os atos dizem respeito ao singular, toda ciência operativa se completa, considerada em particular. Por onde, a ciência moral, que versa sobre os atos humanos há de ser tratada, primeiro, em universal e, segundo, em particular.
Quanto à consideração universal dos atos humanos, há-se, primeiro de tratar deles, em si mesmos; segundo, dos seus princípios. Ora, desses atos, uns são próprios ao homem; outros são-lhe comuns com os animais. E como a beatitude é bem próprio do homem, conduzem a ela mais proximamente os atos propriamente humanos, que os que lhe são comuns com os animais. Portanto, há-se de tratar, primeiro, dos atos próprios ao homem. Segundo, dos que lhe são comuns com os animais, chamados paixões.
Sobre o primeiro ponto duas considerações se apresentam: primeira, da condição dos atos humanos; segunda, da distinção deles. Mas como se chamam atos humanos propriamente ditos, aos voluntários, por ser a vontade o apetite racional próprio do homem, é preciso considerar os atos enquanto voluntários. E portanto, há de se tratar, primeiro, do voluntário e do involuntário em comum; segundo, dos atos voluntários elícitos da vontade mesma, dela procedente imediatamente; terceiro, dos atos voluntários imperados pela vontade, procedentes da vontade mediante outras potências.
E como os atos voluntários têm certas circunstâncias pelas quais são julgados há-se de tratar, primeiro, do voluntário e do involuntário; e conseqüentemente, das circunstâncias dos atos em si, onde se manifesta o voluntário e o involuntário.
Sobre o primeiro ponto oito artigos se discutem: