A comunhão na língua é contrária às práticas sanitárias. Assim afirma um artigo publicado no Catholic Leader australiano por Elizabeth Harrington, a oficial de educação para a Comissão de Liturgia da Arquidiocese de Brisbane:
É ruim para os ministros dar comunhão na língua às pessoas que estão de pé, que é a postura recomendada para comunhão na Austrália, e isso é anti-higiênico porque é difícil aos ministros evitar passar saliva para os outros comungantes1.
Essa afirmação (normalmente feita por proponentes da comunhão na mão) revela uma ignorância da prática tradicional da Igreja Romana e das rubricas para a distribuição da Santa Comunhão na língua.
Em primeiro lugar, o comungante deve ajoelhar-se; obviamente, são feitas exceções para os portadores de deficiência, que normalmente desejariam poderem ajoelhar-se. Não apenas esse ato mostra a humildade dos comungantes ao receber Nosso Senhor Sacramentado (i.e., Deus), mas essa postura submissa também permite dar a Hóstia na língua de maneira mais prática, segura e… Higiênica – em todos os três casos, muito mais que através da comunhão na mão.
Outro interessante aspecto é que a forma tradicional de receber a Comunhão de joelhos e na língua demonstra o caráter romano de praticidade que permeia o rito litúrgico de mesmo nome, resultando em uma maneira digna e reverente de receber o Pão dos Anjos, e fácil e eficiente ao mesmo tempo.
A rubrica tradicional do Rituale Romanum prescreve que o Padre deve, cautelosamente, tomar a Hóstia pela ponta com seu polegar e indicador direitos; nenhum outro dedo pode ser usado para realizar essa ação. Como diligentemente ensinado em aulas tradicionais preparatórias para a Primeira Comunhão, o comungante deve inclinar sua cabeça para trás levemente, abrir a boca e estender um pouco a língua, criando o que comumente se chama de “travesseiro da língua”. O Padre, então, consegue colocar, facilmente, a Hóstia na língua sem tocar a língua do comungante, até mesmo sem tocar seus lábios – o que resulta na ausência de contato físico entre o ministro e o comungante.
Mas, com a comunhão na mão, contato direto é feito entre o ministro (normalmente o Ministro de Eucaristia) e os comungantes, que, normalmente, não lavaram (ou higienizaram) suas mãos antes de receber. Portanto, com a comunhão na mão, existe um perigo real de se espalharem germes indesejados.
O fato é que, antes do clamor dos progressistas pela comunhão na mão (algo que foi feito sem aprovação da Santa Sé2, poderíamos acrescentar), o problema da higiene jamais foi levantado em relação à maneira tradicional de receber a Santa Comunhão – e isso durante uma era em que os pregadores da higiene estavam empenhados em tornar o mundo livre de germes.
A ironia dessa acusação contra a Comunhão na língua é que aqueles que promovem a comunhão na mão por razões inexistentes de higiene, ao mesmo tempo, encorajam a prática de “compartilhar o copo” (receber o Preciosíssimo Sangue comunalmente do cálice), prática essa que a Igreja Romana fez cessar em tempos antigos precisamente em razão de preocupações com a higiene (i.e., devido aos restos de saliva que, inevitavelmente, se acumulam quando um grupo de pessoas bebe do mesmo recipiente) – o que poderia levar a desdém por esse Sagrado Mistério.
Esse tema apenas fornece mais um exemplo de como, através de suas práticas tradicionais, a Santa Madre Igreja é zelosa tanto por nossas necessidades espirituais, quanto naturais. Pelo lado sobrenatural, ela nos dá uma maneira reverente na qual nós, pobres e indignos pecadores (“Domine non sum dignus”, citando os sentimentos do Centurião), podemos receber o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor, e, na esfera natural, de uma maneira que não prejudique nossa saúde corporal.