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Category: Papa João Paulo IIConteúdo sindicalizado

João Paulo II, promotor da “Nova Teologia” - 1a. parte

Dom A. M.

 

Um admirador de Henri de Lubac e dos “novos teólogos”

Paulo VI morreu em 6 de agosto de 1978 na cidade de Castel Gandolfo, para grande pesar dos maçons do Grande Oriente da Itália. Depois do curto parêntesis que foi o pontificado do Papa Luciani, que durou só 33 dias, em 16 de outubro de 1978 foi eleito à Sé Pontifícia o Cardeal Karol Wojtyla, arcebispo da Cracóvia, Polônia. 

O nome mesmo escolhido pelo novo Papa — João Paulo II — não pressagiava nada de bom, pois constituía um claro indício de sua vontade de seguir pela desastrosa “via conciliar” traçada por João XXIII e por Paulo VI. As pessoas mais bem informadas sabiam que, durante os trabalhos do Vaticano II, as posições de Dom Wojtyla estavam claramente alinhadas com as funestas novidades conciliares, quintessência do liberalismo e da “nova teologia”. Mais ainda, Dom Wojtyla fora um membro entusiasta da comissão incumbida da redação de Gaudium et Spes, ou seja, do documento conciliar que foi mais tarde definido pelo Cardeal Ratzinger como um verdadeiro contra-Syllabus.

Sempre durante o Concílio, Dom Wojtyla — como relata seu velho amigo e colega de seminário clandestino, Dom Mieczyslaw Malinsky — exprimira sua grande admiração pelos piores entre os peritos conciliares neo-modernistas: Henri de Lubac, Yves Congar, Karl Rahner, Hans Kung1.

Dom Karol Wojtyla ignorava as condenações de Pio XII e dos Papas precedentes contra o liberalismo e o modernismo Certamente não, de modo que só nos resta concluir — infelizmente — que Dom Wojtyla fez sua escolha: em favor de Lubac e de seus amigos neo-modernistas e, consequentemente, contra o Papa Pio XII e seus predecessores. De resto, muitas das ações que realizará mais tarde durante o seu pontificado irão confirmar essa triste realidade.

Durante sua viagem pastoral na França, em 1980, por exemplo, João Paulo II, percebendo entre os presentes o Padre Henri de Lubac, interrompeu o discurso oficial no meio para dizer: “Eu me inclino perante o Padre Henri de Lubac, teólogo jesuíta que ocupava os mais altos postos ao lado do Pe. Congar; eles que, antes do período conciliar, tiveram dificuldades com Roma”2.

Mais de vinte anos depois, no seu livro-entrevista “Cruzando o limiar da Esperança”, João Paulo II escrevia textualmente: “assim, portanto, já durante a terceira seção [do Vaticano II - NDR] eu me encontrava na equipe que preparava […] o documento que viria a ser a constituição pastoral Gaudium et Spes. Devo muito em particular ao Pe. Yves Congar e ao Pe. Henri de Lubac. Ainda hoje me lembro das palavras com as quais este último me encorajou a perseverar na linha que eu definira nas discussões. Isso ocorria quando as seções se davam no Vaticano. A partir desse momento, travei uma amizade especial com o Pe. De Lubac."

Ao longo do seu pontificado, como veremos, João Paulo II iria concretizar progressivamente sua admiração e… quitar sua dívida, elevando tanto Lubac como Congar à dignidade cardinalícia, além de muitos outros representantes, velhos e novos, da nova teologia: von Balthasar, Grillmeyer, von Schönborn e outros. Não foi por acaso que o Pe. Henri de Lubac, durante o pontificado de Paulo VI, confiou aos seus amigos próximos: “no dia em que for preciso escolher um Papa, já tenho meu candidato: Wojtyla”3. (Continue a ler)

  1. 1. Mieczyslaw Malinsky, Mon ami Karol Wojtyla, éd. Le Centurion, 1980, p. 189.
  2. 2. Le Monde, 3 de junho de 1980.
  3. 3. 30 Giorni, julho de 1985.

João Paulo II, um novo Paulo

Pe. Dominique Bourmaud - FSSPX

 

«Esperamos que a Providência conserve-nos por muito tempo a Paulo VI, mas o dia em que precisarmos de um Papa, eu já tenho o meu candidato: é Wojtyla. Só que isso é impossível, não tem a menor probabilidade!» -- De Lubac 1.

   

De Lubac tinhas seus motivos para apoiar a eleição de um cardeal polonês, cuja eleição surpreendeu muitas pessoas. Durante o conclave, estava presente, obviamente, o cardeal primaz Wyszynski, que encarnava a Igreja dos mártires. Mas ele não era nenhum papabile, porque denunciava muito abertamente a Igreja pós-conciliar, uma Igreja cujo credo tornou-se elástico e cuja moral fez-se relativista, uma Igreja mergulhada na penumbra, uma Igreja que havia fechado os olhos diante do pecado. Por outro lado, o cardeal Wojtyla era moderno e, mais ainda, um modernista de fato e de direito. O arcebispo de Cracóvia apoiava a edição polonesa da revista Communio e, uma vez eleito Papa, não tardaria em promover ao cardinalato os seus três fundadores, Ratzinger, De Lubac e Von Balthasar, embora este último tenha vindo a falecer na véspera de sua entronização. 

O padre Meinvielle, em um livro memorável escrito em 19702, anunciava a formação de uma dupla Igreja: a Igreja da promessa, que professaria a fé incorruptível de seu Fundador, e a Igreja da propaganda, a serviço da gnose cristã e progressista. O mesmo Papa poderia, inclusive, presidir ambas as Igrejas. Professaria a doutrina imaculada da fé, mas em seus atos equívocos sustentaria a Igreja da propaganda. Este livro, escrito no tempo de Paulo VI, descreve-o admiravelmente. Sob o pontificado de João Paulo II, não é necessário dizê-lo, a duplicidade e o engano sobre o depósito revelado tornou-se algo comum em Roma. Depois de esboçar uma rápida biografia do Papa, estudaremos seu verdadeiro pensamento. Deste modo estaremos em melhores condições para definir a finalidade do seu pontificado: o estabelecimento da religião universal. Se Paulo VI foi qualificado simplesmente de novo Moisés, João Paulo II é melhor qualificado como um segundo São Paulo, mas de um novo tipo. (Continue a ler)

  1. 1. De Lubac, Entretien autour de Vatican II, p. 48, em Courrier II, p. 123.
  2. 2. Meinvielle, De la Cábala al progresismo, conclusão.
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