Muito embora o sacrifício de Nosso Senhor, oferecido no Calvário e tornado presente em cada Missa válida, seja mais que suficiente para salvar a todos os homens sem exceção, não se segue daí que todos os homens serão salvos. É uma doutrina fundamental de São Paulo que a salvação só se adquire pela graça que Cristo mereceu, e São Pedro em pessoa testemunhou perante o Sinédrio que “não há salvação em nenhum outro” (At 4,12). -- É esse o significado do dito “fora da Igreja não há salvação”. Fora de Cristo não há nada, pois “os deuses dos pagãos são demônios” (Sl 95,5)
A ignorância, mesmo quando invencível, não é, em si mesma, garantia de salvação. Existe uma obrigação grave de se buscar a verdade, que incumbe a todos que não estejam na fé católica.
A graça de Cristo sempre é dada e não pode ser recusada, e Cristo estabeleceu apenas uma Igreja, na qual Deus é cultuado em espírito e em verdade.
A ambiguidade deliberada de textos recentes vem causando confusão às almas, levando-as ao erro. Não é certo dizer que todas as religiões são iguais ou que todas são boas. Não há mais respeito pela verdade de Cristo em muitos dos ensinamentos eclesiásticos dos nossos dias.
Em uma recente análise de “Cruzando o Limiar da Esperança”1, um jornalista inglês apontou que há exagero no que alguns dizem acerca da infalibilidade papal, pois nem tudo que o Santo Padre diz é infalivelmente verdadeiro, especialmente suas observações sobre outras religiões. Citarei Noel Malcolm:
“Ele [o Papa] dialoga com outras religiões – como se a espiritualidade fosse apenas um aspecto da experiência humana em si, algo que se pode encontrar entre hindus, confucianos e aborígenes que veneram seus ancestrais. Chega a sugerir que, por terem os rudimentos da experiência espiritual, essas pessoas estão conectadas com o Cristianismo e são elegíveis à salvação – uma alegação que, creio eu, oscila perigosamente na direção da heresia” (London Sunday Telegraph, 6 de novembro de 1994).
Se um jornalista que nem mesmo é católico consegue compreender isso, por que nosso papa e nossos bispos não conseguem mais enxergar a verdade que já professaram? Por que dedicam-se agora a reinterpretá-la de maneira totalmente revisionista?
- Pe. Boyle, Janeiro de 1995.