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Art. 16 – Se os pecadores obtêm de Deus o que lhe pedem nas suas orações.

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O décimo sexto discute–se assim. – Parece que os pecadores nada obtêm do que pedem a Deus nas suas orações.

1. – Pois, diz a Escritura: Sabemos que Deus não ouve a pecadores; o que concorda com outro lugar: Daquele que desvia os seus ouvidos para não ouvir a lei, a mesma oração será execrável. Ora, a oração execrável nada alcança de Deus, logo, os pecadores nada obtêm de Deus.

2. Demais. – Os justos obtêm de Deus o que merecem, como já se estabeleceu. Ora, os pecadores nada podem merecer, por carecerem, tanto da graça, como da caridade, que é a virtude da piedade, segundo a Glosa àquilo do Apóstolo – Tendo por certo uma aparência de piedade, porém negando a virtude dela. E portanto não oram piamente, que é condição necessária para a oração ser eficaz, como se estabeleceu. Logo, os pecadores nada obtêm do que pedem nas suas orações.

3. Demais. – Crisóstorno diz: O Padre não ouve de boa vontade a oração que o Filho não ensinou. Ora, a Oração que Cristo ensinou diz: Perdoei–nos as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores – o que os pecadores não fazem. Logo, ou mentem se o dizem, e não são nesse caso dignos de serem ouvidos; ou, se não o dizem, não são ouvidos, por não observarem a forma de orar que Deus instituiu.

Mas, em contrário. Agostinho: Se Deus não ouvisse os pecadores, em vão teria orado o publicano – Senhor, sede propicio a mim pecador. E Crisóstomo: Todo aquele que pede recebe, isto é, quer seja justo, quer pecador.

SOLUÇÃO. – Duas coisas devemos considerar no pecador: a natureza, que Deus ama; e a culpa, que ele odeia. Quando, portanto o pecador pede alguma coisa, na sua oração, enquanto pecador, isto é, movido pelo desejo do pecado, Deus não o ouve com misericórdia. Mas, às vezes, ouve–o por vingança, deixando–o precipitar–se mais profundamente no seu pecado: pois, como ensina Agostinho, certas coisas Deus as nega, quando propicio, que concede quando irado. Mas, Deus ouve a oração do pecador, quando ela procede do bom desejo da natureza. Não na ouve porém por justiça, porque tal não merece o pecador: mas, por pura misericórdia, se contudo ele observar as quatro condições preestabelecidas, isto é, pedir por si, pedir o necessário à salvação, pia e perseverantemente.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO – Como diz Agostinho, as palavras referidas são de um cego ainda não ungido, isto é, ainda não perfeitamente iluminado. Por isso não foi ratificada. – Embora possa verificar–se, se a entendermos do pecador, como tal. Sendo desse modo que também a oração, dele é chamada execrável,

RESPOSTA À SEGUNDA – O pecador não pode orar piamente, no sentido em que sua oração seja informada pelo hábito da virtude. Mas, ela pode ser pia por pedir o que pertence à piedade; como também quem não possui o hábito da justiça pode querer coisas das listas, conforme do sobredito resulta, E embora a sua oração não seja meritória. pode contudo alcançar o que pede, por se fundar o mérito na justiça; ao passo que a obtenção do que pedimos se funda na graça.

RESPOSTA À TERCEIRA. – Como já dissemos, a Oração Dominical é recitada em nome da Igreja universal. Por onde, quem a rezar, não querendo perdoar os pecados do próximo, não mente, embora não seja verdade o que diz, em seu próprio nome: porque o é em nome da Igreja. Mas como se coloca assim, merecidamente, fora dela, fica também privado do fruto da oração. Mas, às vezes, certos pecadores estão dispostos a perdoar aos seus devedores: e por isso são ouvidos nas suas orações, conforme ao dito da Escritura: Perdoei ao teu próximo o mal que te fez e então, deprecando tu, ser–te–ão perdoados os teus pecados.

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