Nos nossos tempos, em que um falso pacifismo parece dominar o pensamento de muitas pessoas influentes, vale relembrar qual o verdadeiro ensinamento da Igreja Católica acerca da guerra. Uma condenação absoluta da guerra é algo alheio à tradição católica. A vocação militar, de maneira alguma, é proscrita no Evangelho e sempre foi praticada pelos católicos. Afinal de contas, não houve vários mártires e santos homens de armas?
Os Padres da Igreja consideram a profissão militar e o seu exercício um estado honroso de vida. Toda a Teologia católica desde Santo Agostinho, passando por Santo Tomás de Aquino e até o Papa Pio XII, qualificam atos que geram desarmonia, desunião e ausência de concórdia entre os homens como sendo puramente negativos e, indo além, determina que nem sempre é pecado o combate.
A guerra, porém, é um mal, embora não necessariamente o maior dos males, e a Igreja a inclui, juntamente com a fome e a peste, entre os castigos dos quais os homens devem ser preservados, por exemplo, na Missa In Tempore Belli. Para uma guerra ser lícita, deve haver certas condições: que seja declarada pela autoridade competente, que seu propósito seja reparar a violação de um direito, que haja uma expectativa fundada de sucesso e que a guerra seja conduzida com moderação.
A questão da guerra total é mais delicada, dado o armamento sofisticado moderno e a destruição de vasta escala de que ele é capaz. Uma guerra defensiva contra um agressor é sempre lícita, e a moralidade de uma guerra, em geral, está sujeita a duas condições: que ela seja justa e que o recurso às armas seja necessário para repelir um agressor; e que ela seja moderada, pois não há direito de guerrear imoderadamente.
- Pe. Boyle, Julho de 1995.