Category: Paolo Pasqualucci
Paolo Pasqualucci
Sumário:
1. A noção de tradição. 2. Tradição cristã e não “judaico-cristã”. 3. Definição da Tradição católica. 4. A Tradição católica não contém nada de secreto, ela não é esotérica. 5. A noção esotérica da tradição é irracional e falsa. 5a. A inversão do significado da Cruz por René Guénon.
Em geral, todos consideram bem conhecido o sentido da palavra “tradição”. Nós, todavia, julgamos importante defini-lo corretamente. É o que faremos neste artigo.
1. A noção de tradição.
Antes de tudo, a idéia de tradição compreende a de certos valores transmitidos e preservados ao longo de gerações. Transmitidos e preservados, ou seja, ensinados e apresentados como valores a se respeitar, visto que constituem o fundamento inalterável de uma determinada concepção de mundo e, conseqüentemente, do modo de viver de uma sociedade — compreendida globalmente enquanto povo. Com efeito, a tradição se materializa nos costumes. A idéia de tradição está, portanto, ligada à de valor e costume. Não há aqui lugar para uma definição subjetiva do que é o valor: o valor preservado pela Tradição é precisamente aquele que se impõe pelo fato de fundar essa mesma tradição e de pertencer-lhe, a despeito do que pensam os indivíduos, que devem reconhecê-la e obedecê-la. Leia mais
A perda da fé pela Hierarquia católica
Até bem pouco tempo as pessoas mais ou menos cultivadas, em geral, estimavam que o acontecimento capital do século XX fora a Revolução Russa, com a conseqüência da expansão mundial do comunismo. Mas depois da queda do Muro de Berlim (1989) e a dissolução auto-imposta da União Soviética, de um dia para outro o esquecimento desceu sobre o marxismo e sobre sua realização pratica. Então, que outro acontecimento? Poderia haver um mais importante do que as revoluções, as duas Guerras Mundiais, os genocídios, a chegada do homem à lua e outros acontecimentos e fenômenos terríveis e extraordinários do século que terminou? Para nós há um acontecimento de extrema gravidade, capaz de suscitar a justa cólera de Deus em relação ao mundo: a perda da Fé por grande parte da hierarquia católica, que emergiu a partir do Concilio Ecumênico Vaticano II (1962–1965). Naturalmente nos referimos à fé tal como resulta dos documentos oficiais do Magistério atual.