Irmãs da FSSPX
Durante um sermão em Ecône, em 11 de fevereiro de 1979, Dom Marcel Lefebvre saudou as famílias dos seminaristas assim:
“Penso que seria uma ingratidão deixar de invocar o papel da família católica na vocação sacerdotal ou religiosa. Certamente devemos muito das nossas vocações aos nossos queridos pais. Foram eles que, por seu exemplo, por seus conselhos, por suas orações, lançaram nas nossas almas o germe da vocação. Devemos desejar que existam muitas famílias católicas que favoreçam a eclosão de boas, santas vocações.”
A vocação vem de Deus, mas o canal ordinário que permitirá à alma responder generosamente a esse apelo é a genuína educação católica. É na célula familiar que Deus habitualmente prepara as almas que escolheu para si. É preciso, portanto, que os pais compreendam a importância da sua missão de educadores e não temam sonhar grande: o que queremos é formar católicos para que sejam santos!
Muitas vezes, os pais tem planos para o futuro das suas crianças: meu filho seguirá tal carreira que paga bem; minha filha fará um ótimo casamento e eu terei muitos netinhos… e não raro, infelizmente, os pais se opõem a uma vocação nascente. Contudo, não há benção maior nem honra superior a uma família do que ter sido escolhida por Deus para lhe entregar um ou mais dos seus filhos. Se por um lado jamais devemos forçar uma vocação, tampouco devemos impedir o seu despertar por meio de deboches, objeções materialistas ou por quaisquer outros meios dos quais os pais terão de prestar conta no tribunal de Deus.
Não se critica o padre!
Na prática, para favorecer a ação da graça, os pais deverão demonstrar respeito pelos padres e religiosos. É verdade que nem todos os padres são como o Santo Cura d’Ars, e que nem todas as religiosas são como Santa Bernardette… Mas não devemos criticar o padre ou a religiosa diante dos filhos, sobretudo por ninharias. Nas famílias em que as almas consagradas são criticadas, não há vocações, pois mata-se na alma da criança a estima pelo estado sacerdotal ou religioso.
Não é o suficiente não se opor a uma vocação, é ainda preciso cultiva-la por meio de uma educação religiosa sólida, conforme ao espírito dos conselhos evangélicos indicados por Nosso Senhor como via da perfeição: pobreza, castidade e obediência. Vigiem as amizades dos seus filhos, afastem deles as más companhias, os livros, revistas e eletrônicos perigosos; cuidem para que não busquem o supérfluo, mas se contentem com o necessário; ensinem a eles a obediência à Deus e às autoridades que o representam (pais, professores, padres…)
No nosso século amolecido pelo liberalismo vigente e pela procura incessante do conforto, a vocação, que exigirá uma renúncia constante, só poderá ser sólida se a pessoa que a recebe tiver o sentido do espírito de sacrifício. “Se algum quer vir após de mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me.”
O papel da mãe é importantíssimo para fazer com que as crianças aprendam a transformar com generosidade os menores incidentes diários e as obrigações do dever de estado em sacrifícios “por amor de Jesus” ou por algum outro motivo sobrenatural: converter os pecadores, consolar Jesus, ganhar o Céu…
Ingressar na escola de Lu
“Grande é na verdade a messe, mas os operários poucos”, constata Nosso Senhor. Qual é o meio que Ele apresenta para remediar a esse mal? “Rogai, pois, ao dono da messe que mande operários para a sua messe.” Que as mães não hesitem em suplicar a Deus que suscite vocações no meio dos seus filhos. Em Lu, pequena comuna da Itália, as mães decidiram rezar e assistir a cada primeiro domingo do mês a missa nessa intenção: o resultado foi que nessa pequena localidade de 4.000 habitantes surgiram 500 vocações de padres, religiosos ou religiosas em cinquenta anos!
Não há ninguém como a mãe para compreender o coração do seu filho. Quanto mais profundo for o amor maternal, mais buscará, em todas as circunstância, ajudar seu filho a conhecer e amar o bom Deus. E se, mais tarde, o divino Mestre chamar aquela alma, ele a encontrará disponível, inteiramente receptível graças à educação recebida. Que tesouros de graça o bom Deus quer comunicar pelo intermédio das famílias católicas!