O quarto discute-se assim. – Parece que a presunção não é causada pela vanglória.
1. – Pois, a presunção parece apoiar-se sobretudo na misericórdia divina. Ora, a misericórdia tem por objeto a miséria, oposta à glória. Logo, a presunção não nasce da vanglória.
2. Demais. – A presunção se opõe ao desespero. Ora, o desespero nasce da tristeza, como já se disse. E tendo os contrários causas contrárias, parece que a presunção nasce do prazer. Por onde parece que nasce dos vícios carnais, cujos prazeres são os mais veementes.
3. Demais. – O vício da presunção consiste em tendermos para um bem impossível, como se nos fosse possível. Ora, por ignorância julgamos o impossível, possível. Logo, a presunção provém, antes, da ignorância, que da vanglória.
Mas, em contrário, Gregório diz: a presunção das novidades é feita da vanglória.
SOLUÇÃO. – Como já dissemos, há uma dupla presunção. - Uma, confiante nas nossas próprias forças, quando tentamos como possível o que nô-las excede. E essa presunção nasce manifestamente da vanglória. Pois de muito desejarmos a glória, resulta tentarmos alcançar uma glória superior às nossas forças. E essa glória compreende sobretudo as novidades, que provocam maior admiração. E por isso Gregório indica assinaladamente a presunção como filha da vanglória. - Outra presunção é a fundada desordenadamente na misericórdia ou no poder divinos, por onde esperamos obter a glória, sem méritos, ou o perdão, sem penitência. E tal presunção nasce diretamente da soberba, causa de o homem se estimar, a ponto de esperar que Deus não o punirá, nem o excluirá da glória, mesmo que peque.
Donde se deduzem claras as RESPOSTAS ÀS OBJEÇÕES.