Pe. Bertrand Labouche, FSSPX
Por estes vos darei um Nuno fero,
Que fez ao Rei o ao Reino tal serviço
(Lusíadas, canto 1, 12)
No dia 6 de novembro, é festejado em Portugal e na Ordem do Carmelo, Nuno Álvares Pereira, herói português e santo do século XV, nomeado aos 25 anos general-em-chefe do reino, vencedor de todas as suas batalhas, um homem de oração e de união com Deus.
Certamente, todos vocês que já estiveram em Fátima notaram as belas estátuas de santos que se erguem sobre a grande colunata em frente à basílica do santuário.
Estes santos distinguiram-se pela devoção a Nossa Senhora (São Bernardo, São Luís Maria, São João Bosco...) ou/e fazem parte das glórias de Portugal: Santo António de Lisboa, Santa Beatriz, Beato Nuno Álvares etc. Retenhamos esse nome.
Beatificado por Bento XV em janeiro de 1918, sua missão era semelhante à de Santa Joana D'Arc: salvar a independência da pátria, sob a bandeira dos santos nomes de Jesus e de Maria, e pelo exemplo católico levado ao heroísmo.
Morreu no mesmo ano em que ela, no dia 1 de novembro de 1431. Suas armas foram a oração e a espada.
Sim, este homem, cavaleiro armado aos 13 anos, vencedor de todas as batalhas, ilustre estrategista da "Batalha dos Atoleiros", nomeado aos 25 anos general-em-chefe do reino, aquele que possuía, após as suas vitórias , a maior fortuna da época em termos de terras e bens, era essencialmente um homem de oração, de união com Deus.
A 15 de agosto de 1423, a Ordem Carmelita deu-lhe as boas-vindas em Lisboa, aos cinquenta anos, como humilde irmão porteiro; tornar-se-á irmão Nuno de Santa Maria (imagine um Foch, um Duguesclin com o hábito de irmão leigo para sempre).
Exatamente, a ação desse homem foi compatível com sua oração. Foi um verdadeiro homem de ação, porque a sua ação, alimentada, engendrada pela oração, foi aquela desejada por Deus “que tudo faz com ordem, peso e medida”.
ORAÇÃO, AÇÃO: o mundo vê entre ambas não mais que um contraste ridículo; enquanto, na realidade, o que há é harmonia, uma maravilhosa harmonia, que conquista o próximo ... Pensemos o que poderia ser a união da oração com a ação em Nosso Senhor Jesus Cristo!
Na biografia do Beato Nuno, lemos que os soldados inimigos vinham à noite ao acampamento do grande general português, simplesmente "para ver quem ele era!" "quem era aquele que não hesitava em distribuir trigo ... ao inimigo faminto!...”
À pergunta: "Por que você nunca perde uma batalha?" Respondia: "Para me derrotar, basta impedir-me de receber antes a Comunhão! "
Um dia, no auge da batalha, quando tudo parecia perdido, Nuno Alvares desapareceu por detrás de algumas pedras e começou a rezar. Quando um soldado perturbado veio procurá-lo, saiu como um leão e, arrastando seus homens, derrotou o inimigo.
A ação (poderíamos substituir: o exemplo, o apostolado, o cumprimento do dever do Estado) exige necessariamente a oração, senão se transforma em agitação, enfraquecemos a nós mesmos.
E a verdadeira oração, por exemplo, o nosso Rosário quotidiano, engendra um “bom trabalho”, uma ação profunda, benéfica, duradoura, mais rica, porque então é Deus que age como quer.
São Francisco de Sales, prevendo que teria um dia seria particularmente agitado, aumentava o tempo da oração matinal.
Hoje, o homem destrói e não edifica, porque não reza; uma alma que não reza condena sua ação à esterilidade, perde seu tempo, antes de se perder. A oração é exatamente o oposto de perder tempo.
“Batalha de Aljubarrota”: foi o combate decisivo que o nosso santo cavaleiro venceu, salvando Portugal da colonização espanhola. D. João I mandou erigir então um ex-voto, segundo a sua promessa, no mesmo local, um magnífico mosteiro, dedicado à Nossa Senhora da Vitória: trata-se do mosteiro da "Batalha", ao lado do qual se encontra a imponente estátua equestre do invencível Condestável. A vitória foi conquistada a poucos quilómetros de Fátima, onde Nossa Senhora do Rosário, "mais forte que um exército alinhado em batalha", veio, 500 anos depois das lutas do Beato Nuno para suscitar outros cavaleiros...