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Art. 5 ─ Se o limbo é o mesmo que o inferno dos condenados.

O quinto discute-se assim. ─ Parece que o limbo não é o mesmo que o inferno dos condenados.

1. - Pois, conforme a Escritura, Cristo foi a mordedura do inferno, mas não no destruiu, porque de lá retirou um certo número de almas, mas não todas. Ora, não teria sido chamado a mordedura do inferno, se os que livrou não fossem apenas uma parte da multidão das almas lá encarceradas. Mas, como os que livrou estavam encerrados no limbo, estavam também no inferno. Logo, o limbo é o mesmo que o inferno, ou parte deste.

2. Demais. ─ No Símbolo se diz, que Cristo desceu ao inferno. Ora, só desceu ao limbo dos Patriarcas. Logo, o limbo dos Patriarcas é o mesmo que o inferno.

3. Demais. ─ A Escritura diz: Tudo o que me pertence descerá ao mais profundo do inferno. Ora, Job sendo justo e santo, desceu ao limbo. Logo, o limbo é o mesmo que o mais profundo do inferno.

Mas, em contrário. ─ Nenhuma redenção há no inferno. Ora, os santos Patriarcas foram redimidos do inferno. Logo, o limbo não é o mesmo que o inferno.

2. Demais. ─ Agostinho diz: Não vejo como possamos crer que o descanso, em que entrou Lázaro fosse no inferno. Ora, a alma de Lázaro desceu ao limbo. Logo, o limbo não é o mesmo que o inferno.

SOLUÇÃO. ─ A dupla luz podemos considerar as moradas das almas depois da morte: na sua situação ou na qualidade dos lugares, i. é, se há lugares onde as almas recebam penas ou prêmios. ─ Considerado, pois, o limbo dos Patriarcas e o inferno, quanto à qualidade de esses lugares, não há dúvida sobre a diversidade deles. Quer porque no inferno existe a pena sensível, que não existia no limbo dos Patriarcas; quer também por ser eterna a pena do inferno, ao passo que no limbo dos santos Patriarcas estavam encerrados apenas temporariamente. ─ Consideradas porém as situações desses lugares, é provável que são um mesmo lugar, ou quase contíguos, o inferno e o limbo; havendo uma parte superior do inferno chamada limbo dos Patriarcas. Pois, os que estão no inferno sofrem penas diversas conforme a diversidade das suas culpas. Assim, conforme a gravidade dos pecados que cometeram, assim o lugar do inferno mais ou menos obscuro e profundo onde são encarcerados os condenados. Por onde, os santos Patriarcas, cuja culpabilidade era mínima, ocupavam lugar mais elevado e menos tenebroso do que o de todos os condenados.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. ─ No sentido da identidade de lugares, do inferno e do limbo, é que a Escritura diz, que Cristo foi a mordedura do inferno e a ele desceu, para retirar do limbo os Patriarcas.

DONDE SE DEDUZ A RESPOSTA À SEGUNDA OBJEÇÃO.
 
RESPOSTA À TERCEIRA. ─ Job não desceu ao inferno dos condenados, mas ao limbo dos Patriarcas. E esse é chamado um lugar profundíssimo, não relativamente aos lugares onde se cumprem penas, mas em comparação com os outros, no sentido em que uma mesma denominação inclui todos os lugares onde se cumprem penas. ─ Ou podemos responder com Agostinho, quando diz, a respeito de Jacó: Quando Jacó dizia a seus filhos ─ Entristecereis a minha velhice com uma dor que me levará aos infernos ─ temia não viesse uma dor excessiva a lhe perturbar a alma, a ponto de, perdendo o descanso dos santos, cair no inferno dos pecadores. No mesmo sentido podemos entender as palavras de Job, que seriam, antes, palavras de quem teme do que de quem afirma.

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