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Art. 13 – Se a oração tem necessidade de ser atenta.

O décimo terceiro discute–se assim. – Parece que a oração tem necessidade de ser atenta.

1. – Pois, diz a Escritura: Deus é espírito e em espírito e verdade é que devem adorar os que o adoram. Ora, não oramos com o espírito se a nossa oração não for atenta. Logo, a Oração tem necessidade de ser atenta.

2. Demais. – A oração é a elevação da nossa mente para Deus. Ora, quando ela não é atenta o nosso espírito não sobe até Deus. Logo, a oração tem necessidade de ser atenta.

3. Demais. – A oração, há–de necessariamente ser pura de qualquer pecado. Ora, não é sem pecado que, quando oramos, consentimos nas divagações da mente. Pois, seria fazer irrisão de Deus, como, se estivéssemos a falar com qualquer homem, não atendêssemos às palavras que vamos pronunciando. Por isso Basílio diz: Devemos implorar o auxílio divino, não remissivamente, ou deixando o espírita vagar de um lugar para outro; porque, assim, longe de obtermos o que pedimos ao contrário, irritamos a Deus. Logo, a oração tem necessidade de ser atenta.

Mas, em contrário, mesmo os varões santos, quando oram, padecem divagações da mente, conforme àquilo da Escritura: O meu coração me desamparou.

SOLUÇÃO. – A questão presente suscita–se sobretudo quando se trata da oração vocal. E a propósito convém saber que o necessário tem dupla acepção. Numa, significa o meio melhor conducente ao fim, e, neste sentido, é absolutamente necessário que a oração seja atenta. Noutra, significa a condição sem, a qual uma coisa não pode produzir o seu efeito.

Ora, são três os efeitos da oração. – O primeiro é comum a todos os atos informados pela caridade, que é merecer. E, para produzir este efeito, não é necessário que a atenção se mantenha durante toda a oração, porque esta permanece completamente meritória, em virtude da intenção inicial, o que se dá também com os demais atos meritórios. – O segundo efeito da oração, e que lhe é próprio, é impetrar. E para obtê–la basta também a primeira intenção, a que Deus principalmente atende. Pois, faltando ela, a oração não é meritória nem impetrativa; porque, como diz Gregório, Deus não ouve a oração, quando quem ora o faz sem atenção. – O terceiro efeito da oração é o que ela atualmente produz, a saber, um como revigoramento espiritual da mente. E, para isso, a oração tem necessidade de ser atenta. Por isso, diz o Apóstolo: Se eu orar com a língua, o meu entendimento fica sem fruto.

Mas, devemos saber que a oração vocal é susceptível de uma triplice atenção. Uma, quando atendemos às palavras, para não errarmos. A segunda, quando atendemos ao sentido delas. A terceira considera o fim da oração, que é Deus, e o objeto que ela tem em vista. Esta terceira forma de atenção é a mais necessária de todas, e todos podem tê–la, E às vezes, a intensidade, que nos leva o espírito para Deus, é tão forte, que nós nos esquecemos de tudo o mais, como diz Hugo de S. Vítor.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – Ora em espírito e em verdade quem é levado à oração por inspiração do Espírito Santo, embora, por qualquer fraqueza, a mente se lhe ponha em seguida a divagar.

RESPOSTA À SEGUNDA. – A mente humana, fraca por natureza, não pode manter–se por muito tempo nas alturas; pois, o pêso da sua debilidade arrasta a alma ao que lhe é inferior. Donde procede que quando, ao orarmos, a nossa mente se eleva a Deus, pela contemplação, subitamente entra a divagar, por fraqueza.

RESPOSTA À TERCEIRA. – Quem de propósito deixa o espírito divagar, quando ora, comete pecado e fica privado do fruto da oração. E é contra isso que diz Agostinho: Quando orais a Deus, cantando salinos e hinos, repassei no coração o que proferis com a boca. Ao contrário, a divagacão não proposital ela mente não tolhe o fruto da oração. Por isso, diz Basílio: Se porém, enfraquecido pelo pecado, não puderes orar atentamente, coíbe–te das distrações quanto puderes e Deus te perdoará; pois, se não podes te manter na presença dele, não é por negligência, mas, por fragilidade.

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