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Art. 3 – Se a oração é um ato de religião.

O terceiro discute–se assim. – Parece que a oração não é um ato de religião.

1. – Pois, a religião, fazendo parte da justiça, tem na vontade o seu sujeito. Ora, a oração pertence à parte intelectiva, como dissemos. Logo, parece que a oração não é um ato de religião, mas, um dom do intelecto que nos faz elevar a mente para Deus.

2. Demais. – O ato de latria é imposto por uma necessidade de preceito. Ora, parece que a oração não é imposta por necessidade de preceito, mas procede meramente da vontade, pois, não é senão o pedido do que queremos. Logo, parece que a oração não é um ato de religião.

3. Demais. – Parece próprio da religião levar–nos a prestar mito e fazer cerimônias à natureza divina. Ora, a oração nada atribui a Deus, mas, antes, procura obter dele alguma causa. Logo, a oração não é um ato de religião.

Mas, em contrário, a Escritura: Suba direito a minha oração como incenso na tua presença. Ao que diz a Glosa: Com essa figura a lei antiga queria significar que o incenso era oferecido como um odor suave ao Senhor. Ora, isto é próprio da religião. Logo, a oração é um ato de religião.

SOLUÇÃO. – Como dissemos, à religião é próprio prestar honra e reverência a Deus. Portanto, a ela é próprio tudo aquilo por meio do que reverenciamos a Deus, Ora, pela oração reverenciamos a Deus, porque nos submetemos a ele e confessamos, orando, que dele precisamos como do Autor dos nossos bens. Por onde, é manifesto que a oração é um ato de religião.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – A vontade move para os seus fins as outras potências da alma, como dissemos. Logo, a religião, que se funda na vontade, ordena os atos das outras potências para reverenciarem a Deus. Ora, dentre todas as potências da alma, o intelecto é mais alto e mais próximo da vontade. Por onde, depois da devoção, que pertence à vontade, a oração, que pertence à parte intelectiva, é o principal entre os atos de religião, pelo qual esta move o intelecto para Deus.

RESPOSTA À SEGUNDA. – É de preceito não só pedirmos o que desejamos, mas também desejar retamente. Ora, desejar inclui–se no preceito da caridade; ao passo que, pedir, no da religião, que o Evangelho estabelece como preceito, quando diz: Pedi e recebereis.

RESPOSTA À TERCEIRA. – Orando, o homem confia o seu espírito a Deus, a quem o sujeita em sjnal ele reverência e de certo modo lh'o apresenta, como está claro pelo lugar citado de Dionísio. Por onde, assim como a mente humana tem preeminência sobre os membros exteriores ou corporais ou sobre as cousas externas, que se aplicam ao serviço de Deus, assim também a oração tem preeminência sobre os outros atos de religião.

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