“João enviou dois dos seus discípulos a dizer-Lhe: És Tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?”
A liturgia deste domingo está cheia do pensamento de Isaías, o Profeta por excelência da vinda do Salvador. São Paulo, na Epístola, e Nosso Senhor no Evangelho, fazem ver que os oráculos do grande Profeta encontram plena realização com a Vinda do Messias. Não se limita apenas a este domingo a importância dada a Isaías pela liturgia do Advento. Não há dia em que, em Matinas, não se leia algum passo das suas profecias; são todas dele as lições do Sábado das Quatro Têmporas; e no Natal a liturgia serve-se ainda das suas palavras para cantar o Emanuel nascido da Virgem, a alegria da nova Jerusalém que agora abrange todo o mundo e as divinas grandezas do Príncipe da Paz.
Em Roma, a estação era na basílica de S. Cruz em Jerusalém, onde se conserva uma grande parte da verdadeira Cruz trazida de Jerusalém.
Isaías havia predito: “Uma vergônea sairá da raiz de Jessé e de sua raiz elevar-se-á uma flor” (1ª lição de Matinas). “Esta vergônea, explica S. Jerônimo, é a SS. Virgem, e a flor seu Filho Jesus, nosso Salvador”. (3ª lição). Ao recordar-nos as Escrituras que tanto ajudam a nossa esperança e a nossa fé, a Igreja convida os que são chamados à mesma glória e viveram na unidade da caridade.
Comentando o Evangelho em que Jesus claramente afirma ser “Aquele que há de vir” como o provam os milagres feitos por Ele e preditos por Isaías, São Gregório faz notar que os judeus estavam prontos a reconhecer um Messias que operasse maravilhas, mas nunca um Messias que pudesse também sofrer. A cruz foi para eles um escândalo, cujas vítimas foram eles próprios” (7ª lição de Matinas). Acolhamos nós a Jesus na humildade do Presépio, para que Ele nos receba também, um dia, em seu reino de glória, quando nos vier julgar.
Missal Quotidiano e Vesperal por Dom Gaspar Lefebvre, Beneditino da Abadia de S. André. Bruges, Bélgica: Desclée de Brouwer e Cie, 1952.