Category: Pe. Emmanuel-André
Grande espiritual do século XIX, restaurou a fé na sua pequena paróquia do Mesnil de Saint Loup, na França, tendo fundado em seguida um mosteiro beneditino, do qual foi o primeiro abade.
O Credo
O que é o nosso Credo?
É um admirável resumo da fé cristã.
Porque os Apóstolos o compuseram e o ensinaram?
Eles o compuseram e o ensinaram para servir de base a todos os ensinamentos da religião e também para ser um memorial dos ensinamentos da Igreja para os fiéis.
E para o que mais?
Para ser para todos os fiéis um sinal de reconhecimento e uma marca para sempre inviolável da unidade da fé que nos veio dos Apóstolos.
Que valor devemos dar ao Credo?
O maior valor; pois contém para nós as mais altas verdades do conhecimento às quais está ligada nossa salvação eterna.
O que há, sobretudo, de maravilhoso no Credo?
É o fato do Credo ser a luz tanto para os maiores gênios como para as crianças menorizinhas; é nele que todos vêm se saciar como numa fonte inesgotável de verdade.
Como se atinge a inteligência do Credo?
Os Apóstolos, instruídos pelo Espírito Santo, acharam que a melhor maneira de ensinar a religião era o método histórico, e vemos que o seguiram na composição do Credo.
O que decorre disso para nós?
Decorre que devemos nos adaptar ao método apostólico, e moldar o nosso espírito para compreender o Credo.
Então, verdadeiramente, é o Credo uma história?
Sim, nada mais fácil de compreender.
E qual a história que está no Credo?
A historia do presente, a do passado, e a do futuro.
Então é bem maravilhosa?
Certamente, daí ser preciso que entremos nessa história divina.
A historia presente no Credo
O que nos ensina o Credo sobre o presente?
Nos ensina grandes coisas sobre Deus, sobre a Igreja e sobre nós mesmos.
O que nos ensina sobre Deus?
Ensina primeiro o que é Deus, que são três pessoas em um só Deus, Pai, Filho e Espírito Santo.
E o que mais?
Que Deus é Todo Poderoso, Criador e conservador do céu e da terra; que seu Filho único, Jesus Cristo Nosso Senhor, está sentado à direita do Pai no céu.
E sobre a Igreja?
Que ela é católica e que é santa.
E sobre nós mesmos?
Que temos por Senhor, Jesus Cristo, o Filho de Deus, e que por ele entramos na comunhão dos Santos e encontramos a remissão dos pecados.
A historia do passado no Credo
O que nos ensina o Credo sobre o passado?
Tudo aquilo que mais nos interessa saber.
Quais são essas verdades?
A primeira é que Deus é o nosso Criador, já que é o Criador do céu e da terra.
E a segunda?
A segunda, que o Filho de Deus se fez homem por nós e nasceu da Virgem Maria.
E a terceira?
Que ele ressuscitou ao terceiro dia e que subiu ao céu.
A historia do futuro no Credo
O que nos ensina o Credo sobre o futuro?
Primeiramente que Nosso Senhor Jesus Cristo virá julgar os vivos e os mortos, recompensando a cada um segundo suas obras.
E o que mais?
Que todos os homens ressuscitarão de carne e osso antes de se apresentar para o julgamento de Nosso Senhor.
Qual será a sentença do soberano Juiz?
Conduzirá à vida eterna os que dela forem dignos e condenará à morte eterna os que a merecerem.
Disso tudo que precedeu, como deduzir a maneira de dizer o Credo?
Devemos seguir o método histórico, quer dizer, ter no espírito:
1o Deus existindo antes de todos os tempos, Pai, Filho e Espírito Santo;
2o Deus criando o céu e a terra;
3o Deus enviando seu Filho único ao mundo para nossa salvação;
4o Repassar em nosso espírito os mistérios da vida, morte e ressurreição de Nosso Senhor;
5o Lembrando-nos da Igreja de quem somos filhos, dos bens que encontramos em seu seio e aqueles que esperamos na vida eterna.
É tudo?
Não, à essa revista histórica é preciso acrescentar o ato interior de fé, aderindo piedosamente a essas verdades divinas, alegrando-nos de possuí-las e preferindo-as a todas as coisas, já que são elas que nos levam a Deus.
Rezemos juntos o Credo:
Creio em Deus Pai Todo Poderoso,
criador do céu e da terra;
e em Jesus Cristo um só seu Filho, Nosso Senhor:
o qual foi concebido pelo poder do Espírito Santo,
nasceu de Maria Virgem,
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado;
desceu aos infernos, ao terceiro dia ressurgiu dos mortos,
subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai Todo Poderoso,
de onde há de vir a julgar os vivos e mortos;
creio no Espírito Santo,
na Santa Igreja Católica,
na comunhão dos Santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne,
na vida eterna. Amém.
O Pai Nosso
1. Como se aprende a rezar
Temos necessidade de aprender a rezar?
Sim, temos de aprender a andar, a falar, a ler, a escrever, também temos que aprender a rezar. O homem não saberia nada se nada lhe fosse ensinado.
E quem nos ensina a rezar?
O próprio Nosso Senhor o fez; nossas mães devem fazê-lo desde que nascemos e os catequistas nos darão lições mais tarde.
O que podem fazer nossas mães e os catequistas para nos ensinarem a rezar?
Eles nos fazem conhecer a Deus, nos ensinam a lhe falar com respeito, com gratidão, com amor: nos fazem dizer e repetir as formulas das orações. É assim que se ensina a rezar.
E como fez Nosso Senhor?
Um dia seus Apóstolos lhe disseram: Senhor, ensinai-nos a rezar; nesse dia mesmo Jesus os ensinou o Pai Nosso, a mais bela das orações.
Nosso Senhor nos ensina somente a formula da oração?
Nosso Senhor pela graça excita em nossos corações o santo desejo de rezar, e nos anima interiormente a rezar bem, o que os homens não sabem fazer.
2. Pequeno estudo do Pai Nosso
O que Nosso Senhor nos ensina no Pai Nosso?
Nosso Senhor nos ensina o que precisamos desejar e pedir a Deus. Tudo encerrado em sete pedidos.
Como se dividem esses sete pedidos?
São três que se relacionam diretamente a Deus, e quatro que são mais expressamente relativos a nossos interesses.
O que lhe pedimos nos três primeiros pedidos?
Pedimos:
1o que seu nome seja glorificado,
2o que o seu reino venha a nós,
3o que sua vontade seja feita.
O que pedimos a Deus nos quatro últimos pedidos?
Pedimos:
1o nosso pão de cada dia,
2o o perdão dos nossos pecados,
3o a vitória sobre as tentações,
4o que nos livre de todo mal.
E isso é tudo que devemos desejar?
Sim, Nosso Senhor não esqueceu de nada, e todo homem que regrar seus desejos pelo Pai Nosso alcançara a felicidade eterna.
3. O Pai Nosso: os três primeiros pedidos
Explique os três primeiros pedidos do Pai Nosso?
Pedimos tudo que possa ser maior e melhor para a gloria de Deus e para nossa salvação.
Mostre-nos o que se refere à gloria de Deus?
Que o nome de Deus seja conhecido e glorificado como santo, que seu reino se estenda em nossas almas, e nos leve ao céu, que Deus seja obedecido por todos os homens tornados seus filhos; essa é a gloria que devemos desejar a Deus e que o fazemos quando dizemos o Pai Nosso com devoção.
Mostre-nos quanto a nossa salvação?
Pedimos também nesses pedidos a graça da fé, da esperança e da caridade; da fé que nos faz conhecer e revelar o nome de Deus, da esperança que nos faz desejar e obter seu reino e enfim da caridade que nos faz abraçar a sua vontade e obedecer a sua lei.
Tem algum modo de nos ajudar a rezar bem esses três pedidos?
Aqui está um pode ser útil a muita gente: no primeiro pedido lembrar nosso batismo, no segundo nossa crisma, e no terceiro os dez mandamentos.
Como assim?
O primeiro pedido terá como sentido que o nome de Deus seja santificado pela graça de nosso batismo que pedimos para nos conservar e que ele seja dado a todos os infiéis; no segundo que a graça de nossa crisma nos fortifique na Igreja que é o reino de Deus na terra e nos leve para o céu; no terceiro que a graça nos faça obedecer sempre aos dez mandamentos.
4. O Pai Nosso: os quatro últimos pedidos
Como se deve entender os quatro últimos pedidos?
Como a expressão exata de nossas necessidades, tanto para o corpo quanto para a alma.
Qual a ordem dos quatro pedidos em relação aos três primeiros?
Os quatro pedidos tem por fim nos pôr num estado para obter o que contêm os três primeiros: os primeiros visam por assim dizer a vida eterna, e os quatro outros tudo o que devemos ter na vida presente para alcançarmos a vida eterna.
Haverá algum modo de ensinar a fazer bem esses quatro pedidos?
Um modo útil é relacionar-los aos sacramentos como nos dois primeiros pedidos.
A que sacramentos relacionaríamos o quarto pedido?
Aos dois sacramentos da Ordem e da Eucaristia. Pedindo a Deus o pão de nossos corpos, pediríamos ao mesmo tempo o de nossas almas, a Eucaristia, e ao mesmo tempo também pediríamos a Deus para nos dar padres, padres santos que guardem entre nós a Eucaristia.
E ao quinto pedido?
Como pedimos o perdão dos pecados, o relacionamos ao sacramento da Penitência, implorando ao Pai celeste a graça de confessarmos sempre bem, sobretudo na hora da morte.
E o sexto pedido?
Teríamos no espírito o sacramento do Matrimonio, pedindo a Deus que ele seja sempre recebido e tratado santamente segundo a vontade de Deus; pois muitas vezes se toma esse estado para procurar ocasiões de tentação, o que é a ruína das almas e das famílias.
E ao sétimo pedido?
Relacionaríamos ao salutar pensamento da Extrema Unção que nos será dada na hora da morte quando mais precisamos desejar nos livrar do mal.
5. O Pai Nosso e Santa Teresa d’Ávila
Porque citar Santa Teresa?
Precisamente porque ela tem um método próprio de rezar o Pai Nosso, e talvez ganhemos em o conhecer.
Então diga-o:
Santa Teresa ligava os sete pedidos do Pai Nosso aos títulos de Deus dados por nosso amor.
Quais esses títulos para os três primeiros pedidos?
No primeiro pedido ela o honra especialmente como seu Pai; no segundo o adora como seu Rei; no terceiro o ama como seu Esposo.
E como reza nos outros pedidos?
No quarto, onde se pede o pão de cada dia, reconhece Jesus como seu Pastor; no quinto como seu Redentor; no sexto como seu Medico; e no sétimo como seu Juiz.
Será possível para nós rezar como Santa Teresa?
Não podemos nos comparar a uma tão grande alma; mas instruídos por seu exemplo e suas lições, peçamos humildemente a Deus para nos dar a graça de avançarmos na compreensão do Pai Nosso, e para o rezarmos melhor.
Ave Maria
1. A Ave Maria
Porque dizemos a Ave Maria depois do Pai Nosso?
Tendo Nosso Senhor nos dado Maria por Mãe, lhe oferecemos a saudação da Ave Maria depois do Pai Nosso como para obedecer o mandamento de honrar nosso Pai e nossa Mãe.
Então estando assim junto com o Pai Nosso, a Saudação angélica é uma oração excelente?
Sem duvida, pois foi, na sua maior parte, composta com palavras inspiradas pelo próprio Deus.
Quais são?
As do anjo Gabriel e as de santa Isabel.
Quais são as palavras do Anjo?
O anjo disse a Maria: Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre todas as mulheres, quer dizer: a mais abençoada de todas as mulheres.
Quais são as de santa Isabel?
Retomando as ultimas palavras do anjo e acrescentando um novo elogio, santa Isabel disse: Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto de vosso ventre. Essa é a primeira parte da Ave Maria, à qual acrescentamos o pedido: Santa Maria,etc.
2. Explicação da Ave Maria
O que encontramos nas duas partes da Ave Maria?
Encontramos o elogio de Maria e a confissão de nossa indigência.
E porque começamos pelo elogio de Maria?
Para reconhecer nela os bens que ela recebeu de Deus.
Quais são esses bens?
São eles: a plenitude de graça que a tornou querida de Deus acima dos Anjos e Santos: sua união com Deus que a conservou ao abrigo de todo pecado, sua maternidade divina que a elevou-a incomparavelmente acima de todas as mulheres, e por fim a honra que lhe é atribuída no céu e na terra por ser a Mãe de nosso Salvador Jesus.
Com que sentimentos é preciso dizer essa primeira parte da Ave Maria?
Com grande gratidão para com Deus que tanto deu a Santíssima Virgem, e com grande alegria ao felicitá-la por tanta graça e gloria com que ela foi cumulada por Deus.
3. Continuação da explicação da Ave Maria
O que encontramos na segunda parte da Ave Maria?
A continuação, ou melhor o resumo das grandezas de Maria e a confissão de nossa indigência e de nossa necessidades.
E porque reunir esses dois pensamentos?
É afim de atrair para a nossa indigência as misericordiosas ternuras da melhor das mães.
O que pedimos então à Santíssima Virgem?
Que ela que é a própria inocência e pureza, reze por nós; que interceda por nós que somos pecadores e temos tanta necessidade de socorro.
Porque dizemos “agora”?
Porque não há um só instante de nossa vida em que não tenhamos necessidade da graça de Deus e da intercessão de sua santa Mãe.
E porque acrescentamos “e na hora de nossa morte”?
Porque esse momento será para nós particularmente temível: estaremos em instantes do julgamento que fixará nossa sorte na eternidade, e é bom nos assegurar a intercessão da Santíssima Virgem para essa hora solene entre todas.
4. Como devemos dizer a Ave Maria
Quais são as disposições necessárias para dizermos bem a Ave Maria?
As mesmas que para o Pai Nosso, a saber: a Fé, a Esperança e a Caridade.
Como a Fé nos ensina a dizer a Ave Maria?
A Fé nos revela as grandezas da Santíssima Virgem, sua incomparável graça, sua virgindade mais do que angélica, sua maternidade divina e assim nos ensina um profundo respeito.
Qual o socorro que nos dá a Esperança para dizermos a Ave Maria?
Nos mostra a santa Mãe de Deus como uma Mãe cheia de bondade para conosco e por isso nos inspira a maior confiança em sua maternal intercessão.
E como nos socorre a caridade?
A caridade com a qual a Santíssima Virgem nos ama é uma eloqüente lição para nos ensinar a amar a Santa Mãe de Deus. Se amamos a Maria, nossa oração será melhor acolhida por seu coração que ama tão ternamente.
Com que disposições devemos recitar a Ave Maria?
Com humildade e contrição: a humildade nos fará reconhecer nossos pecados, e a contrição nos porá no estado de receber o perdão.
5. Os obstáculos à prece a Santíssima Virgem
Porque tantas pobres almas não rezam à Santíssima Virgem?
Muitas vezes por causa da ignorância e outras tantas talvez por orgulho ou ciúme.
Como a ignorância impede de rezar à Maria.
Quando não se sabe o quanto precisamos de seu socorro, o quanto ela nos ama e o quanto é poderosa para nos ajudar.
Mas qual pode ser o papel do orgulho?
Muitas vezes ele persuade certas almas de que basta se dirigir a Deus e que será diminuir-se se dirigir a uma criatura, ainda que ela seja a Santíssima Mãe de Deus.
E quanto ao ciúme?
É triste dizer, mas existem almas que imitando Satã, persuadidas de seu próprio mérito, têm ciúmes das grandezas da Santíssima Mãe de Deus, e por conseqüência não rezam para ela, ou rezam de má vontade.
Qual o remédio para tais males?
Já dissemos: a humildade e a contrição: com essas duas disposições diremos bem a Ave Maria e também nossa invocação:
NOSSA SENHORA DA SANTA ESPERANÇA
CONVERTEI-NOS
Tomamos emprestado para nosso catecismo sobre a Oração, o texto do Pe. Emmanuel-André, tirado do seu Catecismo da Família. Poucas vezes encontraremos explicações, nos catecismos mais conhecidos, que saibam unir a simplicidade com a profundidade, como aqui. Chega a ser surpreendente certos temas abordados pelo Pe. Emmanuel, como o desejo e o modo como procuramos satisfaze-los. Esperamos que esta bela doutrina sirva para aumentar nosso gosto em rezar e nosso amor por Nosso Senhor.
A ORAÇÃO
Introdução
1. A Nossa indigência
Qual é o estado do homem na terra?
Somos indigentes, Pauperes facti sumus nimis (Sl 78): temos necessidade de tudo, tanto para nossa alma quanto para nosso corpo; nossa indigência é extrema.
Onde se vê a prova dessa pobreza?
Vemos no que todos sofrem e no que se queixam. A maior parte dos homens não conhece sua própria indigência, nem os remédios que deveriam procurar.
E quais são eles?
Infelizes que somos, gemia santo Agostinho, amamos nossa própria indigência, e além de amá-la, dela nos vangloriamos.
Será possível?
Sim, pelo menos por instantes, ou por algum tempo; pois nossa alma tem fome e sede de felicidade, e mesmo que queira fechar os olhos para essa necessidade, ela subsiste.
2. Nossos desejos
Nós desejamos?
Sim, nossa alma está cheia de desejos. Criada por Deus, só encontrará deleite e repouso naquele que é seu princípio e seu fim.
Quais são nossos desejos mais intensos?
Alguns são da alma, outros do corpo.
Quais são os deleites da alma?
A alma quer ver, saber, amar, gozar e ser feliz.
E os do corpo?
O corpo quer seu pão de cada dia e a cura de seus males.
Esses desejos são bons?
Sim, se são ordenados segundo a vontade de Deus.
E podem tornar-se maus?
Facilmente tornam-se maus por causa das inclinações viciosas que temos devido ao pecado original.
3. A satisfação de nossos desejos
Somos levados a procurar a satisfação de nossos desejos?
Sim, invencivelmente: não encontrando em nós o que nos falta, vamos procurar fora.
E onde vamos procurar?
Por toda parte: no alto, ao nosso redor ou abaixo de nós.
O que acontece quando procuramos abaixo de nós?
Longe de encontrarmos nosso bem, agravamos nosso mal e aumentamos nossa indigência.
E quando procuramos ao nosso redor?
Encontramos criaturas tão pobres quanto nós, incapazes de nos dar o que não têm, e que têm necessidade como nós.
O que nos resta fazer?
O único recurso é nos elevarmos acima de nós mesmos e pedir a Deus o que precisamos.
4. A oração
Como se chama o fato de uma alma se voltar assim para Deus?
Chama-se: oração; quer dizer uma elevação da alma indigente para a fonte inesgotável de todos os bens.
A oração é natural no homem?
Sim, como é natural à criança pedir a seu pai o que precisa.
E porque então a oração é tão rara?
Devido à ignorância, fruto do pecado original, não sabemos mais pedir, nem o que é preciso pedir, nem a quem pedir.
O que se conclui?
Que a graça de Deus nos é necessária para rezar, quer dizer, para elevarmos nossas almas a Deus.
E a oração é um dom de Deus?
É o que nos ensina são Paulo quando diz: “O Espírito Santo ajuda a nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir nem como convém. Mas o próprio Espírito pede por nós com gemidos inefáveis (Rm 8,26).”
5. Motivos para rezar
Qual o nosso principal motivo para rezar?
É a necessidade que temos de Deus para alcançarmos a felicidade que almejamos.
Temos outros motivos para rezar?
Devemos rezar também para adorarmos a Deus e reconhecermos seu soberano domínio sobre nós e sobre todas as criaturas; para agradecermos os benefícios e pedirmos perdão por nossos pecados.
Os motivos para rezar sendo tais, parece que os homens deviam rezar sem cessar?
Eles precisam rezar sem cessar, e devem isso a Deus, mas seu mal é tão grande que se parecem a doentes que, acostumando-se à sua doença não pensam mais em se curar.
Mas nós católicos, não somos como eles nisso?
Não, ao contrário, devemos compreender, meditar e por em prática a palavra de nosso divino Mestre que nos diz: “É preciso rezar sempre, sem nunca descansar (Lc 18, 1).”
Se não somos como eles, o que devemos fazer?
Pedir humilde e instantemente a graça de rezar e para esse fim repetirmos a palavra dos Apóstolos a Nosso Senhor: “Senhor, ensinai-nos a rezar (Lc 11,1)”
6. O que é a oração
Como definimos a oração?
A oração é uma elevação da alma para cumprirmos nosso dever para com Deus e lhe pedirmos suas graças.
Que deveres cumprimos para com Deus na oração?
Devemos adorá-lo como nosso Mestre soberano, e agradecer nossa criação e todos os inúmeros benefícios que recebemos.
E que devemos pedir a Deus?
A cura de nossos males e a participação em seus bens.
E de onde vem a oração?
De Deus pela graça e de nós pela boa vontade que ele nos inspira.
Qual é o centro nervoso da oração?
É o desejo. Santo Agostinho também define a oração: “Um desejo e um gemido do coração se dirigindo a Deus: Cordis desiderium et gemitus ad Deum directus.”
7. Oração mental e vocal
Como se chama a oração quando ela é apenas um desejo do coração?
Chama-se oração mental, porque então é só a alma (mens mentis, mentalis) que a produz, sem que apareça nada exteriormente.
A oração pode então não ser somente mental?
Sim, sem dúvida, pois podemos exprimir por palavras o desejo interior da alma, e essas palavras fazem que a oração se chame vocal (vox vocis, vocalis).
O que se nota nisso?
Que se pode rezar sem as palavras da oração e também dizer as palavras da oração sem rezar.
E porque isso?
Porque a oração consistindo essencialmente em um desejo do coração, se a alma se eleva a Deus com esse desejo interior, ela reza. Se, ao contrário, ela pronuncia as palavras da oração sem que as anime o desejo interior, ela não reza, apenas fala.
8. Razões da oração vocal
Se a oração é apenas o desejo do coração, parece que basta que ela seja mental?
Se fossemos anjos seria assim; mas não somos anjos e as palavras nos são necessárias.
Por que?
Porque fixadas em nossa memória, ou ao menos presentes em nosso espírito, fazem-nos lembrar as coisas que temos para pedir a Deus, e nos excitam a lhe pedir.
Mas por que?
Porque o coração sente mais vivamente as coisas quando são, ao mesmo tempo, concebidas pelo espírito e exprimidas pela voz. As palavras nos ajudam a desejar mais e assim a rezar melhor.
É preciso, então dar muita importância à oração vocal?
Sem nenhuma dúvida, porque ela nos presta um grande socorro; é preciso nos aplicar em fazê-la bem, conformando nossos desejos às palavras que pronunciamos.
Há outras razões por que devemos estimar a oração vocal?
Temos três que são consideráveis: primeiramente Nosso Senhor nos ensinou o Pai Nosso que é a mais admirável das orações vocais; segundo, o Espírito Santo inspirou os Salmos que formam a oração da Igreja há três mil anos; terceiro, enfim, a Igreja compôs uma quantidade de orações que são de grande beleza e de um valor inestimável para nossas almas.
9. A oração pública e particular
A oração é um desejo do coração, no entanto há a oração de toda a Igreja?
A oração pode ser privada ou pública; privada, quando é feita só por uma alma; pública quando é feita em uma reunião de fiéis que se dirigem a Deus, todos juntos numa mesma oração.
O que há de comum na oração pública e na oração privada?
Uma e outra devem ter como ponto de partida um desejo do coração, sem o qual não haverá oração.
O que há de particular a cada uma dessas duas espécies de orações?
A oração privada pode ser, à vontade, mental ou vocal, enquanto que a oração pública é sempre uma oração vocal.
Podemos nos contentar só com a oração privada?
Se estivéssemos sozinhos na terra, estaríamos reduzidos à oração privada; mas vivemos em sociedade, e a sociedade deve, como o indivíduo, prestar seus deveres a Deus e lhe pedir suas graças.
Temos que estimar tanto a oração privada como a oração pública?
É preciso estimar a ambas, porque todas duas são necessárias, e uma auxilia a outra; mas apesar de iguais, a oração pública é mais valiosa aos olhos de Deus.
10. Razões da oração pública
Então temos grandes motivos para amarmos a oração pública?
Temos vários e poderosíssimos motivos.
Diga-nos quais são?
Nosso Senhor disse: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, estarei no meio deles (Mt 18,20).” E mais: “Se dois de vós na terra se unirem entre si, seja qual for a coisa que eles pedirem, meu Pai que está no céu, lhes dará (Mt 18,19).”
O que se nota nessas palavras de Nosso Senhor?
Nota-se que nosso divino Salvador, de alguma maneira está mais atento à oração coletiva do que a uma oração privada; e que concede mais facilmente ao pedido de muitos o que talvez não concedesse ao pedido de um só.
Haverá outras vantagens na oração pública?
Há, e muito grandes. Todos os fiéis se unindo na oração, animam-se, encorajam-se e se edificam uns aos outros; os fortes sustentam os fracos, os fracos se esforçam para seguir os fortes e a oração se torna mais poderosa diante de Deus. “Nós nos unimos na oração, diz Tertuliano, e fazemos a Deus uma violência que lhe é agradável. Haec vis Deo grata est.
11. Os graus da oração
O que se chama os graus da oração?
Chamamos assim os diferentes estados daqueles que rezam; pois essa diferença de estado produz orações mais ou menos perfeitas, daí os diversos graus de oração.
Quais são os diversos estados daqueles que rezam?
Como a oração consiste no desejo que o coração manifesta a Deus, compreende-se que o desejo sendo maior ou menor e a manifestação do desejo mais ou menos ardente deve haver inumeráveis graus de oração.
De onde vem a diversidade de desejo nas almas?
Do grau de conhecimento: pois ninguém deseja o que não conhece; mas quando o bem é conhecido, ele é tão mais desejado quanto mais é conhecido.
E de onde vem o maior ou menor ardor na manifestação do desejo?
No grau do amor: porque quanto mais se ama o bem, mais somos atraídos por ele. Quem não ama, não deseja: porém quem ama muito deseja muito.
Como se chama o conhecimento que faz amar?
É a Fé.
E como se chama os desejos que nascem desse conhecimento?
São a Esperança e a Caridade, segundo essa bela palavra de Santo Agostinho: Fides credit, Spes et Caritas Orant - a Fé crê, a Esperança e a Caridade oram.
12. A oração dos pequeninos
Os pequeninos são capazes de rezar?
A rigor, é preciso dizer que não, porque não sabem; porém como dizia uma criança: Eu amo melhor, sim!
E por que?
Porque a criança, pronunciando as palavras da oração, exprime diante de Deus que sabe bem, o que lhe foi posto no coração pela graça de seu batismo.
Explique melhor?
A criança batizada, rica em inocência e graça santificante tem no coração a fé habitual, como também a esperança e a caridade, e quando ela diz a Deus: Meu Deus! Eu vos amo de todo coração! exprime - sem saber - uma linda verdade bem conhecida de Deus, e diante da qual ele não é insensível.
O que pensa concluir daí?
Que as orações desses anjos da terra é agradável a Deus, e que os pais e mães devem achar um verdadeiro encanto em fazer seus filhinhos rezarem, e animar seus próprios desejos de rezar.
É essa oração útil à própria criança?
Certamente, pois essa oração a forma na oração; essa oração faz a criança fazer atos que já saberá fazer quando, chegando a idade da razão, será obrigada a fazê-los.
13. A oração das crianças na idade da razão
O que acontece na alma da criança que reza quando já tem o uso da razão?
A criança começa a ficar atenta ao ato que faz, e desde então começa a rezar realmente.
Qual é o gênero de atenção da criança?
Basta para a criança que tenha o pensamento em Deus que a vê, que a escuta, e tenha o desejo de fazer alguma coisa que seja agradável a Deus, assim, ela faz sua oração.
Por que diz que isso basta para a criança?
Porque ela não é capaz de fazer mais, não tendo suficiente conhecimento para penetrar no sentido das palavras que pronuncia na oração.
Como a criança se elevará numa oração mais perfeita?
Adquirindo a inteligência dos mistérios do Símbolo dos Apóstolos, e os repassando em seu espírito dizendo o Credo; adquirindo o sentido dos pedidos do Pater (Pai Nosso), à medida que os dirige a Deus; e crescendo tanto em conhecimento quanto em desejo, crescerá na oração.
14. A oração dos verdadeiros fiéis
O que deve ser a oração dos verdadeiros fiéis?
Um exercício das três virtudes: a Fé, a Esperança e a Caridade.
Como essas virtudes formam nossa oração?
A fé nos esclarece sobre o passado, o presente e o futuro. A Fé nos ensina nossa criação, a queda original, a redenção por Nosso Senhor; nos mostra a vida eterna e o caminho que a ela conduz, nos mantêm na espera dos julgamentos de Deus. Quem não vê que todas essas grandes e divinas luzes nos dispõem de um modo feliz para rezar?
Como a Esperança e a Caridade formam a oração?
Fazendo nascer em nós os santos desejos do perdão dos pecados, da graça necessária para a observação dos mandamentos, de nossa felicidade eterna, de agradar a Deus, de amá-lo e de vê-lo eternamente.
Qual é o cristão que reza bem?
Aquele que tem sempre no coração o santo desejo e que o exprime muitas vezes para Deus.
Qual é o que reza muito bem?
Aquele que consegue obedecer à palavra de Nosso Senhor: É preciso rezar sempre (Lc 18,1).
15. A oração dos perfeitos
Quais são os perfeitos na Igreja?
Aqueles que tiveram a felicidade de vencer o pecado, que vivem numa fé luminosa, numa esperança inabalável, numa caridade ardente.
Qual é a oração desses perfeitos servidores de Deus?
Ela é o fruto de um conhecimento muito elevado, de um desejo fervoroso, e desde então ela se eleva a Deus como um perfume puríssimo, como um incenso de agradável odor.
O que pedem os perfeitos e suas orações?
Aqueles que rezam pedem a Deus que nos livre do mal e a possessão de seu bem; apenas eles pedem essas graças numa luz mais abundante, com uma humildade mais profunda, com desejos mais ardentes, e é isso que faz a perfeição da oração.
Os perfeitos têm ainda necessidade de palavras para rezar?
Algumas vezes eles rezam sem palavras, algumas vezes com palavras; mas, mais são perfeitos, mais têm estima pelas orações da Igreja, sobretudo pelos Salmos, o Pai Nosso, etc.
Qual é então o segredo da perfeição de suas orações?
O segredo está em querer o bom Deus de todo seu coração e de toda sua alma.
Eis os Reis Magos, que vêm de longe e chegam a Jerusalém e bradam: Onde está o recém-nascido, rei dos judeus?
Os Reis Magos, as primícias das gentilidades, eram nossa imagem.
Também viemos nós de longe, dessa região tenebrosa donde nos buscaram denominada pecado original; chegamos a Jerusalém e eis que estamos na Igreja; e na Igreja, deste cantinho que Deus nos preparou, perguntamos: Onde está o recém-nascido, rei dos judeus? Onde está o Rei? Onde está Jesus?
*
* *
Nesta ocasião cantamos o cântico santo: “Dize-me, ó amado de minha alma, onde apascentas teu gado, onde repousas ao meio-dia” (Cant. I, 6).
Eia! Vede, Jesus, as almas que vos pertencem e buscam e clamam e reclamam: Onde está o único Rei, o único Bem-Amado, o único Esposo, o único Jesus?
Está no Céu, está na Eucaristia, está vivo nos corações.
Ah, Ele nos há de amar, onde quer que esteja. Vinde e amemos, vinde e adoremos. Venite adoremus.
Jesus é o preço de sangue do cordeiro de Deus; Jesus é o nome do céu para a salvação do mundo; Jesus é a luz das almas, a alegria dos corações e o tesouro incomparável de quem O ama.
Jesus é a ciência dos apóstolos, a força dos mártires, a paz dos confessores, o contentamento das virgens e a coroa dos santos.
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Jesus é a glória do céu, a esperança da terra e o terror do inferno.
Jesus é o nome único do único esposo, é nosso bem, alegria, paraíso, tudo enfim. Fora de Jesus, nada possuímos; sem Jesus, tudo é nada.
Jesus, vosso nome mal saiu da boca e quanta matéria há aí para meditação. Jesus! Dá-nos a conhecer, a amar e a regozijar Jesus, só a Jesus, para sempre Jesus.
Esta lei de sangue, esta lei de homens pecadores, não abrange o Filho de Deus, que veio a ser o filho de Maria. Todavia, submete-se à lei; dura, humilhante e impiedosa que seja, ele se submete.
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Contai-nos, o suave cordeiro, por que vos submeteis a esta lei? Sobre vós assumis o pecado de todos nós; na vossa carne quereis expiar e reparar as concupiscências e os desregramentos da carne; nossos pecados converteis em vossos pecados, pois que quereis de vossa justiça fazer a nossa justiça.
Sede bendito, ó suavíssimo cordeiro, pelas vossas chagas, pelo vosso sangue e pelas dores de vossa circuncisão puríssima e purificante.
Recebestes o Santo Nome de Jesus como galardão de vosso sangue. Faça-nos a virtude do sangue precioso amar-vos e falar-vos com amor o Santo Nome – Jesus.
Nasceu o Menino Jesus!
Antes do advento dos séculos, Ele nasceu do Pai; nesta noite ditosa, Ele nasceu de Maria.
Da parte do Pai, Seu nascimento é todo resplendor e luz; da parte de Maria, é todo silêncio de noite profunda.
Mas nesta noite, Ele é luz. Nasceu, e de uma mãe virgem e de pai virgem e excelso; nasceu, e celebraram-No os anjos; nasceu, e Seu nascimento a Deus dá glórias e a nós a paz.
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Neste mistério tudo é imenso! Quão sublime é Maria, ao dá-Lo ao mundo, ao envolvê-Lo em panos, ao aninhá-Lo na manjedoura, ao adorá-Lo e amá-Lo! Quão sublime é a Divina Criança? Ela está muda e parece que nada percebe à Sua roda, mas como fala aquele silêncio e quantas maravilhas declara! Abrem-se Seus olhos, não tanto para enxergar quanto para chorar, o coração é todo de amor.
Jesus, meu Deus! Amo-Vos acima de tudo.
Quando se observa atentamente a condição em que se encontram as almas, fica-se impressionado com a fraqueza, para não dizer coisa pior, com a fraqueza de suas orações. Reza-se pouco, reza-se mal, ou não se reza nada.
A maior parte dos homens não reza, o que é evidente; muitos cristãos rezam mal, seja porque o fazem ou sem fé, ou sem estar entendendo o que fazem, ou sem desejar receber qualquer coisa de Deus.
E mesmo os que rezam, rezam muito pouco.
Parece-nos, pois, que o somatório das orações está longe, muito longe, de corresponder à soma das necessidades; e apenas isto basta para que compreendamos porque vemos ininterruptamente o bem se debilitar e o mal crescer.
Pe. Emmanuel-André, OSB
Dez leprosos vêm diante de Nosso Senhor, e se mantendo a uma certa distância, lhe gritam: Mestre, ou Rabi Jesus, tenha piedade de nós.
Os leprosos são a imagem dos pecadores; quer dizer que eles são a nossa imagem. Eles vêm a Nosso Senhor. Somente Ele poderia curá-los; como somente Ele pode nos curar depois do pecado.
Eles se mantêm à distância, era uma lei dos judeus; os leprosos não podiam nem mesmo se aproximar dos outros homens, por causa do temor de se pegar a doença.
Isto nos ensina com que humildade é preciso se aproximar de Nosso Senhor, quando se quer lhe pedir o perdão dos pecados.
O que eles pediam a Nosso Senhor é também para nós um belo modelo de oração: – Jesus, dizem, tenha piedade de nós.
Não precisamos dizer mais nada. O Senhor vê nosso mal, então que tenha piedade de nós e isto nos bastará. Depois o Senhor fará para nós, segundo a sua piedade, segundo o seu coração; nós não pedimos nada além disso.
Nosso Senhor entende esta forma de oração. Ponhamo-nos em sua presença e com uma humilde confissão de nossa lepra, isto é, de nossos pecados, digamos a Ele: Jesus, tende piedade de nós.
XIIº DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES
Nós meditaremos neste domingo a tocante parábola do bom samaritano.
Um homem, diz Nosso Senhor, descia de Jerusalém a Jericó e caiu nas mãos de ladrões que lhe roubaram, lhe cobriram de golpes e o deixaram meio morto.
Este homem é a verdadeira imagem de nosso pai Adão, o qual desceu infelizmente, não de Jerusalém, mas do paraíso terrestre, e chegou, não a Jericó, mas nesse mundo em que estamos, depois de ter caído nas mãos de demônios, que lhe despojaram da divina graça, lhe fizeram feridas mortais, e o deixaram meio morto.
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Esta história nos atinge de muito perto, pois em Adão fomos destituídos do paraíso, em Adão caímos neste baixo mundo, em Adão perdemos a graça de Deus, em Adão fomos machucados com feridas muito cruéis.
O ferido da parábola não foi, entretanto reduzido à morte: ele encontrou um samaritano caridoso para socorrê-lo.
E nós, os feridos do pecado original, recebemos de Deus para nos curar Nosso Senhor Jesus Cristo. Samaritano quer dizer um estrangeiro ao povo judeu, e Nosso Senhor era de uma condição bem superior a natureza humana; mas samaritano quer dizer também guardião, e Nosso Senhor é o verdadeiro guardião que nos salvou e nos reconduziu ao paraíso.
Rendamos graças, e nos entreguemos a Ele, a fim de que Ele cure em nós tudo o que tivermos de Adão.