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Introdução da Permanência

Mal começara a Primeira Grande Guerra, o primeiro ministro inglês David Lloyd George tomou para si a tarefa de criar uma central inglesa de propaganda da guerra para contrapor-se à central de propaganda alemã — surgia assim o War Propaganda Bureau (WPB).

Nomeado para chefiar o recém criado WPB, o jornalista e político Charles Masterman, membro do partido Liberal, convidou secretamente, em 2 de setembro de 1914, o escol das letras inglesas para discutir a melhor maneira de promover os interesses do seu país durante a guerra. Entre os convidados, Rudyard Kipling, H. G. Wells e nosso G. K. Chesterton. 
 
O entendimento era o de que a propaganda poderia ajudar a aumentar o número de recrutas; manter alta a moral dos soldados no front; tornar a guerra aceitável pelo povo; persuadir a população a ajudar materialmente os combatentes; e last not least, tornar detestáveis os inimigos perante a opinião pública.
 
Foi neste contexto que o grande escritor inglês G. K. Chesterton publicou no londrino Daily Mail as crônicas que, reunidas, compõe este livro. Publicaria ainda The Crimes of England, no mesmo ano, com o mesmo propósito.
 
Por que, pois, ler um livro de propaganda de guerra? Por que ler este livro de Chesterton?
 
A primeira resposta é que, depois de conhecermos a barbaria de Berlim nas suas grandes guerras, seu racismo e o rastro de destruições que causou, como não reconhecer a verdade da “propaganda” de Chesterton contra a “Alemanha prussianizada”?
 
A segunda resposta, que traz algo do gosto desse inglês inigualável pelo paradoxo e pelos jogos de palavra, é que devemos ler este livro de Chesterton, por ser este, um livro de Chesterton.  Nas mãos de outros autores, uma obra como esta, uma obra de propaganda, arriscaria tornar-se tão falsa quanto tediosa, um discurso político pesado e maçante. Nada disso se encontra aqui: o escritor transmite o seu gênio a esta obra de polêmica e a recheia com profundas e importantes reflexões sobre civilização, barbaria, e história européia.
 
Uma última palavra: já se disse que a prosa de Chesterton foi muito mal-tratada nas traduções brasileiras. Esse livrinho, publicado em 1946 pela Editora Agir, redime nossas letras com a competente tradução de Gustavo Corção.

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