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Category: Cardeal NewmanConteúdo sindicalizado

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John Henry Newman (1801-1890), "Glória da Inglaterra e de toda a Igreja", segundo o Papa Pio XII, era um pastor da Igreja Anglicana que, após longos anos de lutas interiores, encontra a Igreja Católica. Converteu-se em 1845 e, no ano de 1847, foi ordenado sacerdote. Foi intenso seu apostolado: suas obras completas atingem 37 tomos.

Sermão sobre o amor

I — O Amor Pureza: João Batista e João Evangelista
 
Por dois modos distintos a Graça de Deus nos é manifestada, segundo vemos nos exemplos tirados das Escrituras ou da história da Igreja, ou ainda da vida dos Santos e de outros fiéis servos de Deus. Encontramo-los entre os Apóstolos do Senhor, representados pelas duas figuras mais significativas daquela pequena comunidade privilegiada: S. Pedro e S. João. S. João é o Santo da Pureza e S. Pedro é o Santo do Amor. Não que amor e pureza se possam separar; não, pois, como se um Santo não tivesse em si e desde logo todas as virtudes; não como se S. Pedro não fosse tão puro pelo muito que amava ou S. João amasse menos pela sua pureza. As Graças do Espírito não podem separar-se uma das outras; uma implica todas as outras o que é o amor senão um comprazimento, uma entrega total do homem a Deus? O que é a impureza, por outro lado, senão o tomar de alguma coisa deste mundo, algo de pecaminoso, para objeto das nossas paixões, em lugar de Deus? O que é, senão um deliberado voltar costas da criatura em face do seu Criador, e uma procura insaciável de prazer não na transbordada presença de alegria, de luz e de santidade, senão à sombra da morte? Portanto, o homem impuro não pode amar Deus; e aqueles que secos se tornaram de amor não podem realmente ser puros; em qualquer objeto havemos de fixar os nossos afetos, e nisso havemos de achar contentamento; ora, não podemos pôr a nossa alegria em dois objetos, tal como não podemos servir a dois Senhores, que um ao outro sejam contrários. Muito menos ainda, pode o Santo ser imperfeito na pureza ou no amor, porque não será este, fogo claro e límpido, se a substância que o alimente não for inalterável e puríssima.

Os sofrimentos morais de Nosso Senhor durante a Paixão

Não há passagem da vida de Nosso Senhor que não seja de profundidade imensa e que não proponha à meditação matéria inesgotável. Tudo que lhe diz respeito é infinito; e o que à primeira vista divisamos não é mais que a superfície do que começa na eternidade e na eternidade acaba. Seria pois temerário, para quem não é santo nem doutor, querer comentar os seus atos e as suas palavras a não ser por via da meditação. Mas a meditação e a oração mental são tão necessárias aos que desejam alimentar em si a fé e o amor verdadeiros, que nos será sem dúvida permitido, caros irmãos, deter aqui nossa atenção, e, tomando por guia os santos que nos precederam na tarefa, discorrer sobre temas que na verdade mais convidam à adoração do que ao exame.

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