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Art. 2 – Se só a Deus supremo devemos oferecer sacrifício.

O segundo discute–se assim. – Parece que nem só ao Deus supremo devemos oferecer sacrifício.

1. – Pois, havendo o sacrifício de ser oferecido a Deus, parece que devemos oferecê–lo a todos os que participam ela divindade. Ora, também os santos varões tornam–se participantes da natureza divina, na frase da Escritura; e por isso é que ela diz deles: Eu disse – sois Deuses. E ainda, chama aos anjos filhos de Deus. Logo, a todos esses devemos oferecer sacrifícios.

2. Demais. – Quanto mais elevado é alguém tanto maior honra se lhe deve. Ora, os anjos e os santos são muito superiores a todos os príncipes terrenos. aos quais, entretanto, Os súbditos, prosternando–se em face deles e fazendo–lhes oferendas, prestam honras muito maiores que a oferta em sacrifício de ·um animal ou de qualquer outra coisa. Logo, com maior razão, podemos oferecer sacrifícios aos anjos e aos santos.

3. Demais. – Os templos e os altares foram instituídos para neles se oferecerem sacrifícios. Ora, templos e altares são consagrados aos Santos. Logo, também podemos lhes oferecer sacrifícios.

Mas, em contrário, a Escritura: Aquele que sacrificar aos deuses, à excessão só do Senhor, morrerá.

SOLUÇÃO. – Como dissemos, a oferta de sacrifício se faz com alguma significação. Ora, o sacrifício oferecido exteriormente significa o espiritual e interior, peo qual a alma se oferece a si mesma a Deus, conforme àquilo da Escritura: Sacrifício para Deus é o espírito atribulado: pois, como já dissemos os atos externos da religião ordenam–se para internos. Mas, a alma se oferece a Deus como sacrifício, como ao princípio da sua criação e: ao fim da sua beatificação. Pois, segundo a verdadeira fé, só Deus é o criador da nossa alma, como provamos na Primeira Parte. E também só nele está a felicidade dela, conforme estabelecemos. Por onde, assim como só ao Deus supremo devemos oferecer o sacrifício espiritual, assim também só a ele devemos oferecer os sacrifícios externos. Assim como também nas nossas orações e nos nossos louvores dirigimos palavras cheias de sentido a quem oferecemos as coisas mesmas que elas significam, como diz Agostinho: – E demais, vemos que todas as nações honram o seu chefe supremo com alguma singular distinção, e é crime de lesa–majestade tributá–la a um particular qualquer. Por isso a lei divina comina com a pena de morte aos que tributam honras divinas a quem não é Deus.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – O nome de divindade é comum a vários seres, não por igualdade, mas, por participação. Logo, não lhes é devida a mesma honra que a Deus.

RESPOSTA À SEGUNDA. – Na oferta do sacrifício não se leva em conta o preço do animal morto, mas, a significação de acordo com a qual o fazemos, para honrar o Sumo Senhor do universo. Por isso, como diz Agostinho, os demônios se regozijam, não com o odor dos cadáveres, mas, com as honras divinas.

RESPOSTA A TERCEIRA. – Na expressão de Agostinho, não fazemos templos nem consagramos sacerdotes aos mártires, porque o nosso Deus não são eles, mas o Deus deles. Por isso, o sacerdote não diz: ofereço–te o sacrifício a ti. Paulo ou Pedro. Mas pelas vitórias dos mártires, damos graças a Deus e nos exortamos a nós mesmos a imitá–los.

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