“Vede a figueira e toas as árvores: quando começam a desabrochar, conheceis que está perto o estio. Assim também, quando virdes que acontecem estas coisas, sabei que está próximo o reino de Deus”
Durante todo o Tempo do Advento a Igreja não perde de vista o duplo aparecimento do Salvador: Seu nascimento em Belém, cujo esplendor sempre atual se deve estender até o fim dos tempos, e seu regresso no Juízo Final para “condenar às chamas os pecadores e convidar os justos à bem-aventurança” (Hino de Matinas). A Missa do dia de hoje fala-nos destas duas vindas de Jesus: de misericórdia e de justiça. Alguns passos referem-se indiferentemente a ambas (Intróito, Oração, Gradual, Aleluia), outros fazem apenas alusão ao nascimento do Salvador na humildade do Presépio (Comunhão, Pós-comunhão), e outras finalmente falam da sua vinda como Rei em todo o esplendor do seu Poder e Majestade (Epístola e Evangelho). O acolhimento que fizermos a Jesus, agora que Ele nos vem salvar, ditará o que Ele nos há de fazer quando nos vier julgar. Preparemo-nos, portanto, para a festa do Natal por meio de santas aspirações e pela emenda de nossa vida, para estarmos preparados para o julgamento final do qual dependerá, por toda a eternidade, o nosso destino. Tenhamos confiança, pois “nenhum dos que esperam em Cristo será confundido” (Intróito, Gradual, Ofertório).
Era na Basílica de Santa Maria Maior que todo o povo de Roma estacionava outrora no primeiro Domingo do Advento, para assistir à Missa Solene celebrada pelo Papa. Escolhia-se essa Igreja por ter sido Maria quem nos deu Jesus e por se conservarem aí as relíquias do Presépio no qual a SS. Virgem colocou o seu Divino Filho.
“Que a alma entorpecida desperte, e não rasteje mais pela terra; eis que Jesus vem das alturas dos Céus; uma estrela nova resplandece dissipando as trevas da noite” (Hino de Laudes). A vida cristã é uma preparação contínua para a última vinda do Salvador.
“A salvação está perto”, “o dia aproxima-se”, diz a Epístola. “Aproxima-se a vossa redenção”, “o Reino de Deus está próximo”, ajunta o Evangelho. O Juiz Divino virá dentro em pouco, pois que a morte espreita-nos e, diante de Deus, mil anos são como um dia apenas. Nesta segunda vinda, Cristo virá dar a cada um segundo as suas obras. Será a coroação da obra de Cristo e o triunfo da sua redenção.
Missal Quotidiano e Vesperal por Dom Gaspar Lefebvre, Beneditino da Abadia de S. André. Bruges, Bélgica: Desclée de Brouwer e Cie, 1952.