Skip to content

Defendamos nossos critérios católicos

A revista espanhola “CRISTANDAD” — número 548 — publica interessante editorial sob o título “DIREITOS HUMANOS e DESPREZO PELO HOMEM”. Chamamo-lo interessante porque em muitos aspectos nos agradou pondo em boa linguagem, simples e concisa, idéias com as quais comungamos. Por exemplo, diz na sua introdução:

“A linguagem política moderna está cheia de graves equívocos. A palavra ‘democracia’, que para os gregos significava a deformação viciosa do sistema de governo chamado ‘república’ — deformação semelhante à que ‘tirania’ é para monarquia e ‘oligarquia’ é para aristocracia — aquela palavra havia sido admitida na linguagem tradicional escolástica para expressar a desejável participação no poder por parte dos membros de uma comunidade. Assim é em São Tomás. Porém a partir da filosofia do século XVIII, inspiradora da Revolução Francesa, significa também (grifo do original) uma concepção do mundo e uma filosofia negadora da origem divina do poder e do fundamento das leis humanas em uma lei natural, participação da lei eterna.”
 
O editorial prossegue assinalando que a expressão “direitos humanos” que hoje se tornou objeto da atenção universal, tem servido para, curiosamente, condenar repressões “direitistas” ou “fascistas” quando, por exemplo, assassinos comunistas são condenados à morte. “Direitos humanos”, então, significa o direito dos assassinos comunistas à vida. Mas, logo depois, os mesmos defensores dos “direitos humanos” são a favor do aborto, isto é, o direito humano de se livrar de um feto indesejado, matando-o. Cedo veremos os “direitos humanos” invocados para defender a eutanásia, a favor... de quem? 
 
Procura, em seguida o editorialista, com evidente boa intenção e bons conceitos, investigar na perspectiva da causalidade formal, os vínculos entre a mentalidade do mundo de hoje e o caráter específico e contraditório daqueles “direitos humanos”. Acentua, assim, corretamente a inspiração fundamental antropocêntrica que se tornou, com o tempo, não só atéia como antiteística militante e aponta com justiça a presença desse antropocentrismo nas idéias liberais, democráticas e em todos os matizes do socialismo.
 
E prossegue, dizendo:
 
“Quando se fala em ‘direitos humanos’ a partir desses pressupostos filosóficos mais ou menos professados, o que se faz é estabelecer uma perspectiva antropocêntrica sobre a vida social e a história. Tais direitos se fundam no homem e em nome dessas concepções se recusa precisamente a idéia cristã de uma lei natural impressa por Deus em nossa mente. Negada a fonte divina da dignidade da pessoa humana, o mito da vontade geral se constitui no fundamento último de toda a ordem social”.
 
Daí em diante e até o fim, o editorial se prende — a nosso ver, indevidamente — à única perspectiva da causalidade eficiente, isto é, dado o caráter antropocêntrico da mentalidade democrática ou socialista, a causa ou princípio dessas idéias será a recusa da origem divina do poder ou da autoridade (recusa expressada, como diz ele, na idéia de “soberania do povo”) ou será o esquecimento do dever de submeter as leis positivas, fruto da vontade humana, à “suprema legislação divina impressa na criação, na ordem natural posta por Deus ao mundo”. Não podemos deixar de concordar com isso.
 
Entretanto, vemos na experiência sangrenta dos nossos dias o espetáculo de um antropocentrismo mal disfarçado presente nas manifestações de personalidades ditas religiosas, o que é suficiente para mostrar que não basta assinalar, corretamente embora, que “negada a fonte divina da dignidade da pessoa humana, o mito da vontade geral se constitui no fundamento último de toda a ordem social”. Não basta porque, de um lado, isso se aplica a todos os mitos e não apenas ao mito “rousseauniano”. Por outro lado, o horror que se desdobra diante de nós nos ensinou que há um mito pseudo-religioso ou um verbalismo que ainda usa palavras religiosas cada vez menos dotadas de significação profunda, linguajar com o qual todos os mitos podem coexistir e até no qual podem encontrar reforço, incentivo, “respeitosa” admiração e secreta capitulação prévia.
 
O editorial, coroando sua correta afirmação fundamental — a de que, sem referir a Deus a noção de poder e autoridade e lei e direito, caímos no mito antropocêntrico que corrompe o mundo moderno — afirma que a decomposição da civilização só não se fez mais rapidamente completa porque subsistiram, no mundo ocidental que se corrompe desde o século XVI, restos de uma consciência religiosa da qual o editorial dá dois exemplos infelizes: o de Lincoln, que afirmava seu liberalismo “Under God” e o da Suécia, onde o caráter “estabelecido” da igreja evangélica luterana se manteve durante 44 anos de governo social-democrata.
 
Francamente e com o devido respeito, não. Discordamos. Nem esses exemplos são de verdadeira religião nem basta fazer declarações verbais de que pomos “Under God” nossos postulados antropocêntricos para que estes mudem de caráter. Não. O que resiste e obriga a decomposição do mundo europeu, que foi cristão (católico) até o século XIV, a andar mais devagar é a pujança e o vigor da obra que Deus, por Sua graça, realizou na Idade Média católica. É o esplendor e a força da luminosa era de santos e sábios e reis e cavaleiros, e catedrais e castelos e bandeiras e torneios, tão cheia de valores verdadeiros, de beleza e de nobreza que nem a generalidade do erro nominalista nem a malícia crescente de heresias e subversões, ao longo de 400 anos, puderam aniquilá-la de todo. Hoje, é verdade, acelerou-se até ao inacreditável o processo de demolição. A corrupção do mundo invadiu o lugar santo e o que parecia impossível há apenas 15 anos tornou-se realidade quotidiana e escândalo e blasfêmia crescentes: padres e bispos e cardeais e... quem mais?... falam ainda em Deus e dizem que dele recebem seus poderes mas a maneira pela falam, aquilo que fazem, os valores que prezam, os nomes que admiram, as deturpações que cometem, as tolerâncias que demonstram, as intolerâncias que tornam efetivas e o mal que fazem enchem de espanto e horror e transbordam já do nosso cálice. “O Filho do Homem, quando voltar, encontrará a fé sobre a terra?” Todos nós sabemos que vivemos tempos apocalípticos e a tragédia se abateu sobre os que querem conservar a Fé.
 
Mas se Deus permitiu que dessa forma fossemos provados, isso não aconteceu antes que 20 séculos de consolidação da Igreja e o esplendor de uma civilização católica transcorressem. Vinte séculos em que a transmissão fiel do depósito sagrado e a explicitação do dogma pelo magistério extraordinários da Igreja dotou-nos de um poderoso escudo com o qual podemos resistir. Além disso, o Senhor nos socorreu com outro aspecto de Sua graça. Temos hoje, mais do que nunca — é um fato que se constata — a possibilidade de compreendermos que o antídoto de tudo aquilo que veio se descompondo no mundo ocidental que já foi cristão (católico), isto é o antídoto contra o antropocentrismo e contra as afirmações (fáceis) puramente verbais é uma compreensão renovada daquilo que a Igreja, por seus maiores santos doutores e místicos sempre nos ensinou: o dever da santidade não é um dever para almas extraordinárias; a busca da perfeição não é uma coisa apenas para alguns bem dotados.
 
Se isto é assim no que diz respeito à nossa vida pessoal com relação a Deus, não haverá disso um transbordamento indispensável quanto à nossa vida em sociedade? Bem sabemos que não é fácil encontrar sugestões sobre o que fazer em termos de política, administração pública, direito internacional, etc. de modo a que possamos ter uma certeza pelo menos moral de que a vontade de Deus está sendo feita nesses campos. Mas essa hesitação perde sua razão de ser e a hipocrisia que se esconde atrás dela fica evidenciada mediante duas simples considerações: a primeira é a de que se não podemos em regra, como homens comuns, conhecer o futuro e avaliar melhor entre as alternativas possíveis qual a medida específica que será mais do agrado de Deus temos, entretanto, critérios a seguir e uma escala de valores a respeitar que nos foram dados por Deus e é quanto a tais critérios e sobretudo tais valores que importa tornamo-nos diferentes dos mundanos, a começar pela recusa do critério do sucesso para aferição do acerto de nossos atos; a segunda consideração e mais importante que a primeira é a de que Deus nos favoreceu, como dissemos acima, justamente ao longo desses anos de crise, a mais terrível que já desabou sobre a cristandade, permitindo-nos compreender melhor nosso dever de procurar sua perfeição, deu-nos também por isso mesmo a direção e a força para tornamo-nos diferentes dos mundanos na avaliação dos fatos, na ponderação dos problemas, sobretudo na referência de todos os fatos e problemas ao ÚNICO REFERENCIAL indiscutível e imutável que é Ele mesmo, Deus. Assim, enquanto os mundanos conjecturam, lêem, avaliam, discutem, ponderam e agem no que diz respeito a problemas políticos, por exemplo, em termos de quem acha que política se faz com táticas tais ou quais, com sistemas dessa ou daquela ordem, procurando o sucesso dessa ou daquela forma, nós, que desejamos permanecer fiéis, temos que exigir a volta da antiga sabedoria que insiste: não haverá bom governo porque haja eleições livres, tais ou quais “estruturas”, governo de tecnocratas ou mesmo a prevalência dos mais competentes do ponto de vista administrativo. A política (como qualquer outra atividade) requer, em primeiro lugar que os dirigentes sejam os melhores, isto é, homens virtuosos e sábios suscitados por Deus, entendendo-se por virtuosos e sábios os que vivem para o agrado de Deus, servido em primeiro lugar. Nós pertencemos à raça dos homens que crêem nisso e nisso basearão como fundamento principal (mas não único) suas idéias políticas. Os mundanos, que nesse passo estarão sorrindo de nossa ingenuidade, dirão que política é uma atividade muito complexa e difícil e que não pode ficar em mãos de amadores como nos chamam pois, dirão eles, a arte das manobras e negociações, de concessões e artimanhas é indispensável à atividade política e nesta atividade é que reside o principal para se alcançar o poder e para se conservá-lo.
 
Assim, em uma palavra, eles querem sobretudo obter o poder e conservá-lo. Nós queremos sobretudo e ainda que sejamos derrotados (aos olhos do mundo) viver e trabalhar PARA DEUS e não para nós, para servir ao Seu reino e não para, inclusive no plano da história ou da política, servir ao homem no sentido que os mundanos dariam a estas palavras. Não podemos continuar a viver, agir ou pensar inclusive em matéria política como se o Senhor não nos tivesse dito: “Procurai em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça e tudo o mais vos será dado por acréscimo”. Também à política cabe aplicar estas palavras.
 
Não ignoramos as dificuldades da empreitada, os riscos de equívocos sem fim, as possibilidades de mistificações de aproveitadores. Mas não é possível aceitarmos a ingênua posição — que nos deixa desarmados — diante dos que pensam que basta afirmar a origem divina de nossas concepções de poder e autoridade para que nossa mentalidade seja realmente católica. E menos ainda nos é possível suportar o espetáculo dos hierarcas que se desmandam e se comprazem na admiração dos piores representantes daquilo que o mundo tem de mais mundano; que, admirando-os, se sentam com ele à mesa dizendo que querem estimular os “aspectos positivos” do mundo, que se mantém mundano e inimigo de Deus e no qual vêem “valores evangélicos”. Com todo esse palrar exprimem simplesmente sua capitulação antecipada e pelo simples fato de honrarem os inimigos de nossa fé, simpatizando justamente com o que mais nitidamente têm de característico, estão na realidade dando-lhes ganho de causa contra nós. Quanto a nós, abandonam-nos e induzem-nos à corrupção pelo seu exemplo. É por isso que vemos hierarcas, com escândalo público, empenharem-se a favor de assassinos comunistas confessos e empedernidos, ao mesmo tempo em que deles nenhuma palavra sai nem a favor das vítimas dos assassinos ou de seus órfãos nem sequer uma palavra de piedade pelos católicos abandonados e martirizados por exemplo, na China comunista ou no Líbano, onde são massacrados pelos esquerdistas ditos “palestinos”, ou em qualquer outro lugar.
 
Contra os pretensos “valores evangélicos” da democracia, a nós incumbe afirmar que o primado na organização social não pode caber ao “maior número” ou à “massa” e nem sequer ao mérito do homem.
 
Se tudo isso faz sorrir aos mundanos antropocêntricos, repitamos: o bom governo não será jamais alcançado por tecnocratas, especialistas em transações e manobras com líderes influentes ou manipuladores de instrumentos de poder, isto é, a força, o escândalo da imprensa e o dinheiro. Se querem ainda insistir nas suas pretensiosas fórmulas nascidas da concepção do Estado Leigo Civil, depois da Revolução Francesa, sirvam-se mas irão se atolar outra vez na conseqüência inevitável da democracia que é a anarquia (ou “permissiveness”) ou na solução inevitável de quaisquer formas de socialismo, isto é, a camisa de força, os hospitais psiquiátricos, os campos de concentração. O que é realmente característico da mentalidade da democracia — como procuramos mostrar em trabalho anterior — vide PERMANÊNCIA 94-95, é o ambiente de mentira. Todo o palavreado a respeito de “liberdade” é uma impostura que implica em relativisar (e, na realidade, abandonar) o valor da verdade e do bem como fundamentos da vida social ou, melhor ainda, como objetivos da vida social. É na pauta da causa final e não da causa eficiente que poderemos encontrar o verdadeiro antídoto para olharmos o mundo sem nos deixarmos infeccionar por seus erros e por sua mentira.
 
Assim, ao contrário do editorial que vimos comentando, julgamos que o mais importante é afirmarmos e agirmos em nossa vida social e na História tudo referindo a Deus. A política só tem sentido cristão (católico) se encaramos nossa vida em sociedade como, em primeiro lugar e principalmente, uma vida para fazermos a vontade de DEUS. Só teremos um referencial católico para olhar quaisquer problemas, econômicos, administrativos, históricos, internacionais se os considerarmos na perspectiva de um conjunto que caminha PARA DEUS. Ora, aqui intervem um outro elemento que nos costuma faltar a todos, mesmo a nós católicos. Esquecemo-nos, em geral, de que assim como em nossa vida pessoal não podemos, não temos capacidade de praticar o bem, de procurar a Deus se não é Ele mesmo, por sua graça, que nos socorre e nos leva a si, assim também, quando dizemos que a política é para Deus ou a história só tem sentido se for encarada como um movimento para Deus, essa perspectiva supõe a intervenção constante de Deus na história e na política, por sua graça que também aos povos é dada e para os povos é imprescindível. Quando vemos por exemplo que o Brasil, à beira da falência porque os árabes elevaram seus preços do petróleo a 4 vezes seu preço normal, abusando de uma situação internacional favorável, o Brasil subitamente recebe um afluxo enorme de recursos inesperados porque o café, a soja e outros produtos agrícolas sobem muito de preços, no mercado internacional, encaramos isso como um acontecimento tão natural quanto a ocorrência de chuvas ou geadas e no entanto é evidente que tanto na queda de chuvas e geadas como no favorecimento ou desfavorecimento de pessoas ou povos a intervenção dos céus é uma realidade ainda que muitas vezes nessa intervenção, como dizemos em português, Deus escreve direito por linhas tortas. Lembramo-nos de agradecer?
 
Esta é que é a nossa perspectiva discriminatória da dos mundanos para a visão política ou para a visão histórica. Sabermos, sim, é verdade, que de Deus nos vem tudo, inclusive a autoridade e o poder. Sabermos ainda que para Deus deveria ser toda a nossa vida em seu aspecto pessoal privado ou na atividade pública que podemos exercer. Sabermos enfim, principalmente, que na procura da santidade pessoal ou da santificação da sociedade em que vivemos, é Deus o principal agente que quer e conta com nossa cooperação seguindo docilmente sua graça de virtudes e de dons que nos vem do Cristo. Fomos salvos em 1964 por um milagre, não nos esqueçamos.
 
Quanto aos “direitos humanos”, justamente apregoados pelos que desprezam a Deus atribuindo ao “povo” todo poder e esquecendo-se de Deus (na verdade querendo passar sem Ele) quando forjam seus planos conformes à vontade do homem e para a vontade do homem, quanto a isso, o que temos a dizer é: defendamo-nos de pensar assim.
 
Em primeiro lugar, para nós, essa expressão “direitos humanos” deveria desde logo causar uma certa surpresa e uma repulsa, sobretudo a partir da constatação do seu uso insistente suspeito. Antes desejaríamos ser daqueles que, pela graça de Deus, vivessem todos os dias e todos os minutos de cada dia procurando servir os direitos de Deus, isto é, entregues ao labor das nossas obrigações ― e não dos nossos direitos ― amorosamente buscando crescer no caminho da perfeição. E quanto aos outros homens, também para eles só podemos desejar a mesma coisa, idêntica vida e idêntico progresso, já que Deus quer que os amemos como a nós mesmos.
 
A vida de cada um inclui necessidades materiais que nem todos têm? Existem abusos quanto a tais necessidades? Existem abusos quanto a “torturas”?
 
Se vemos claramente a hipocrisia e a inconsistência dos antropocêntricos quanto a isso ― como bem assinalado pelo editorial que comentamos ― nós não podemos considerar esses abusos, quando realmente existem, senão à luz dos mais altos valores que continuam a ser os mais altos em qualquer situação e para qualquer pessoa, mesmo os pobres ou injustiçados. Tendo em vista aquilo que é característico na corrupção de nosso tempo temos o dever ― para preservar a correta hierarquia de valores ― de relegar a plano secundário e menor a preocupação, o cuidado e até a pena pelo sofrimento dos homens ― os outros ou nós mesmos ― quanto à falta ou ao despojamento de bens ou necessidades materiais. Que Deus nos livre de faltar à ajuda devida ao próximo mas, quer nas obras de misericórdia quer, no plano social, em nossa participação possível na atividade política, o que importa sobretudo é que cada um dos nossos atos e de nossas preocupações se subordinem à hierarquia de valores que faz com que os mais altos tenham sempre nosso cuidado.
  
Não é para que os homens vivam como rebanho estabulado ― com pão e televisão ― que nos interessamos pela vida política. Cumpre-nos resistir fortemente à pressão insidiosa com que nos querem inculcar uma simpatia desordenada ou subversiva pelo sofrimento dos que não têm bens materiais. Pouco nos importa se nossa recomendação tem pequenas chances eleitorais. Também as eleições pouco nos importam se consideramos que é Deus quem dirige a História e Ele a dirige para Si. Mas o que é real e principalmente aflitivo é que cada vez menos se veja de onde nos poderá vir algum movimento político de homens que procurem viver da graça de Deus inclusive na atividade política. Isso é mais trágico e de muito mais trágicas conseqüências do que haver gente com uma vida de miséria material. Os melhores ou menos ruins dos políticos de nosso tempo e ― o que é realmente o horror maior ― os dirigentes eclesiásticos, todos falam como se o principal sofrimento da humanidade fosse a miséria material e como se desta fosse preciso livrar os homens de qualquer maneira. Falam dos assassinos mais cruéis que o mundo já viu ― os terroristas comunistas ― como se se tratasse de injustiçados a desesperar uma "solução". Que solução? Quem disse que tem que haver uma "solução" para o problema da pobreza ou da chamada "liberdade"? Quem disse que esses são os principais valores do homem perto dos quais tudo o mais deve emudecer?
 
A vida dos homens sobre a terra é trágica e dramática, sim, mas não é aqui nossa pátria verdadeira e não é aqui que nossos problemas encontrarão jamais uma solução. Quem pensar de modo diferente chegará inevitavelmente aos mais bárbaros e crueis atos de maldade que os homens já viram cometer contra outros homens, como nós estamos vendo praticados pelas "Frentes de Libertação". Ora, essa gente que tais monstruosidades pratica são irmãos ou descendentes espirituais do que ainda hoje falam em "direitos humanos" e ora usam essa expressão, juntamente com os assassinos, para justificar a expansão ainda um pouco maior, ainda um pouco mais longe, da decomposição com que a antiga civilização cristã (católica) vem sendo arruinada em todo o Ocidente desde o século XIV e então, aqui, "direitos humanos" serão os direitos dos que querem assassinar. Pela mentira, pela subversão, como assinalamos nós, pelo desprezo por Deus que leva as almas à perdição. DEFENDAMO-NOS de pensar assim. Defendamos nossa mentalidade e nossa escala de valores conforme o ensinamento da Igreja em todos os tempos. Defendamos nossos critérios católicos.
 
(Editorial da revista Permanência, Março-Junho de 1977)

AdaptiveThemes