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7. O pecado original e a maçonaria

Capítulo sétimo

O pecado original e a Maçonaria.

 

Como sempre dizemos, todo o Catolicismo se resume a duas pessoas: Adão e Jesus Cristo. Adão, por quem caímos; Jesus, por quem nos reerguemos.

Disto segue que os dois dogmas capitais de nossa fé são, de um lado, o pecado original; de outro, a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Bossuet, ao explicar o que o Apóstolo chama de “mistério da iniqüidade”, (2 Ts 2, 7) diz: “Este mistério consiste na corrupção das máximas do Evangelho e no estabelecimento do anticristianismo”[1]. No estabelecimento do anticristianismo! Bossuet foi profético no seu tempo: o estabelecimento do anticristianismo é hoje fato consumado, e seu nome é Maçonaria.

Todos sabem como a Maçonaria vê a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ela acaba de proibir que se pronuncie o seu nome nas escolas que tornaram obrigatórias para os católicos[2]. Todos sabem disso. Mas não se conhece tão bem o que pensam os maçons do segundo dogma fundamental do Catolicismo. Nós o diremos, de acordo com um autor muito bem informado, o Padre Deschamps que em seu magnífico trabalho Les sociétés secrètes et la société afirma: “De todos os dogmas católicos não há outro que a maçonaria ataque com mais furor que o pecado original.”[3]

A seita anticristã sabe muito bem que ao atacar este dogma capital, ela derruba por inteiro o Catolicismo e não deixa no lugar senão o seu naturalismo.

O Protestantismo capitulou diante do anticristianismo, e não teve forças para afirmar nem a divindade de Nosso Senhor nem a realidade do pecado original. Compreendemos este recuo: quando se nega a fé em um ponto determinado, não se está mais em condição de defendê-la seriamente em nenhum outro.

A Igreja católica não conhece tais deficiências: ela está lá com sua fé antiga, seus antigos Concílios, seus definições solenes de fé, e apresenta a todas as almas a pura flama da verdade imutável.

Mas nem todos os filhos da Igreja têm a docilidade necessária em relação à sua mãe: muitos escutaram a voz que vem de fora, e que procura nos inocular o veneno do naturalismo, que com o tempo se transformará no próprio anticristianismo. Questionam então o dogma do pecado original, enquanto nós, sob o pretexto de evitar polêmicas e de lhes tornar a fé mais facilmente aceitável, diminuímos a verdade, patrimônio dos fiéis. Diminutae sunt veritates a filiis hominum (Sl 11, 2).

 


[1] Pensées détachées, t.VII, p. 126. Ed. Outhenin.

[2] Quando o Pe. Emmanuel-André publicou o presente opúsculo, vigorava na França a funesta III República, que fazia guerra ao catolicismo lançando-se sobretudo contra as escolas católicas. “Quero, com todas as ganas da minha alma, não apenas que se separe a Igreja do Estado, mas as escolas da Igreja”, dizia León Gambetta. E Jules Ferry, ‘pai’ da escola laica obrigatória, confessava: “Meu propósito é organizar a humanidade sem Deus e sem reis. Mas não sem patrões.” Ambos eram maçons. [N. do E.]

[3] A maçonaria possui um rito destinado a substituir o nosso batismo. É sobretudo nele que proclama sua negação do pecado original. Para nós, uma criança batizada é um filho de Deus, um anjinho. A criança que recebeu os ritos de iniciação maçônicos é chamada, no jargão das lojas, de lobinho. Comparem!

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