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14. Pedidos de Nosso Senhor

Pedidos de Nosso Senhor

 

Em troca de tantas graças excepcionais, Jesus apenas pedia à Comunidade duas práticas a que vamos referir-nos rapidamente: a Hora Santa e o Rosário das Santas Chagas. Na época do cólera, em 1867, que tantas vítimas fez em Chambéry, N. S. manifestou o desejo de que, todas as sextas-feiras, a Hora Santa fosse feita por cinco Irmãs, cada uma das quais seria encarregada de honrar uma Chaga.

A SS.ma Virgem uniu o seu pedido ao do seu Divino Filho com estas palavras que revelam um doloroso pesar:

“Nao há nenhuma casa na terra onde as Sagradas Chagas de Jesus sejam honradas, particularmente na sexta-feira à tarde... Deveis durante essa hora contemplar essas santas aberturas e esconder-vos nelas.”

E depois ensinou à feliz privilegiada como devia cumprir este piedoso exercício. Mostrando-se sob a figura de Nossa Senhora das Dores, com o seu Filho nos braços, disse-lhe:

“Minha filha, a primeira vez que contemplei as Chagas do meu querido Filho, foi quando o seu Santo Corpo foi deposto nos meus braços. Meditei as suas dores e fi-las passar ao meu coração... Olhei para os seus Divinos Pés, um após o outro... depois contemplei o seu Coração onde vi esta grande abertura, a mais profunda para o meu coração de Mãe... contemplei a Mão esquerda, depois a direita, e em seguida a Coroa de Espinhos. Todas estas Chagas me trespassaram o coração!... Eis a minha Paixão!... Sete espadas estão no meu coração, e é pelo meu coração que deveis honrar as Chagas Sagradas do meu Divino Filho!...”

Foi por esta mesma época (1867-1868) que, para satisfazer a vontade igualmente manifestada por Nossso Senhor, as superioras estabeleceram por causa das necessidades do momento, mas sem promessa nem compromisso para o futuro, a recitação quotidiana do “Rosário das Santas Chagas”. Eis como, desde a origem, se tem recitado este rosário: Em lugar do “Credo” e nas primeiras três contas diz-se a bela oração inspirada a um Sacerdote de Roma:

“Ó Jesus, Divino Redentor, sede misericordioso para conosco e para com o mundo inteiro. R. Amen.”

“Deus Forte, Deus Santo, Deus Imortal, tende piedade de nós e do mundo inteiro. - R. Amen.”

“Graça, misericórdia, meu Jesus, durante os perigos presentes; cobri-nos com o vosso Sangue precioso. - R. Amen.”

“Padre Eterno, tende misericórdia de nós, pelo Sangue de Jesus Cristo Vosso Filho único; tende misericórdia de nós, nós vo-lo suplicamos. - R. Amen, amen, amen.”

Nas contas pequenas:

“Meu Jesus, perdão e misericórdia. - R. Pelos méritos das Vossas Santas Chagas.” (300 dias de indulgências, toties quoties.)

Nas contas grandes:

“Padre Eterno, eu vos ofereço as Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo. - R. Para curar as das nossas almas.” (300 dias de indulgências, toties quoties. SS. Pio XI S. P. 16-1-1924.)

 

Estas duas últimas invocações são as que Nosso Senhor mesmo tinha indicado e às quais fez promessas tão belas! Foram primeiro indulgenciadas só para o Instituto da Visitação, estendendo-se depois as indulgências a todos os fiéis, e perpetuamente, em virtude dum indulto da Sagrada Penitenciária (16 de Janeiro de 1924).

Não foi sem dificuldade que as superioras conseguiram que se adotasse a recitação do Rosário das Sagradas Chagas; assim como em Paray, por um zelo extremo da regra, houve mais que uma reclamação, as nossas Madres, assim como a pobre Irmã conversa sofreram bastante com isso, mas Nosso Senhor animava-as:

“Minha filha, as graças de Deus não são dadas sem que haja dificuldade em cumprir a minha vontade... As minhas Chagas são vossas: o demônio perdeu o mérito delas e é por isso que ele se enraivece contra vós. Mas quantos mais obstáculos e oposições encontrardes, mais abundante será a minha graça.”

“Não deveis temer nada e é preciso que passeis por cima de todos os obstáculos; nisto consiste o verdadeiro amor... Aquele que vos ampara não pode ser abalado; serei sempre a vossa defesa!... mas é preciso este sofrimento.”

Deus Pai, segurando uma chave na mão, parecia ameaçar com um ar severo:

“Se não fazeis o que Eu quero, fecharei estas Fontes e dá-las-ei a outros.”

Com uma firmeza repassada de paciência e de humildade, as nossas Madres, Teresa Eugénia e Maria Aleixo, conseguiram introduzir esta prática. Jesus sustentou-as visìvelmente. Havia uma Irmã muito autorizada no Mosteiro, por causa da sua grande inteligência e sólido raciocínio, a qual se opunha tenazmente à nova devoção. Um dia dirigiu-se-lhe a humilde Irmã conversa encarregada duma missão da parte do Senhor; a Irmã ouviu que ela lhe revelava uma coisa absolutamente secreta, que se tinha passado entre ela e Ele, no íntimo da sua alma, coisa que nunca tinha confiado a ninguém e que, por isso, a Irmã Maria Marta não podia saber senão de Deus... Perante tal prova, a Irmã rendeu-se sinceramente e quis reparar a oposição passada, fazendo pequeninas imagens das Santas Chagas, destinadas a propagar o culto.

“A devoção as minhas Chagas é o remédio para este tempo de iniquidade”, assegurava o Salvador.

“Sou Eu que o quero: é preciso que façais as aspirações com grande fervor.”

Perante tais progressos, a raiva do demônio não podia conter-se e atirava-se sobretudo à Irmã de quem escarnecia:

“Que é que tu fazes?... perdes o teu tempo. - As outras pessoas recitam lindas orações que encontram nos livros, enquanto tu, dizes sempre a mesma coisa.”

Mas Jesus expulsava o demônio:

“Minha filha, Eu vejo tudo e conto tudo. - Diz à tua superiora que Eu conto cada aspiração que ela faz. - É preciso que ela empregue todos os meios para manter o terço da misericórdia.”

“Eu estou contente por vos ver honrar as minhas Santas Chagas; posso agora derramar mais abundantemente os frutos da minha Redenção. É preciso que vós, que conheceis os meus desejos, sejais duplamente fervorosas... Se afrouxardes na devoção às minhas Chagas, perdereis muito.”

“Assim como existe um exército pronto para o mal, há também um dirigido por Mim. – Com esta oração, tendes mais poder que um exército, para deter os meus inimigos.”

“Vós sois bem felizes, vós a quem Eu ensinei a oração que me desarma: Meu Jesus, perdão e misericórdia, pelos méritos das Vossas Santas Chagas.”

“As graças que recebeis por estas invocações, são graças de fogo... Elas vêm do Céu e é preciso que voltem para o Céu...”

“Diz à tua superiora que será sempre ouvida em qualquer necessidade que seja, quando me pedir pelas Santas Chagas, mandando recitar o Rosário da Misericórdia.”

“Os vossos Mosteiros atraem as graças de Deus sobre as dioceses em que se encontram; quando ofereceis a meu Pai as minhas Santas Chagas, olho para vós como estendendo as mãos ao Céu para receber graças!... Em verdade, esta oração não é da terra, mas do Céu!... ela pode obter tudo!” “- É preciso dizê-lo à tua Superiora, recordá-lo, escrevê-lo para o futuro, a fim de que recorrais a ela de preferência a outras.”

As recomendações de N. S. não foram vãs. Conservou-se o uso de recorrer quotidianamente a “esta oração do Céu”. Quando surgem grandes dificuldades, necessidades graves, perigos iminentes, mais numerosas e instantes são as invocações... E depois duma experiência de cinqüenta anos, a Comunidade pode declarar que sempre se felicitou pela sua confiança! Não foi porque fossem poupadas as provações nem que a morte espaçasse as suas visitas... Longe disso! Mas as mesmas provações são suavizadas com tantas consolações! E morre-se tão suavemente a sombra das Santas Chagas!

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