Pode-se considerar impropriamente entes os entes não espirituais.
Dizia Kant serem eles, apenas como fenômenos, percebidos. Assimilados inicialmente pelas categorias da sensibilidade e depois pelas do entendimento, na síntese a priori. Não é nisso a substância cognoscível.
Em Santo Tomás, é dito serem os acidentes atingíveis pelos sentidos. Alguma semelhança tem Kant. Prossegue, segundo Aristóteles e Santo Tomás, o conhecimento pela abstração, atingindo a essência.
Nos entes não espirituais, não só nos escapam as essências individuais, as quais não são conhecíveis, mas também nos escapa a essência deles como gênero e diferença específica. O que faz parecer que Kant tem alguma razão.
Entretanto, há que considerar, nos entes não espirituais, impropriamente entes, ser tudo apequenado.
Qual a substância da pedra, do pão, do gato, da nuvem, do elefante?
Dizem os livros de lógica serem esses entes definidos por suas propriedades — ou por seus acidente — Propriedades e acidentes são conhecidos fenomenicamente.
Não admite Kant fenômeno sem substrato. Ou seja, acidente sem substância.
A substância é conjeturada pela inteligência que a abstrai da imagem obtida dos acidentes.
Nos entes não espirituais, a substância deles será precaríssima e só destinada a assegurar o inter-relacionamento de suas partes.
Por acaso têm os artefatos substância e, como um ente, essência e unidade? Podem ter apenas uma essência cultural, atribuída pelos homens, no interior de uma cultura.
No caso dos entes da natureza, animais, por exemplo, é diferente. Têm forma substancial. O que se imagina é que essa forma nada mais é do que um precário X para relacionar e agregar partes. Será?
Nota — Por tudo isso e por não ter uma metafísica fundamentada no ser, dissolveu Kant a metafísica nas antonomias e reduziu o conhecimento à síntese a priori.