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Artigo 9 - Se a solicitude pertence à prudência.

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O nono discute-se assim. – Parece que a solicitude não pertence à prudência.

1. – Pois, a solicitude implica uma certa inquietação, conforme Isidoro, que diz, chamar-se solícito. o que é inquieto. Ora, mover é próprio sobretudo da potência apetitiva. Logo, também a solicitude. Ora, a prudência não está na potência apetitiva, mas na razão, como se estabeleceu antes: Logo, a solicitude não pertence à prudência.

2. Demais. – Parece que à solicitude se opõe li certeza da verdade, donde o referir a Escritura, que Samuel disse a Saul - Pelo que toca às jumentas, que tu perdeste anteontem, não te dê isso cuidado, porque já se acharam, Ora, a certeza da verdade pertence à prudência, por ser esta uma virtude intelectual. Logo, a solicitude se opõe à prudência, longe de lhe pertencer.

3. Demais. – O Filósofo diz, que é próprio do magnânimo ser preguiçoso e ocioso, Ora, à preguiça se opõe a solicitude. Não se opondo, pois, a prudência à magnanimidade, por não ser o bem contrário ao bem, como diz Aristóteles, parece que a solicitude não pertence à prudência.

Mas, em contrário, a Escritura: Sede prudentes e vigiai em oração. Ora, a vigilância é o mesmo que a solicitude. Logo, a solicitude pertence à prudência.

SOLUÇÃO. – Como diz Isidoro, a palavra latina sollicitus são quase solers citus, porque, por uma certa solércia da alma, tomamo-nos expeditos para fazer o que devemos. Ora, isto pertence à prudência cujo ato principal é ordenar, relativamente ao que devemos praticar segundo o que foi antes aconselhado e julgado. Por isso, o Filósofo diz, que devemos fazer prontamente o que foi aconselhado, mas, aconselhar. lentamente. Donde vem, que a solicitude pertence, propriamente, à prudência. E, por isso, Agostinho dizer a prudência é uma sentinela. que vigia diligentissimamente, afim de que nenhum mau conselho penetre, subrepticiomente e aos poucos, em nosso espírito e o domine.

DONDE À RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. –­ Certo, o movimento pertence à potência apetitiva, como ao seu princípio motor; porém, subordinado à ordem e à direção da razão; e nisso consiste essencialmente a solicitude.

RESPOSTA À SEGUNDA. – Conforme o Filósofo, não devemos exigir a mesma espécie de certeza, em todas as matérias; mas, em cada qual, segundo o seu modo próprio. Ora, sendo a matéria da prudência os casos particulares contingentes, sobre os quais versam os atos humanos, a certeza da prudência não pode ser tal, que exclua de todo a solicitude.

RESPOSTA À TERCEIRA. – Diz-se que o magnânimo é preguiçoso e ocioso, não por não ser solícito para com coisa nenhuma, mas, por não o ser superfluamente para com muitas coisas, e confiar no que deve, e não exercer uma solicitude supérflua para com tais coisas. Pois, o temor e a desconfiança supérfluos geram a solicitude supérflua; porque o temor nos torna conciliativos como dissemos quando tratamos da paixão do temor.

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