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Art. 2 ─ Se o verme que tortura os condenados é material.

O segundo discute-se assim. ─ Parece que o verme que tortura os condenados é um verme material.

1. ─ Pois, a carne não pode ser atormentada por um verme espiritual. Ora, a carne dos condenados será atormentada por um verme, conforme a Escritura: Fará vir sobre as suas carnes o fogo e os bichos. E noutro lugar: A vingança da carne do ímpio será o toga e o bicho. Logo, esse verme será material.
 
2. Demais. ─ Agostinho diz: Ambos ─ fogo e verme ─ serão penas da carne. Donde a mesma conclusão anterior.

Mas, em contrário, Agostinho: o fogo inextinguível e o verme imperecível, que serão a pena dos maus, uns os entendem de um modo e outros, de outro. Uns dizem que serão ambos suplícios do corpo; outros, da alma; uns aplicam o fogo no seu sentido próprio ao corpo e, em sentido figurado, à alma, o verme ─ o que é mais aceitável.

SOLUÇÃO. ─ Depois do dia do juízo, no mundo renovado, não haverá mais nenhum animal, nem nenhum corpo misto além do homem. Porque de um lado tais seres ─ animais e corpos mistos ─ não são destinados à incorrupção de outro, depois do juízo não mais haverá geração nem corrupção. Por onde, o verme, suplício dos condenados, não deve ser entendido como um verme material, mas espiritual, como o remorso da consciência. Chamado verme por nascer da podridão do pecado e ser o suplício da alma, assim como o verme corpóreo nasce da podridão da matéria e faz sofrer com as suas punções.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. ─ A alma dos condenados a Escritura lhes chama carnes, por se terem em vida escravizado à carne. Ou também podemos dizer que o verme espiritual atormentará a carne, pela redundância no corpo dos sofrimentos da alma, tanto nesta vida como na futura.

RESPOSTA À SEGUNDA. ─ Agostinho fala em sentido comparativo. Pois, não pretende afirmar que esse verme seja, absolutamente considerado, material; mas que deveríamos, antes, admitir verme e fogo entendidos em sentido material, do que os entender a ambos em sentido puramente espiritual. Porque, neste último caso, os condenados não sofreriam nenhuma pena corporal. Essa interpretação resulta clara a quem refletir no contexto do santo doutor.

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