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Introdução ao décimo primeiro domingo de Pentecostes

Ephpheta! — Abra-te! ” (Evangelho).

 

Paramentos verdes

 

Separado das doze tribos do Norte, apenas morto Salomão, o reino de Judá durou 350 anos e contou 20 monarcas. Muitos de entre eles foram ímpios e maus, tendo alguns, como Salomão, acabado no pecado. Quatro, no entanto, distinguiram-se na virtude e nas armas e mereceram ser colocados pela veneração do povo na galeria dos varões ilustres de Israel. Ezequias, de que nos fala hoje o Breviário: “Confiou no Senhor, Deus de Israel, e não teve semelhante nos reis de Judá. Por isso, Deus foi sempre com ele”. Quando Senacarib, rei dos assírios se quis apoderar de Jerusalém, Ezequias subiu ao templo e orou com tanto fervor como teriam orado Davi e Salomão. Mandou-lhe então o Senhor o Profeta Isaías para lhe anunciar que não temesse. E, com efeito, o anjo exterminador de Jeová feriu de peste 185.000 assírios e Senacarib teve de voltar, a marchas forçadas, para Nínive. Alguns anos mais tarde, caíra o rei doente e Isaías anunciara-lhe que tinha chegado ao fim dos seus dias. Temeu então Ezequias que Senacarib se aproveitasse da sua morte para desforrar-se da derrota e cercar Jerusalém e pediu ao Senhor que lhe prolongasse a vida. Mais uma vez o Senhor o ouviu, como assevera a Escritura: “Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas e curar-te-ei e subirás ao Templo no terceiro dia”. O rei convalesceu, com efeito, e Jerusalém foi libertada do terror dos inimigos. Ezequias, prostrado no leito e levantando-se três dias depois para defender o reino, é figura da morte e da ressurreição do Senhor. Este pensamento domina toda a Missa. O Intróito proclama a vitória do povo de Deus e a fuga dos inimigos. Na Epístola, insiste S. Paulo na ressurreição de Cristo, fundamento e garantia da nossa predestinação. No Evangelho, finalmente, a cura do surdo-mudo com o Ephpheta que o Senhor pronunciou e a Igreja aplicou sabiamente no rito do Batismo, recorda-nos que, passados da morte para a vida, ficamos daí em diante também “abertos” às coisas da fé. E podemos dizer que a escolha para o Ofertório de um versículo do Salmo 29 aplicado pela tradição da Igreja à Ressurreição e Ascensão do Senhor foi inspirada pela mesma ordem de ideias. De modo que a Missa de hoje apresenta-se-nos numa espécie de tríptico. No primeiro plano, destaca-se a figura de Cristo ressurgindo glorioso do sepulcro; no painel da esquerda, Ezequias prostrado pela doença e curado por Deus; à direita os frutos da vitória de Cristo aplicados ao povo pelo Batismo.

É, pois, um programa de vida magnífico. Oxalá o ponhamos em prática para vivermos com Cristo a vida nova a que fomos chamados pela fé.

 

Missal Quotidiano e Vesperal por Dom Gaspar Lefebvre, Beneditino da Abadia de S. André. Bruges, Bélgica: Desclée de Brouwer e Cie, 1952.

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