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O castigo da peste espiritual: reflexões sobre o eclipse da arte sagrada.

Abril 26, 2010 escrito por admin

Capela contra os hereges
 
No balneário de Trescore, na entrada do vale Cavallina, mirando para Bérgamo, acha-se a antiqüíssima quinta dos Suardos, nobre e religiosíssima família do lugar. Os primos Giovani Battista e Maffeo erigiram, em fins do século XV, uma igrejinha de devoção na parte mais freqüentada da imensa propriedade.
 
Os dois nobres chamaram o já então célebre pintor Lorenzo Lotto, da grande escola veneziana, para que pintasse um afresco em suas paredes, e o instruíram sobre os temas que havia de retratar. Em particular, o artista recebeu o encargo de figurar primorosamente, e da maneira que depois veremos, os feitos dos santos, para assim robustecer a fé do povo contra as heresias luteranas e calvinistas, que negavam seu culto, e que por aquela época se difundiam na dita região por obra dos exércitos germânicos e suíços que a percorriam de alto a baixo.

Lorenzo Lotto pintou as paredes da capela com seu estilo peculiar, quer dizer, com claridade, poesia, cores espetaculares e composição engenhosa, ilustrando o martírio sofrido por Santa Bárbara, por sua tenaz negação em aderir aos pagãos1, bem como os milagres de Santa Brígida da Irlanda2.
 
No centro da parede que mostra a história de Santa Bárbara, a figura dominante é a de Cristo, cujos dedos se prolongam em dez sarmentos que vão a incrustar, com suas gavinhas, nos santos colocados em série ao longo de toda a tela mais alta da capela. Duas figuras à direita e à esquerda da parede representam dois hereges que trepam por estacas para cortar, com umas pequenas podadeiras que levam nas mãos, os místicos sarmentos que brotam dos dedos de Cristo; mas de duas das peanhas circulares formadas pelas ramagens divinas se adiantam um combativo Santo Ambrósio, armado de espada, e um marcial São Jerônimo, armado da Bíblia e de um látego. Os hereges estão pintados no ato de cair sob os golpes dos dois famosos Padres da Igreja.
 
Deve-se sublinhar que então os espíritos ainda não haviam sido transtornados por aquela incursão ímpia e sacrílega que foi a descida dos lansquenês sobre a Itália católica, nem pelo saque de Roma, o seu epílogo criminoso, porque estes fatos tiveram lugar em 1527, três anos depois da execução das pinturas3. Não, às almas nobres dos Suardos e de Lotto só as perturbava e comovia a força já palpavelmente devastadora das idéias heréticas que sopravam do norte.
 
Fé e arte
 
Que mudou entre 1524 e os dias de hoje, para que não tenhamos já a arte sagrada que então florescia até nos vales mais perdidos? A fé católica seguia sendo una e universal em 1524, em tal grau, que, até em uma terra campestre como a do vale Cavallina, os corações católicos ardiam de zelo e se compraziam em gastar dinheiro, energia, talento e tempo em ensinar ao povo as verdades da fé; de modo que se pode admirar como resplandeciam também a justiça e a magnanimidade naqueles séculos obscuros: o príncipe longânime, cuja autoridade vem de Deus, promove a felicidade de seu povo ao encaminhá-lo para Aquele pela senda que a Igreja traça; o artista inspirado, que a Deus deve seu talento, ilustra a glória deste em seus santos, como o quer uma Igreja que não é tão-só espiritual, apesar dos hereges, mas também visível; o povo mesmo, enfim, pagando-lhes na mesma moeda, guarda com reverência no coração as verdades recebidas, propalando-as e cantando-as nos campos, nas praças, nas casas.
 
Já começamos a entrever algo do que mudou entre 1524 e os dias de hoje. Sublinhemos, ademais, que não há “demonização” alguma, como se diria hoje, na representação dos hereges: a verdade expressa naquelas paredes, destinada ao povo, era uma verdade que não se aproveitava da rusticidade do público iletrado, mas que se dirigia a ele instruindo-o, isto é, colocando a realidade dos hereges onde está efetivamente; a dos santos, onde de verdade figura; a de Cristo, videira dos sarmentos santos, onde se ergue de fato, sobre uns e outros, proeminente. Assim, pois, não é que hoje se dê na arte sacra maior objetividade representativa, antes pelo contrário: ao faltar por completo a representação do sagrado, é de lamentar um falseamento grande, geral.
 
O eclipse da arte sagrada
 
Com efeito, é disso que se trata quando, a propósito de arte sagrada, se fala de diferença entre ontem e hoje: de falseamento, entendendo por este não só a negação de uma realidade, não tão-só sua corrupção (atos perpetrados pelos hereges), mas também sua omissão e sua dissolução, como se pode ver hoje em dia nos países católicos, onde desapareceu uma arte sagrada que seja arte e que seja sagrada. E isso se deve a três causas pelo menos:
 
1ª causa. A falta do “príncipe comitente”, que hoje poderia estar representado também por expoentes da alta burguesia: homens religiosos e intelectualmente vivazes, que saibam canalizar os dons recebidos do alto para este sulco que se chama “bem comum”, ou também “glória de Deus”. A dita carência é grave porque implica a da justiça distributiva, cuja eficácia, porém, deveria fazer-se sentir em cada geração, de modo que quem tivesse muitos bens transferisse parte deles para quem não os tivesse, até com respeito à instrução proveniente da arte sagrada executada por encargo.
 
2ª causa. A falta de artistas que descrevam religiosamente os mistérios mais altos, como os ensinou sempre a Igreja, o que evidencia o ocaso da caridade, porque o fogo da caridade, vivo em todo o povo fiel e crente, era o que fazia germinar a inspiração de construir igrejas e catedrais, e de embelezá-las abundantemente.
 
Os artistas perderam, por sua própria culpa, dois bens em um: o bem da inspiração sagrada e o bem da capacidade expressiva, que é o dom de representar bem as coisas, ou melhor, otimamente, como em Êxodo 35, 30-33: «E Moisés disse aos filhos de Israel: “Eis que o Senhor chamou por seu nome a Beseleel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá; e o encheu do espírito de Deus, de sabedoria, e de inteligência, e de ciência, e de todos os conhecimentos, para inventar e executar trabalhos de ouro e prata e cobre, e para lavrar pedras e para trabalhos de carpintaria; e para tudo o que pode fazer-se com arte”».
 
Mas pode-se dizer que o problema da arte sagrada contemporâneo é duplo: um atinente ao tema que se há de representar, que deveria ser Cristo (paixão, morte e glória), tudo o que deriva d’Ele ou leva a Ele, e tudo o que lhe dá glória ou a recebe d’Ele; e o outro atinente também ao modo de representar, dado que os cânones da verdade arrastaram em sua queda os da beleza. Os artistas sofrem, assim, um grande castigo por haver tomado a iniciativa antropocentrista de voltar a contemplar, em lugar de Deus e contra Ele, o homem e suas coisas, tal qual as vêem os sem-deus.
 
3ª causa. Parece também, à guisa de última causa, que hoje já não resta nenhum povo fiel e crente que exija, como outrora se fazia sempre nas praças e até nas igrejas, que não lhe venham com contos da carochinha, mas que lhe ensinem verdades eternas. Os castigos que as nações católicas sofrem por sua apostasia de N. S. Jesus Cristo se concretizam em dois fatos ao menos: sua dispersão cultural e religiosa entre as culturas e as religiões das gentes a que teriam devido instruir com o exemplo de suas leis e de seus costumes inspiradas na e pela santidade, e a confusão nos corações de seus pastores, incluídos os sumos, que vão malbaratar o ouro dos dogmas revelados por Deus a luteranos, calvinistas, anglicanos, ortodoxos, judeus, mouros, sem tirar proveito algum disso, mas perdendo, em contrapartida, a fidelidade das multidões, os princípios mais importantes da filosofia, como o de não-contradição (o que é o mesmo que dizer o uso da razão), e a unidade da doutrina. Quem perde a luz do Logos perde também, com a fé n’Ele, a razão dada por Este e a capacidade de representá-lo.
 
O castigo da peste espiritual
 
Dizia o Senhor, falando da apostasia hebréia, pela qual Israel o rejeitava como Messias:
 
«Deixai-os, são guias cegos; se um cego guia outro cego, ambos cairão no buraco» (Mt 15, 14). Dava a entender assim que a incredulidade é também um castigo. E nessa direção é que se há de dar a reflexão quando se ouve falar hoje de heresias e de seus frutos: não se trata só de atos ímpios em si, mas igualmente de castigos do Senhor pelos pecados do povo contra a sua lei.
 
À luz disso, as diferenças entre ontem e hoje se podem resumir no que se segue: ontem os castigos vinham comumente de fora, como aviso de que a medida dos pecados cometidos dentro da Igreja era alta, mas sem que houvesse chegado ainda a seu cúmulo; hoje, em contrapartida, os castigos não vêm só de fora, mas também e sobretudo de dentro, como para mostrar que está já cumulada a medida dos pecados cometidos na Igreja contra esta e contra Deus. Referimo-nos antes de tudo à adoração, reduzida a convivialidade, mas também à fé, assassinada pelo exame privado, e igualmente à missão, envilecida até limitar-se a mero serviço social, etc.
 
E enquanto os hereges de hoje continuam sendo como os de ontem, ou melhor, se tornam mais numerosos, mais obstinados, mais invasores que os de ontem, os pastores de hoje, em contrapartida, já não são como os de ontem, pois se negam expressamente a converter à verdadeira doutrina os hereges, para não fazer “proselitismo” 4. E pode-se afirmar que tudo isso depende do Papa, pois, se é bem verdade que é todo um corpo magisterial o que dá o sentido da sobrenaturalidade da Igreja, o sentido do pecado, de Deus como juiz justo, da presença real, no entanto não é menos verdade que, em definitiva, é o Papa que dá ao dito corpo, de modo católico e monárquico, a orientação e a “confirmação” definitiva na fé.
 
Daí que quando o Papa voltar a atuar como tal, e fizer fluir de seus lábios a doutrina santa, única e imutável, então veremos o Arcanjo São Miguel, patrono da Igreja, embainhar a espada do castigo da peste espiritual; os “príncipes comitentes” dar generosamente os bens materiais necessários para o robustecimento do espírito de religião; os artistas representar esplendidamente as glórias de Deus; os povos paganizantes retornar à Igreja como rebanhos dispersos ao redil único. Certamente, quanto mais se cancele da Igreja o sobrenatural, tanto mais se cancelará sua expressão: os edifícios das igrejas já não aparecem como uma especificidade da Igreja, suas paredes já não representam nada que venerar, porque o que se venera é a própria comunidade ali reunida materialmente.
 
Mas, para que nossa esperança se cumpra, se cumpra logo, e se cumpra antes, como que forçando a mão do Altíssimo, é mister pedir com fervor a todos os Santos, em especial à Mãe do Senhor, a quem nada se nega, que nos consigam do Onipotente esta grandíssima graça.
 
 
 
Comentários do Editor de “Sim Sim Não Não”:
 
Permitimo-nos, na edição espanhola [N. da P.: da revista Si Si No No], precisar documentalmente os fatos históricos que se referem à invasão de Roma pelas tropas imperiais de Carlos V, para evitar uma conclusão demasiado simplista e sempre unilateralmente negativa neste ponto com respeito à figura do grande Imperador.
 
Os lansquenês eram tropas alemãs de infantaria pesada que, combinadas com as tropas espanholas de infantaria ligeira, permitiram a Carlos V derrotar diversas vezes os exércitos franceses nas campinas lombardas. Recorde-se que «o rei da França e o Papa Clemente VII constituíram a chamada Liga Clementina, em que entraram também Florença, Veneza e Milão (maio de 1526). O propósito dos aliados, aos quais prometeu ajuda Henrique VIII da Inglaterra, era expulsar os espanhóis do Norte da Itália e de Nápoles. (...)
 
A guerra tinha começado pela Lombardia, onde havia muito poucas forças espanholas. As tropas da Liga entraram em Lodi (24 de junho de 1526), mas foram rechaçadas em Milão (7 de julho). O duque de Milão entregou o castelo aos chefes espanhóis e se retirou, não para a cidade de Como, como prometera, mas para o campo da Liga. Os da Liga renderam, em contrapartida, a cidade de Cremona. Enquanto isto ocorria na Itália, Solimão, o Magnífico, aproveitava as discórdias entre cristãos para entrar pela Hungria com um grande exército (200.000 homens). O rei Luís da Hungria e da Boêmia tentou detê-lo em Mohaez, localidade situada entre Budapeste e Belgrado, e essa audácia lhe custou a vida (29 de agosto de 1526).
 
Por esses mesmos dias, Dom Hugo de Moncada recorreu a um estratagema para afastar da Liga o Papa, e o conseguiu temporariamente. Com um pequeno exército (3.000 homens), e acompanhado do cardeal Pompeu Colonna, entrou de surpresa em Roma. Clemente VII, assustado, refugiou-se no castelo de Santangelo. O Papa e o general espanhol acordaram uma trégua de quatro meses, e os espanhóis se retiraram. Clemente VII, conquanto houvesse dado como reféns seus sobrinhos os cardeais Inocêncio Cibo e Nicolau Rodolpho, não respeitou a trégua.
 
Carlos V, recém-casado, a partir de Granada, onde passava o verão, atuava nas múltiplas frentes: Navarra, Flandres, Hungria, Lombardia, Nápoles. Quando morreu em Mohaez o rei Luís, conseguiu o imperador que fosse reconhecido como rei da Hungria e da Boêmia seu irmão o infante Fernando, marido de Ana, irmã do infausto rei húngaro.
 
O Papa comprometeu o vice-rei de Nápoles, Lannoy, em uma trégua de oito meses, com a intenção de salvar-se do perigo que lhe ameaçava pelo norte, pois sabia que o duque de Bourbon e o aguerrido capitão Jorge Frundsberg haviam reorganizado suas tropas e começavam a movê-las. Mas Bourbon repudiou semelhante pacto por haver-se feito sem seu consentimento, sendo ele na Itália o representante do imperador, e avançou pelo campo bolonhês e pela Toscana, ansioso de chegar a Roma, sem que pudessem detê-lo nem o duque de Urbino nem Lannoy.
 
O duque de Bourbon acampou diante dos muros de Roma em 5 de maio de 1527. Ao amanhecer do dia seguinte, percorreu as linhas, estimulando seus homens, espanhóis, alemães e italianos, e imediatamente começou o assalto. De uma e outra parte se lutou com valentia. O duque de Bourbon caiu morto de um tiro de arcabuz. O príncipe de Orange assumiu o comando. Quando os assaltantes se assenhorearam do Borga, Clemente VII correu a refugiar-se no castelo de Santangelo. As tropas imperiais entraram na cidade, e começou o saque de Roma, que durou uma semana. Não houve casa nem templo que se livrasse do saque, nem homem, qualquer que fosse sua classe e condição, que não tivesse de pagar seu resgate.
 
O Papa resistiu algum tempo no castelo, com a vã esperança de que chegasse para socorrê-lo o duque de Urbino. Rendeu-se, por fim, ao vice-rei de Nápoles. As condições foram estas: Clemente VII, e quantos o acompanhavam, ficaria livre e seguro, mas entregaria não só o castelo como Óstia e Civitavecchia, além de 400.000 ducados para o exército. Carlos V aprovou o acerto e escreveu respeitosamente ao Pontífice”. (Pedro Aguado Bleye, Manual de História de España, Madri: Espasa Calpe, 1981, pp. 448-450).
 
Percebe-se, pois, que o principal responsável pelo saque de Roma foi o Papa Clemente VII, tanto por haver-se aliado com os inimigos do Imperador quanto por seu comportamento traiçoeiro para com Dom Hugo de Moncada; por outro lado, os excessos cometidos em Roma foram motivados também por achar-se a soldadesca amotinada e sem receber o soldo, e sem que tivesse à sua frente nenhum chefe de prestígio capaz de contê-la (o duque de Bourbon havia morrido durante o assalto e o chefe das tropas alemãs, Frundsberg, já não estava no comando dos alemães por causa de uma paralisia). Depois de constituir-se a Liga Clementina, «Clemente VII havia conseguido debandar, subornando-as, as tropas alemãs do Imperador na Itália; enviou este dinheiro a seu irmão Dom Fernando, o qual lhe alistou 14.000 lansquenês, em grande parte furibundos luteranos mandados por Jorge Frundsberg, combatente e vencedor em Pavia; além deles, chegou de Espanha o condestável de Bourbon, a quem, para indenizá-lo da perda de seus Estados em França, o Imperador outorgou o governo e a investidura do ducado de Milão.
 
Em fins do ano de 1526, ambos os monarcas, primeiro Francisco I e depois Carlos I, publicaram e difundiram escritos em que se justificava sua respectiva intervenção na luta, e ao fim começou esta; o exército do Condestável, composto de tropas mercenárias e heterogêneas, devastava o país, falto de soldo, e Bourbon o estava de recursos, apesar de ter apelado a toda a sorte de meios, até o de pôr em liberdade presos políticos mediante altos resgates; o exército dirigiu-se a Florença com a intenção de saqueá-la, e, ademais, Jorge Frundsberg, atacado de paralisia repentinamente, deixou sem comando os contingentes alemães. (...) Abandonando a artilharia e amotinando-se, chegou o exército às imediações de Roma; o Pontífice, aterrado, havia pedido que se respeitasse a trégua acertada entre ele e Dom Hugo de Moncada em setembro de 1526. Negou-se, não obstante, Clemente VII à intimação de que abandonasse a Liga. Em 6 de maio de 1527, depois de haver estado fustigando os defensores durante a noite com ataques simulados, às 8 da manhã começou o assalto por três pontos distintos ao mesmo tempo. Ao subir Bourbon por uma escada apoiada no muro, recebeu um disparo de través, por uma troneira baixa; a bala feriu-o de baixo para cima e lhe saiu entre o ombro e as costas; depois de receber os Santos Sacramentos morreu às três horas; o famoso ourives Renvenuto Cellini confessa em suas Memórias que o tiro foi disparado por ele.
 
A soldadesca, desenfreada e sem chefes de prestígio à frente, cometeu em Roma abomináveis profanações e excessos de todo o gênero, especialmente os luteranos, os quais percorriam as ruas com vestes sagradas parodiando as cerimônias do culto católico. O Papa, os cardeais e bispos foram presos, e obrigaram-nos a pagar altos resgates; até 6 de dezembro durou a prisão de Clemente VII no castelo de Santangelo; declarou-se a peste depois, e por fim o príncipe de Orange pôde, com o resgate do Papa, tirar o exército da cidade.
 
Chegou a Valladolid a notícia do assalto de Roma em 22 de junho, quando o Imperador presenciava justas, celebradas por ocasião do nascimento do príncipe Dom Felipe; entristecido pela notícia da prisão do Papa e do saque da Cidade Eterna, mandou suspendê-las; havia ordenado o avanço, mas não o assalto; deu ordem de liberar o Pontífice e vestiram luto ele e a Corte” (Eduardo Ibarra, España bajo los Austrias, Barcelona: Labor, 1955, pp. 68- 69).
 
Assim, pois, a responsabilidade do saque de Roma não pode imputar-se a Carlos V, que se entristeceu por ele sinceramente, nem aos chefes dos exércitos imperiais, que nada puderam fazer para evitar que suas tropas, amotinadas pela falta de pagamento, compensassem com o saque os soldos que não lhes chegavam. A guerra que faziam os exércitos imperiais era uma guerra defensiva e desenvolvida no meio de grande penúria econômica. Se Clemente VII não se houvesse dado a uma guerra de agressão contra Carlos V e se houvesse respeitado os pactos, Roma não teria sido saqueada.
 
(Revista Sim Sim Não Não, no. 110)

  1. 1. A lenda, muito controvertida, desta santa se encontra em uma Paixão do século VII, recolhida por Abdão, bispo de Trier (século VIII), por Simeão Metafraste (século X) e por Jacob de Varaoine na legenda áurea.
  2. 2. Da donzela irlandesa, nascida em 453 e morta em Kildare no ano de 524 d. C., estão representados três milagres que realizou nas campinas, em benefício dos infelizes que as habitavam.
  3. 3. Veja adiante os “Comentários do Editor”
  4. 4. Vejam-se também as declarações de João Paulo II antes de iniciar a viagem apostólica entre os ortodoxos da Ucrânia.
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