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Category: CinemaConteúdo sindicalizado

A verdade do Evangelho no filme "A Paixão de Cristo"

Pe. Bertrand Labouche - FSSPX

 

[Nota da Permanência: o texto seguinte é a transcrição de uma conferência dada pelo autor em um evento da Permanência ocorrido muitos anos atrás, sobre o filme A Paixão de Cristo, de Mel Gibson]

“‘Quem a ti me entregou tem maior pecado’ (Jo 19, 11). Essa frase, em que Jesus relativiza a culpa de Pilatos, só aparece no Evangelho de João, o mais místico e peculiar dos quatro. Para os historiadores, as fontes mais fidedignas são os escritos de Mateus, Marcos e Lucas”, afirma Isabela Boscov na revista “Veja" de 03/03/04.

Dois outros versículos do Evangelho são postos em dúvida, senão negados, especialmente pelos judeus que até exigiram que fossem tiradas por serem anti-semitas: 

“Os seus não O receberam” (Jo 1, 11).

“Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos” (Mt 27,25). Aliás, Mel Gibson teve de aceitar, para acalmar os espíritos, que este versículo não aparecesse traduzido na tela, embora seja pronunciado em hebreu.

Estas objeções, dúvidas, críticas sobre um texto evangélico não dizem respeito diretamente ao realizador do filme “A Paixão de Cristo”, mas bem ao santo Evangelho. A polêmica não é cinematográfica mas exegética, quer dizer, trata da interpretação da Sagrada Escritura. 

Portanto, é oportuno reafirmar a autenticidade e a veracidade dos Evangelhos: 

• pela razão, por meio da apologética, que é a defesa racional da fé. 

• pela fé, que nos obriga a acreditar firmemente que o Autor da Sagrada Escritura é o próprio Deus, que não se pode enganar, nem enganar-nos. 

Estudaremos especialmente o evangelho de S. João, por ser o alvo principal de vários ataques a propósito do filme de Mel Gibson, “A Paixão de Cristo”. Mas é claro que a nosso argumentação valeria também para os sinópticos (Mt., Mc., Lc.)  (Continue a ler)

Pingo nos is sobre cinema

Hugues Keraly

 

Servidores de Deus e não do mundo, não pretendemos degustar as torpezas de um século que, aliás, grita fortemente contra nós; ou pelo menos, se não diretamente contra nossas pessoas, contra tudo aquilo em que cremos, e de que vivemos. É o motivo pelo qual, da melhor forma que podemos, devemos inicialmente nos esforçar por guardar em nós, entre nós – e quando Deus o permita – em volta de nós, o que deve ser guardado: “depositum fidei”.

Mas nós sabemos também que estamos no mundo, e que nunca nos será permitido ignorar ou deixar de ignorar o que ele é, o que ele se torna. No que se vai transformando o mundo, não por vezes sem nossa miserável cumplicidade, quem, senão nós, poderia lhe dizer em plena face? Também nossa tarefa não é de somente recusar, no que nos diz respeito, as terríveis mentiras escatológicas acumuladas pelo nosso século; ela consiste também em denunciá-las, incansavelmente, fortemente, sem receio de arrancar o véu que as encobre; fazê-la aparecer, se preciso for, em sua hediondez chocante e repelente. Calar-se é dar razão à idolatria e à impiedade ambientes: nós não temos o direito a isso.

Não nos cabe decidir se o Evangelho merece ainda hoje ser anunciado aos homens tão a título de posse pessoal, e cuja dádiva ele poderia recusar a outros. O cristão é antes de tudo o que não almeja senão ser possuído por ela em todas as circunstâncias, de tal sorte que ele não pretenda nunca se atribuir pessoalmente tal mérito.

Mas, que pensaríamos de um professor secundário que, sob o pretexto de ensinar filosofia cristã, chegasse a poupar seus alunos de qualquer alusão às doutrinas atéias da “intelligentzia” moderna: marxismo, existencialismo, estruturalismo, fenomenismo, freudismo etc? Estas doutrinas constituem, quer ele queira quer não, o fundo filosófico comum de tantas tagarelices impressas, radio-difundidas ou televisadas, pelas quais nossa vida cotidiana se encontra hoje invadida. Fazer como se tais doutrinas não existissem, seria esquecer que os jovens, aos quais se dirige nosso ensino, trazem consigo uma enorme bagagem de preconceitos modernistas, dos quais eles não se desembaraçam facilmente. O mestre pode falar-lhes... de virtude, de fé, sem ter em conta o que se tornaram essas noções na linguagem do século: seria expor seu ensino a não ser compreendido um só momento por um só de seus alunos... Tudo o que é recebido por um indivíduo não o seria senão conforme à maneira (modum) como tal indivíduo pode recebê-las (São Tomás). Nosso século não conseguiu provar o erro das verdades, naturais ou sobrenaturais, às quais nós aderimos, e certamente jamais chegará a isso; mas ele tudo fez, entretanto, para criar entre os espíritos dos jovens uma nova “maneira” de pensar que impede o acesso a tais verdades.

 

Cinema: do consumo estético à arma de ação política.

Ora, o cinema, enquanto fenômeno cultural, enquanto fenômeno de massas, é precisamente um dos pontos em que se exprimem e se vulgarizam mais facilmente as novas modas de pensar contemporâneas. Cada um pode, assim, se alimentar até à saciedade quotidianamente, forjar ali sua “filosofia” implícita do homem e do universo, até mesmo sem disso tomar consciência.

O cinema, com efeito, passa aos olhos de todos como uma distração, um legítimo descanso do espírito e do corpo. O que, quase sempre é falso. O corpo ali não se distende, mais comumente contrai-se ou se deforma na desconfortável imobilidade de uma poltrona hostil, que range sob os rins ao primeiro movimento, enquanto que os olhos e os ouvidos se fadigam, a alguns metros da tela e do alto-falante gigante. Quanto ao espírito, bem mais que o corpo não é ele agredido pelo cinema?

Se a comparação não parecesse singela, a gente poderia lembrar aqui os prisioneiros da caverna de Platão: encadeados na sombra, olhar voltado para a tela com artifício e ilusões, não percebem um só instante que estão em presença de um mundo irreal, pois o que eles contemplam é o efeito de marionetes refletidas, movimentadas atrás deles, entre o sol e a entrada de seu miserável universo subterrâneo... Em verdade, Platão, se pudesse conhecer a realidade do universo cinematográfico, não teria necessidade de imaginar a sua alegoria. Tecnicamente, trata-se de um fenômeno de ilusão de ótica (a ilusão do movimento) que dá nascimento ao cinema, ilusão que se faz mais perfeita ainda com o surgimento do cinema falado e desemboca na criação de um gênero artístico inteiramente novo, cujas autênticas obras-primas hoje em dia são incontáveis. Resta dizer que o cinema, ao contrário das artes plásticas e da literatura, impõe ao espírito do espectador uma sorte de submissão sem recuo possível perante o ritmo da imagem cinematográfica, submissão tanto maior quanto a ilusão for mais perfeita, o artifício menos evidente.

Mas seria limitar singularmente a influência do cinema sobre o mundo contemporâneo ficar só na sua visão estética ou dramática. O extraordinário poder sugestivo da imagem cinematográfica, reforçada em intensidade por cada progresso da técnica, e em extensão pelo desenvolvimento de uma verdadeira indústria especializada, faz do cinema hoje muito mais que um meio de expressão artística entre outras. Faz dele um instrumento privilegiado para a difusão dessa nova “cultura”, desses novos modos de pensar e de agir que a filosofia revolucionária pretende impor a toda a sociedade dita “moderna”. Faz dele uma arma política ao serviço da subversão revolucionária das inteligências e das mentalidades, precisamente porque é da natureza do cinema poder influenciar em profundidade (mas sem violência aparente) a inteligência ou a mentalidade do maior número. Os “Estados Gerais do Cinema” nada dissimulam esse projeto quando declaram “abertos para todos os que consideram o cinema não como um simples objeto de consumo estético, mas como uma arma. Todos os que acham que ele não deve permanecer fechado do gueto cultural da classe no poder, mas participar do “combate revolucionário” e “fornecer aos militantes os meios de reflexão e de ação política” (citado em “Positif” n° 107).

 

Como eles agem... no cinema.

Erraríamos se limitássemos esse objetivo abertamente revolucionário ao projeto mais ou menos utópico de grupos de pressão isolados, sem eficácia. Os cineastas de além-cortina de ferro, diretamente controlados pelo Partido, mostram à larga o que um diretor pode explorar em todos os gêneros cinematográficos existentes, em proveito de uma empresa especificamente política, definida em seus mínimos detalhes pelos serviços oficiais de uma propaganda de Estado. (1) Mas essa militância política é também, e em escala maior, a de uma multidão de diretores europeus. Alinham-se aí os maiores nomes do cinema de hoje, especialmente o italiano e mais ainda o francês: Louis Malle, Jean-Luc Godard, Luís Buñel, André Cayatte, Costa-Gravas, Frederico Fellini, Píer Pasolini, Igmar Bergman, Luchino Visconti e outros. (2)

Se um tal projeto não fosse o da maioria dos cineastas de renome, como explicar que ele se expresse – mais ou menos claramente – através de todos os gêneros existentes, todos os temas de que o cinema trata: família, sociedade, religião, civilização, os “problemas” da responsabilidade criminal, da polícia, da justiça, da juventude, da droga?... Como explicar que a rejeição do direito natural e da moral cristã se tornaram o fundamento filosófico habitual do cinema contemporâneo, e a derrubada de toda ordem social, de toda civilização, seu alvo comum? Pois é isso a que conduz a uma análise desse cinema. Todavia, para os que duvidassem da objetividade de uma crítica como a que aqui formulamos, eis alguns exemplos escolhidos entre os mais explícitos, sobre a maneira como os diretores mesmos consideram seu papel de cineastas da sociedade:

Jean-Luc Godard; “O cinema é um momento da revolução (...) Não sou um cineasta que faz filmes políticos; estou me tornando um militante que faz filmes” (Le Monde em 01/04/1970).

Louis Malle: “É preciso caminhar para uma sociedade permissiva... Mas a solução não depende só dos homens políticos. A sociedade nova deve vir à luz pelos jovens, sonhada por eles, pelos poetas, pelos visionários, loucos”. (Valeurs actuelles n° 1796 de 03/05/1971).

Bernardo Bertolucci: “Quero fazer cinema político, de análise política. O cinema se torna instrumento de análise política quando nas mãos da classe operária. Atualmente, eu giro um filme sobre o trabalho a domicílio, em colaboração com uma seção do Partido Comunista numa fábrica. Eu me contento de ser um técnico politizado que se esforça por traduzir em linguagem específica do cinema todo o material elaborado pela base, essa coletividade, essa seção”. (Le Monde, 01/02/1971).

E. de Antonio: (entrevistado sobre um filme a respeito da guerra do Vietnã, Lannée du chochon, em que ele faz aparecer diversas personalidades americanas, todas pacifistas): “Bem entendido, todas as intervenções são tiradas de seu contexto. Contava com a finalidade de tornar mais eficaz politicamente...” (Les Cahiers du Cinéma, n° 214 de julho-agosto de 1969).

V. Sjoman: “Não é somente um espetáculo cinematográfico. É um fato de ação política real, uma efetiva tomada de posição, com todas as conseqüências que este gesto de um cineasta pode comportar, na medida em que o cinema pode ser um veículo de um movimento de idéias contestatórias de uma certa sociedade”. (Texto de apresentação do filme “Elle veut tout savoir”). 

 

Pornografia e subversão unidas no cinema

Assim definida, a “nouvelle vague” cinematográfica vem rejeitar por si mesma a máscara “cultural” ou “artística”, com a qual achou que, até agora, ela devia se enfeitar. Ela se torna a empresa, ao mesmo tempo social e política, de uma espécie de Internacional dos cineastas revolucionários, que, nunca chegando a perceber as razões da ordem, declarou publicamente guerra a toda sociedade ordenada. Sociedade que ele chama de “repressiva”, abusivamente sem dúvida, pois tal sociedade tolera ver passar às mãos de tais cineastas, com as finalidades que se conhecem, uma das suas mais poderosas industrias.

Um tal cinema, como se viu, fundando na rejeição da moral e do direito natural, exprime, aliás, infinitamente mais que uma vontade de revolução política da ordem social. Exprime a doença do espírito próprio à “intelligentzia” do século, essa utopia de uma inteligência livre de todo contato com o real, quer dizer, de todos os fundamentos de nosso pensamento racional, ocidental e europeu, de origem grega. A serviço de ideologias contemporâneas, o universo cinematográfico torna-se tão ilusório como a imagem que lhe serviu de meio. Mas a ilusão moral e intelectual que assim se exprime está investida, com a técnica própria do cinema, de um poder todo especial: mitificada, popularizada, multiplicada ao infinito pelos truques da indústria cinematográfica. Ela tem uma eficácia que supera certamente todos os discursos. É onipresente, autora implícita, sugestiva até ao excesso, plástica e maravilhosamente disfarçada. “Larvatus prodeo” tal é bem, a suprema habilidade dos mitos políticos e sociais, difundidos pelo cinema, que prefere “encantar” mais que convencer, e que o consegue de modo massivo. Notadamente junto aos jovens, que nossos padres progressistas consideram liberados quando estão apenas entregues a si mesmos, ou seja, entregues à influência do primeiro que surge: sofismas, mitos, drogas, imagens, cinema. Advirtamos, porém: isto não nos torna “cinéfobos”. Desejamos pelo contrário, com todo o entusiasmo, o renascimento do cinema. Seria preciso, é certo, o aparecimento de uma nova geração de cineastas, cujo talento saberia se inspirar nos verdadeiros valores humanos, individuais e sociais, morais ou religiosos. Os temas não lhes faltariam. Seria suficiente, aliás, em um primeiro tempo, que o cineasta se desse ao trabalho de restituir o homem à verdade – amando e respeitando, nele, o que faz dele algo de diverso de uma besta raivosa, vítima inconsciente de seus instintos...

Entretanto, uma sociedade marcada cada dia mais pela rejeição do direito natural e a impiedade não saberia suscitar o renascimento de uma tal cultura, de inspiração cristã. Ora, é do cinema como ele de fato se apresenta que o crítico deve se preocupar, inicialmente; sobretudo se esse crítico é cristão, pois pertence também ao cristão compreender e julgar. Por que seria, então, ele, o único a se calar? Um cinema que lesa e trai o humano, porque detesta ou desconhece no homem a filiação divina, não saberia deixá-lo indiferente. Ele tem o direito, e mais do que isso o dever de denunciá-lo energicamente. É o que procuramos fazer nestas linhas.

Somos, pois, quase sempre levados a criticar filmes que denunciamos como desprezíveis e escandalosos quanto à sua filosofia do homem, e, além disso, freqüentemente, pornográficos... Ficaríamos satisfeitos – enquanto cinéfilos, com ter que analisar habitualmente outra coisa! Somos por natureza levados à simpatia, à admiração; é uma disposição natural agradável de cultivar, rica em promessas e amizade. Entretanto, aparecem hoje em dia muitos filmes que não escondem – sob títulos freqüentemente anódinos – cenas e intenções mais ou menos sensuais, mais ou menos pornográficos. Uma sociedade que desconhece a natureza profunda do homem desconhece também necessariamente a natureza verdadeira do amor humano, sua dignidade, caindo no erotismo sem amor, ou seja, na erotomania. O cinema, que não aspira senão a incentivar os gostos de uma tal sociedade, será pois erotomaníaco: e isto tornou-se até mesmo condição da sobrevivência comercial. Mas os sectários do modernismo ficarão contentes: o imperativo comercial faz aqui bom par com o imperativo político. O “militante que faz filmes”, o “técnico politizado” não deve pois, por isso, temer transformar-se em bom comerciante porque pornócratas e revolucionários já estão de acordo num ponto essencial: orquestrar em comum a campanha contra os costumes “burgueses” da sociedade tradicional, dita repressiva, para substituí-la pelo reino de uma sociedade nova, dita permissiva – ou seja, uma revolução permanente de toda ordem social. O último filme de Louis Malle, Le souffle qu coeur, não seria um bom exemplo dessa coalizão? O arsenal habitual das produções eróticas, coroado pelo incesto final entre a mãe e o filho, aí se encontra bem explorado.

O projeto subversivo é claramente anunciado pelo próprio autor, a serviço do qual estavam o caráter publicitário e comercial dos mesmos elementos pornográficos.

O mercantilismo burguês acelera o moinho da subversão.

Mas a coalizão vai mais longe, e não precisa ser assumida conscientemente pelos cineastas para dar frutos. Qualquer que seja seu grau de ligação com o ideal revolucionário, seu entusiasmo ou sua total indiferença pela ação política, os diretores de filmes pornográficos acabam sempre por servir à mesma causa: a da subversão. A revista “Documents sur le cinéma”, de orientação marxista, explicou as razões evidentes em um artigo de clamoroso cinismo e fria lucidez. Interrogada sobre se os membros do Partido deveriam considerar de seu dever opor-se à decadência do cinema e do teatro burgueses, ela respondeu o seguinte: “Os diretores, produtores, atores, proprietários de indústrias fotográficas e de cinemas, que fazem e projetam filmes, são atraídos, como é natural em gente de seu tipo, pela avidez do lucro. A fim de ganhar os aplausos do público, eles consagram laboriosamente suas energias em suscitar o impulso sexual, servindo-se do pretexto de que agem segundo interesse artístico, embora estejam sobretudo preocupados com a receita. Entretanto tais burgueses, por mais cínicos e irresponsáveis que sejam, combatem pela nossa causa. São como formigas que trabalham para nós sem o saber e sem que tenhamos que pagá-los por isso, devorando as raízes mesmas da sociedade burguesa. Por que os impediríamos nós de fazerem seu trabalho?” (apud “Décourvertes” n° 49, abril de 1958). (3)

Eis o que está claro, o comunismo não vê nenhuma razão para criar obstáculos à imoralidade “burguesa”, pois ele mesmo não tem chances de se desenvolver senão numa sociedade apodrecida, desenraizada de seus fundamentos naturais e que a pornografia, sobretudo quando ela ataca o lar, é um dos principais fatores de aceleração desse apodrecimento.

O cinema contemporâneo, em que uma forma particularmente corrosiva da subversão marxista se comercializa em tão larga escala, nos coloca em verdade face a um drama social de uma singular amplitude. Mas, por falta de reflexão, de informação verdadeira, o público, mesmo cristão, subestima, em geral, a gravidade de um tal escândalo, de uma tal exploração – quando não o ignora completamente. Nosso dever é pois de advertir os que nos lêem, e especialmente os pais de família e os educadores, pois eles não têm tempo ou gosto de tudo isso verificar por si mesmos, além do fato de que a crítica e as “cadernos de cinema” dos jornais especializados (mesmo católicos) não significam mais nada.  

 

Notas:

(1) Kruchev afirmou: “A imprensa, o rádio, a literatura, a pintura, a música, o teatro, o cinema, são poderosas armas ideológicas do nosso Partido”. 

(2) No Brasil, essa forma de arte vem sendo paulatinamente desenvolvida e difundida, encabeçada por alguns cineastas como Glauber Rocha, Rui Guerra, etc... Discípulos e seguidores de Jean Luc Godard, conhecido nos meios cinematográficos como “o professor que ensina as fórmulas de fazer politicamente o cinema político”. O próprio Glauber Rocha diz: “O ‘Cinema Novo’ do Brasil só terá sentido se estiver na vanguarda da mais agressiva e imediata luta sem reconciliação. Temos de fazer o cinema da miséria, na cultura da fome”.

(3) “Nós não venceremos o Ocidente por meio da bomba atômica. Venceremos com algo que o Ocidente não compreende: as nossas cabeças, as nossas idéias, a nossa doutrina” (Vishinsk / 1954). A exemplo do cinema, é o teatro também utilizado como poderosa arma ideológica e de dissolução dos bons costumes. Nos últimos anos tem havido uma grande proliferação de peças teatrais, onde se faz presente a exploração de sexo. Como exemplo citamos as peças “Oh, Calcutá” e “Hair” que retratam perfeitamente esse processo de degradação moral. A técnica por eles empregada chega a levar até pessoas com um certo grau de maturidade a ficarem completamente hipnotizadas e embevecidas diante das cenas desenvolvidas no palco. No Brasil, há vários grupos teatrais que acobertados sob o rótulo de “arte”, movimentam-se no sentido de disseminar a ideologia comunista através de suas peças.

* Hughes Kéraly é assíduo colaborador da revista católica “Itinéraires”, de Paris, onde escreve habitualmente sobre cinema. Aliando sólida formação doutrinária aos conhecimentos técnicos indispensáveis para compreender o alcance desse poderoso meio de comunicação social, publicou vários comentários sobre os cineastas Visconti, Bergman, Bertolucci, Clouzot, Costa-Gravas, Lelouch e outros “grandes” do cinema.

 

Hora Presente, Ano VI – março 1974 N° 15.

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