Nosso Senhor comandou a Pedro que confirmasse seus irmãos na Fé (S. Lucas 22,32), mas Francisco deleita-se em fazer todo o contrário.
Em 16 de junho, em uma sessão de perguntas e respostas durante conferência em Roma, Francisco sinalizou que quem vive em "fiel" concubinato recebe a "graça do verdadeiro matrimônio por causa de sua fidelidade". Mas, ao contrário do que afirma o Papa, o concubinato nunca traz consigo a graça do verdadeiro matrimônio, pelo fato de em si ser uma desgraça.
Na continuação de três anos de comentários irresponsáveis, que provocam escândalos em escala mundial, Francisco falou da situação na Argentina, onde a maioria dos que freqüentam aulas de preparação para casamento vive em concubinato. Conforme o registro de Catholic News Agency: Leia mais
"Preferem viver juntos [diz Francisco] e isto é um desafio, uma dificuldade: não perguntar 'por que não se casam?', não perguntar, mas acompanhar, esperar, ajudá-los a amadurecer, ajudar a fidelidade a amadurecer."
Disse ainda que no interior do nordeste argentino os casais têm filhos e vivem juntos. Casam-se no civil quando o filho começa a ir à escola, e "casam-se na igreja" quando se tornam avós.
"É uma superstição, porque o casamento assusta o marido, superstição que deve ser superada" diz o Papa. "Vi muita fidelidade nessas uniões, e tenho certeza de que são verdadeiro matrimônio, têm a graça do verdadeiro matrimônio, por causa da fidelidade; mas há superstições locais etc."[1]
Ainda que alguns se abalem com meu comentário, vejo bastante um elemento diabólico nesta fala do Papa. O diabólico consiste em manifestar o contrário de Cristo e da doutrina cristã. Na Missa Negra (como explicou uma vez o bispo Sheen), recitam-se as orações ao contrário, o Pai Nosso é recitado ao contrário, de trás para frente. Francisco explica as coisas de trás para frente, fazendo completa e diabólica inversão da natureza do matrimônio. Propõe que o viver por longo tempo em fornicação, pecado mortal que causa a morte da alma, gera de alguma forma a graça do "verdadeiro matrimônio", que contribui para a vida da alma. O concubinato é permanente estado de fornicação, que é pecado contra o Sexto Mandamento. São Paulo, enumerando os pecados graves que os cristãos devem evitar, adverte-lhes que o fornicador "não verá a Deus". (I Cor. 6: 9-10).
Francisco nunca fala a linguagem do cristianismo nesses temas, mas traz um bizarro caldo do que considera interessante na moral cristã, em que mistura um humanismo sentimental. Tudo indica que Francisco não acredita que pecados da carne são pecados mortais; ou, se acredita, esconde-o muito bem. Quando trata de assuntos como o dos católicos divorciados, dos em "nova união", do concubinato, da homossexualidade, ele nunca insiste no fato de que esses pecados e estilos de vida são pecados mortais de que se devem livrar imediatamente. Nem jamais expressa a menor preocupação, nem nada lhe passa, pelo fato de que os pecados mortais da carne não confessados levam à condenação eterna de quem os cometeu. Não tem um senso de urgência pela situação dos que se vêem amarrados nesses pecados, nem se ouve jamais que reitere o aviso de Nossa Senhora de Fátima de que "mais almas vão ao inferno pelos pecados da carne do que por qualquer outra razão."
Francisco tem ido além dos "aspectos positivos" do concubinato (baboseira dita nos últimos dois Sínodos), e agora também indica que o "fiel" concubinato pode de alguma forma transformar a vida de pecado em vida da graça. Nisso como em muitas outras áreas, parece seguir o modernista Cardeal Martini, quem exaltou como um "Pai para toda a Igreja".
Francisco segue Martini
Desde o primórdio, Papa Francisco tem sido chamado “o Papa Martini”. A poderosa facção de Martini usou de forte pressão, nos conclaves de 2005 e 2013, em apoio de Bergoglio, o "Candidato Martini".[2] O editor de National Catholic Reporter, Thomas C. Fox, publicou jubilosa manchete, “Cardinal Martini’s Dream: the Church of Francis” [O Sonho de Cardeal Martini: a Igreja de Francisco][3]
Resumindo alguns dos modernismos de Martini:
Em sua última entrevista, que Martini pediu para publicar-se após sua morte, afirma que a Igreja Católica está "atrasada 200 anos". Mais ainda, diz que "nossa cultura envelheceu, nossas igrejas e casas religiosas são grandes e vazias, o aparato burocrático da Igreja cresce, nossos ritos e vestimentas são pomposos". Martini queria a abertura da comunhão para os católicos divorciados e os recasados, falando contra o que chamava de "discriminação".
No livro Night Conversation with Cardinal Martini ["Conversa à Noite com o Cardeal Martini"], publicado em 2010, Martini, falando do diálogo com os não católicos, asseverou que basta falarmos francamente com os membros de outras religiões para até mesmo "regozijar-nos de que a outra pessoa seja protestante ou muçulmana".Martini ainda lembrou-se da divergência dos bispos alemães e austríacos contra a Humanae Vitae, que apontaria "para uma direção que podemos promover hoje", e reclamou uma Igreja com governo mais colegial e sinodal.[4]
Como veremos, Martini minou a moral católica, ao afirmar que os jovens, por viverem em relações íntimas antes de casar, deviam ser deixados sozinhos com suas próprias decisões. Apesar disso, Francisco, no primeiro aniversário da morte do cardeal, exaltou-o publicamente como um "Pai para toda a Igreja", e, continuando, o chamou também de figura "profética" e "homem de discernimento e paz".[5]
Francisco segue Martini e a tendência dos jesuítas [contemporâneos] em minar deliberadamente a moral católica. No passado, apresentamos três elementos em que Francisco segue fielmente Martini:
1) O sutil impulso de Martini ao homossexualismo: “Nunca os julgaria”, o que prefigura a frase de Francisco “quem sou eu para julgá-los”;
2) A afirmação de Martini de que “não se pode fazer de Deus um ‘Deus católico’” – frase repetida por Francisco na entrevista de 2013 ao La Repubblica, em que disse “Acredito em Deus, não em um Deus católico”.
3) A insistência de Martini para que os divorciados e os "recasados" católicos devam ser admitidos à comunhão, objetivo alcançado por Francisco na escandalosa Amoris Laetitia.[6]
Voltemo-nos agora para as palavras do Cardeal Martini sobre a moral católica tradicional, especialmente sobre as suas perversas orientações à juventude. A posição de Martini aponta para a negação implícita do pecado da carne.
Martini diz: “A Igreja fala demais de pecado”
Os ataques mais audaciosos de Martini à moral sexual católica acham-se em Conversa Noturna em Jerusalém, a longa entrevista de 2010 conduzida pelo Pe. Georg Sporschill, S.J., originalmente em italiano.
Logo ao começo, Martini diz "passou há muito o tempo em que a Igreja podia convencer alguém de ter uma consciência culpada".[7] E para que não haja dúvida, diz a seguir “A Igreja fala demais de pecado.”[8] Chega ao ponto de dizer: “É justificado o desejo de que o Magistério diga algo de positivo sobre sexualidade. No passado a Igreja sem dúvida falou demais sobre o Sexto Mandamento. Às vezes teria sido melhor o silêncio.”[9]
Martini também se empenhou em fazer acontecer a mudança. Escreve: "Na preparação para a última eleição papal [2005], nós Cardeais discutimos abertamente sobre as questões com que o novo Papa teria de lidar e às quais teria que dar respostas novas. Entre elas, disse eu, havia questões sobre sexualidade e a comunhão para os separados e recasados".[10]
Quais são algumas das "respostas novas" sobre sexualidade que Martini propôs? "Hoje", diz Martini,"nenhum bispo ou sacerdote desconhece que a intimidade física antes do casamento é um fato. Temos que repensá-lo, se quisermos promover a fidelidade marital. Nada se ganhará com posições e proibições irrealistas". Em outras palavras, um número crescente de jovens cometem pecados contra o 6º e 9º Mandamentos, e Martini advoga pela capitulação - realmente abandonando os jovens às suas paixões.
"Ouvi de amigos e conhecidos", prossegue Martini, "como os jovens hoje viajam e dormem no mesmo quarto. Ninguém o esconde nem o considera um problema. Serei eu quem dirá alguma coisa? É difícil". Que há de difícil em reconhecer um comportamento imoral que arruína almas? em oferecer-lhes firme e amorosa correção? Vê-se assim que Martini insiste em comentários que deixam a porta aberta aos jovens (e a qualquer um) para que continuem em atividades pecaminosas condenadas pela Igreja e a Sagrada Escritura. Aos seus olhos, o crescimento massivo da fornicação nos dias de hoje é de alguma maneira um "desenvolvimento".
Enfim, em nenhum lugar vemos o Cardeal Martini (ou Francisco) repetir o claro ensinamento de São Paulo: "Não se enganem: nem os fornicadores, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os ébrios, nem os maldizentes, nem os rapaces possuirão o Reino dos Céus". (I Cor. 6: 9-10)
“Caminhos que não podem ser do Céu”
Martini evita o papel da Igreja como mestra moral da humanidade, e sugere que os jovens devem ser deixados a sós com suas próprias escolhas. "Não podemos exigir de nossas crianças e jovens que vivam vidas perfeitas. Aos poucos encontrarão seu caminho. Os caminhos não podem ser prescritos de cima, dos escritórios e dos púlpitos. O comando da Igreja aliviar-se-á de um peso, se passar a ouvir, confiar e dialogar com os jovens. O que é crítico é encorajar nos cristãos a capacidade de formar juízos ."[11]
Mas com base em que formá-los? Nos maus hábitos adquiridos após sucumbirem a paixões? Nos hábitos passionais que rapidamente se transformam em vício? Nos hábitos de quem nunca aprendeu o princípio católico fundamental, repetido pelos santos, de "evitar as ocasiões de pecado"? Ignora Martini o aviso de Santo Tomás de que "o primogênito da luxúria é a cegueira da mente?"[12] Será a cegueira da mente um bom fundamento para a formação de juízos?
Martini já afirmou que os jovens nestas matérias não devem ser dirigidos "dos púlpitos", isto é, a partir da doutrina católica tradicional, e também que a Igreja e o Papa devem estar preparados para darem novas respostas às questões sobre sexualidade. Vê-se que o ensinamento de S. Paulo no sexto capítulo da 1ª Epístola aos Coríntios nunca entra na equação de Martini.
E como já mencionado, Francisco, no primeiro aniversário de falecimento do Cardeal, exaltou-o como "um Pai para toda a Igreja" e prosseguiu chamando-o de figura "profética" e de "homem de discernimento e paz".
Não prestam para coroinha
Para chegarmos logo à conclusão:
1) Francisco segue Martini no desdém pelo pecado mortal da fornicação, e deseja deixar a porta aberta aos engajados nesses vícios para que sigam em abominável estilo de vida – Martini com a juventude promíscua, Francisco com os concubinos. Pior ainda, Francisco inventa uma teologia dissoluta em que a "fidelidade" humanista dos concubinos magicamente torna o concubinato em uma espécie de casamento. Nisso, Francisco segue o chamado de Martini para falar "positivamente" e dar "novas repostas" às questões sobre sexualidade.
2) Essas afirmações de Francisco e Martini exibem um pensamento perverso que os tornam inadequados até para servirem de coroinha, quanto menos para ocuparem os cargos de que estão desmerecidamente investidos.
3) Os ensinamentos destrutivos desses homens não saíram do nada. Estão em pleno ímpeto na Igreja, entre teólogos modernistas, desde o Vaticano II. Escritores influentes como os Padres Joseph Fuchs, Richard McBrien, Richard McCormack, e inúmeros outros, propuseram a sua perversidade em colégios e seminários católicos, que nenhuma correção receberam nos lassos pontificados de Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI. Notório é que os jesuítas como um todo são pró-homossexuais e têm sido assim por décadas.[13] Após 50 anos de frouxidão escandalosa – resultado direto da revolução do Vaticano II – um pontificado como o de Francisco era inevitável.
4) Tragicamente, como notou D. Galarreta no excelente sermão de 3 de Junho, em Winona, não se vê nem um grupo de bispos que se oponha a Francisco na sua rota de destruição.[14]
Cabe aos católicos apreensivos de todos os escalões, leigos, sacerdotes, bispos, resistirem aos ataques de Francisco à moral católica, e rezarem para que seu pontificado seja corrigido ou abreviado. Devemos armarmo-nos com a fé de sempre, estudando os melhores manuais de teologia pré-conciliares e promovendo a fé verdadeira a todos em nossa esfera de influência.
Finalmente, devemos relembrar que a solução não está em voltar aos supostos "velhos e bons dias" de Bento XVI e João Paulo II, dois revolucionários egressos do Vaticano II, cujas diretrizes modernistas e ecumênicas produziram a presente confusão (e.g., foi João Paulo II quem elevam tanto Kasper como Bergoglio à dignidade de Cardeal). Em vez disso, a resposta é voltar à integridade da doutrina católica, com aquele mesmo sentido e exposição que a Igreja sempre promoveu, e à mentalidade contra-revolucionária e anti-modernista do grande pontífice do século XX, S. Pio X. Nenhuma outra solução serve.
Tradução: Permanência
[fonte: http://www.cfnews.org/]
[Nota da Permanência: Pedimos orações ao autor deste artigo, o jornalista americano John Vennari, que recentemente divulgou ter contraído câncer de cólon.]
[1] “A maior parte dos casamentos hoje são inválidos, sugere Francisco,” Catholic News Services, 16 de junho de 2016.
[2] É notório que em 2005, no Conclave que elegeu o Cardeal Ratzinger, aconteceu que o Cardeal Bergoglio (hoje Papa Francisco) não só lhe foi o principal concorrente, mas também que “os votos dos apoiadores de Martini, junto com outros, convergiram então exatamente em favor de Bergoglio". Oito anos depois, em março de 2013, foram de novo os ‘martiniani’ que deram o principal apoio à eleição de Bergoglio, desta vez com sucesso". "O Papa Martini: O Sonho vira Realidade", Chiesa, 15 de outubro de 2013.
[3] “O Sonho do Cardeal Martini, a Igreja de Francisco", Thomas C. Fox, National Catholic Reporter, 23 de outubro de 2013.
[4] Todas estas citações estão documentadas em “The Martini Pope,” J. Vennari, Catholic Family News, janeiro de 2014.
[5] “Francisco aclama Cardeal Martini como ‘um Pai para toda a Igreja’”, Catholic Herald, 2 de setembro, 2013.
[6] Tudo registrado em “The Martini Pope”
[7] Conversas à Noite, p. 25.
[8] Ibid., p. 26.
[9] Ibid., p. 94.
[10] Ibid., p. 38.
[11] Ibid. 96.
[12] Thomas Aquinas, Secunda Secundae Partis of the Summa Theologiae, Quaestio 153 a. 5 ad 1.
[13] O jesuíta Pe. Paul Shaughnessy, em escrito no Weekly Standard de junho de 2002, afirma abertamente que o problema dos campi homossexuais remete-se ao governo dos jesuítas. Salienta que algum dos mais prestigiosos cargos nas universidades - como administradores e presidentes - são geralmente preenchidos por jesuítas conhecidos informamente como “Donos de Galerias”. Esses jesuítas, habilidosos na captação de dinheiro, são descritos por Pe. Shaghnessy como "sacerdotes gays, discretos, bem falantes, bem vestidos, nos seus cinqüenta, sessenta anos". No seu artigo "Os jesuítas são católicos?", Pe. Shaughnessy explica: "Enquanto os jesuítas mais velhos são notáveis por suas intensas paixões anti-papais, os "Donos de Galerias" exibem quase que completa apatia com relação à religião em todas as suas formas. Geralmente liberais, apóiam o uso de preservativos e a ordenação de sacerdotisas mais como modas do que como assunto sério. Os ensinamentos da Igreja lhe são irrelevantes e pouco mudam as suas opiniões. Vêem o catolicismo ortodoxo - assim como o pugilismo e a heterossexualidade - como um dos divertimentos toscos da classe trabalhadora". Para mais citações e referências, ver CFN: “Dangerous Synod Proposal: “New Language” for Natural Law.”